1. Spirit Fanfics >
  2. Nosso fluxo perfeito >
  3. "Epílogo"

História Nosso fluxo perfeito - "Epílogo"


Escrita por: Agattah_Morena

Notas do Autor


Boa leitura💚
😴😴😴

Capítulo 35 - "Epílogo"


 

 "E a menina muito linda , que tinha lábios rosados, cabelos castanhos ,quase negros, pele branca como a neve, não teve um final feliz, porque na sua história não havia pontos finais..."


      Uma igreja toda decorada, convidados ,todos granfinos, um noivo dono de um dos melhores restaurantes do México, um vestido branco  enfeitado com pedras de diamantes  no meu corpo. Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar aquilo, e eu sabia porquê, porque nos meus melhores sonhos, eu não me importaria com a conta bancária dos meus convidados, não me importaria com a igreja, não me importaria com o meu vestido, eu nem escolhi essse, foi o próprio Brian. Eu só me importaria com quem eu ia casar, e já tava na hora de admitir pra mim mesma.... era Gabriel que eu queria.
         Brian segurava minhas mãos, e eu me soltei dele devagar, uma lágrima caiu do meu olho esquerdo, e isso fez com que ele parace de sorrir, eu olhei para Karol, e mesmo sem dizer nada, ela parecia já saber o que eu ia fazer, ela sorriu, eu acabei sorrindo também, Brian me olhava confuso.  Acho que todos ali não estavam entendendo nada. 
    - Eu não posso fazer isso com você.- sussurrei ,enquanto mimhas lágrimaa desciam em silêncio.
     - Lia, eu, eu gosto de você - ele colocou a mão na minha bochecha, mas eu tirei devagar.- , eu quis isso.
     - Eu sei, mas, eu nunca vou poder te amar do mesmo jeito,eu nem sei se vou conseguir te ver um pouco mais além que um amigo. Eu sei que você me disse que eu ia apreder a gostar de você com um tempo, mas olha pra mim, eu convivi com você há mais de dois meses, e até agora não sinto nada, enquanto com Gabriel - seu rosto pareceu demonstrar raiva, quando eu falei "Gabriel" - Eu me apaixonei por ele em um dia, só que eu ainda não queria enxergar. E, eu não posso mentir mais.
     Assim que terminei de falar, não esperei por sua resposta, e eu nem poderia, eu tinha que chegar logo no aeroporto, eu não podia deixar Gabriel ir embora e achar que eu me casei com Brian. Desci do altar, e corri pela passagem que dava até a porta, pessoas se levantaram e começaram a me encarar, confusas ou com olhar de reprovação, mas eu não me importei, nada mais me importava. 
     Saí da igreja e corri pelo caminho do jardim, Brian me seguia ,  e eu tive que correr mais para pegar logo um táxi, mesmo usando saltos. Quando cheguei na calçada, pessoas paravam para me olhar, não sabia se era por causa da minha situação que elas já deviam estar imaginando o que tava acontecendo, ou se era por causa do meu vestido chamativo. Por sorte, um táxi vinha bem no instante em que eu saí, eu o chamei , e entrei rápido,  disse  para o motorista me levar ao aeroporto. Ainda deu tempo de olhar para trás e conseguir ver  Brian com as mãos na cabeça, como se tivesse desesperado, mas ele não chorava nem nada, ele só parecia estar com raiva mesmo, o que me deixou confusa por um momento, até eu me lembrar que eu tinha coisas mais importantes com que me preocupar. Uma pessoa mais importante...
    
