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História Noir - Imagine Yuta - I - o fim de uma reunião e o início de uma catástrofe


Escrita por: SadisticSade

Capítulo 1 - I - o fim de uma reunião e o início de uma catástrofe


Havia sido uma noite de negociações de sucesso, para a sorte e deleite de Seo Youngho — que francamente preferia o alias Johnny — e para o bem da companhia. Para todos os efeitos, aquela era uma empresa legítima de importações e bastante tradicional até, com sua gestão sendo passada através das gerações da família, mas por baixo dos panos, pouca gente sabia o que realmente se passava: notas frias, fraudes no imposto de renda, contrabando, e coisas muito piores, as quais ele não se importava em saber, enquanto continuassem como trabalho dos seus subordinados.

Era uma postura um tanto covarde, tinha que admitir, porque ele colhia os benefícios do trabalho sórdido de outras pessoas e nem sequer se importava em dar ordens diretas: nada de “mate x” ou “desapareça com y”, não, sempre apenas um “dê um jeito na situação da maneira mais conveniente possível, e que nos traga o menor número de problemas”, deixando a solução a cargo do subordinado da vez. O importante, no fim das contas, era que as coisas dessem certo, e se podia eliminar um problema de consciência de uma vez, por que não?

Ele entrou no carro, batendo a porta despreocupadamente. No banco de trás, sua irmã Soojung já o esperava, impaciente, enquanto o motorista o aguardava. Ela também participava das negociações, não apenas como uma sócia da empresa, mas como intérprete de diversas línguas, e hoje não havia sido uma exceção: havia sido uma longa reunião com um grupo de contrabandistas chineses, que pareciam sempre muito mais interessados em lucrar a qualquer custo do que manter uma relação benéfica prolongada, o que os deixara verdadeiramente exaustos. Apesar de tudo, Johnny era um pacifista e via sempre o longo termo das coisas; para ele era melhor lucrar um pouco menos e manter-se estável a longo prazo do que ser ganancioso demais e perder o que conquistara, incluindo as alianças. O parasita que sobrevive é o que sabe tirar o suficiente para viver, e não o que cruza a linha e mata seu hospedeiro.

— Achei que você não fosse sair nunca! — ela reclamou, tirando o casaco e colocando-o sobre o banco ao seu lado.

— Resolvendo mais alguns problemas, só isso. — o mais velho murmurou, dando um suspiro de cansaço. Havia sido uma longa noite, e estava com fome e ao mesmo tempo com o estômago embrulhado pelo champagne provavelmente falso que tomara: havia sido um “presente” do outro lado, e não podia colocar sua barriga acima da cortesia. Se aquilo ali não for etanol puro misturado com açúcar, eu vendo meu carro, Johnny disse a si mesmo, ao afrouxar a gravata — Pode partir. Eu te deixo em casa primeiro, Soojung.

O motorista deixou a garagem do prédio em uma suave arrancada, deslanchando pelas ruas cheias de Seul. Era uma sexta-feira à noite de fim de outono, e era possível sentir o ar ficando cada vez mais gélido ao se perambular pela cidade sempre lotada. As coisas pareciam estar em ordem, até que Johnny recebeu uma ligação que o alarmou. — Alô?

— Você se acha muito esperto, não acha?

— Quem está falando? — o outro perguntou, não reconhecendo a voz. Devia se tratar de um trote, só isso, o jovem pensou, tentando se tranquilizar, mas sabendo em seu íntimo que era algo muito sério. O tom de ameaça velada na voz do outro lado da linha o fazia crer que alguma coisa estava muito errada ali.

— Plutão… E você e Mercúrio estão prestes a morrer. — foi tudo que a voz respondeu.

Nesse momento, uma enxurrada de balas penetrou o carro em que estavam, e uma delas atingiu o motorista, fazendo-os perder o controle na pista quase vazia da larga avenida. Soojung havia se abaixado, escondida praticamente deitada no banco de trás (o tanto quanto o cinto de segurança e sua flexibilidade lhe permitiam), e o motorista fatalmente atingido havia caído sobre o volante que Johnny tentava segurar para mantê-los estáveis. Um carro passou zunindo por eles, um sedã negro sem placa, quando percebeu que estavam prestes a sair do asfalto.

