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História Nos Braços da maldade - A mudança


Escrita por: MaraRubiaLian23

Capítulo 16 - A mudança


Fanfic / Fanfiction Nos Braços da maldade - A mudança

Parados diante de Wen Ning os dois seguranças ouviam suas instruções.

"O patrão deu ordens para ambos buscarem Wei Ying amanhã, já que ele está familiarizado com vocês."

“Pode deixar, cuidaremos disso. Não é mesmo Xue?” Xiao perguntou olhando para o homem a seu lado.

“Por mim…” ele respondeu saindo emburrado.

O assistente olhou o amigo questionadoramente. Normalmente Xue Yang estaria eufórico por ficar sozinho com Xiao.

“O que ele tem?”

“Está magoado comigo!” disse Xiao tristonho.

“A briga que ele e Song Lan tiveram tem algo a ver com essa história?”

Precisando desabafar, ele contou tudo o que acontecera. Wen Ning ficou abismado pela loucura de Xue. Realmente a paixão é perigosa.

“Agora os dois estão bravos comigo. Song Lan se sente traído, Xue rejeitado e eu no meio sem saber o que fazer.”

“Meu amigo, que situação! Não tem jeito, ou você escolhe um, ou assume logo o que sente e se abre com eles.”

Estreitando os olhos Xingchen ia responder, porém, ao ver Song passando para garagem foi atrás sem ao menos se despedir do amigo que ficou rindo da situação.

Ofegante, Xiao se aproximou de seu colega, ele precisava lhe ouvir.

“Agora você não me escapa.” Falou encurralando o maior entre um carro e ele.

“Não temos nada para falar. Você dormiu com o Xue, escolheu ele e fim de conversa.”

O que dizer? Se falasse a verdade poderia dar até morte. Num impulso, Xiao beijou Song. Um beijo suave, tímido, mas carregado de desejo e carinho.

Foi tão natural para Song se perder naqueles lábios. De forma dominadora, ele envolvia o corpo de seu amado e o explorava com suas mãos. Paravam por breves instantes para recuperarem o ar e voltavam a se beijar.

Song o levou para o fundo da garagem onde a luz era tênue.  Assim, protegidos de olhares alheios, eles ficavam mais ousados a cada carícia trocada. Porém, ao contrário do que eles pensavam alguém os observava de longe.  Xue torturava-se vendo aquilo. Se fosse em outros tempos mataria os dois. Amava Xiao Xingchen e quanto a outro não teria coragem de lhe ferir seriamente. Porém, se era Song Lan que o menor queria o caminho era apenas um, afinal, o motivo que o levará até ali já não existia mais. Com passos decididos ele procurou por Wen Ning.

O assistente do CEO tomava um chá tranquilamente na copa da mansão quando Xue Yang entrou feito uma ventania.

“Ning, você terá que encontrar outra pessoa para acompanhar Xingchen amanhã.”

“Hã? Como assim criatura? Foram ordens do patrão.”

“Estou indo embora, peço demissão. Me avise quando for para assinar os papéis e por favor não demore. Tenho pressa em deixar Wuhan!” declarou sério.

“Você está brincando?”

“Esperarei sua ligação.” Xue falou indo em direção a saída e sumindo tão rápido quanto chegou.

Olhando espantado para sua avó que dava ordens aos empregados, procurava entender o que acontecera.

“Vovó, me explica o que foi isso?”

“Meu filho, quando tudo está estagnado nada melhor que uma boa tempestade para colocar tudo em seu devido lugar.”

Ainda sem entender ele foi atrás de Xiao, porém uma interminável ligação da firma de advocacia que prestava serviços a eles lhe tomou mais tempo que o esperado. Quando finalmente se viu livre retomou seu caminho encontrando Xiao e Song que saiam sorridentes da garagem.

“Xiao Xingchen, preciso falar com você.”

“O que houve?”

“Amanhã leve Song com você para buscar Wei Ying.”

“Ué, porquê? Não era para ser o Xue?”

“Ele não trabalha mais aqui, pediu demissão não faz muito. Pensei que soubesse, afinal, Xue foi atrás de você na garagem. Vocês não se encontraram?”

“Meu deus!” Xiao saiu correndo deixando os dois sem reação.

