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História Nos Braços da maldade - O tio


Escrita por: MaraRubiaLian23

Capítulo 34 - O tio


Uma grande operação envolvendo a narcóticos de Wuhan e a Polícia De fronteira Vietnã foi montada. Agentes infiltrados que estavam no Cartel da Com ajudaram. Uma rota falsa vazou para que o carregamento chegasse ao seu destino sem problemas.

Hailang ao lado de Nie voltou vitoriosa e cheia de moral com Fēngbào, fato que deixou Hak-jo furioso, pois, não queria perder seu lugar como sucessor do chefe da Organização.

O que ele não entendia era os olhares e as insinuações que a mulher lhe dirigia. Estava evidente que Hailang flertava discretamente consigo. Descobriria o que ela queria com aquilo, pois a mesma conseguiu despertar sua curiosidade.

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Em uma badalada boate, a qual era frequentada por importantes figuras do submundo do crime, Hailang comemorava seu feito de forma nada discreta. Não demorou para cair nas redes sociais inúmeras selfies mostrando a ostentação da comemoração.

Alienado até então sobre a festa que estava acontecendo, Meng Yao e seus amigos do cursinho bebiam no Houghan Bar. O novo visual do pequeno serviu para atiçar ainda mais a paixão de seu colega Seung. Ele não perdia a oportunidade de passar cantadas e tocá-lo sempre que podia.

Porém, o único interesse que Yao apresentava era na garrafa de Baijiu, mas tudo mudou ao ouvir certo nome ser pronunciado.

"Olha isso amiga! A mulher do Nie Mingjue abraçada nele ostentando uma pistola toda cravejada de diamantes!" Uma das garotas do grupo contava animada a fofoca.

"Do que você está falando?" Yao perguntou nervoso.

"Nas redes sociais é só o que comentam, da festa que está rolando na Boate Rouge."

Nervoso, Yao pegou seu celular e não foi difícil encontrar as fotos da festa. Por breves segundos ele sentiu-se zonzo ao ver Nie sorridente ao lado daquela mulher. Então era tudo verdade...

Colocando-se em pé, Meng Yao olhou para os amigos e anunciou.

"Vou para Boate Rouge, quem vai junto?"

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As luzes, o som alto e a multidão que se acotovelava na pista de dança não passavam de um borrão para Nie. Seu corpo estava ali, mas seus pensamentos teimavam a fugir do controle. A dias ele administrava uma saudade que insistia a dominá-lo. Tornara-se tão dependente do amor de Yao que a abstinência a ele chegava lhe causar dor física. Sabia que era humanamente impossível sufocar seu sofrimento, mesmo assim insistia em entorpecê-lo com a bebida que descia queimando por sua garganta.

Alheio a toda dor de Nie, em um canto da Boate e protegido pelas sombras, Yao tinha os olhos vidrados nele. Não ouvia mais os comentários dos amigos, sequer a música ensurdecedora. Preso em sua bolha particular, perdia-se em meia a tempestade que jazia em seu coração. Impossível saber se era amor ou ódio o que sentia por aquele homem.

Meng Yao não queria mais saber os motivos, nada mais importava. A realidade estava bem a sua frente. Nie bebendo despreocupadamente com aquela mulher em seu colo como se fosse um troféu. Tomado pelos ciúmes ele puxou Seung para pista de dança.

Maravilhado pelo que via, o garoto caiu direitinho no jogo de Yao, pois ele usou todo seu poder de sedução. Olhares e movimentos cheios de insinuações eram trocados entre os dois. Quem visse o casal dançando daquela forma diria que eram amantes e era exatamente o que ele queria.

Mesmo embriagado, ao olhar para pista de dança Nie congelou. Primeiro pensou que fosse apenas sua mente lhe pregando alguma peça, mas a pontada que sentiu a seguir em seu peito não deixou dúvida alguma, era Meng Yao. Estava tão diferente, em nada lembrava o doce e frágil garoto. Usava roupas mais adequadas para um delinquente e seu aspecto era desleixado.

Foi nesse instante que o olhar dos dois se cruzaram. Choque e perplexidade tomaram conta do traficante. Contrariando o que ele imaginou que Yao faria ao se verem, o garoto sorriu debochadamente e desviando seu olhar buscou os lábios de Seung com voracidade.

Tentando se controlar, Nie buscou por um ar que não veio. A mão que segurava a cintura de Hailang se fechou fazendo ela gemer. Sem entender o que acontecia ela lhe encarou. Com o olhar fixo para frente ele falou.