Era preciso fazer uma escolha rápida: alcançar os pedais, com o corpo do homem sobre o volante e sangrando abundantemente estava fora de questão, então era preciso improvisar; se Johnny puxasse o freio de mão subitamente, era mais que certo que iriam capotar, e se não fizesse nada, o carro iria desbarrancar rumo ao rio Han, quebrando a frágil grade metálica pela velocidade relativamente alta em que se encontravam. Era preciso encontrar uma saída, e foi exatamente isso que ele fez. — Soojung, põe o cinto agora!

Não houve tempo para fazer mais nada, ou para que ela pudesse responder, porque o carro havia invadido o canteiro central e acertado um poste em cheio, arrebentando toda a frente do elegante e luxuoso modelo. Foi somente após pararem que Johnny notou que uma bala havia atingido-o no ombro (e teria pego-o na cabeça que não fosse pelo reflexo milagroso de desviar ao ouvir o som das rodas do outro veículo gritando contra o asfalto ao emparelhá-los), quando a súbita fisgada se mostrou com o fim do pico de adrenalina. Seu terno estava arruinado, completamente manchado de vermelho, mas isso sequer o preocupou. Tateando pelo escuro, ele procurou pela irmã mais nova instintivamente: — Soojung? Soojung, você está bem?

A moça se levantou do banco, sentindo-se um caco. O vidro traseiro havia sido estilhaçado, e tomava cuidado para não se cortar nos inúmeros cacos que estavam espalhados pelo assento. Mas, felizmente, ela estava viva, e era isso que importava. Puxando o cinto de segurança, ela riu de puro nervosismo, sem querer: — Eu sempre uso cinto, seu idiota. O que foi isso?

Johnny não chegou a explicar, porque ele mesmo não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo. Ele tentou dar de ombros (o que doía e o fez se arrepender de tentar) e checou o pulso do motorista, mas era bastante óbvio que ele já estava morto, pelo buraco que se encontrava atravessando o crânio dele, lentamente pingando sangue sobre o carpete. Bastaram algumas ligações para que a ambulância, polícia e os associados fossem chamados para resolver todo o problema. De início, ele havia apenas imaginado que se tratava de uma rivalidade qualquer, de alguém que acabara eventualmente prejudicado nos negócios, mas havia algo que o incomodava, é claro…

— O que diabos ele quis dizer com Plutão e Mercúrio? — o executivo murmurou para si mesmo, sentado na calçada.

Soojung olhou para ele, surpresa. — Que história é essa? Mitologia romana a essa hora?

Ele balançou a cabeça, como se pudesse afastar de sua mente esses eventos. — Nada, Dawn.

A garota ao seu lado fez uma careta de desaprovação, porque odiava seu nome “americano”. Alguma coisa ali, no entanto, despertou sua curiosidade, e imaginou o que estaria por trás desse jogo perigoso no qual estavam envolvidos agora. Apesar de adorar a emoção da adrenalina, dessa vez, algo lhe disse que devia ter medo, muito medo.


Notas Finais


Oi, gente 🤡

Eu sumi, eu sei, mas é que minhas aulas voltaram presenciais no fim de novembro, com clínica e tudo mais, e não tive tempo nem de respirar (eu tive duas semanas de férias agora, socorro, tô um caco kkkk). Na verdade era para eu postar essa história amanhã, mas eu não me aguentei e quis postar logo hoje, então aqui está kkkk

Mais um mistério, óbvio, dessa vez envolvendo a máfia e mitologia greco-romana! Até agora tenho escritos 30 capítulos, e pretendo atualizar uma vez por semana, no domingo. O número de personagens na descrição assustou vocês? É que essa é de longe a história onde morre mais gente que eu já escrevi, juro kkkkkkkkkkk


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