    - A Senhorita...- o cara devia ter percebido que eu tinha fugido do meu próprio casamento.- Vai viajar?
    - Não...- sorri sem nem perceber, acho que ele já sabia que não.- Vou impedir  que alguém viaje.
   - Não me diga que vai atrás de outro?- ele parecia espantado, mas não com um olhar de reprovação como os das pessoas da igreja, ele até sorriu, após se recuperar.
   - Se sente num filme?- perguntei. Eu me sentia num filme, e sei lá, passou pela minha cabeça que ele poderia pensar o mesmo.
   - Em um dos mais românticos.-ele sorriu para mim, pelo retrovisor.
  - Esse não é tão romântico assim.- sorri para ele que me olhou de relance, e depois encarei as ruas pela janela.
 - Sabe, garota, histórias românticas não precisam de tanto romance e cenas melosas, apenas de declarações de vez em quando, nem que seja percebida apenas por você, ou como a que você vai fazer daqui a pouco.- ele disse, enquanto dirigia.
       Declarações...Quantas vezes as minhas atitudes não foram declarações? Eu me importei com ele... Me importei, e mesmo não demonstrando, mesmo escondendo de mim mesma, eu me importava. Eu disse que o amo sem nem saber o que é amor, mas, existe uma definição pro amor? 
      Eu só queria ver ele bem, no fundo, eu nunca o odiei, e tudo que eu sinto por ele é como uma neblina que não me deixava ver o meu ódio, o ódio que eu sentia por ele por ter feito tantas merdas, ou vai vê esse ódio nunca existiu. O mau humor, a bipolaridade, a raiva, as brigas em que discutimos ironicamente, o ódio... Eram só miragens, miragens para me confundir, me fazer acreditar naquilo mais do que o que realmente era real. Miragens que serviam para eu não enxergar além, e simplesmente, admitir pra mim mesma que era isso que existia ali,  mas eu enxerguei tão além que elas viraram pó, e eu pude ver uma realidade diferente. Nem tudo que eu via, era verdade, mas o que eu sentia e ainda sinto, sempre foi verdadeiro.
   - Você tem razão...- acabai sorrindo, um sorriso bem largo.
  - A senhorita nem precisa sorrir - o sinal tinha fechado e ele voltou a me encarar.- qualquer pessoa pode ver a sua felicidade nos seus olhos.- ele parecia feliz por mim.
  - E se se esforçar, pode até ver a  felicidade na minha alma.- disse sorrindo, e ele riu um pouco. 
     O sinal abriu, o aeroporto não ficava muito longe dali, então ele correu um pouco mais rápido, e quando eu percebi já tinhamos chegado.
    Eu levantei a barra do meu vestido para tirar meu celular que eu tinha encaixado no meu salto, eu coloquei um dinheiro dentro da capinha do meu celular , não sei porquê fiz isso, mas por sorte,  ou por causa de karol que me madou colocar esse dinheiro aqui, ele tava ali.
   - Quanto foi a corrida?- perguntei, já com o dinheiro na mão.
  - Nada...- ele disse, normalmente.
  -  Como assim nada?- fiquei confusa.
   - Garota  -ele se virou para me olhar.- , não é sempre que alguém pode entrar numa história como a sua, fazer parte dela e ajudar a pôr um final feliz, então , claro que eu não vou cobrar, nunca cobraria.
     Sorri por causa daquilo, como ainda esxistiam pessoas que se importavam com coisas tão...nada ver pra elas. Era só a minha história, mas como ele disse, ele fez parte dela agora, mesmo sendo apenas de uma pequena cena.
- Agora vai, menina! Não perca tempo.- ele disse rápido,e eu me assustei e ri.
   Abri a porta , e gritei um "obrigada" assim que saí.
   - Boa sorte!- ele respondeu, e deu partida antes que eu falasse algo.
      Eu corri um pouco, e antes de entrar,eu tirei meus saltos, entrei correndo, com os saltos e o celular na mão esquerda, e com as duas mãos, eu tentava levantar um pouco aquele vestido longo. Eu parecia um louca, mas eu não tava dando a miníma para aquilo, eu só precisava achar Gabriel, e dizer uma simples palavra "aceito". 
    Eu não conseguia passar dispercebida, várias pessoas me encaravam.
"  - Olha, mamãe, uma princesa."- ouvi uma menina falar.
      Uma princesa... Se as princesas odiarem saltos, vestidos como esse ,fugirem da polícia, brincarem com armas, e matar, então tá aí, eu sou uma princesa.
     Eu já tava desesperada, eu não encontrava Gabriel em lugar nenhum! Meu coração começou a bater mais rápido, eu nem conseguia respirar direito, quando passou pela minha cabeça que ele já poderia ter ido.
    Olhei o painel de voos que estava na minha frente, e vi que o voo das oito já tinha saído. Naquele momento, a minha vontade foi me ajoelhar no chão e chorar, mas eu ainda consegui desbloquear meu celular e ligar para  Karol.
   "- Lia, onde você tá?- Karol pergutava, ela parecia feliz. 
    Demorei um pouco para responder, já que eu tentava controlar as lágrimas.
   - Lia?- ela me chamou, não tão feliz dessa vez.
   - O voo de Gabriel foi o das oito não foi?- perguntei, enquanto chorava em silêncio.
     