Ning queria perguntar a Song o que estava acontecendo, mas ele saiu furioso para o lado oposto.

“Que gente mais maluca!” Wen Ning saiu resmungando em direção a mansão.

Como esperado, Xiao não encontrou o outro em lugar algum. Entrou em desespero ao descobrir pelos guardas do portão que Xue fora embora a um bom tempo. Ele caminhava desnorteado em círculos, atormentado pela certeza que fora visto pelo maior. Quanto mais tentava consertar, maior era o estrago.

Acalmou-se precisava usar o bom senso. Resolveu ir atrás de Xue. Sabia onde ele morava, depois pensaria o que falar. A única certeza que tinha era que não podia deixá-lo ir embora. Ao chegar no carro sentiu alguém segurar seu braço. Lentamente levantou seu olhar e encontrou Song Lan que o encarava muito sério.

“Não acredito que você vai atrás dele! Por que diabos ficou comigo, se é a ele que você ama?”

Com os olhos cheios de lágrimas Xiao colocou a mão na face do maior.

“Amo você de todo meu coração, mas amo igualmente a ele da mesma forma. Você pode me entender? Aceitaria uma relação assim, Song Lan?”

Diante do silêncio do maior ele entrou no carro, já esperava por aquilo. Pelo retrovisor viu que Song parado no mesmo lugar olhando seu carro se distanciar.

Aproveitou o percurso até o apartamento de Xue para tentar se acalmar um pouco que fosse. Seria sincero, era única certeza que tinha. Se era para ser rejeitado, que fosse. Tentar esconder o que sentia já causara confusão suficiente.

Seus batimentos cardíacos estavam acelerados ao bater à porta do apartamento. Não demorou para a mesma ser aberta e um sério Xue aparecer diante dele.

“Ah não, o que você quer agora? Deixa-me em paz, segue teu rumo!”

“Só depois que você me ouvir!”

“Não quero… Já sei que vocês estão juntos. Está com medo que eu faça algo? Fica tranquilo, logo partirei de Wuhan.”

Impaciente, Xiao o empurrou e entrou no apartamento. Xue bufou com aquela atitude. Afinal, o que mais ele queria?

“Usarei as mesmas palavras que disse a Song Lan.  Eu o amo de todo meu coração, sempre amei! Entretanto, eu sinto o mesmo por ele.”

Piscando algumas vezes, Xue teve uma reação completamente inesperada pelo menor.

Rsrsrsrs… “Você está me dizendo que ama os dois do mesmo jeito?”

“Sim! Nem mais, nem menos!”

Rsrsrsrs… “Danadinho você!” falou envolvendo sua cintura e lhe beijando de uma forma indecente.

Ao pararem em busca de ar, Xue ofegante o encarou surpreso.

“Então, você não se importa? Aceita uma relação à três?”

 “Se aceito um ménage à trois? Com certeza docinho! Tenho mente aberta e muito amor para te dar. Sou capaz de suportar o estrupício do Song se esse for o preço para ter seu amor.”

Um enorme sorriso apareceu no rosto de Xiao Xingchen. A metade de seus problemas já estavam resolvidos. Agora era esperar pela resposta de Song. As chances de ser rejeitado era enorme.

Voltaram juntos para mansão. Wen Ning esqueceu a história do pedido de demissão a pedido dos dois. Ficou evidente que entre eles as coisas estavam resolvidas.

De longe, Song Lan observava os três conversando e rindo. Era notório para ele que Xue Yang aceitara a proposta. Já esperava tal atitude dele, pois sabia o quanto aquele homem era depravado.

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Na tarde do dia seguinte, Yanli aproveitou para pedir demissão do seu trabalho. Wei dedicou-se a procurar pelo irmão. Caminhou por horas pelas ruas de Wuhan, passando por ruelas suspeitas e perigosas onde normalmente os drogados iam atrás de entorpecentes e homens a procura de companhia.

Se assustou ao ser abordado por uma criatura asquerosa. Era um homem de meia-idade, alto e barrigudo vestido com um terno dos mais baratos.

“Quanto você cobra? Estou interessado!” falou se aproximando do garoto.

