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História Nossa Sinfonia - O Colega de Apartamento


Escrita por: ChargeBolt

Notas do Autor


Oioi gente, chegando com mais um capítulo. Infelizmente, tive um imprevisto e a parte 04 não vai ser postada hoje, mas prometo dar um jeito de publicar amanhã ou no feriado de quarta.
Espero que gostem!

Capítulo 3 - O Colega de Apartamento


Fanfic / Fanfiction Nossa Sinfonia - O Colega de Apartamento

III

Nenhuma primeira interação em sua vida havia soado tão constrangedora. O silêncio só não era absoluto pelo som dos passos no piso de madeira, dentro do aperto de um imóvel de 80 m². Ela o seguia lentamente enquanto Victor analisava os quartos com uma feição indecifrável, mas que se Aurora pudesse chutar o que significava, possivelmente não seria algo positivo. 

Durante quase uma hora, a pianista se sentiu na pele de um corretor de imóveis, mostrando os cômodos, apontando o quarto onde ele se instalaria e chutando a sujeira dos pôsteres rasgados para debaixo da cama. Tinha passado a vassoura um pouco antes, mas sempre algum pedaço de papel escapava. Ela olhava apreensiva para o rapaz que inspecionava os móveis como se estivesse em uma fiscalização e, quando ele percebia, Aurora voltava a desviar sua atenção para alguma outra coisa. 

— Então você morava sozinha? - questionou ele depois de um tempo, já voltando para a sala. 

— Não, morava com a minha amiga, mas ela se mudou. - respondeu de forma baixa. 

— Ela saiu porque você era uma companheira ruim ou algo do tipo? 

— Claro que não. - Aurora fechou o rosto. — Ela se mudou com a namorada, e eu não seria uma amiga egoísta a ponto de impedir isso. 

— Hm, entendi. 

Ele apenas se dirigiu até a porta, sem falar mais nada, e como Aurora tinha previsto, possivelmente seu interesse não tinha sido o suficiente para aceitar, já que ele pareceu não ter gostado do apartamento, e muito menos dela. No entanto, foi apenas quando segurou a maçaneta para fechar a porta quando ele saísse que Victor se virou: 

— Eu trago minhas coisas amanhã. 

— Como? 

— Minhas coisas, alguns móveis que eu tenho e… você recebe minha parte do aluguel adiantada? Tenho medo de esquecer. - Antes dela responder, Victor retirou seu celular do bolso. — Eu te enviei meu número, só passar sua conta que eu transfiro o valor. Cinco mil, seis? 

— Mas isso é duas vezes mais que o valor do aluguel… - Aurora se impressionou. 

— Eu sei, mas considere um adiantamento. E a propósito, belo apartamento, tá bem evidente que você cuida muito bem. Amanhã devo estar trazendo a mudança. Se importa se eu pedir que fique fora enquanto eu me instalo? 

— Eu… 

— Não sou ladrão, nem nada. Se é o que está pensando. 

— Não é isso, eu só… - ela procurou palavras, mas ele tinha a deixado sem nenhuma. — Tudo bem, eu trabalho pela tarde, vou deixar a chave com o senhor Rodrigues, o porteiro. 

— Certo. Até mais então, Aurora. 

Ela fechou a porta calmamente após ele sair e esperou o som do elevador fechando a porta para começar a gritar e pular, totalmente empolgada. Não só tinha conseguido como ele pagaria o aluguel adiantado e a ruiva poderia quitar as parcelas atrasadas com a proprietária. Não tinha a menor ideia de como ele tinha conseguido seu número, mas estava feliz demais para se importar. 

No outro dia, quando se encontrou com Yasmin na cafeteria, quase chegou a receber uma dose de frapuccino na cara quando a asiática quase cuspiu sua bebida. 

— Esse gostoso é o seu companheiro de apartamento? Aurora! - À beira de um surto, apenas de ver a foto do rapaz nas redes sociais, Yasmin tapou a boca. — Menina, depois de tanta benção, já deve estar no Serasa de São Pedro. Eu economizaria minha lavanderia e lavaria todas as minhas calcinhas nesse tanquinho. 

— Deixa de ser maluca. - Aurora gargalhou. — Acho que ele está no apartamento agora se mudando. Confesso que fiquei com medo de ser um ladrão, mas o seu Rodrigues está de olho. 