     Ela não falou nada por um instante, como se tivesse olhando as horas no celular.
  - Você não conseguiu, né?
     Eu chorei mais...
  - Lia, calma tá? Vai ficar tudo bem e...- eu desliguei, antes que ela podesse terminar."
      Dei meia volta, e segui caminhando devagar para fora do aeroporto. 
    " Você está bem, moça?"- ouvi um homem perguntar, mas eu não respondi.
        Eu só chorava cada vez mais, chorava mais  a cada passo que eu dava.
     Nada mais fazia sentido, por que eu vim até aqui mesmo? Por que eu tô aqui agora? Foi só por ele... Eu só queria me acertar com Gabriel, mas ele já se foi, então não faz mais sentido eu ficar aqui.
    Saí de lá, e já me preparava para chamar um táxi, quando eu dei uma última olhada para aquele aeroporto, e vi Gabriel saíndo de lá com uma mala, ele parou e me encarou surpreso, e o susto foi sumindo, os  seus lábios formando um sorriso, o mellhor sorriso. Por segundos, eu consegui pensar em nada,e logo depois quando eu me toquei no que tava acontecendo, eu corri até ele , e o abracei.  Um abraço tão forte, que quase me fez entrar em seu corpo, ele me segurou com a mesma intensidade, até me tirar do chão.
"   ...ele disse que precisa ouvir sua resposta."- a voz de Karol ecoou na minha mente.
   - Eu aceito...- disse, Gabriel me colocou no chão e ficou um pouco sério.
    - O que você disse? - ele pareceu não acreditar.
  - Eu aceito me casar com você, Gabriel  Araújo Marins Rodrigues, eu aceito passar o resto da minha vida acordando do teu lado e tendo que encarar essa tua cara feia...- ele sorriu, os olhos dele sorriam, a sua alma sorria.- Eu aceito aturar a tua chatisse todos os dias, aceito aturar o teu mau-humor e a tua falta de paciência, aceito...- ele me interrompeu com um beijo.
     Um beijo que me fez sentir um alívio, foi como cumprir uma promessa, por um ponto final em uma história. Enquanto a sua língua tocava a minha, eu me sentia feliz. Me senti feliz desde o momento em que o vi saíndo, desde o momento em que o abracei, desde o momento em que eu disse a minha resposta e eu o vi sorrir, e me sinto mais feliz ainda sentindo o gosto da sua boca que eu não sentia há tanto tempo. Ele me puxou e foi me guiando para algum lugar , eu não me importei pra onde ele ia me levar, isso não fazia diferença.

Acabou que paramos no estacionamento.


