História Nosso Amor Doentio - Ezekiel

KAROL ON

Acordei sozinha na cama, acho que o Carl acordou mais cedo. Me levantei e fui tomar um banho rápido, precisava me refrescar um pouco. Assim que vesti minhas roupas eu desci as escadas e vi o Carl na cozinha.

Eu: Dando uma de cozinheiro?! – Fiz graça provando um pouco da cobertura que ele estava mexendo.

Carl: Esse provavelmente é o último bolo que eu vou comer, então pelo menos ele tem que ser bom. – Afastou a tigela da cobertura para que eu não conseguisse pegar.

Bufei e olhei para o lado procurando a Shiva, olhei na sala, voltei para a cozinha e não á encontrei.

Eu: Você viu a Shiva? – Perguntei um pouco preocupada.

Carl: Ela foi pra reunião ontem com o seu pai, antes da gente se pegar no sofá. – Ele experimentou a cobertura.

Eu: Você pode e eu não?! – Me referi ao fato dele não ter deixado eu provar.

Carl: Sou eu quem estou cozinhando. – Falou irônico.

Eu: Mau. – Reclamei quando ele tirou a tigela do meu alcance. – Vou dar uma volta, não se esquece de me chamar quando estiver pronto.

Carl: Pode deixar. – Gritou quando eu já estava na porta de casa.

Caminhei por Alexandria calmamente, as pessoas estavam aflitas, não sabiam o que fazer, pareciam desesperadas. Já sobrevivi á muita coisa na minha vida para ficar desesperada com zumbis, apenas observava aquele lugar, afinal, nunca se sabe quando ele pode ficar completamente destruído.

Enquanto ficava pensando em tudo isso acabei esbarrando em alguém... Estou ficando expert nisso.

Eu: Me desculpa. – Olhei para frente e percebi que era o Morgan, se eu não me engano ele conhecia o Rick, mas depois que se reencontraram estão meio discordantes.

Morgan: Tudo bem, ta tudo legal. – Ele falou meio assustado e rapidamente seguiu o seu caminho.

Sei que não devia me meter, mas esse cara está agindo de uma maneira muito estranha, até mesmo para alguém de Alexandria. Resolvi seguir ele escondido.

Morgan foi até a casa da Denise, não deu para ouvir o que eles estavam conversando, mas pareceu ser algo sério. Eles começaram a andar para a casa do Morgan.

Assim que entraram eu não consegui mais ver, mas como minha curiosidade não tem limites acabei me aproximando cada vez mais da janela, a procura de qualquer pista.

Como não consegui ver nada eu desisti dessa idéia, não estava afim de arranjar mais confusão, então simplesmente me virei e voltei a caminhar tranquilamente.

Mateus: Também acha que o carinha do cajado tem alguma coisa á esconder?! – Ele apareceu na minha frente e eu revirei os olhos.

Eu: Vem cá, porque o meu pai te trouxe aqui mesmo?! – Falei sarcástica.

Mateus: Não pense que eu estou feliz de estar nesse fim de mundo, mas os zumbis estão bloqueando o caminho, vai ter que me aturar. – Ele disse indiferente.

Eu: Que seja, não precisa ficar perto de mim, esse lugar é muito grande e nós não somos gêmeos siameses. – O empurrei para que ele saísse do meu caminho.

Mateus: Hum, todo mundo daqui está estressado, até parece que vocês nunca viram um zumbi na vida. – Ele falou debochado.

Eu: Vai se foder entendeu?! – Eu falei sem olhar para trás.

Mas eu senti alguém me puxando, era o Mateus, ele me empurrou contra a parede lateral de uma das casas, onde não dava para ver muito bem por conta de algumas árvores e plantas que tinham ali.

Mateus: Eu quero foder é você. – Ele falou beijando meu pescoço enquanto eu tentava me soltar.

Eu: ME SOLTA, SOCORROOO. – Comecei a gritar para que alguém pudesse me ajudar.

Mateus: Cala a boca. – Ele começou a me beijar, mas logo parou porque eu mordi a sua língua.

Eu: Me deixa em paz, SOCORROOO. – Eu tentava me soltar, só que ele era mais forte do que eu.

Mateus: Ah, qual é?! Você sempre deu pra vários, vai regular agora?! Só porque dessa vez me deu vontade de te foder?! – Ele colocou sua mão esquerda dentro da minha blusa enquanto a direita segurava as minhas em cima da minha cabeça.

