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História Noir - Imagine Yuta - XLVII - assuntos pessoais


Escrita por: SadisticSade

Capítulo 47 - XLVII - assuntos pessoais


Yuta Nakamoto era forte. Não apenas no sentido físico e literal da palavra, que é muito fácil ser — muita gente consegue esse tipo de proeza levantando pesos em uma academia, sem nunca ter precisado desse tipo de força para sobreviver. Era preciso um tipo especial de força para encarar a morte de frente, sem sequer tremer, e era isso que havia feito. O líquido carmesim escorria por sua testa, caindo por cima de seus olhos e fluindo por seus cílios, em gordas gotas, um tanto mais fluido do que parecia ser. De olhos fechados, o mundo era uma escuridão infinita, e somente sentia-se conectado à realidade ainda pelo choro baixo de Soojung, seu toque, agarrando-o pela gola da camisa como que para impedir que ele pudesse partir, ainda que em vão.

— Então agora acho que temos negociações a fazer. — era a voz de Xiaojun falando, com uma seriedade que era muito diferente do que estava acostumado para ele: não que ele não soubesse ser sério antes, é claro… Porém, agora não havia uma gota sequer de humanidade em seu tom, completamente desprovido de emoção ou compaixão, o que era um pouco mais assustador do que se permitiria admitir.

Bem, era hora de colocar o plano em ação.

— Acho que ainda não acabamos por aqui. — Yuta falou. Ao abrir os olhos, percebeu que o médico estava de costas para si, voltado para Soojung, que já havia se afastado do “corpo” do japonês como combinado, indo para o canto oposto do sofá, fingindo estar encurralada: essa era a oportunidade perfeita para um bom susto… Sacando a pistola que ele mesmo carregava, a sua fiel companheira, colocou-a rente à nuca de Dejun, os papéis agora invertidos — Vai, senta aí.

Sentando-se no sofá, o médico parecia aterrorizado, como se estivesse vendo um fantasma porque, bem, na sua cabeça, realmente estava… Explicando a situação, com um ar muito divertido, Soojung enxugou as lágrimas fingidas, como uma verdadeira atriz. — São balas de tinta, nós trocamos as balas reais que estavam dentro do revólver assim que chegamos. Doem um pouquinho à queima-roupa, por causa da proximidade com a pele, mas não causam nenhum dano real, ainda menos do que balas de festim. E eu sabia que aqui dentro encontraríamos o revólver calibre .38 que matou Ten, óbvio, porque ele deveria ser seu. O calibre .22 que foi usado para fingir te acertar no dia daquele falso atentado deve ser de algum outro subordinado, pago para encenar uma briga e conseguir errar tiros praticamente à queima-roupa…

Era por isso que a reunião com Johnny foi marcada à tarde, afinal: para terem tempo de comprarem esse truque, uma cortina de fumaça que faria com que o arrogante Plutão tivesse tanta certeza de que estava com vantagem que deixaria sua guarda baixar. Um bom truque, que funcionou bem.

— Queremos o nome de cada um dos traidores. — Yuta falou. Em seu tom de voz, havia uma ameaça velada, apesar de parecer tão casual como sempre… Ele não era conhecido por ser intimidador por acaso, não: era talvez em seu jeito tranquilo que realmente morava o perigo, a possibilidade de que ele pudesse cometer os piores atos possíveis sem sequer mudar de expressão.

— Não vou dizer. Se você quiser, pode me matar, eu não me importo mais. — Dejun o desafiou.

— Por muito tempo, foi isso que eu quis. Pegar o filho da puta que matou os meus amigos e fazê-lo pagar… Olho por olho e dente por dente. E sei muito bem que a Soojung não iria se importar se eu fizesse isso também. — o japonês comentou, parecendo absurdamente calmo para disfarçar a fúria dolorosa que sentia tomá-lo pouco a pouco — Mas eu não quero mais fazer isso.

O outro riu. — Por quê? Você acha que é melhor que isso? Acha que suas mãos já não estão sujas de sangue também?

— Não. É porque eu sei que se eu te deixar vivo, você vai sofrer muito mais. — o tom sombrio com o qual disse isso foi suficiente para causar arrepios até mesmo em Soojung — Procura umas cordas ou qualquer coisa assim para amarrá-lo e avise o Johnny e o Doyoung que finalmente o pegamos.

(...)

O garçom chegou, trazendo dois drinks e deixando-os sobre uma mesa coberta com um guarda-sol amarelo. Agradecendo-o, Soojung pegou o seu e entregou o outro a Yuta, que apesar de parecer dormir sobre a areia, estava acordado, observando o mar. Fazia calor como em nenhum outro lugar da Terra, aparentemente, o sol brilhando naquele começo de manhã e, com a umidade alta causada pela proximidade com o oceano, a temperatura parecia ainda mais alta do que já estava. De repente a expressão "Rio quarenta graus" fazia muito sentido.