Tentando se afastar ele bateu em alguém. Ao olhar para trás pôde ver um dos seguranças de Lan Zhan.

“O senhor não deveria estar aqui!”

“Você está me seguindo?” perguntou Wei confuso.

“Estamos cumprindo ordens do CEO.”

Só então Wei notou que atrás daquele segurança havia mais dois.

“Nos acompanhe por favor. Tem um carro a sua disposição lhe aguardando.”

Resmungando, Wei acompanhou os seguranças, não adiantava protestar. Sua nova realidade era aquela. O homem barrigudo ficou observando-os se afastarem com os olhos arregalados, tentando entender o que acontecera ali.

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Na galeria, Song Lian estava compenetrado analisando o novo catálogo com as obras da próxima exposição, quando seu celular tocou. Sem se preocupar em olhar quem era ele atendeu.

“Alô”

“Primo, sou eu, Song Lan.”

“Quem morreu? Porque só assim para você ligar, primo desnaturado!”

“Ninguém morreu, ainda! Quer sair para beber hoje à noite? Preciso conversar.”

“Até quero se você me adiantar o assunto.”

Suspiros… “Trisal.”

“Pensei que tivesse algum problema. Você quer gabar-se, isso sim! Eu sozinho e você com dois? Ah primo, vai se ferrar!”

“Você acha isso motivo para se gabar?”

“Opa, agora conseguiu minha atenção…  Que mentalidade arcaica é essa? Às 21h no bar de sempre e não se atrase, Song Lan.” Ele falou desligando na cara de seu primo.

Rindo das bobagens de Song Lan, ele parou quando viu uma certa figura imponente entrar em seu quarto.

 “Lan Huan? Por que não me avisou que viria? Teria ido buscá-lo no aeroporto.” Levantou-se indo abraçar o amigo.

“Notícias do Jiang Cheng?”

“Meu Deus! Nem um oi? Talvez, perguntar como estou? Assim fico magoado!”

“Oi! Agora me responda, alguma notícia dele?”

“Nada! O que você esperava? Que ele voltasse arrependido e devolvesse o dinheiro? Pelo amor de Deus homem, esquece esse garoto!”

“Decido o que devo ou não fazer, não se meta nisso Song Lan. Vou tomar um banho e sair, depois conversamos.”

“Você vai atrás dele?”

“Não é da sua conta!” Huan falou saindo da sala.

“Hã? Como assim?”

Lian não obteve respostas, mas não desistiu. Saiu atrás de seu patrão, que maluquice era aquela?

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O relatório médico da Sra. Jiang era excelente. Os médicos disseram que em uma semana, no máximo, ela poderia sair da UTI e ir para o quarto. Os irmãos puderam vê-la por alguns minutos separadamente.

Emocionado ele beijava a mão frágil de sua mãe. Não tinha muito tempo, então contou a mesma mentira para ela sobre o falso emprego e que teria que se ausentar por um tempo. Saiu dali aliviado e convencido que tomara a decisão certa.

No final da tarde se despediu da irmã e acompanhado por Yao foi para casa arrumar suas coisas. No caminho reforçou o pedido para ele continuar procurando seu irmão, mas com cuidado, sem se colocar em risco.

“Pode deixar, fique tranquilo. Pedirei ajuda para o Nie, ele não me nega nada.”

“Meg Yao, olhe-me e responda com sinceridade. Vocês dois já fizeram o que não deviam?”

“Nossa, esse tipo de coisa não se pergunta para um casal.”

“Casal? Está maluco? Desde quando vocês têm uma relação? Ah, não me diga que estão juntos?”

“Calma, não é nada disso, foi só modo de falar. Ninguém está junto. E também, só foram uns beijos e uns amassos nada mais. Por que Nie não quer, que fique bem claro.”

“Que continue assim! A tua irmã está desconfiada, quero ver você persistir com essa loucura quando ela voltar.”

“Esquece essa história. Está indo para toca do lobo daqui a pouco, deveria estar preocupado com sua própria retaguarda.”

“Como assim?”

“Você precisa estar preparado, vou te ajudar. Por acaso já viu algum vídeo de dois homens transando?”

“YAO! Ficou maluco? Por que raios eu ia querer ver uma coisa assim?”

