Depois que os policiais levaram Itachi para delegacia e me acompanharam para que eu prestasse depoimento, tive que explicar que tudo não passou de uma grande confusão e eu não havia sido sequestrada. Ino estava me esperando com a cara vermelha de tanto chorar achando que já tinham dado cabo de mim. Enfim, depois de explicar toda a confusão para os policiais Itachi finalmente foi liberado, claro que ele estava com sangue nos olhos e eu sentia no fundo do meu coração que dessa vez eu tava jurada de morte de verdade.
Quando saimos da delegacia o homem nem olhou na minha cara, só pegou o carro e foi embora. O que eu agradeci, vai que ele tenta me esganar no meio do caminho. Ino me deu uma carona de volta pra casa e eu tive que explicar a ela tudo que aconteceu naquela noite maluca.
—E foi isso. Eu tô tecnicamente noiva.—dei de ombros terminando de contar a roubada em que me meti.
—Porra, eu já vi gente maluca mas assim desse jeito igual a você não tem não, só digo que tu existe porque tô te vendo.— negou com a cabeça ainda abismada.—Eu não consigo acreditar que você aceitou entrar em relacionamento de mentira só pra fazer ciúmes ao seu ex peguete, amigo colorido, ai, sei lá do que chamar aquele embuste.
—Ino, se você tivesse no meu lugar garanto que ia fazer o mesmo. Olha só a situação, eu tava lá patética olhando pra ele com cara de pata choca enquanto ele exibia a ruiva linda e elegante como noiva, o que você acha que eu ia fazer?!— resmunguei começando a ficar irritada com as lembranças de mais cedo.—Você tinha que ver a cara dele de pamonha quando eu disse que ia casar com o irmão dele.
Sorri largamente fechando os olhos para apreciar melhor as minhas memórias. Seu Madruga estava errado quando disse que a Vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena. Pois eu digo que a vingança é um pudim de leite que a gente come bem geladinho em um dia de calor, uma delícia.
—Que seja. Ainda acho uma doidera essa história toda, não vou julgar porque eu aceitaria sem pensar duas vezes. Imagina só ser a primeira dama de Maceió? Menina, eu ia luxar horrores.— riu estacionando o carro em frente a minha casa.—Bom, a senhora está entregue. Juízo e pelo amor de Deus, nunca mais me manda mensagem dizendo que tão querendo te matar ou eu juro que quem vai te matar sou eu e esganada ainda por cima.
—Credo, ta bom Porquinha. Eu já pedi desculpas pelo meu equívoco, errar é humano ta?—fiz biquinho saindo do carro.—Tchau.
Acenei para ela que me respondeu educadamente mostrando o dedo do meio. É, ela ainda tava um pouquinho recentida pelos recentes eventos, não vou tirar a razão dela afinal não é todo dia que você vai de pijama pra delegacia e touca no cabelo relatar o sequestro da sua amiga que ta grávida do prefeito.
Sabe, eu realmente achei que depois de todo aquele circo de dois dias atrás eu achei que o cretino, que infelizmente é pai da minha cria, fosse me deixar em paz mas eu estava terrivelmente enganada quanto a isso.
—Itachi?! Que diabo tu ta fazendo aqui?— o encarei em um misto de surpresa e desespero.
Imagine só, eu curtindo meu fim de noite assistindo Família Dinossauro quando tocam a campainha de casa, já comecei a estranhar por ai porque ninguém nunca toca a campainha só bate na porta e chama como gente normal. Enfim, eis que desço pra ver quem era que veio pertubadar a gente a essa hora da noite e encontro no meio da sala da minha casa a última pessoa que gostaria de ver paradinha ali.
—Vim visitar minha noiva, ué— abriu um sorriso sarcástico e eu arregalei os olhos correndo até ele e tapando sua boca minhas mãos.
—Fala baixo caramba, ou quer que meus pais te escutem?— resmunguei olhando para os lados pra ver se alguém por perto ouviu alguma coisa.
—Vim exatamente pra mudar isso.
—O quê? Tão rápido? Mas eu nem preparei eles pra notícia, melhor esperar.— me afastei rapidamente assustada.
Antes que ele abrisse a boca pra falar mais alguma coisa minha mãe voltou com uma xícara de café e um prato com broas de coco.
—Olha aqui o café que prometi, ta quentinho, tirei agora do fogo. Tá fazendo o quê ainda em pé? Senta menino, a casa é sua.—minha mãe falou toda simpática entregando o prato e a xícara a ele.—Mas que surpresa você ter vindo visitar a gente, faz tanto tempo que não te vejo, olha só que rapaz bonito você se transformou. Um homem feito!
Mamãe era toda sorrisos olhando para o Itachi, tenho certeza se a velha fosse mais nova trocava fácil meu pai por ele, a cara dela nem treme. Cruzei os braços encarando aqueles dois com a maior cara de julgamento do mundo.
—Que cara feia é essa, Sakura? A gente tem visita, deixa de ser enjoada e vai lá chamar seu pai.—me ordenou lançando um olhar feio em minha direção.
Revirei os olhos e sai em direção a cozinha pra fazer o que ela mandou. Meu pai tava lavando os pratos escutando as notícias no rádinho de pilha dele.
—Mãe ta chamando o senhor lá na sala, temos visitas.—resmunguei continuando de cara fechada.
—Oxê, uma hora dessas? Quem é o corno?— meu pai franziu o cenho me olhando e eu apenas dei de ombros.
É, escutar ele xingar o Itachi confesso que me tirou um arzinho do nariz, serviu pra aliviar um pouco a tensão que eu sentia. Voltei pra sala a passos lentos torcendo pra tudo dar certo.