   - Vem, eu ...- Gabriel não conseguiu terminar de falar, ele viu alguém em sua frente, ouvi barulho de passos, e quando eu olhei para o mesmo que ele olhava, eu vi Brian.
    - Que cena mais linda, a noiva deixa o noivo sozinho no altar e vem atrás do assassino da sua mãe.- ele disse, enquanto saía do carro, mas eu não me lembro de ter dito isso a ele.- Dois bandidos que acham que podem ter um final feliz.
      Aquele era ele, mas não parecia! Eu não conseguia nem pensar direito para responder àquelas provocações. Eu sempre fui tão cega...
-  O que você tá fazendo aqui?- Gabriel perguntou, rude.
  - Mas não é óbivio? Vim buscar a MINHA  noivinha fujona.- ele lançou um sorriso cínico.
- Ela não é  sua!- Gabriel segurou firme a minha mão.
- Ah, claro, ela é sua não é?- soltou um riso irônico.- Não vamos dificultar as coisas, Gabriel - ele encarou Gabriel, e em seguida focou nos meu olhos.- , vem logo , Talia, você não quer mais problemas com Romano não é?
     Problemas com Romano? Mas ele estava longe, eu não queria problemas com a polícia daqui, isso sim! Mas , Romano... Tudo bem que me ferrar com a polícia daqui envolvia ser deportada e dar de cara com Romano no Brasil, mas ,Brian foi direto demais, ou, eu já fui cega demais.
- Você conhece Romano, não é?- perguntei, como se ainda quisesse me convencer de que aquilo era mesmo verdade.
- Bingo!- ele riu.- Até que enfim uma dentro, né Talia?
- Eu vou te matar, seu filho da puta!- Gabriel se alterou, mas eu segurei seu braço antes que ele fizesse besteira.
  - Você achou mesmo que eu iria casar com você, assim, sem nada em troca?Tão boba... -sorriu...-Meu pai trabalha com o Pedro, eu fui pago para vigiar você todo esse tempo, desde o dia em que nos encontramos no restaurante, como acha que eu consegui te ajudar a achar o seu padastro?- eu me sentia uma... Idiota.- Meu pai trabalha com drogas, eu comheço pessoas desse meio, e o único motivo de eu ter te ajudado com o visto, e pedir você em casamento, foi pelo simples fato de estar sendo pago pra isso! Você até que é gostosinha - Gabriel se exaltou mais uma vez, mas eu consegui o controlar-, mas eu nunca aceitaria me casar com você e bancar o babaca que tem um casamento de fachada, só para ajudar a sua "amiguinha".
- Por que você tá me falando isso agora?- perguntei sem vacilar, eu tentava esconder a decepsão.
- Porque eu não preciso mais esconder, já que agora, você terá que casar comigo por mal.
- Eu nunca vou me casar com você!- quase gritei.
- Tem certeza?
- Por que Romano me quer?- respondi com outra pergunta.
- Porque ele precisava do seu ódio, ele precisava do seu ódio de Gabriel para ajudar ele a destruir o seu namoradinho - ele encarou Gabriel por uns segundos, depois voltou a focar em mim - porque assim, ele conseguiria destruir Sérgio ainda mais , mas o seu ódio não demorou nem um mês, então , ele resolveu deixar você de lado, o casamento é só para te afastar dele.- ele sorriu em meio a um supiro.-  Pedro prometeu que ia atrás de Gabriel e de quem estivesse com ele, no fundo, acho que seu papai gosta de você e só quer proteger a filhinha, mas as escolhas estão em suas mãos. Você tem duas escolhas, Talia, vai querer ficar do lado do seu namoradinho e fugir de mim, ou vai vir para o nosso lado.
    Eu soltei a mão de Gabriel que me olhou confuso, e me aproximei de Brian, ficamos cara a cara , a ponto de que quem passasse por nós poderia pensar que íamos nos beijar.
  - Eu quero - dizia firme...- que você, meu "papai" e o resto da gangue dele, VÃO PRO INFERNO!- gritei e logo depois cuspi em sua cara. 
     Ele fechou os olhos.
- Essa é a sua última resposta?- disse, enquanto limpava o rosto e abria os olhos devagar.
- É!
- Você ainda vai implorar para eu te perdoar por isso.- ele me olhou de cima a baixo - e eu vou cobrar caro pelo meu perdão.
     Eu senti tanto nojo dele, que eu tive vontade de cortar minha língua por ela já ter encostado na sua. Eu não tinha mais resposta se não fossem xingamentos, mas Gabriel acabou respondendo por mim, dando um soco na cara de Brian que o fez cair no chão.
- Você fica bem irritado quando falam da sua namoradinha né? - ele se levantou e limpou o sangue que escorria no canto da sua boca imunda.- Mas o que você vai fazer, quando eu tocar nela até cansar? Talvez não só eu, quem sabe uns amigos também... Afinal, ela é só uma vadia.
     Eu nunca fui estuprada , mas eu senti nojo de mim só por ouvir aquele desgraçado falar, me senti tão fraca, como se realmente podesse acontecer algo comigo, como se eu fosse um objeto que todos podiam tocar, inútil, eu nem me sentia humana.
      Gabriel mais uma vez respondeu com um soco, Brian revidou e eles caíram no chão, eu não sabia o que fazer, então eu esperei até Gabriel descontar toda a sua raiva, ele não ia se machucar, Brian só tinha uma carinha bonita, não sabia brigar, Gabriel  socou sua cara outra vez, dessa vez  seguido de chutes ,até Brian cuspir sangue , ele estava no chão, sangrando, eu poderia até sentir sua dor se o observasse por muito tempo, mas eu não senti nenhum pingo de pena dele, a sorte era que ninguém passava por ali, e o estacionamento estava em reforma e se camêras.
    
