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História Nocturn Sky and Moon - Confortável Escuridão


Escrita por: Mutsumi_Mei

Notas do Autor


Saudações ♡ Após "terminar" minha outra fanfic, "Eu Sou Só Uma Criança", percebi que minha narrativa decai um pouco quando eu me foco nos diálogos. Tendo isso em mente, resolvi tentar um tipo diferente de enredo; ao invés de focar quase completamente nos acontecimentos, irei dar mais foco às sensações e sentimentos.

Gosto de conteúdos que envolvem reflexões e, vendo minha dificuldade em escrever a outra fanfic, resolvi abordar assuntos com os quais sou um pouco mais familiarizada. Assim, tenha em mente, ao ler esta fanfic, do fato de que não ocorrerão muitos diálogos. Mas não se preocupe; talvez a narrativa compense.

A fanfic terá cerca de dois ou três capítulos, no máximo. Porém, caso este projeto dê certo, pretendo fazer uma série de outras fanfics sobre a quebra de estereótipos — aqui, no caso, abordo o tema de luz e escuridão, e o modo como os personagens enxergam isso.

Tenha em mente que esta fanfic, assim como meus próximos projetos, contém homossexualidade — um tanto quanto implícita e mais fluffy do que tudo, porém, ainda assim, homossexualidade. Se não se sente confortável com este assunto, tenha em mente que não é nada explícito e é um romance mais puro, então talvez você não veja problema em ler.

Vale lembrar que o enredo e os personagens são 100% de minha autoria. Então, sem plagiar, ok? :3

Ok, avisos dados ^^ Dito isso...

Boa leitura (/・ω・)/

Capítulo 1 - Confortável Escuridão


✎﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏

A noite insistia em permanecer sem mudanças, recusando-se a passar daquele ponto. O tempo parecia ter parado; imóvel, estático, assim como o corpo daquele que se escondia na penumbra do quarto, longe de qualquer olhar alheio que lhe livrasse da submersão do momento, observando a única luz do local, como se não houvesse um nó na garganta paralisando-o. Seu olhar, no entanto, vagueava travesso, lhe torturando com visões de nostalgia com o vislumbre do cômodo tão conhecido, este que parecia engoli-lo. Enquanto isso, havia uma suave, fraca e quase insignificante iluminação do luar que pairava sobre o ambiente. Perguntava-se, aquele mero feixe de esperança poderia lhe iluminar? A lua refletia a luz solar, afinal. O brilho diurno que supostamente acompanhava os dias mais alegres era o mesmo brilho responsável por auxiliar a jornada noturna daqueles que se perdiam na noite. Ao menos, era isso o que ela costumava falar.

Mas aquilo era uma bobagem. Luzes não significam apenas esperança; elas também podem te cegar, assim como o fraco sol em meio à densa neve do inverno não passa de uma ironia, uma zombaria que te faz pensar que o clima esquentará, quando na realidade uma nevasca está para chegar. O pior é que mesmo uma luz tão sutil e enganosa pode te cegar de uma esperança inútil. E a cegueira causada pela ilusão de um feixe de esperança não ajudava em coisa nenhuma quando se estava envolto pela escuridão.

Mas é que estar na escuridão é muito confortável.

Farto das divagações sem sentido que sua mente criava, ele quis levantar-se. Porém, só se levantou fisicamente, sem condições para fazer o mesmo quanto ao seu emocional. E, sem sequer estar consciente disso, caminhou para fora de casa, em direção à neve; caminhou sem rumo, sem destino, sem sequer seguir em frente. Andava para o passado, afinal, embora nem mesmo soubesse disso. Ninguém lhe contara, e ele nunca suspeitaria. Não tinha condições para tal, não naquele momento, não naquela noite específica – ou seria uma madrugada?

Quando deu por si, já estava sem chão. Literalmente, já que parara em frente a um penhasco, sem sequer saber como. Suas pernas simplesmente o levaram até lá, talvez para lhe pregar uma peça e deixa-lo perdido, visto que não possuía certeza absoluta de como voltar – porque uma ideia ele tinha; era só andar sem rumo novamente, já que suas pernas pareciam ter memória própria. Ainda assim, de certa forma, tinha a sensação de que aquela caminhada até o penhasco pudesse lhe fazer bem. Qual fora a última vez que esteve naquele local tão nostálgico e que lhe fazia tão feliz quando criança? O canto das corujas, o cheiro da neve e até a friagem característica do horário e do próprio inverno, tudo lhe passava um certo sentimento de paz, mesmo que ilusório. O ambiente era algo muito relaxante e que lhe aliviava a alma; a brisa noturna lhe trazia um frescor próprio e lhe permitia pensar com clareza, enquanto bagunçava seus cabelos e passeava por seus pulmões livremente, sem qualquer objeção por parte do dono dos fios claros, causando um certo arrepio neste. Tomar ar fresco era incrível.