Eu: SOCORRO. – Gritei chorando, mas ele parecia não ligar.

Quando sua mão chegou em meu sutiã eu me desesperei, comecei a me debater ainda mais e gritava cada vez mais alto. Quando achei que já era tarde demais Mateus foi praticamente arrancado da minha frente.

Não entendi o que havia acontecido até ver a Shiva atacando o Mateus que gritava desesperadamente. Virei o rosto na mesma hora, pois a cena não era a melhor a ser vista, já que ela estraçalhava ele.

Ezekiel: Mas o que está acontecendo aqui? – Ele ficou horrorizado ao ver a cena, junto de outros habitantes de Alexandria.

Eu: Pai. – Corri e o abracei.

Quando Mateus parou de gritar a Shiva saiu de cima de seu corpo completamente morto, ela havia mordido sua garganta e por conta da quantidade de sangue que dá para ver, acho que ninguém sobreviveria.

XxxX: Seu tigre matou aquele homem. – Um cara falou sem acreditar muito.

Ezekiel: SHIVA NUNCA ATACOU NINGUÉM SEM MOTIVO. – Ele tentou falar para que as pessoas se acalmassem. – Filha, por favor, você precisa me contar, o que aconteceu?

Eu: O... – Parei para tomar um pouco de fôlego. – O Mateus tentou me estuprar.

Continuei chorando e todos em volta ficaram calados, o homem que acabou de acusar Shiva ficou de cabeça baixa envergonhado.

Carl: Esse... – Ele nem sequer conseguiu terminar a frase e me abraçou.

Ezekiel estava completamente abalado, acho que o Mateus teve sorte da Shiva ter me encontrado primeiro, porque pelo que depender da cara do meu pai, ele poderia estar em situação bem pior.

Ezekiel: NÓS NÃO TOLERAMOS ISSO, QUALQUER UM AQUI QUE ACHE QUE TEM DIREITO SOBRE O CORPO DE OUTRA PESSOA PAGARÁ PELAS CONSEQUÊNCIAS. – Ele falou furioso.

Todos estávamos calados, a única coisa que podia se ouvir era o meu choro no ombro do Carl que apenas me abraçava forte, tentando me acalmar.

Ezekiel: Vão para as suas casas e...ARRRGGH. – Ele foi interrompido pelo zumbi do Mateus mordendo seu ombro.

Carl rapidamente tirou sua arma do coldre e atirou no zumbi. Ezekiel caiu no chão e sem pensar eu corri e me ajoelhei ao seu lado junto de Shiva que olhava para ele com pesar.

Ezekiel: Karol. – Ele tentou falar, mas estava com dificuldades.

Eu: Shiiu, não fala muito, não se esforce. – Eu pedi chorando. – AJUDEM AQUI.

Ezekiel: Não dá mais, a mordida foi no ombro. – Ele continuou com sua voz fraca.

Eu: Por favor não me deixa. – Eu segurei sua mão enquanto chorava muito.

Ezekiel: Eu me orgulho muito, da moça que você se tornou, e saiba que eu te amo filha, sempre te amei desde a primeira vez que nos vimos na floresta. – Havia muito esforço para que as palavras saíssem.

Eu: Eu também te amo pai. – Ele deu um breve sorriso e logo seus olhos se fecharam. – Pai?! Pai por favor, acorda.

As lágrimas vieram de uma única vez, eu só conseguia ver uma imagem borrada do meu pai ali no chão. Todas as minhas lembranças com ele apareceram na minha mente, tornando cada batimento do meu coração doloroso. Era como um buraco negro que tirou toda a minha alegria.

Eu: PAIIIIIIIIIIIIII. – gritei alto, tentei tirar toda aquela dor do meu coração, mas pareceu impossível.

Coloquei minha cabeça sobre seu peito chorando cada vez mais, gritava numa tentativa de fazer aquela dor passar, mas nada adiantava. Shiva esfregou sua cabeça em mim e se deitou entre o corpo do meu pai e o meu.

Eu não tinha a menor vontade de sair dali, acho que nunca estive tão arrasada e destruída quanto agora. Não importava o quanto eu chorasse, o quanto eu gritasse, nada iria trazer o meu pai de volta.