"Me ajuda..."

Discretamente, a policial olhou na mesma direção que o traficante, localizando o motivo do desespero do maior. Reconheceu Meng Yao pelas fotos dos relatórios. A forma que o garoto estava se agarrando com aquele desconhecido era preocupante. Pela sua experiência ela sabia que Nie não suportaria por muito tempo. Mudando de posição, Hailang sentou-se de frente a ele, colocou as mãos em seu rosto e falou com voz de comando em seu ouvido.

"Você é maior que esse sentimento. Foca no motivo que te trouxe até aqui. Lembra? É por ele, somente por ele..."

Ao ouvir essas palavras, Nie conseguiu desviar o olhar e encarar Hailang, que não perdeu tempo e o beijou lentamente. Em seu íntimo, ela esperava que o menino desaparecesse de lá quando os visse se beijando.

Após longos minutos eles se apartaram. Ao buscar Yao com os olhos, Nie pôde ver ele saindo da boate abraçado a Seung. Seu impulso foi ir atrás, mas ao se movimentar na cadeira, Hailang entrelaçou as pernas em volta dele e segurou-se na guarda da cadeira lhe mantendo no lugar.

"NÃO..." a voz dela era firme. "Hak-jo está nos observando, quer colocar tudo a perder?"

Fechando os olhos ele tentou se controlar. Sua respiração era pesada, todos seus músculos estavam tensionados. A força que Nie fazia para se segurar era enorme.

Quase meia hora depois, eles deixaram o local, pois, ela sabia que Nie iria explodir a qualquer momento. Hailang assumiu a direção do Jeep, não houve reação ou protesto do maior. Não demorou muito para eles chegarem a um ferro-velho. O proprietário era conhecido da policial. Ela sabia como entrar e que não seria um problema para eles estarem lá.

"Vem comigo!" ela disse ao descer do carro.

Calado ele a seguiu. Pararam diante de um carro, ela se afastou brevemente voltando com duas barras de ferro, dando uma, a Nie.

"Hora de colocar a raiva para fora, meu bem..." ela disse batendo com a barra em um dos faróis.

Nie entendeu o que ela queria com aquilo, e o quebra-quebra começou. Cada golpe que ele desferia contra a lataria do carro era mais violento que o anterior. Juntos demoliram dois automóveis que ficaram irreconhecíveis. Suados e exaustos eles voltaram para o Jipe cambaleantes.

"Satisfeito, grandão?"

"Não me chame assim..." Nie protestou, pois, esta era forma que Yao lhe chamava.

"Desculpa!"

"Obrigado, Hailang!" Nie sorriu minimamente.

Ela lhe deu um selinho como resposta e não houve protestos por parte dele, pois, ambos sabiam que estavam sendo observados.

Aquela maldita noite seria marcada da pior maneira possível para cada um deles. Nie sofreu por ter que deixar seu pequeno nos braços de outro e Meng Yao se entregou a Seung, odiando cada minuto disso.

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Com a cabeça cheia de fofocas de sua esposa, Lan Qiren estava a caminho da mansão de seu sobrinho. Faltavam apenas algumas horas para o anoitecer, ele sabia que Zhan ainda estava na empresa naquele momento. Ele queria conversar a sós com o miserável que o herdeiro Lan havia abrigado e não ser interrompido.

Wei Ying chegara cedo aquela tarde. Ele e Soo-Min conversavam sobre algumas providências quando ela arregalou os olhos e assustada levou a mão a boca.

"Meu filho... Corre, suba para seu quarto e tranque a porta. DEPRESSA!"

"Porquê? O que está acontecendo?"

"Lan Qiren está chegando, ele vem atrás de você. Não temos tempo, vá logo, por favor!"

"Não... Se ele veio conversar é o que faremos!"

"Ele não veio conversar. Suba agora, por favor!"

Naquela altura, toda determinação e valentia de Wei começou a ruir. Ele correu para escadaria, mas ao subir os primeiros degraus parou ao ouvir um berro.

"NÃO DÊ NEM MAIS UM PASSO!"

Lentamente, Wei virou-se em direção aquela voz. O que seus olhos viram foi um homem de meia-idade, de cabelos grisalhos, vestido com terno impecável e com um ar austero olhando para ele. Desceu os degraus, mas manteve-se imóvel diante da escadaria.