“Chega de pudores que não irão te ajudar em nada agora. Você entrou nessa roubada, então o mínimo é saber como tudo funciona. Porque meu amigo, pelo que me contou do tal Lan Zhan, ele é o ativo.”

Seus olhos estavam tão arregalados que tinha a impressão que suas orbes saltariam do seu rosto. No meio daquele turbilhão ele não parou para pensar sobre o assunto.

“ME MOSTRA ISSO AGORA!” disse Wei exaltado.

Em poucos minutos, Wei estava com o celular em mãos olhando um vídeo explícito de dois homens na cama. As cenas eram quentes, os gemidos dos atores estavam lhe dando palpitações.  Seus olhos cada vez mais esbugalhados. Foi inevitável comentar.

“Misericórdia! Como foi que isso entrou?”

“Para tudo se dá um jeito meu amigo. O do Nie é bem maior que esse daí!” comentou descontraidamente Yao.

“Como você sabe disso?”

“Eu já coloquei a mão quando ele estava animadinho! Hahahaha… Por cima da roupa viu, e não me olhe com essa cara.”

“Não acredito que você… Teria coragem de fazer uma coisa dessas?”

“Tenho e vou, se a sorte estiver ao meu lado o Nie será meu homem!”

“Sem comentários, só pode ser masoquista.” Wei suspirou angustiado... “Não conseguirei. Se o Lan Zhan vier para meu lado com um trem desses, dou um soco nele!”

“Você pode fazer tal coisa? Se recusar?”

Jogando-se na cama, Wei ficou olhando para o teto. Que merda fizera da sua vida. Lógico que não poderia se recusar a nada ou teria que pagar aquela multa milionária e o tratamento de sua mãe. Colocou o travesseiro em seu rosto e gritou, precisava se acalmar.

“Relaxa meu amigo, vai que você acaba gostando. Afinal, o beijo dele sempre te deixou fora do ar.”

O menor levou uma travesseirada. O tempo estava passando, logo chegariam para buscá-lo. Apressou-se a colocar duas mudas de roupa na mochila. Lembrou que teria que trocar de celular. Não sabia porque daquilo, mas era melhor não ficar questionando. Pediu para Yao colocar seu chip no novo aparelho enquanto terminava de se arrumar.

Exatamente as 19h, Xiao e Xue paravam o carro em frente à sua casa. Não tinha ninguém ali da família para ele se despedir. Deu um abraço em seu amigo e entrou naquele carro.

Apreensivo e preocupado, Yao mandou uma mensagem para Nie.

Meu Grandão

“Preciso de você! Nos encontramos a noite?”

Meu pequeno

“Aconteceu algo? Você está bem, Pequeno?”

Meu Pequeno

“Estou bem, só triste. Wei foi para casa daquele monstro. Quero colo!”

Meu Grandão

“Não tem ninguém melhor para te dar um colo não? Tem certeza que quer o meu?”

Meu Pequeno

“CERTEZA!”

Meu Grandão

“Perdão, não sei se será possível. Tenho um compromisso inadiável hoje. Mas amanhã prometo que dou um jeito. Pode ser?”

Meu Pequeno

“Fazer o quê! Se não é possível tudo bem!”

Meu Grandão

“Não fica chateado, se eu pudesse juro que faltaria. Vai direto para casa, já está anoitecendo. Não fica até tarde sozinho na rua. Manda-me uma mensagem quando chegar em casa.”

Meu Pequeno

“Ok, Grandão! Bj”

Compromisso inadiável? Que merda era aquela? Yao ficou muito desconfiado. Será que Nie tinha alguém? Sua imaginação criativa voou alto naquele momento. Óbvio que um traficante gostosão como Nie teria vários amantes. Pessoas se oferecendo não deveriam faltar. Seria por este motivo que ele o rejeitava?

Todavia, ao contrário que Yao pensava o tal compromisso era com Fēngbào, o Chefe da Gangue. Nie Mingjue não tinha como escapar.

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Era possível ver nuvens escuras se formando longe no horizonte. Aquele final de tarde cinzento parecia melancólico aos olhos de Wei. Mais uma vez ao atravessar os portões da propriedade Lan, um arrepio lhe percorreu o corpo. Seu futuro era incerto, ele não lidava bem com esse tipo de situação.

