Adam Levine
Me lamentei pelo fato de que um casamento não pudesse ser como o meu relacionamento com Amy. Era bom demais sentar-se diante da lareira, rindo dos velhos tempos, com alguém que me conhecesse tão bem. Pena que não podia casar com minha melhor amiga.
Mais uma vez, me contentei em observá-la. Até então, não notei que as mãos dela eram graciosas, que a linha de seus ombros era delicada e sensual, que seus lábios eram cheios e convidativos. Conclui que Amy possuía a boca mais gostosa de beijar dentre todas as mulheres que tinha conhecido: doce, quente e receptiva.
Havia um farelinho de biscoito ali. Sem pensar, segurei-lhe o queixo com os dedos e tirei o farelo com o polegar. Deliciando-me ao contato passei de novo o polegar pelos lábios carnudos.
Amy entreabriu os lábios e passou de leve a ponta da língua pelo meu dedo. E foi então que me dei conta de que vínhamos nos aproximando daquele momento há muito tempo.
Voltei a passar o dedo pelos lábios dela e, então, sem pressa, me inclinei para beijá-la.
Amy não se mostrou surpresa. Me recebeu com ardor, deslizando as mãos pelos meus ombros e enroscando os dedos nos meus cabelos ainda molhados.
Após alguns instantes, ele afastei o rosto para fitá-la e ri.
— Nós dissemos que isso não ia acontecer.
— Eu sei. Isto tudo é uma loucura.
No momento seguinte, estávamos nos beijando de novo, com ardor renovado. E era bom, era ótimo! Uma coisa tão boa não podia estar errada.
— Não devíamos estar fazendo isto — Amy murmurou, sem descolar os lábios dos meus.
— Concordo plenamente.
Abaixei a cabeça para beijar-lhe o ombro, sentindo o pulso acelerar. Sabia que estava prestes a perder o controle por completo.
— Amy, quero fazer amor com você! — murmurei com desespero, sabendo que devia me afastar, impedir que fossemos mais longe.
Mas, então, meus lábios voltaram a encontrar-se com os dela e eu soube que era tarde demais.
Amy retribuiu o beijo, entregando-se ao desejo por inteiro e com ardor.
Havia dez mil razões para não deixar aquilo acontecer. Ainda assim, eu não tinha forças para parar.
Então, eu a deitei no tapete, soltei o cobertor, deixando-a nua.
— Você é a coisa mais linda que já vi — murmurei, depositando beijos leves em seu pescoço, seios e ventre. — Como nunca fizemos isto antes?
— E- eu não sei...
— Há muito tempo venho desejando isso — sussurrei, beijando seus seios — Tempo demais. Amo a sua pele, o seu perfume, o seu sabor...
Amy segurou o meu rosto me beijou-o, e com um sorriso, envolveu-me nos braços e entregou-se à magia da paixão.
E foi mágico. Eu a conhecia por inteiro, como um conquistador retomando terras que lhe haviam sido roubadas. Sabia exatamente onde tocá-la, e como, e que palavras murmurar ao seu ouvido, para provocar-lhe sensações intensas. Afastei suas coxas com gestos delicados, acariciando-a na intimidade. Então, parei.
— Amy... diga que está tudo bem. Diga que está tomando alguma coisa. — Apoiei a testa no ombro dela, com um gemido. — Por favor, esteja tomando alguma coisa.
Amy abriu os olhos, só então como se dando conta do que eu estava falando.
— Ah, Adam... — Ela fechou os olhos. — Não diga. — Ele tentou rir, mas não conseguiu. — Amy, Amy, não é isso o que quero ouvir!
— Minha câmera! — Amy murmurou com voz trêmula. — Pegue minha câmera.
O que? Mas que merda é essa?! Pensei. Por que ela ia querer uma câmera agora? A menos que... Me ergui e a fitei, e ela sorriu.
— Não estou sugerindo que tiremos algumas fotos e esqueçamos o resto! Pegue a câmera.
Achando que ela havia enlouquecido, estendi o braço e apanhei o estojo de couro.
— Abra. Vai encontrar o que precisa...
Ainda com ar cético, abri o estojo e espiei. Então, sorri e tirei um preservativo de lá.
— Posso perguntar por que carrega isto?
— É uma longa história, mas é a Gina que deve agradecer. Foi ela quem colocou os preservativos aí, por razões que nem vou começar a explicar.
— Gina? — falei surpreso.
— Ela pensa que inventou estas coisas.
Beijei-a aliviado.
— E eu que pensava ser o inventor!
— E eu pensava que você havia tornado uma boa idéia ainda melhor — Amy falou, passando os braços ao meu redor pressionando o corpo contra o meu
— Tenho uma idéia que acho que vai interessá-la.