— Ladrão de beleza, né? Eu não beijo homem desde os quinze e estou me sentindo tentada. Ah se ele quisesse me assaltar. 

— Yas, menos. - balançou a cabeça em descrença. — Eu tive que saber mais dele, e lembro bem que sua primeira lição pra mim foi que a vida de qualquer pessoa está no Instagram. 

— Não existe lição mais verdadeira. Em apenas cinco posts na timeline descobri que ele passou dois anos em Londres, é colega de escola do Alan, é musicista e é apegado com a mãe, a irmã mais nova e um cachorro chamado Hagrid. Um Potterhead, e temos mais pontos pro Vitinho. 

— Vitinho? - ergueu a sobrancelha. 

— Já me considero íntima, ué. É no meu antigo quarto que ele vai estar agora distribuindo mistério e sensualidade. Amiga, esse é seu momento. 

— Vamos apenas dividir o apartamento, Yas. - Aurora a relembrou. — Mas eu te mostrei o perfil dele por um motivo, dá uma olhada no sobrenome dele. Rossini. Como Joaquim Rossini. Eles devem ser parentes. 

— São pai e filho, amiga. 

— É uma boa teoria, mas não sei. 

— Não, Aurora. -Yasmin a interrompeu. — São realmente pai e filho. Acho que alguém faltou a aula de sempre ver as fotos marcadas, não é? Ele é o filho mais velho do maestro Joaquim Rossini. 

Ela tinha razão. Ao olhar uma notícia atrelada ao perfil de Victor, viu uma foto dele ainda criança, ao lado de um dos maiores nomes do Conservatório MAR. Aurora observou aquilo por um segundo e encarou Yasmin, que deu de ombros e continuou a tomar seu frapuccino. 

— Pelo que eu consegui achar, depois que o pai dele faleceu, ele fez um intercâmbio para Londres, mas do nada resolveu voltar. Dá pra imaginar a loucura que é sair do Brasil e querer voltar? Acho coragem. 

— Eu pensei em perguntar para o Alan sobre isso, mas não quero ser muito invasiva, ele parece ser alguém que gosta muito da sua privacidade. 

— Mas é seu direito saber, Aurora. Não é agradável morar com desconhecidos, exceto se ele tiver esse rostinho. 

Aurora se manteve pensativa pelo resto do dia. Desde que tinha esbarrado em Victor na primeira vez, ainda na livraria, algo nele parecia diferente, mas nunca pensou na possibilidade daquele seu jeito ser algo como tristeza ou luto. Ela sabia que Joaquim Rossini tinha morrido em um acidente de carro, pouco tempo depois de uma apresentação importante. A notícia veio quando ela ainda era uma caloura no Conservatório, e as lembranças de todas as condolências e homenagens que via no campus ainda eram bem vívidas em sua mente. Luto era algo difícil, mas necessário, ela sabia muito bem, porque também havia perdido seu pai, seu outro pai, da pior forma possível. Ela passou a tarde junto de Yasmin e até aceitou jantar junto dela e da namorada Vitória, mas quando percebeu como estava tarde, resolveu voltar pra casa. 

 A sala de estar do apartamento ainda estava um pouco revirada, mas nada desorganizado demasiadamente, o que a fazia pensar que Victor era alguém bastante organizado. Ela chegou ao seu quarto e tomou um banho para retirar a tensão do corpo, observando a porta do antigo quarto de Yasmin, e atual quarto de Victor, entreaberta. Seu primeiro instinto foi dar uma espiada, mas logo uma voz atrás de si arrepiou sua espinha. 

— O que está fazendo? 

Ela se virou devagar, observando Victor de roupas recém colocadas e os fios castanhos ainda molhados, com a toalha ao redor do pescoço. Usava apenas um short folgado e regata branca, descalço e cheirando a sabonete. 

— Eu só queria ver se você estava precisando de alguma coisa, alguma ajuda… já que fiquei fora o dia todo. - pensou rapidamente, aliviada que a desculpa pareceu ter colado. 

— Não precisa se preocupar. Na verdade, queria apenas estabelecer algumas regras. - comentou Victor. 

— Regras? 

— Sim. Gostaria que mantivesse minha privacidade, assim como farei com a sua. Não entre no meu quarto sem permissão, muito menos mexa nas minhas coisas. Pode ser? 