O carro parou diante do anexo. Wen Ning o aguardava sorridente.

“Seja bem-vindo!”

Wei não respondeu, só esboçou um sorriso forçado ao descer do carro.

“Vamos entrar, vou lhe mostrar tudo.”

“Será que é mesmo necessário já que não ficarei mais que uma noite?”

“Cumpro ordens. Desta forma, você não ficara tão deslocado também.”

Concordando com um aceno, Wei o acompanhou. Na parte debaixo ficava uma enorme sala de estar muito bem decorada em tons de vermelho e preto. Aquelas eram suas cores favoritas, ele teve que sorrir pela coincidência. Chamou sua atenção a tela da televisão, aquilo parecia um cinema. Ao fundo ficava a cozinha muito bem equipada. O que separava os dois cômodos era uma bancada em L.

“Gosta de cozinhar, Sr. Wei?”

“Por favor, poderia me chamar só de Wei Ying? Respondendo sua pergunta, aprecio muito.”

“A dispensa está cheia, mas se precisar de algo que não tenha lá, não hesite em me falar.”

“Não é necessário. Acredito que não haverá tempo para tanto.”

Wen Ning apenas sorriu. Mostrou a lavanderia, adega no subsolo e finalmente foram para o andar superior. Ali tinha duas suítes. A primeira que entraram seria o quarto dele. Tudo muito luxuoso, mas ao ver seu closet repleto de roupas caríssimas se espantou.

“São todas suas, espero que goste. Quando o você for embora as levará junto, fazem parte do pagamento.”

“Tanto faz...” ele respondeu tristonho lembrando de sua condição ali.

Deixou sua mochila sobre a cama, o contraste dela com o luxo daquele cômodo era gritante.

“A próxima suíte é onde você deverá esperar pelo patrão.” Wen Ning falou visivelmente sem jeito.

Em silêncio, Wei o seguiu e ao entrarem naquele quarto ele sentiu um mal-estar. Nunca vira nada parecido. A cama ficava suspensa, ao tocar nela sentiu o material frio que em muito se assemelhava a concreto.

Era tudo impessoal e frio. Não havia um objeto sequer ali que demonstrasse que aquele quarto pertencia a alguém.

“Então aqui é o matadouro?”

“Não. Esse fica no Galpão.”

Assim que Wen Ning observou a expressão de medo do garoto, percebeu a besteira que falara. Na hora não entendeu a comparação, sentia-se um burro naquele momento.

“Perdão, Wei Ying! Eu só quis brincar, não leve a sério.” Ele se apressou a falar tentando consertar sua mancada.

“Sei… O que devo fazer agora? Que horas o Lan Zhan virá?”

“Fique à vontade. O patrão ainda não me falou nada, mas não se preocupe, te avisarei.” Ele parou de falar ao ouvir batidas a porta. “Chegaram os profissionais que o ajudarão a se preparar.”

Espantado, Wei foi apresentado a uma cabeleireira e um massagista. Que raios, para que tudo isso? Ele não era nenhuma noiva!

Ele sentia-se tão tenso, às vezes parecia difícil até respirar. Tentava se controlar, mas aquela porcaria de vídeo que Yao lhe mostrou só serviu para deixá-lo mais apavorado.

Para piorar tudo se lembrou de Qin Su. Como ele iria encarar a garota novamente depois disso?  Será que quando acabasse tudo, conseguiria enterrar essa história de vez?

Todavia, acabou relaxando um pouco com os cuidados recebidos. Não queria admitir, mas amou o novo corte de cabelo. Até mesma a sutil modificação do design de suas sobrancelhas ficaram perfeitas. A massagem foi maravilhosa e a esfoliação feita deixou sua pele macia ao toque. Chegou a conclusão que seria muito fácil se acostumar com tanta regalia, o problema é que depois ele não teria grana para bancar aquilo.

Algum tempo depois, sozinho naquela sala ele olhou pela janela. Notou que no jardim próximo dali tinha um adolescente brincando com dois cachorros enormes. Ele se arrepiou ao ver aqueles bichos, pois tinha um medo irracional deles. Apesar de já ter anoitecido a iluminação do lugar era incrível.

