Nina ao tirar o figurino da apresentação, andou pela escola atrás do pai ou da mãe.
Já estava se acostumando a ficar com um dos dois.
Aquele final de semana era do pai.
Encontrou os dois entrando no pátio, estavam juntos e ela achou estranho. Não os vira de mãos dadas, nem trocando olhares ou carícias. Estavam apenas juntos.
E ela sentiu medo, não queria que eles brigassem.
Na cabeça da menina, aquela aproximação era algo fora do normal em sua nova rotina e isso fez com que Nina ficasse séria, reprimindo algo dentro de si.
Ao chegar perto deles, Paula percebeu que a menina havia mudado a fisionomia.
- O que foi meu amor? - Paula a pegou no colo. - Você ficou séria de uma hora para outra.
- Mamãe, vocês brigaram?
- Alguma vez você nos viu brigando, filha? - Breno, respondera, olhando para a menina. - Mas, respondendo a sua pergunta, não, nós não brigamos.
Nina encheu os olhos de lágrimas, abraçando a mãe e enterrando a cabeça em seu pescoço. Como quem quisera desabafar e só agora conseguira.
Paula e Breno, olharam-se, entendendo o quanto a feriram e a desgastaram emocionalmente com toda essa confusão.
Se para eles, adultos e donos de si, era um inferno ter que agir de maneira sensata, mas com uma vontade imensa de explodir. Imagina para uma criança de 3 anos que tudo que tinha como pilar emocional, eram eles.
Paula a abraçou forte, enquanto Breno passava a mão em seus cabelos.
Ambos, em silêncio.
Decidiram entrar na sala de música da escola, onde estava mais calmo e poderiam conversar melhor.
Ao chegar, sentaram-se em cadeiras espalhadas no recinto, enquanto Nina continuava no colo da mãe, aninhada ao seu peito. Porém, mais calma.
- Vocês estão muito juntos. - A menina falou, enquanto limpava os olhinhos com a costa das mãos. - Toda vez que vocês se encontram, eu vejo que vocês brigam pelo olhar.
Breno olhou para Paula, admirado de como eles eram tão transparentes um com o outro que até Nina, uma criança, era capaz de enxergar o desconforto deles com toda aquela situação.
- Eu não quero que vocês briguem. Eu já aceitei que vocês não vão mais ficar juntos. - Nina voltou a ficar com os olhos marejados, voltando-se para o Breno - Mas eu não quero ver vocês tristes. Toda vez eu vejo você papai, com os olhos vermelhos, de chorar, eu sei, todas as noites antes de me botar para dormir. - Nina, agora olhava para Paula. - Mamãe você está sempre triste e eu já vi você chorando varias vezes em seu quarto enquanto eu estava vendo tv. Isso dói, dói muito porque eu gosto de ver vocês felizes.
Breno pegou a menina no colo, enquanto uma lágrima descia por e seu rosto ao ver Nina e Paula com os olhos vermelhos.
- Vem cá. - Ele posicionou a menina, de maneira que ela ficasse de frente para os dois. - Você é capaz de nos perdoar por todo esse sofrimento que fizemos você passar?
- Filha, desculpa. - Paula falava com a voz embargada pelo choro. - Em meio a todo esse nosso egoísmos e orgulho, não percebemos que doía mais em você do que na gente. Eu prometo que essa dor no seu coraçãozinho acaba hoje.
Breno beijou a cabecinha dela, a olhou e riu.
- Lindinha... O papai promete que vai te proteger de todo esse sentimento ruim. Desculpa, eu fui tão egoísta de pensar só em mim e acabei negligenciando o teu sofrimento. Mas isso acabou.
Nina não entendeu nada, mas abriu o maior sorriso que podia. Ao ver Breno puxando Paula, dando-a um beijo leve e olhando em seus olhos e dizendo.
- Eu te amo.
Sendo retribuído por um olhar de carinho enquanto ela dizia.
- Eu também. - Olhando para Nina, Paula beijou seu rosto. - Eu também te amo, demais. Nunca se esqueça disso.
Nina ria, abertamente e ficou ainda mais feliz quando soube que iria ser a daminha do casamento dos pais e da chegada do irmão(a).
Nina sentiu receio no começo, de não ser mais lembrada ou amada pelos pais. E até um pouco de ciúmes, sentiu também. Mas bastou uma conversa com os pais, para ela saber que nada iria mudar em relação ao amor dos dois.