 -  Você vai morrer...- Brian disse, enquanto cuspia o sangue.- , meu pai vai te matar.
- Pai?- Gabriel riu, e eu me perguntei como ele conseguiu rir, já que ao mesmo tempo seus olhos demonstravam ódio.- Qual foi? Não sabe se defender sozinho? Hein? Seu desgraçado!- ele chutou sua barriga mais uma vez, então eu segurei seu braço.
- Por favor, Gabriel - sussurrei.- Vamos embora.
-  Não ,Lia, eu não vou embora - ele continuava a encarar a dor de Brian.- , não antes de mandar esse filho da puta pro inferno.- no mesmo instante, ele tirou uma arma da cintura.
- Não - Brian disse, rápido - eu...-ele tentava levantar.
- Você o que?- Gabriel destravou a arma, e apontou para Brian.
- Gabriel, não!- gritei.
- Sabe quando tu vai encostar nela?- ele me ingnorou, e se abaixou, ainda apontando a arma para Brian, dessa vez a arma já estava em sua cabeça.- Nunca! Espero que tenha se arrependido dos seus pecados, nos vemos lá daqui há muitos anos.
     Nenhum segundo a mais, no mesmo instante, Gabriel atirou em sua cabeça.
      Eu vi todo aquele sangue escorrer no chão, um tiro no meio da testa de Brian, ele já não estava mais vivo, e aquilo não fazia mais diferença. Eu acreditei nele, acreditei que ele poderia me afastar desse mundo, mas ele era o primeiro que queria me arrastar para ele. Eu me enganei.
     
- Vamos!- Gabriel me puxou até seu carro, nós entramos, joguei os saltos no banco de trás e me sentei no carona, eu ainda parecia não acreditar no que tinha acabado de acontecer. E, será que eu ainda conseguia acreditar em alguém? Foram tantas decepsões, eu entrei num jogo sujo, onde as melhores pessoas usavam um disfarçe de melhores pessoas. Tudo ao meu redor se resumia em "mentiras", e eu como sempre , eu não enxergava a verdade. Valia a pena acreditar em alguém?
- Cadê a sua irmã?- Gabriel me tirou dos meus pensamentos.
- Na...- eu não terminei de falar, apenas peguei rápido o meu celular que estava em meu colo , desbloqueei e liguei pra Karol.
     Pedi para ela sair da igreja com Júlia, ir para o hotel onde tinhamos nos hospedado, pegar nossas coisas,  e nos esperar em algum lugar ali perto, dei o endereço a Gabriel, e em poucos minutos chegamos no local.
 - O que aconteceu? Brian encontrou vocês?- Karol perguntou, assustada ,enquanto entrava no carro com Júlia.
 -  A gente conversa depois...- disse, ao ver que Júlia parecia confusa, eu não queria que ela ouvisse o que eu tinha pra falar.
 - Pra onde vamos?- olhei para Gabriel.
 - Casa dos pais de Lucas, ela fica um pouco longe, mas é até melhor.
 - Ela não tá vazia, tá?- perguntei, já achando que iamos invadir a casa.
 - Claro que não - Gabriel continuou com os olhos na estrada.- Lucas tá passando um tempo lá.


 [...]