Algumas semanas se passaram desde que o caso havia sido resolvido, culminando em algumas mudanças na grande empresa, bem como na máfia. Os traidores comandados por Xiaojun, dentre eles o Huang Renjun a quem tanto procuravam, foram caçados e adequadamente punidos, segundo Johnny — o líder apenas ordenou que o departamento de defesa cuidasse disso, como sempre cuidava, à seus modos. De repente, uma porção de acidentes e suicídios havia liquidado um grupo seleto de pessoas, sem despertar atenção alguma da polícia, comandada pelo agora promovido Jung Jaehyun. Pura coincidência. Havia sempre sido assim, afinal… Os desleais são adequadamente punidos sob as ordens do líder. Olho por olho, e dente por dente.

Havia apenas uma pessoa que tinha tido a honra de ser pessoalmente assunto de Seo Youngho, um ex-membro do conselho de uma grande multinacional de importações, Xiao Dejun, preso por ter cometido múltiplos homicídios de seus próprios pares, Chittaphon Leechaiyapornkul, Lee Donghyuck, Mark Lee, Moon Taeil e Dong Sicheng, além de ter atentado contra a vida de todos os demais membros do conselho. O caso, quando resolvido, chamou a atenção da mídia, mas foi surpreendentemente abafado logo depois, o interesse nele morrendo quando a prisão de Xiaojun foi decretada e cumprida — algo que não foi por acaso, é claro… O público nem mesmo veio a saber quando Plutão faleceu na cadeia, em circunstâncias pouco usuais e, francamente, Soojung achava melhor não saber como Johnny havia “lidado” com ele, porque esse tipo de coisa com certeza assombraria seus pesadelos para sempre, e já tinha material suficiente para atormentar-se por uma vida e mais um pouco. Ainda hoje ela sonhava com tudo aquilo, com o rosto de Sicheng morto naquele fundo falso, com todo aquele caos, como se não tivesse acabado… Levaria tempo para tudo voltar ao normal, mesmo que não ao normal de antes. Quem morreu não pode ser trazido de volta, afinal.

Afastando esses pensamentos ao dar um gole na bebida extremamente forte que os locais chamavam de “caipirinha”, e colocando-a novamente sobre a mesa, a jovem ajeitou-se na cadeira de praia, tentando fugir do sol, e reaplicando o protetor solar nos braços. — Não sei como você consegue não ficar com insolação, Yuta. — Soojung murmurou, vendo sua própria pele já ficar vermelha e nada bronzeada, como gostaria.

Pegando o tubo de protetor das mãos dela, despejando um pouco nas próprias palmas e passando nas costas de Soojung, para Yuta aquela resposta parecia bem óbvia. — Estamos de férias, nada consegue me afetar. Aliás, como chama essa bebida que você pediu?

— Caipirinha, como me disseram. — ela respondeu, bebendo um longo gole.

Yuta ainda tentou repetir, mas desistiu, frustrado, pensando em como aquilo era complicado demais, quase como um trava-línguas. — Esquece, só pede outra para a gente depois. — falou, beijando-a, e voltando a se deitar na areia. Talvez fugir um pouquinho daquele maldito inverno de Seul fosse uma experiência a se repetir todo fim de ano, já que raramente tirava férias, de qualquer maneira. Enquanto estavam ali, debaixo daquele sol de quarenta graus, tudo parecia perfeitamente bem, e nem era por conta das lentes coloridas do óculos escuro tingindo tudo de cores agradáveis e tropicais. Era porque, finalmente, tudo realmente estava bem, resolvido da melhor maneira que podia ter feito. Na vida real, não existem finais felizes, e aquele podia até ser mais agridoce do que de costume, pelas perdas que sofreram e que jamais recuperariam, mas era melhor não pensar nisso, e ser um pouquinho mais otimista, porque uma viagem a dois com Soojung era praticamente um conto de fadas em sua cabeça, mesmo que jamais fosse admitir isso para ninguém, e ali estavam eles, no Rio de Janeiro, começando tudo do zero.


Notas Finais


Então é isso, gente, me despeço com um final até bonzinho, vai kkkkkk eu podia ter feito muito pior. Só tenho a agradecer, como sempre, pelo carinho, pelos comentários e favoritos de quem acompanhou isso aqui até o fim. 💖💖💖

E já tem história nova saindo do forno, vai lá conferir: https://www.spiritfanfiction.com/historia/o-cartomante--imagine-yuta-22758745


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