–Pois é menino, um absurdo isso, por isso votei em você. Quando vi que você tava concorrendo pensei logo "agora sim Maceió vai pra frente".
E lá estava minha mãe puxando o saco do tecnicamente genro sem nem saber que era. Claro, o Uchiha parecia ta adorando toda aquela atenção e elogios, capaz do ego dele preencher essa sala toda e não sobrar espaço pra gente.
—Ah, Itachi é você, quando vi Mebuki toda empolgada desse jeito sabia que tinha Uchiha no meio.— papai cumprimentou bem humorado saindo da cozinha e recebeu um olhar furioso da minha mãe.
Não é segredo pra ninguém que ela vive puxando o saco dos homens daquela família doida pra me ver de casamento arranjado com algum deles, seu sonho é ter Sasuke de genro. Bom, se pensar bem talvez ela fique bem feliz com esse "noivado" e com o neto ou neta.
—Senhor e senhora Haruno, eu não sou um homem de enrolar então vou ser direto.—falou se levantando e eu arregalei os olhos abanando as mãos.
—Enrolar as vezes é muito bom, sabe outra coisa boa? Deixar tudo pra depois, aproveita o café e joga conversa fora.— dei um sorriso amarelo e meus pais me olharam confusos.
—Gosto de deixar tudo em pratos limpos, Sakura.— falou sério ignorando totalmente minha súplica. —Como eu ia dizendo, senhor e senhora Haruno, estou aqui para pedir a vocês a mão de Sakura em casamento.
—É o que, rapaz?—papai encarou confuso.
—Casamento? Desde quando namoram?—Mamãe olhava chocada para mim.
—Olha mãe, é um mal entendido, não é bem assim, o casamento é...
—O casamento é o certo a se fazer dada as condições de Sakura.—me cortou e eu olhei feio pra ele murmurando um "não se atreva".—Sakura está grávida.
—Tá o que, rapaz?—agora o choque do meu pai se transformou em horror.
—O QUÊ?!—mamãe gritou arregalando os olhos e cambaleou para trás. —Ai, me segura que eu acho que to morrendo.
E dito isso a velha caiu dura no chão.
—Olha só Itachi, viu o que tu fez? Te disse pra esperar, cabeça dura. Se a veia morrer tu vai pagar o caixão.—resmunguei abanando ela pra ver se tornava enquanto meu pai voltava com o álcool pra ela cheira.
Minha mãe era dramática então eu nem tava assustada, diferente do Uchiha que parecia uma barata tonta.
Demorou alguns minutos mas depois de uns copinhos de água com açúcar, álcool pra cheirar e batidinhas leves nas bochechas a atriz de novelas mexicanas, vulgo minha mãe, acordou do desmaio e estava um pouco mais calma deitada no sofá sendo acudida pelo meu pai.
—Senhor e Senhora Haruno, peço mil perdões, nunca foi minha intenção causar tamanha comoção.— Itachi se desculpava pela milésima vez preocupado de verdade com o drama da minha mãe.
—Relaxa, não é pra tanto. Mamãe é assim mesmo, por tudo tem piripaque.—revirei os olhos encostada na pilastra que tem na sala.
Minha mãe me lançou um olhar feio mas nem liguei. Eu já estava acostumada com ela passando mal assim por tudo, na vez que eu pintei meu cabelo de rosa a veia só faltou morrer parecia até que eu tinha me acidentado de tanto desespero dela.
—Não precisa se desculpar, meu filho. Eu só fiquei surpresa com as... Novidades.— deu um sorriso amarelo se acomodando no sofá.
Olha só, mal noivei e já ta chamando o genro de meu filho. Já vi que vou ter muita dor de cabeça, se eu brigar ela só vai dar razão a ele e no dia que eu anunciar a separar vou ter em primeira mão uma amostra grátis de como é o inferno.
—A Sakura grávida... A gente nunca imaginou isso.—mamãe negou com a cabeça e me encarou de cima a baixo. —Quantos meses?
–Ah... perto dos quatro.—murmurei com a cara mais lavada do mundo.
—QUATRO?—papai gritou horrorizado e encarou minha barriga.
—Mas como... Você... Eu nunca reparei... Ai meu Jesus Cristo, acho que vou morrer de tanto desgosto. —do nada a mulher começou a chorar.
—Calma, calma, ela já tá grávida, não tem nada que a gente possa fazer pra mudar, pelo menos o pai é um homem direito e nossa filha vai casar. Tenha calma, mulher.— papai tentava acalmar a mulher que do nada parou de chorar e abriu um sorrisão.
—Verdade né? Nossa filha vai casar com um doutor, um homem estudado, com condições, de boa família... Eu preciso ligar pra minhas irmãs e contar a novidade. Sakura desencalhou, com um moço de bem.— se levantou rapidamente e correu escada acima.—ELA NÃO É GAY, OBRIGADA DEUS.
Fiz careta escutando aquilo. A família toda achava que eu era lésbica? Agora ta explicado porquê me olhavam de forma desconfiada sempre que eu dizia que ia dormir na casa de uma amiga.
—Bom, é isso, honre suas calças de homem e cuide bem da minha filha.— papai falou suspirando e desapareceu rumo a cozinha.
O pobre do Itachi ainda estava estático tentando processar tudo qur tinha acontecendo durante aqueles poucos minutos que ele havia colocado os pés na minha casa. Confesso que foi menos pior do que eu achei que seria, meus pais reagiram até que bem. Talvez minha mãe surte comigo depois? Provavelmente, mas o pior já passou.
—É, finalmente você se deu conta do hospício onde ta se metendo. Se prepara, esse é só o começo. — sorri de forma diabólica vendo ele engolir em seco.
—Meu deus, onde eu fui amarrar meu jegue?!— foi tudo que ele disse olhando pra mim assustado.
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