"Senhor, o patrão ainda não chegou." Soo-min falou ficando frente a frente com Qiren. Ela precisava ganhar tempo, pois, sabia que no momento que ele cruzou os portões da propriedade Lan Zhan fora avisado. "Quer tomar algo enquanto espera por ele? Um chá, café?"

"CALE-SE! Saia, quero conversar a sós com esse ignóbil." Qiren falou voltando a encarar o garoto.

Não adiantava tentar insistir. Resignada, ela se retirou da sala, mas não antes de passar por Wei e segurar seu ombro com firmeza e sussurrar para que apenas ele pudesse ouvir.

"Força... Ele está a caminho."

Discretamente, Wei assentiu. Decidiu esperar para ver qual seria o próximo movimento do tio de Zhan.

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O mais velho, para deixar o ambiente ainda mais desconfortável, caminhou lentamente até as bebidas que estavam em um canto da sala e se serviu lentamente de uísque.

Sem tirar os olhos dele, Wei sentiu seu coração bater forte. Uma inquietação lhe tomou conta, crescendo a cada minuto que passava.

Qiren absorveu lentamente sua bebida. Gostava daqueles jogos de nervos, podia sentir no ar o receio do garoto e sua angústia. Ao terminar de beber, depositou o copo sobre a mesa e virou-se para encarar sua presa novamente.

"Está com medo de mim?" Qiren perguntou debochado.

"Nenhum pouco..." Wei respondeu parando diante dele, não muito perto, pois, bobo ele também não era.

"Miserável, interesseiro, arrogante, mal-educado e intimidador de mulheres. Esqueci algo?"

"Infelizmente, não vou poder opinar, pois, mal lhe conheço."

"SEU IDIOTA, ESTOU ME REFERINDO A VOCÊ!" Qiren bradou colérico.

"A mim? Não acredito..." Wei disse levando a mão ao peito como se estivesse ofendido.

"Não me teste, garoto! Você se arrependerá!"

"Juro que não era minha intenção. Fiquei confuso, porque não sou miserável, mas pobre; não sou egoísta, mas generoso; não sou arrogante, mas simples; não sou mal-educado, mas bem-educado; quanto a intimidar mulheres frágeis e indefesas, nunca! Claro, exceto aquelas que se parecem mais com bruxas do que qualquer outra coisa."

"COMO VOCÊ SE ATREVE A INSULTAR MINHA MULHER?"

"Opa, eu não falei nada! É o senhor que está dizendo..."

"Você é mais astuto do que imaginei, mas não chega aos meus pés. Diga quanto quer para sumir de vez da vida do meu sobrinho."

"Nada. Ficarei ao lado de Lan Zhan até o dia que ele me mandar embora."

Qiren fechou os olhos por alguns segundos, massageando suas temporãs. Sua pele exibia uma coloração avermelhada e as veias de seu pescoço estavam dilatadas.

Em alerta, Wei pressentiu que a qualquer momento o homem diante de si, teria uma reação explosiva. Porém, ficou nervoso ao observar ele tirar sua cinta.

"Espera aí! O que pensa que vai fazer com isso?"

"Vou te dar uma surra que jamais esquecerá. Depois voltara para o buraco de onde veio!" Qiren sentenciou levantando a cinta no ar e investindo contra o garoto.

Foi tudo muito rápido. Assustado, Wei fechou os olhos e levantou as mãos em defesa. Porém, ao contrário do que esperava não sentiu o primeiro golpe, apenas braços fortes lhe envolvendo.

"PARE COM ISSO, MEU TIO!"

"SAIA DA MINHA FRENTE LAN ZHAN OU VAI APANHAR JUNTO!"

"Não vou permitir que o machuque. Se quer descontar sua raiva que seja em mim."

"Como preferir!"

Com força, ódio e descontrole Lan Qiren desferiu um golpe atrás do outro contra as costas do sobrinho que continuava abraçado a Wei como se fosse um escudo protetor.

Entre lágrimas, Wei sentia através do corpo do maior o impacto de cada golpe. Soluçando, ele tentava se mover, fazer algo, mas o maior intensificava o aperto. Procurou os olhos dourados dele e suplicou.

"Pelo amor de Deus, reage. Solte-me, deixe-me ajudar!" ele falou fazendo força.

"Não posso! Já vai acabar..." Zhan falou segurando a cabeça do menor contra seu peito e com uma das mãos tapando seu ouvido para que não ouvisse o som dos golpes.

