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História Nós e o gato - Capítulo 22


Escrita por: Corujinha1

Capítulo 22 - Capítulo 22


XXII

O resfriado de Alex durou alguns dias, mas com o cuidado certo ele se recuperou completamente a tempo para seu trabalho. A aplicação do projeto seria feita em quatro dias, um para cada turma, e a de Leo seria a penúltima.

Na segunda-feira a primeira mensagem no celular de Leo era de Alex pedindo ajuda para escolher entre uma blusa social azul e outra roxa, ambas em tons claros. Quando perguntado sobre o motivo de seu guarda-roupas tão simples em tons pastéis, Alex respondeu com:

- Passe a infância sendo chamado de rã de bananeira, e você também não vai querer usar qualquer coisa que destaque pele pálida.

- Ahh, o tão falado racismo reverso.

Alex engasgou com o riso, depois respondeu:

- Quando eu era criança tive um gato branco e aprendi que os pelos dele se destacavam menos em roupas claras, foi só um bônus. Então eu adotei o Tiger, e esse pestinha monocromático deixa sua marca em qualquer coisa que eu visto, então...

Do outro lado da cidade, Leo não tinha que lidar com tal problema, já que o uniforme escolar era obrigatório, pelo menos a blusa branca. Eu um impulso infantil, Leo trocou a calça jeans simples de sempre por uma nova que tinha usado apenas algumas vezes. Ele sabia que estava fazendo um evento de algo simples, mas não conseguia acalmar seu coração quando pensava em uma manhã inteira com Alex a apenas algumas salas de distância.

Pelo que Leo sabia, o amigo de Alex o daria carona todos os dias que ele precisasse ir ao colégio, o que eliminava a possibilidade dos dois irem juntos; não que houvesse necessidade, era apenas um capricho. O ônibus escolar de Leo era um dos últimos a chegar, sempre a tempo da primeira aula por pouco, então ele tinha quase certeza de que Alex já estava ocupado na sala dos professores no momento em que chegou, por isso não teve nem um vislumbre dele pelos corredores.

O cenário foi um pouco mais esperançoso na hora do intervalo, quando Leo reconheceu o familiar cabelo preto de Alex a alguns metros, mas ele estava absorto em uma conversa com Marcus, e Leo logo foi arrastado por uma massa de estudantes famintos indo na direção contrária.

Durante toda a manhã a frustração se acumulou e corroeu a mente de Leo. Meio dia se aproximava, o tempo passando assustadoramente rápido para os padrões de uma sala de aula, onde minutos são horas. Depois do almoço todos os alunos do terceiro ano teriam que ir para seus respectivos estágios, e Leo perderia sua chance de falar com Alex, pelo menos naquele dia.

A oportunidade surgiu quando Leo já estava se conformando com sua sorte. As turmas saiam para o almoço em intervalos de alguns minutos para evitar tumulto e facilitar o fluxo no refeitório. Aproveitando essa brecha de tempo Leo inventou uma desculpa meia boca para sair de sala.

Como ele tinha apostado, a sala do 3ºA estava vazia exceto por Alex. Como Leo havia sugerido, ele usava a camisa azul. Seu cabelo, que normalmente assentava onde o vento levasse os fios, estava penteado para trás fazendo a aparência de Alex se aproximar mais de sua idade real. Agora ele poderia passar por um estagiário, e não um aluno.

Leo deve ter feito algum ruído quando entrou, pois, ele nem tinha fechado a porta quando Alex, que estava mexendo em papéis na mesa, virou-se quase imediatamente.

- Oi. você não deveria estar em aula?

- Já é quase hora do almoço mesmo. Não posso inverter e provar a sobremesa primeiro?

- O qu...

Leo cruzou a distância entre os dois antes que Alex pudesse concluir sua pergunta. Em um segundo não havia sequer um centímetro de espaço entre seus corpos e suas bocas. O garoto sentiu o corpo do outro tensionar com o repentino contato, mas logo eles encontraram o encaixe perfeito de sempre. Leo colou o corpo de Alex ao seu segurando-o pela cintura com um braço, e com a outra mão sustentava suavemente sua nuca. Alex, pego de surpresa pelo movimento de Leo, tinha colocado a mão na mesa para se apoiar, enquanto a outra estava no peito do jovem, inicialmente para formar uma frágil barreira entre eles, mas agora seus dedos agarravam firmemente o tecido de sua blusa branca até amassá-lo.

Em um instante a temperatura do ambiente climatizado pareceu entrar em equilíbrio térmico com o sol brilhante e escaldante do lado de fora. Tão rápido quanto iniciou, o momento terminou, como o clarão da chama de uma explosão. Leo escapuliu dali com um sorriso nos lábios, que ainda formigavam. Na sala ficou apenas um Alex atônito, com o rosto em um vermelho intenso. Pelo menos até Marcus entrar, poucos segundos depois. Leo não viu sua chegada, assim como não viu as consequências de suas ações bem à sua frente o tempo todo. E uma delas é que aquele seria o último beijo que ele compartilharia com Alex em um longo tempo.



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