— Tudo bem. - Rude. Foi a primeira coisa que Aurora pensou, mas sempre que pensava em responder, o aluguel adiantado vinha a sua mente, então optava por morder a própria língua. — Depois posso te dizer onde ficam as coisas na cozinha, os materiais de limpeza. 

— Amanhã. Estou um pouco cansado. - Ele respondeu, adentrando no quarto de frente ao de Aurora e a encarando uma última vez. — Boa noite. 

— Boa.. - Ele bateu a porta antes que ela concluísse. — noite. - e recebeu o silêncio logo após.

Durante a noite, Aurora se remexia na cama, sem conseguir pregar um olho. Por algum motivo, Victor se mantinha com a luz acesa, e por mais que não quisesse admitir, seu interior se corroía de curiosidade. O breu apenas surgiu pela fresta por volta das uma da manhã, e ainda levou certo tempo para que se deixasse cair no sono. 

No dia seguinte, Aurora fechou o semblante ao escutar o barulho incômodo do despertador. Sua mão tateou a cômoda, apertando no botão do alarme e se levantando, lembrando de como odiava dias de semana, principalmente os frios, quando poderia estar na cama ao invés de na estação de metrô com três blusas de lã. Ela se levantou, fez sua higiene matinal e vestiu sua roupa para ir à aula. Procurou por Victor e chamou por ele no corredor, mas houve apenas silêncio. 

Quando estava fazendo uma boa xícara de café para despertar, escutou a porta da cozinha abrir, e seu novo companheiro de apartamento entrou, usando roupas de academia e com fones nos ouvidos. Ele retirou um deles, e abriu o que Aurora pensou ser um sorriso desconcertado. 

— Foi mal, eu ia te avisar que ia sair pra dar uma corrida, mas você estava com a porta trancada, então não quis incomodar. 

— Tudo bem, Victor. - ela respondeu. Era estranho morar com alguém que mal conhecia e não tinha intimidade. Morar com Yasmin era sinônimo de muitas noites em claro pelo barulho do som e madrugadas arrastadas vendo filmes horrorosos de terror, mas ainda sim, era algo que a deixava à vontade. Victor era tão cinzento quanto uma tarde chuvosa. — Achei que já tinha ido para o Conservatório, na verdade. 

— Não, eu sempre saio pra dar uma corrida quando acordo, fazer o aeróbico do dia. - respondeu ele, se alongando. — Vou tomar um banho agora. Vai sair? 

— Sim, em alguns minutos. - Ela respondeu timidamente, recebendo um aceno em resposta. 

Assim que Victor saiu, Aurora se encostou na pia, mandando uma mensagem para Yasmin. A Hashimoto era ótima em quebrar o silêncio constrangedor e era capaz de fazer amizade até mesmo com idosas na fila do mercado, se tinha alguém que poderia dizer como a ruiva poderia criar uma relação mais próximo e menos constrangedora com o novo morador, com certeza era ela.

Yasmin gostosa: Eu seria uma mulher prestativa, amiga. Se ele disse que iria tomar banho, ofereceria uma ajuda no chuveiro, sabe, economizar água e salvar o ambiente? Eu sou das causas de preservação. 

Aurora Boreal: Muito engraçado,  Yas, seria muito útil se estivéssemos em um filme pornô, agora uma resposta séria. 

Yasmin gostosa: Ok, como você sempre prefere a forma sem graça, por que não tenta, sei lá, cozinhar algo pra ele? Só não esquece de não fazer com regularidade, porque macho acha que qualquer mulher que conviva no mesmo teto que ele tem que ser uma segunda mãe. Amiga, rola nenhuma vale isso. 

Aurora girou os olhos, contendo um riso. Era uma boa ideia, mas poderia ser uma linha tênue entre um ato amigável ou forçar intimidade, de qualquer modo, não tinha nada a perder. Não tinha ideia do que ele poderia gostar, então mirou em algo a prova de erros. Pão com manteiga. Preparou uma garrafa de café e serviu na mesa, se preparando para arrumar suas coisas. 

— Victor, deixei café pronto na mesa, caso precise, também comprei pão e… 

A ruiva falava com a porta fechada, mas no meio de sua frase, esta se abriu, revelando seu companheiro de apartamento apenas de jeans e sem camisa, secando os fios úmidos com a toalha. Aurora ficou com a tonalidade ruiva nos cabelos e no rosto, tentando de todo modo não olhar para o peitoral definido dele. 