Exausto, Lan Qiren parou. Recolocou seu cinto e passou as mãos pelos seus cabelos bagunçados. Sabia que machucara muito o sobrinho, mas não sentia o mínimo remorso. Com voz carregada e visível rancor na voz ele sentenciou.

"Coloque essa criatura no seu devido lugar ou eu colocarei."

Não demorou para ressoar pela sala o som da porta batendo. Somente então, Lan Zhan libertou o pequeno dos seus braços.

"Meu Deus! Porque você fez isso? Como pode aceitar essa barbaridade calado?" Wei estava indignado.

Porém, Zhan só conseguia pensar na ameaça que seu tio fizera contra o menor. Infelizmente, ele sabia do que o mais velho era capaz. Lan Qiren nunca teve piedade de seus inimigos.

"Devo respeitá-lo. Porém, jamais permitiria que o machucasse." finalmente ele respondeu.

Wei estava pronto para dar uma resposta bem malcriada, mas o rosto contraído de Zhan ao tentar tirar o paletó o fez recuar. Se apressou a ajudá-lo. O tecido escuro do terno não lhe dava noção da extensão dos ferimentos, mas ao ver a camisa branca manchada de sangue, ele se apavorou.

"SOO-MIN!" Wei a chamou aos berros.

No mesmo instante ela entrou na sala carregando o kit de primeiros socorros. Foi até seu menino e tirou sua camisa, deixando expostos seus ferimentos.

"AAAAAAAAAAAA... VOU MATAR AQUELE VELHO DESGRAÇADO." Wei bradou furioso ao ver aquilo.

"Wei Ying!" Lan Zhan o repreendeu.

"O QUE É? Nem tenta defender aquele homem. Ai que ódio!"

Concentrada em limpar os ferimentos, Soo-min não se meteu naquela discussão.

"Amor, se acalma. Estou bem, não vai ser uns golpes de cinta que vão me derrubar. Olha o meu tamanho."

"Não derruba, mas machuca!" ele respondeu aflito, se calando emburrado.

Um silêncio se fez presente naquela sala e assim ficaram até Soo-min terminar os curativos. Ela não precisava ter poderes especiais para saber que ambos estavam abalados com o que aconteceu.

"Não se demorem para subir, o dia foi cansativo e vocês precisam descansar. Vou trazer chá e um analgésico para Lan Zhan." Ela disse se afastando.

Eles se entreolharam, Lan Zhan levantou-se quebrando a curta distância que os separava. Parando diante do menor, lentamente levou a mão a sua nuca o puxando até juntarem seus lábios. Era neles que ele se reencontrava, por mais perdido que estivesse.

"Te amo..." Zhan falou assim que cessaram o beijo.

"Então, me diga que não irá casar com aquela mulher."

Como Lan Zhan gostaria de poder responder o que Wei queria ouvir, mas ele já não tinha mais certeza de nada.

"Vamos subir, só por hoje esqueça essa história." Zhan pediu envolvendo o menor em seus braços.

"Está me enrolando..."

"Por favor!" Zhan suplicou tentando disfarçar a dor que sentia.

Wei percebeu que ele não estava bem e deu aquele assunto por encerrado, pelo menos naquele momento. Porém tudo o que a noite não trouxe foi descanso a ambos.

Lan Zhan teve febre alta por conta dos ferimentos, pesadelos o faziam delirar. O acontecido foi um gatilho para reabrir velhas feridas.

Era a décima segunda vez que Wei trocava a compressa de água fria e a febre de Zhan não cedia. Sentiu-se de certa forma aliviado por não ter insistido em levar a discussão sobre o casamento adiante, constatando o quanto ele estava vulnerável. Não era de seu feitio aceitar as coisas pacificamente, todavia, sabia quando era necessário recuar.

A família sempre esteve em primeiro lugar para Wei. Como cobrar de Zhan que ele desse as costas a sua? Sem ao menos saber quem eles realmente eram e o quanto foram nocivos para sua vida. Com um suspiro profundo, ele orou mentalmente para o altíssimo iluminar Song Lian. O plano tinha que ser perfeito. Eles precisavam quebrar aquele vínculo maldito de Lan Zhan com seus tios.

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O som que o vento fazia contra a vidraça provocou calafrios em Wei. O inverno já mostrava seus primeiros sinais. Dias como aqueles, cinzentos e tristonhos se tornavam mais frequentes. Porém, algo desviou sua atenção da melancólica paisagem.