— Estou esperando.
— Bom. — Com uma risada abafada, desembrulhei o preservativo. — Quantos deste você tem?
— Um monte. No mínimo.
— Isto soou como um desafio — murmurei, me posicionando sobre ela. — Mas pode levar um dia inteiro.
— Tenho o dia inteiro de folga.
— Então, sugiro começarmos logo — murmurei ao ouvido dela.
E começamos.
A última coisa de que eu tinha consciência era de ter ouvido Amy gemer de prazer ao sentir que eu a penetrava. Naquele momento, um pensamento insano me ocorrera: fazer amor com Amy era como voltar para casa. Dali por diante, tudo fora desejo, paixão e prazer, seguidos de uma verdadeira explosão de emoções quando, juntos, atingiram o êxtase.
A princípio, me movi devagar, querendo que aquilo durasse para sempre, incapaz de sequer pensar em estar em outro lugar, que não dentro de Amy, respirando o mesmo ar, partilhando as mesmas batidas do coração. Ela não era minha somente naquele momento, era parte de mim e do meu mundo.
Me ergui nos braços para fitá-la, fascinado. Amy tinha os olhos fechados, aos lábios entreabertos e sua pele refletia o brilho das chamas da lareira.
Embriaguei-me com a visão de Amy arqueando os quadris, amando-me com ardor. Por que não fora sempre assim? Por que eu havia passado tanto tempo em busca de um arremedo de amor, quando podia ter tido o amor verdadeiro, por todos aqueles anos?
Segurei a cabeça dela entre as mãos. Amy abriu os olhos, permitindo-me ler mensagens que me tiraram o fôlego. Então, eu sorri e ela também. Sem dizer nada, continuamos a sorrir e olhar um para o outro, até que foi impossível continuar pensando, tentando compreender. Nos abandonamos à paixão.
Não demoramos muito a atingir o clímax, sacudidos pelas ondas intermináveis de prazer, murmurando os nomes um do outro com satisfação quase selvagem.
Após alguns momentos de imobilidade, rolei para o lado e a abracei com força. Amy relaxou nos meus braços. E ficamos assim por muito tempo, ouvindo a chuva cair no telhado da cabana.
Levantei duas vezes para alimentar o fogo. Então, voltei a deitar ao lado dela, puxando o cobertor sobre nós dois. Fizemos amor de novo, pouco tempo depois. Desta vez, demoramos, sem pressa, e nos amamos olhando nos olhos, sem dizer uma palavra, até quase o final.
Então, eu me sentei e puxei-a para mim, fazendo-a sentar-se sobre o meu colo. Passamos a tarde inteira fazendo amor, esquecidos da chuva, da Levine Electronics, do mundo.
Enquanto Amy preparava chá, eu descobri que o sofá se transformava numa imensa cama.
Encontrei lençóis e travesseiros no armário e preparei um verdadeiro ninho de amor diante da lareira. Amy trouxe uma bandeja com chá e biscoitos, que nós dois saboreamos recostados nos travesseiros, debaixo das cobertas, numa confusão de braços e pernas. Eu me sentia exausto, satisfeito e completo.
Quando terminamos, coloquei a bandeja no chão e virei-me para Amy com um brilho no olhar, que não tinha nada a ver com os reflexos do fogo. Minutos depois, estava dentro dela de novo, mais uma vez envolto pela sensação de que aquele era e sempre fora o meu lugar.
Deitado de costas, me permiti o prazer de simplesmente relaxar e observá-la. Nossos olhares se encontraram e ambos sorrimos. Não precisávamos de palavras, pois sabíamos através do olhar o que cada um sentia, pensava, queria, desejava. Era como se houvéssemos voltado a ser crianças, quando podíamos ler os pensamentos um do outro.
Deixei-a conduzir o ritmo, daquela vez, sabendo que ela confiava em mim para juntar-se a ela no momento certo. E foi assim. Quando notei a respiração dela tornar-se mais irregular, os movimentos ainda mais, soube que ela estava perto, muito perto do êxtase. Só então comecei a me mover, deleitando-me com o modo como ela arqueava as costas e atirava a cabeça para trás, sem conter os gemidos roucos. E, ao pressentir que ela se encontrava a um passo do clímax, rolei sobre ela, sentindo a explosão de Amy sob o peso de meu corpo, ouvindo seu grito final, de pura satisfação e prazer, para segui-la de perto e encontrá-la no paraíso.
Naquele momento, ocorreu-me que não precisaria de mais nada, se pudesse passar o resto da vida junto daquela mulher.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.