Subitamente, uma dormência já muito conhecida concentrou-se em seus dedos para, então, subir por seu rosto e aglomerar-se em seus olhos, enchendo-os de lágrimas. Angústia. Era isso o que sentia naquele momento, embora tentasse inutilmente engolir o nó que se formava em sua garganta. Segurou-se a noite inteira, contendo o ardor do sentimento de perda em seu peito e atuando com uma falsa frieza, mas agora isso já não era possível. O vento que batia em seu rosto e adentrava suas narinas pareceu despertar sua tristeza e o sentimento gelado que lhe queimava por dentro, subindo por sua garganta febril e se libertando pelo choro, ainda que sem sua permissão. Todo o sentimento, toda a água, todo o fogo e toda a angústia que lhe cegava como um farol tentava sair por meio dos soluços que lhe escapavam pelas cordas vocais e das gotas cristalinas em seus globos oculares. Quando deu por si, seu corpo já havia caído de joelhos, chorando compulsivamente, soluçando como uma criança, abraçando a si mesmo e tremendo freneticamente. Tudo isso numa vã tentativa de liberar o que sentia, porque não aguentava carregar aquele peso sozinho. Era pesado demais, angustiante demais, tortuoso demais. Tudo parecia ser demais para si. Até respirar corretamente era impossível, visto que o ar gelado só parecia arrancar-lhe mais e mais de seu ardor no peito, que passava por sua garganta, queimava suas cansadas cordas vocais e lhe levava à exaustão. Poderia ter um ataque de asma ali mesmo, embora não ligasse para isso. No final das contas, aquele desespero angustiante e frio que tomara seu corpo por completo não era o suficiente para preencher seu coração. Sua alma estava tão incrivelmente... vazia.

Estava com tanto frio que já não sabia se era devido ao clima ou à tristeza. A única coisa que sabia era que havia chorado até que suas lágrimas acabassem e só restasse o vazio dentro de si. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, sua cabeça estava latejando e sua garganta estava seca, implorando por um único gole de água, mas o pranto pareceu acalentar um pouco seu sofrimento. Sentia-se mais leve, de fato, porém não restara mais nada dentro de si; tudo o que tinha caíra por suas bochechas no formato de gotas salgadas que lhe feriram os lábios já castigados pelo frio. Não havia esperança, não havia salvação e duvidava que houvesse sequer um coração em seu ser. Nada poderia lhe guiar naquele momento, isso era uma certeza para si.

E, por ironia, aquela luz do luar continuava ali. Isso o preencheu com raiva por alguns instantes, antes da sensação de vazio voltar a atormentá-lo. Aquele brilho lunar era muito irritante para ele, afinal. Não passava de uma tentativa narcisista do Sol de estar presente em um território que sequer o pertencia, em sua opinião. A lua, por sua vez, era uma manipuladora que roubava os raios solares só para poder aparecer no céu e fingir guiar os perdidos, quando na realidade apenas observava a morte destes enquanto tentavam encontrar o caminho correto. O Sol, a Lua, as estrelas e até as luzes artificiais, tudo era profundamente irritante. Odiava qualquer brilho; não precisava de tais coisas inúteis para caminhar. Estar envolto pela escuridão era muito mais confortável para si, e a dor de cabeça causada pelo recente choro só confirmava o que sentia em relação à luminosidade; era desagradável.

Quem poderia culpa-lo por pensar assim? Ele só queria se preencher com algo, mesmo que fosse o ódio pela luz. Não havia mais nada e nem ninguém para culpar pelo que lhe ocorrera, afinal. Chorar o deixara mais leve, porém também o preenchera com uma sensação de vazio que só se dissipava, mesmo que um pouco, ao tentar acusar algo. E ele sequer notava o quanto estava se contradizendo; dizia que luzes podiam cegar, porém estar envolto pela escuridão não ajudava em nada, não é?

Mas é que estar na escuridão é mais confortável.

E, sem que ele soubesse, um garoto perdido na noite se aproximava de si.

✎﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui ^^ O próximo capítulo pode demorar, visto que esta é uma história difícil de escrever, mas não se preocupe; pretendo terminar essa fanfic o mais rápido possível.

Se você gosta de metáforas, filosofias e analogias, recomendo que leia também minhas outras fanfics:

Um Poema Vale Mais que Mil Apresentações:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/um-poema-vale-mais-que-mil-apresentacoes-15867055

Travesseiro de Lembranças:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/travesseiro-de-lembrancas-16910665

Despedida Muda:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/despedida-muda-15075046


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