História Nonstandard - Pique-Esconde é para crianças.Somos duas garotas adolecentes

Fora do Padrão- capítulo VIII

   Alison e Emily se olharam por alguns segundos, mas que para elas pareciam horas. Emily baixou seu olhar, envergonhada. Alison começou a mexer em sua pulseira – que dividia com suas quatro melhores amigas – um tanto sem graça.

   - Em – disse Ali – Não precisamos sentir vergonha. – Emily abriu um pequeno sorriso.

“Mê dê algo que nunca provei; vai ser o pecado perfeito, algo como a mais verdadeira mentira”

   Ali pôs uma mão no rosto da morena, acariciando suas bochechas levemente rosadas com o polegar. Ela se inclinou e beijou-a novamente, dessa vez um beijo mais demorado, onde suas línguas se divertiam enquanto seus corações batiam acelerados. Tudo, absolutamente tudo, sumiu ao redor delas. Tudo o que fazia sentido já não fazia mais. Tudo o que elas sabiam havia fujido de suas memórias. O que restara lá (e também no coração) eram apenas os momentos que passaram juntas. Desde o momento que os olhos de Emily encontraram os de Ali pela primeira vez até esse último beijo.

   - Todo esse tempo, eu me pegava pensando em você de repente, Emily… Eu estou apaixonada por você. E eu te amo, Em. – disse a loura calmamente, olhando no mais profundo abismo dos olhos de Emily, com seu delicado e inigualável sorriso.

“Em todos os lugares, de alguma forma, este vai ser o lugar que sempre estarei”

   - Eu também te amo, Ali. – respondeu a morena, segurando carinhosamente o pulso da garota à sua frente. Ela se inclinou na direção de Alison, ficando de joelhos e sentando do colo da mesma, abraçando-a.

   Ali curtiu aquele abraço como nenhum outro. Ela abraçou Emily tão intensamente que seu coração parecia ameaçar explodir dentro de seu peito a qualquer momento. O espaço de seu coração parecia ser tão pequeno para sentimentos tão grandes e intensos…

   - É tão bom poder admitir que te amo com você à minha frente, me ouvindo e ainda respondendo “eu te amo” de volta… - disse Ali. Ela estava realmente feliz com uma pessoa. E a última coisa que importava era o sexo que ela pertencia.

   Emily olhou-a nos olhos, o sorriso aumentando a cada palavra que Alison dizia. Ela afastou uma mecha loura de seu rosto e beijou-a; as duas mãos na nuca de Ali, com os polegares acariciando suas maçãs perfeitamente rosadas em suas bochechas. Ambas estavam sentindo algo imensamente intenso e verdadeiro.

   E elas ficaram ali, destruindo a saudade com todo aquele amor. Elas se beijavam como se uma fosse o oxigênio da outra, como se precisassem daquilo para continuarem vivas. E precisassem realmente ou não, elas sentiam que sim.

…

   Passaram dias e o amor das duas garotas não mudou. Elas continuavam se visitando, se amando muito mais que alguns casais héteros. Era apaixonante ver elas juntas, dava-se o enorme desejo de ter alguém para amar. Pena que ninguém via. De primeira, pensavam Ah, não nos revelamos porque não tem razão para fazermos isso. Por que as pessoas têm que saber? Por que não podemos apenas nos amar, tão pura e simplesmente assim? Em parte, isso era verdade. Mas, lá no fundo, tinha outra razão para não contarem a uma pessoa sequer. Ninguém iria entender.