O jovem parecia feliz com aquela brincadeira, quem será que ele era? Será que Lan Zhan tinha um irmão mais novo? Só agora ele havia parado para pensar. Quem mais moraria naquela enorme mansão?

Qi Yuè como se tivesse percebido algo, olhou na direção do anexo e viu um homem lhe observando da janela. Soo-min já tinha lhe falado sobre o novo morador. Muito simpático ele sorriu e abanou para Wei, que mesmo sem jeito retribuiu os gestos.

O garoto entrou correndo na copa fazendo Soo-min parar seu trabalho para lhe dar uma bronca.

“Não corra menino, acabará se machucando!”

“Tia Soo, vi o novo morador do anexo. Ele é bem bonito!”

“Seja um bom garoto e torne-se amigo dele, na primeira oportunidade que tiver. Vou te contar um segredo, ele adora jogar videogame!”

“Oba! Estou mesmo precisando de um companheiro para jogar. O patrão nunca tem tempo.” Reclamou choroso.

“Agora chega de procrastinar. Vá tomar um banho, logo servirei o jantar.”

Feliz, ele saiu em direção a sala. Qi Yuè adorava trabalhar na mansão, era mimado por todos os empregados. Bastaram poucos dias para conquistar a todos com seu sorriso farto e sua simpatia. Encontrou ali o carinho que nunca teve e tudo graças a Lan Zhan, ao qual ele tinha imensa gratidão.

❈•≫❈ •≫ ❈ ≪•❈≪•❈

Entrando na sala da presidência, Vicenzo encontrou um compenetrado CEO analisando vários papéis sobre sua mesa.

“Tenho um pedido a fazer!” Falou sentando-se.

“Não!”

“Como assim não? Nem pedi nada ainda!” Reclamou Vicenzo.

“Quando você vem assim afoito, coisa boa não é. Conheço-te!”

“Parou com a análise… Sério, preciso muito de algo emprestado para a reunião com os gerentes das filiais em Pequim, semana que vem.”

“Ok, o que seria?” Lan Zhan perguntou largando os papeis e encarando seu diretor.

“Quero levar Wen Ning comigo!”

“Porquê?”

“Porque você se recusou a ir junto e Wen Ning está a par de todos os detalhes sobre as novas regras que serão implantadas.”

“Assim que terminarem voltem imediatamente, entendeu? Eu preciso dele aqui. Ainda mais agora que Wei Ying está morando no anexo.”

“Obrigado! Você é o melhor sabia?”

Lan Zhan olhou desconfiado para o amigo. Porque tanta animação por um motivo tão bobo? Todavia, antes que ele pudesse questionar, Vicenzo o distraiu com sua curiosidade.

“Então, será hoje o dia que vai finalmente levar o atendente bonitinho para sua cama? Vê se perde essa birra logo e manda esse garoto embora, essa história já está me tirando o sono.”

“Não é birra! Eu só quero me divertir com meu novo brinquedinho, sem pressa. Já reparou o que acontece quando um gato caça um ratinho? Normalmente ele brinca com sua vítima antes de devorá-lo.”

“Às vezes você me assusta com sua frieza. Brincar com o desconhecido pode ser perigoso. Parou para pensar que ele é a primeira pessoa que você deixou se aproximar de ti de algum modo? Lan Zhan, você está apaixonado por esse garoto?”

Hahahaha… “Não vou nem te responder uma pergunta idiota dessas,  Vicenzo Cassano. Apaixonado por aquele ratinho? Faz-me rir!”

“Tudo bem, não estou com paciência para suas teimosias. Vou com você para sua casa.”

“Porquê?”

“Credo... Quero falar com o Wen Ning, pedir que ele prepare alguns documentos para viagem.”

“Precisa ser hoje? Não pode deixar para amanhã?”

“Não, quero hoje. Algum problema?”

“Tanto faz! Vamos logo, já está ficando tarde. Quero ver meu novo brinquedinho.”

“Non giocavi quando eri un bambino, vero? Che ossessione questa, pietà!"

(Você não brincou quando era criança não? Que obsessão é essa, misericórdia!)