A notícia foi bem vinda à família dos dois também. Que não se contestaram com a distância e organizaram um grande encontro no Rio para celebrarem essa bênção.
Nesse encontro estavam todos que eles amavam; pai, mãe, irmãos e amigos.
Todos aqueles que torciam pela felicidade dos dois.
Uma verdadeira festa, como deveria ser desde quando se conheceram. Uma festa regada a muita alegria, música e amor, o principal. E ali tinha em abundância.
Era um sentimento tão nítido que eles sabiam que era para ser assim; Um do outro.
E até a música deles dizia isso;
[...]"Não daria tão certo nem se fosse combinado..."
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Breno posicionou a tesoura no laço azul que selava a porta da frente e disse, orgulhoso:
— Está aberta a Pra Cozinhar Manaus.
Aquela era a terceira filial que abriram, e havia mais duas por vir, um em Recife no Pernambuco e outra em São luís do Maranhão.
A multidão aplaudiu entusiasmada, e o rosto mais feliz era da sua mulher, apoiada em Nina, agora com 10 anos, batendo a mão na coxa em vez de bater palmas. A outra mão segurava a barriga enorme que despontava do vestido.
Ao passar a tesoura para o gerente que Paula indicara para aquela filial, ele foi para o lado dela e, no caminho, pegou Artur pelas mãos, agora com 6 anos.
O rosto do menino estava coberto de chocolate.
Ele tirou um lenço do bolso e tentou limpar um pouco.
Nina estava com a mão na cintura da Paula. Ela não desgrudava da mãe, era formidável o vínculo que elas tinham.
Paula sorriu para o Breno, mas havia dor em seus olhos.
— Amor, lembra que eu disse de manhã que achava que ia estourar? - Paula ria, mas transmitia dor no olhar. - Acho que essa vai ser Manauara.
Ele arregalou os olhos.
— Está na hora?
Ela assentiu.
— Papai, eu cuido do Artur.– disse Nina, puxando o menino das mãos do Breno. - Cuida da mamãe.
Breno ficou na dúvida se devia deixa-la com o menino enquanto dava atenção a Paula.
Ela ainda era tão novinha!
Mas sorriu e não viu problema naquilo.
— Filha, sua tia Clara vai com cuidar de vocês enquanto eu estiver com a mamãe, está bem? – perguntou ele, segurando a mão de Paula, enquanto beijava a cabeça da menina. - Comportem-se. Eu amo vocês.
Paula apertou sua mão com tanta força que ele fez uma careta e quase sentiu a contração.
— Tudo bem papai, vão logo. Parece que que minha irmãzinha está para chegar. - Os olhos de Nina brilharam. – Eu cuidarei do Arthur. Não deixa a mamãe sozinha, amo vocês.
Ela se despediu dos dois e passou a mão pela barriga de Paula.
Nina parecia que ia explodir de animação, enquanto os olhos de Breno estavam emocionados.
Desde a conversa com a menina, a relação dos três, agora quatro e mais tarde cinco, havia melhorado muito. O nascimento de Artur selara o novo elo entre eles.
Os quatro adoravam ficar entre eles conversando, brincando, se divertindo...
Nina não tinha mais a insegurança em relação ao amor de Paula por ela. Pelo contrário, vivia saltitante pela casa, grudada na mãe, feliz com a chegada do irmão. E quando soube que iria ganhar uma irmãzinha, até chorou de tanta felicidade.
Ela não tinha reservas, confiava nos pais e contava sobre tudo.
E sobre o irmão, ela o adorava e virava uma leoa para defendê-lo.
E Artur amava tanto a irmã que tinha vezes que só ela para acalmá-lo. Era lindo de ver como eles se amavam.
Breno e Paula se orgulhavam da relação que os irmãos tinham.
— Ligue para a minha mãe, ela está no hotel. – disse Paula, arfando. Ela conseguiu dar um sorriso. – Acho que essa está com pressa. – Dando um beijo em Nina e Artur. – Cuidem um do outro, eu amo vocês.
E exatamente a 1 hora e 38 minutos depois, Lavínia Amorim Simões veio ao mundo. A mãe estava cansada, mas delirante de felicidade. O pai não sabia quem beijar mais, se sua esposa ou sua filhinha.
A irmã mais velha estava ao lado da mãe o tempo todo depois que Paula foi para o quarto da maternidade. Já Artur dormia feito pedra depois de ficar exausto de tanto brincar.
Dois dias depois, já estavam em casa e seus sonhos eram preenchidos com toda a felicidade que conheciam.
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