— Ah, não precisava. Valeu. Legal da sua parte. - respondeu o Rossini, não percebendo o desconforto da garota. — Vou só arrumar meu material e já te encontro. 

Ela assentiu, ficando paralisada como uma estátua mesmo depois da porta ser fechada outra vez. Aurora teve de estapear o próprio rosto levemente, até se recompor e reagir. Voltou ao quarto com um pensamento de que Yasmin talvez estivesse certa, e Victor Rossini fosse mesmo um cara pra lá de atraente. 

O café da manhã ocorreu de forma silenciosa, com Aurora tentando puxar assunto e o Rossini respondendo de forma evasiva. A refeição não deve ter durado mais de dez minutos, mas em sua mente, parecia ter se arrastado por uma manhã inteira. A frustração a abateu por ainda não ter conseguido uma conexão, mas Yasmin garantiu que esta viria, com o tempo. Restava a Aurora apenas esperar, e claro, ir para a aula. 

Estudos em Etnomusicologia não poderia ser uma disciplina pior para o primeiro horário da manhã. Além de ser uma matéria complexa, o professor vomitava conteúdo a cada minuto de aula, e Aurora tinha um complexo grave de querer anotar todo o conteúdo, o que se mostrava o problema quando o senhor Ganimedes (ela jamais perdoaria a sua família se tivesse recebido um nome assim), andava de um lado para o outro com sua roupa que muito lembrava a de Chacrinha, inspirando o ar de forma esquisita e recitando palavras como se estivesse ditando para o maternal. 

Era quase inevitável para Aurora dispersar sua atenção do homem que parecia um dos personagens excêntricos do castelo Ra Tim Bum. Seu pai costumava dizer que os que soavam malucos por suas ideias e comportamentos eram as pessoas mais inteligentes, e ela até concordava, mas Ganimedes era uma nota acima na sua concepção de loucura aceitável. 

Sinfonias nada mais são do que uma consonância de melodias. Para os gregos, era a perfeita junção de  oitava, quinta e quarta justas. De uma forma mais leiga, é uma fusão de sons que vibram em frequência similar. - explicou o professor, enquanto Aurora divagava na própria mente. — Um dos expoentes mais conhecidos é Beethoven, com sua sinfonia clássica, adaptada ao longo dos anos das mais diferentes formas. No nosso curso, abordaremos um pouco disso, das adaptações, das melodias e das músicas produzidas em diferentes culturas, cada uma com seu caráter singular. É conhecendo as diferenças, que buscamos as semelhanças. 

A D’ávila conseguia entender a reflexão, e começou a olhar para suas anotações. Era tradição no Conservatório MAR que seu estudante criasse uma composição ao final do curso, como trabalho de conclusão, mas nenhum resultado que tinha chegado até então lhe foi satisfatório. Talvez devesse abrir mais seu leque de pesquisas, e quem sabe conseguir algo novo, diferente do que já tinha conseguido. 

Ao fim das aulas da manhã. Aurora arrumou suas coisas para ir direto para a livraria, pois iria cobrir para Alan durante o horário de almoço, devido a algo que ele teria de resolver. Carlos era um chefe compreensivo, que entendia a correria de seus funcionários que tinham de conciliar o emprego e a universidade, mas ela não gostava de abusar muito da confiança do homem, mesmo considerando o fato de não ser uma garota de muita sorte. 

— Droga! - Aurora reclamou, vendo o seu maior inimigo em toda a São Paulo - O Ônibus da Linha 06 - partir sem que ela tivesse subido a bordo. Levaria pelo menos mais quarenta minutos até que voltasse aquela parada, e com certeza, não chegaria a tempo. 

— Olha o que o destino me trouxe. 

Aurora conhecia aquela voz, e sentiu vontade de ir até a livraria a pé. Quando se virou, ali estava um dos meninos mais idiotas de sua turma, de nome Otávio Lacerda. TInham algumas matérias juntos. Ele era um filhinho de papai, que tinha namorada, e mesmo assim ficava dando em cima de Aurora. Era considerado bonito. Alto, musculoso, cabelos bem negros. Mas nenhuma fisionomia externa compensava o mal caráter. 