“Vai a fanculo, Vicenzo!” Lan Zhan respondeu saindo da sala fazendo o amigo se apressar a alcança-lo.

(Vai a merda, Vicenzo!)

❈•≫❈ •≫ ❈ ≪•❈≪•❈

Tentando mandar para longe o nervosismo que o consumia, Wei resolveu explorar a casa novamente, contudo, agora por conta própria. Na sala de estar ficou eufórico a descobrir um console de videogame. Com certeza se tivesse oportunidade, ao menos uma partida jogaria.

Na cozinha ele encontrou um estoque maravilhoso de salgadinhos, passou a mão em um pacote e continuou sua exploração comendo aquela delícia. Até mesmo a lavanderia daquela casa era de dar inveja. Parou em frente a porta que levaria a adega no subsolo, não sentiu coragem de entrar, pois, achou aquele lugar sinistro. Retornando a sala de estar se assustou ao encontrar Wen Ning.

“Perdão se lhe assustei. Bati várias vezes, mas acredito que não tenha ouvido.”

“Estava distraído, realmente não ouvi. Quer falar comigo?”

“Sim, o patrão em meia hora estará aqui. Peço que aguarde por ele na suíte.”

“Chegou a hora então, parece que realmente não acontecera um milagre para me tirar desta situação.” falou com semblante triste.

Suspiros… “Wei Ying, não fique triste. O patrão pode aparentar ser cruel, mas existe um lado bom dele que poucos conhecem. Acredite em mim, vale a pena.”

Hahahaha... “Agradeço pela preocupação, mas não se incomode com isso. Logo estarei longe daqui e te garanto que farei de tudo para esquecer que um dia conheci seu patrão.” riu tristonho.

Sem mais argumentos, o assistente se despediu. Havia se arrependido de ter dado esperanças ao garoto, pois ele tinha suas dúvidas se realmente Lan Zhan o mandaria embora tão fácil assim.

Diante de seu closet Wei resolveu usar as roupas que lhe foram oferecidas. Não queria sentir-se humilhado estando malvestido. Colocou uma camisa branca social e uma calças social cinza.

Não estava acostumado com aquele tipo de roupa. Na verdade, nunca usara um terno sequer.

Agradar aquele homem não fazia parte de sua intenção, pelo contrário. Faria o possível para ele perder o interesse logo. Seria frio como um cubo de gelo. Um boneco sem expressão nem sentimentos.

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No carro, Lan Zhan não ouvia nada do que Vicenzo falava. Seus pensamentos estavam inteiramente em Wei Ying. Aquela noite a distância até a mansão parecia ser maior que o normal.

Vicenzo notou que seu amigo se encontrava com a cabeça muito longe dali. Sua teoria sobre os sentimentos dele em relação a Wei Ning só ganhavam força. Todavia, não chegara a conclusão se aquilo era algo bom ou muito ruim, pois seu medo era que Lan Zhan não soubesse como lidar com esse sentimento.

Minutos depois, assim que o carro parou em frente a mansão, Lan Zhan desceu apressado. Parecia em transe, nem sequer se despediu do amigo. Simplesmente foi para o anexo sem olhar para trás.

Vicenzo encontrou o jovem assistente ao entrar na imensa sala de estar, foi inevitável sorrir.

“Buonanotte ragazzo!”

(Boa noite, garoto)

“Boa noite, Diretor!”

“O CEO ainda não chegou.”

“Viemos juntos, ele foi para o anexo. Preciso conversar com você, podemos ir ao escritório?”

Wen assentiu e seguiu o maior. Ficar a sós com ele o deixava nervoso e tinha motivos reais para isso, pois assim que a porta foi fechada Vicenzo o prensou contra ela.

“Que saudades de você ragazzo!”

O beijo que veio a seguir fez o menor esquecer onde estavam ou qual era seu próprio nome. Entrelaçou os braços no pescoço alheio e se entregou aquela sensação. Tinha que admitir, também estava com saudades daquele italiano. Vicenzo o levou para o sofá e ficaram por muito tempo perdidos entre beijos e caricias.

O menor ficou a par da viagem que fariam juntos. Não era bobo sabia das intenções de Vicenzo e não se importava. Já estava na hora de darem esse passo juntos.

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