   - Gabriel ? Karol? Talia?...- Lucas abriu a porta depois de Gabriel ter tocado a campainha umas dez vezes. Ele falava com os olhos arregalados, como se tivesse vendo assombração.
  - Que cara é essa? Parece que nunca nos viu.- Gabriel disse, e entrou na casa sem nem pedir lincença. Lucas deu passagem para Karol, Júlia e eu passarmos, Júlia tinha acabado de sair do carro, o que deixou Lucas confuso. 
 - Lucas, essa é minha irmã Júlia - apresentei para ele, assim que entramos e ele fechou a porta.- Esse é um amigo do Gabriel.- olhei para Júlia e ela assentiu.
 - Oi , Júlia...- ele sorriu.
 - Oi...- ela disse baixo, e segurou minha mão.- Lia, eu quero ir no banheiro.
 - Tem um aqui, depois da escada à direita.- Lucas respondeu antes que eu perguntasse.
 - Valeu...- disse, antes de sair com Júlia.
      Nós fomos até o banheiro, eu deixei ela lá, e a esperei do lado de fora, depois de uns minutos ela saiu.
 - Lia?
 - Oi...
- Você não vai mais se casar com Brian?
- Não, Júlia, eu não gosto de Brian.- a olhei de relance.
- E quando a gente vai pra casa? Pra nossa casa de verdade, no Brasil.- ela me parou, nós já caminhavámos de volta pra sala.
   Eu parei no corredor, e segurei sua mão.
- A gente não vai voltar, Júlia...- suspirei - não podemos voltar, qualquer dia eu juro que te explico o que tá acontecendo, e quem sabe a gente volte. Mas agora não dá, e sabe, isso não importa , o lugar, a casa... Nada disso importa, se ficarmos juntas, tá ligada?- levantei o dedo midinho, era uma saldação que faziamos quando éramos menores.
- Tô ligada.- ela entrelaçou o seu dedo midinho no meu e sorriu.- Eu te amo...
- Eu também te amo...- a abracei.
   Voltamos pra sala, e Lucas, Karol e  Gabriel pareciam falar sobre o que tinha acontecido.
 - Então quer dizer que Brian...- Lucas tampou a boca de Karol antes que ela completasse a frase.
 - Júlia, você não quer que eu te mostre a casa? Tem uma piscina bem grande lá no jardim.- Lucas piscou pra mim.
 - Posso, Lia?- ela me olhava esperançosa.
 - Vai lá ...- ri.
    Eles saíram e eu me joguei na poltrona onde Karol estava encostada.
  - Lia, isso é sério?- ela me encarou.
 - Sobre Brian estar morto?- chutei, ela assentiu.- sim...
 - Vocês são loucos.- ela se jogou no sofá onde Gabriel tava jogado.
- Ele tava do lado do Romano, não vai fazer falta.- disse, talvez de uma forma fria demais.
       Passamos um tempo explicando tudo para Karol, e depois de tanto se surpreender, ela acabou aceitando.
       
   [...]
        
      Lucas havia colocado um filme chato na tv, o qual só ele prestava atenção. Karol fazia umas ligações, Gabriel não fazia nada além de xingar o filme, e Júlia dormia em meu colo.
- Ei - acordei ela - é melhor você ir pra cama.
- É...- ela disse em meio a um bocejo, o que me fez rir.
     Eu saí em silêncio com Júlia, para não atrapalhar Lucas que pela primeira vez parecia muito concentrado, já que Gabriel tinha finalmente calado a boca.
        Subimos até o outro andar, e entramos em um dos quartos de hóspedes. 
  