— Eu pensei a mesma coisa. - Aurora respondeu. — Pode me dar espaço, por favor? O banco inteiro está livre. - questionou ela, incomodada com a proximidade dele. O rapaz tentou colocar a mão ao redor dos ombros dela, e a ruiva se levantou. 

— Deixa de ser teimosa, garota. Eu não mordo, vem aqui. 

Ela estava nervosa, e infelizmente, não era muito boa em esconder. Olhou para os lados assustada, com medo da fama que aquele cara tinha. Estavam sozinhos ali, e duvidava que alguém os visse. Tinha saído mais cedo, e muitos ainda estavam nas salas, assistindo aula. 

— Você me seguiu. - deduziu a ruiva, dando um passo pra trás. 

— Romântico, não acha? 

— Eu diria assustador, na verdade. - corrigiu Aurora. O nome do Lacerda soava muito entre meninas do Conservatório. Sua fama não era nada boa, e ia bem mais além do que simplesmente trair a namorada com qualquer uma. — Vou voltar pro campus, ou pedir um táxi hoje. 

Ela tentou sair, mas ele segurou seu pulso com força, a fazendo arfar pela dor do toque brusco.

— Eu não gosto de ser colocado pra escanteio, ruiva. 

— Já eu adoro dar uma surra em quem merece. 

Aurora olhou de imediato para o dono da terceira voz. Uma moto estava parada no acostamento, enquanto Victor retirava o capacete, dando a ela a perfeita visão de seus olhos claros. Otávio recuou um passo, enquanto o Rossini se aproximava. 

— Você tem muita coragem pra abordar uma garota, mas não estou te vendo cantar de galo comigo, por que, irmão? - Victor avançou na direção de Otávio. — Só fica bravo assim com mulher? 

— A gente só estava conservando. - Ele respondeu, em um tom mais calmo, com um leve toque de medo. — Não era, Aurora? 

— Sim. - Ela engoliu em seco. — Mas já terminamos por aqui. 

— Você ouviu. - Victor o empurrou de leve. — Vaza. 

Otávio quase caiu pra trás, mas conseguiu se recompor e se afastou, quase correndo. Aurora deixou o ar escapar de seus pulmões, aliviada. Victor cruzou os braços, voltando sua atenção para a ruiva. 

— Tudo bem com você? 

— Sim, muito obrigada. Ele me seguiu do campus até aqui, se não tivesse chegado, não sei o que teria acontecido. Estou te devendo uma. - sorriu sem jeito, e Victor riu de forma nasalada. 

— Considere um agradecimento pelo café. - respondeu, e Aurora quis ruborizar outra vez. — Aonde estava indo? 

— Pra livraria, mas perdi o ônibus. Alan vai acabar perdendo o compromisso dele por culpa minha. - colocou uma de suas mechas atrás da orelha, um clássico de Aurora para quando estava sem jeito. 

— Não vai não, o compromisso dele é comigo. - Victor explicou. — Vem, eu estou indo pra lá e te dou uma carona. 

— Victor, eu posso esperar… 

— Qual é, vem logo. Por acaso tem medo de moto? 

Aurora não queria fazer nada que o fizesse estar certo naquele argumento, e por isso apenas aceitou, recebendo um capacete das mãos de Victor e se sentando logo depois dele, colocando as mãos em sua cintura timidamente. 

— Segura, tá? 

Ele pediu com delicadeza, e a ruiva apenas assentiu, sendo obrigada a abraçá-lo com mais força enquanto a moto saía em disparada pelas ruas, no mesmo ritmo em que seu coração parecia ter acabado de falhar uma batida. 


Notas Finais


GLOSSÁRIO:
Etnomusicologia: A disciplina que busca o conhecimento da música do mundo, com ênfase na música que está fora da cultura do pesquisador, a partir de um ponto de vista descritivo e comparativo.

Sinfonia de Bethoven: A Sinfonia n.° 9 em ré menor, op. 125, Coral, é a última sinfonia completa composta por Ludwig van Beethoven. Completada em 1824, a sinfonia coral mais conhecida como Nona Sinfonia ou ainda, A Nona, é uma das obras mais conhecidas do repertório ocidental, considerada tanto ícone quanto predecessora da música romântica, e uma das grandes obras-primas de Beethoven.

Espero que tenham gostado, até a próxima <3


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