"Eu já sofri muito em minha vida, mas não tanto como agora. A ausência do seu irmão está me sufocando!"

As palavras de sua mãe o fizeram abandonar a janela e parar diante dela. Porém ele não perguntou nada, pois, algo lhe dizia que ela continuaria.

"O homem precisa escolher e não aceitar o seu destino. Por este motivo não quis interferir nas escolhas do seu irmão. Conversei, aconselhei, mostrei o caminho certo, mais que isso não pude fazer." Ela suspirou profundamente. "Não sou alienada, sei que meu filho estava usando drogas."

"Mama..."

"Por favor, me deixe continuar. O desaparecimento de Cheng no mesmo dia que vim para este hospital nunca foi explicado. As desculpas que todos deram nunca me convenceram. Sou mãe, sinto quando tem algo acontecendo com minha cria." Ela parou para tomar fôlego, não podia abusar. "Apenas me calei por não ter forças, nem condições de ir atrás do meu filho. Compreendo que você e Yanli estão cobertos de boas intenções."

Ela lentamente levantou-se da cama, recusando ajuda de Wei. Diante dele o abraçou com todo o carinho que uma mãe poderia ter por seu filho. Afrouxando seus braços, lhe encarou séria e pediu.

"Chega meu filho! Sem mentiras e desculpas, me fale onde está seu irmão?"

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Preocupado, Lan Huan observou a comida de Cheng ser levada sem ele ao menos tocar nela. O menor estava em uma confortável poltrona, vestia sobre o pijama um roupão e sobre as pernas uma manta de lã. Muito abatido e pálido ele não mostrava melhoras. Lágrimas escorriam por sua face.

"Meu amor, por que tanta angustia?"

Cheng observou o tormento estampado no rosto de seu namorado. Huan não merecia aquilo, não ele. Como queria que aquela história de amor tivesse sido diferente. Eles não conversaram abertamente sobre tudo o que acontecera. Lan Huan não lhe cobrava nada, porém, Cheng queria que ele ouvisse sua história. Já não tinha mais esperanças e antes que o pior acontecesse, abriria seu coração. Puxando o maior pela mão, pediu que sentasse ao seu lado e reunindo toda sua coragem começou a falar.

"Eu sempre tive muito medo. Enxergava a vida como uma força incontrolável que me levava de um lado a outro, sempre colocando diante de mim situações novas e assustadoras. Me sentia ameaçado, impotente, angustiado, incapaz de enfrentar e me colocar diante delas.

Nunca consegui lidar com meus sentimentos. Sou um covarde, sempre fiquei oscilando entre a vida e a morte. Nunca tive aquela garra, aquela gana de viver que meus irmãos e meus amigos tinham. Esse sentimento que a maioria das pessoas tem, até mesmo os que passaram por grandes tristezas e tragédias, esse vínculo com a vida que eles nunca perderam, e eu sim...

Então eu me entreguei...

Tudo era muito difícil para mim. Então me anestesiava, fugia. No começo me drogava porque isso me dava prazer. Eu era o cara, o mais corajoso, o mais sortudo e o mais feliz. As drogas são uma máquina de prazeres imediatos. Você vai, se entrega, se deixa e o "depois" não tem a menor importância, não existe, mas só no começo.

Aí, continuei me drogando pela lembrança daquele prazer. Só que não consegui mais as primeiras sensações, então aumentei as doses mais e mais, pois queria sentir desesperadamente o mesmo efeito inicial.

Porém, nenhuma droga pode dar sensações mais fortes que a própria vida. Quando percebi isso já era tarde, meu corpo estava dependente delas.

Depois veio a dor de perceber que minha família, amigos, minha vida e tudo aquilo pelo qual batalhei, foi se afastando, escorrendo pelo ralo. Eu tentei reverter essa situação. Lutei, lutei desesperadamente. Então veio a dor maior, porque percebi que não conseguia mais. Que eu perdera o domínio de tudo e simplesmente desisti...

Joguei-me de cabeça, perdi toda e qualquer empatia. As drogas pesadas tiraram de mim a capacidade de discernir o certo e o errado. Tudo era possível, tudo era certo desde que eu conseguisse me drogar. Feito um rolo compressor passei por cima de todos aqueles que me amavam e queriam meu bem. Até sobrar essa casca, essa sombra do que fui um dia.

Soluços... "Perdão, meu amor, perdão!"

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