  - Lia, agora você vai ficar com o Gabriel?- ela me pegou de surpresa, enquanto eu a cobria com o edredon.
  - Seria uma boa?- perguntei, ela assentiu.
 - Ele é mal educado, mas parece ser legal, e sem falar que ele é muito lindo.- ela disse, quase fechando os olhos.
 - E... Que é isso hein garota...- fiz cocegas na sua barriga.
 - Para, Lia.- ela pediu em meio a risos, e eu parei. - Ele parece um príncipe, e você é a princesa.- ela abriu um pouco mais os olhos.
 Eu ri um pouco.
 - Boa noite...- beijei sua testa.
    Eu ia em direção à porta, quando Júlia me parou.
 - Posso te contar um coisa?
-  Pode...
 - Eu não gostava muito do Brian, prefiro você com Gabriel.
 - Eu também...- disse antes de fechar a porta. Vi ela fechar os olhos, então eu decidi ir pro meu quarto, havia uma varanda onde eu podia ver o céu, e eu não parava de ir lá.
     Entrei e vi o meu vestido jogado perto da cabeceira da cama. 
     "Eu poderia tirar uma grana com ele, mano, era diamante."- ri , sozinha.
      Se eu visse um vestido desses há um tempo atrás, eu ficaria igual uma idiota tocando pedra por pedra na maior delicadeza. E hoje... Eu andei por aí com ele sem nem dar importância se eu ia sujar ou um diamante ia cair, é, eu aprendi que isso são só detalhes, luxo é só um detalhe, ele não faz muita diferença na minha vida, já as pessoas , elas fazem muita.
     Abri minha mochila que tava na cama, e tirei de lá o crusifíxo que Felipi me deu naquela maldita noite.
     " - A gente sempre vai ser irmão..."- apertei aquela corrente contra o meu peito,fechei os olhos, e por breves segundos Felipi parecia estar ali. Coloquei o crusifíxo de volta na minha mochila,  abri a enorme janela de vidro, e fui para a varanda.
 - A vista é linda daqui né?- ouvi a voz de Gabriel atrás de mim, mas eu não olhei para trás, apenas continuei observando o céu e as luzes da cidade que ficava um pouco afastada.
 - É...-sorri - me lembra a lage lá do Alemão ,quando eu e Felipi...- não continuei, eu não queria falar de Felipi, eu não queria ficar triste.
 - Eu também sinto falta dele.- Gabriel ficou do meu lado.
 - Tá sendo um longo caminho sem ele...- continuei encarando o céu.
 - Tenho que concordar, e olha que assim que eu vi aquele cuzão eu não fui com a cara dele.- ele disse rindo e eu acompanhei.
 - Tu tinha um ciuminho de mim né Marins?- ri um pouco - Por isso odiava quando Felipi tava comigo.- o encarei, ele olhava distante, mas logo depois me encarou também.
  - Tenho que admitir que sim.- ele sorriu.
     Ele voltou a encarar o céu, e eu me inclinei e beijei seu rosto, me apoiei no seu ombro, e suas mãos pararam na minha cintura, ficamos encarando as luzes da cidade por um tempo, até eu quebrar o silêncio.
   - Quando Felipi foi embora, eu achava que realmente tinha ficado sozinha, mas eu acho que ele precisou ir para eu perceber que não estava.- olhei para Gabriel, ele também me olhou,mudou nossas posições ficando de frente  a mim, ele segurou minhas mão no ar, e olhou no fundo dos meus olhos.
   - Eu sempre vou estar aqui, enquanto eu viver você não vai ficar sozinha,  e quando eu morrer, eu vou tentar te proteger de onde eu estiver.
   - Esse é o outro Gabriel?- sorri.
   - Não, - ele também sorriu - Acho que, é apenas eu.
     Eu o abracei forte, e Gabriel passou as mãos nas minhas costas ,devagar, eu fui afastando meu rosto de seu ombro,  até  focar meu olhos nos seus lábios, eu não pensei duas vezes para grudar os meus lábios nos seus.
    Gabriel desceu suas mãos até a minha bunda, o que me fez ficar em seu colo, pressionando minhas pernas contra seu quadril. Seus lábios ainda estavam sob os meus, ele caminhou devagar até chegar na cama , nós caímos lentamente ali,   Gabriel ficou sob mim e começou a distribuir beijos em meu pescoço.
   - Lia...- ele parou de me beijar e subiu seu olhar até o meu.
  - O que foi?- perguntei, após dar um selinho em seus lábios.
  - Por que você passou mal no aeroporto? - assim que Gabriel me fez aquela pergunta, uma coisa me passou pela cabeça.
  - Eu não sei...-  fiquei séria, eu queria ver até onde ele ia por mim.
  - Você tá grávida?- ele se sentou na ponta da cama, e continuou a me encarar ansioso pela resposta.
  - Se eu disser que sim, você vai desistir de mim?
  - Não.- ele disse rápido - Eu não vou desistir de você , e se...- eu fui até ele e pus meu dedo indicador em seus lábios.
  - Eu nunca permitiria que Brian tocasse em mim, e sem falar que, antes de tudo que eu descobri, eu considerava ele apenas um amigo -  Gabriel sorriu - eu só não tinha comido, e acabei ficando mal. Mas é bom saber que você não desistiria de mim tão fácil.
  - Se fosse verdade, não faria diferença pra mim,  eu fazia questão de dar o meu sobrenome.- ele me puxou para o seu colo.
  - Mas essa é a verdade, Gabriel, a verdade é que eu nunca fui dele.- disse, e coloquei meus braços em seus ombros.
 - E você é de quem?- ele disse um pouco baixo, deixando sua voz num tom sexy.
 - Tu quer mesmo que eu admita né, Marins?- sorri, e ele me acompamhou.
    Ele me trouxe para mais perto de seu corpo, fazendo meus ceios cobertos pela minha camisa ficarem quase em sua boca, por eu estar em seu colo.
  - Admite...admite que eu quero ouvir.- ele se inclinou um pouco e sussurrou no meu ouvido.
 - Eu sou sua...- sussurrei de volta.- Só sua, play boyzinho convencido...
 - Isso...- ele me jogou na cama, e selou nossos lábios, minhas mãos foram até as suas costas na tentativa de tirar sua camisa.- Só minha.-  disse entre o beijo.


[...]


         Um mês depois...


 -  Você tá linda!- Karol encarava o meu reflexo no espelho, e mais uma vez eu a convidei para ser madrinha do meu casamento, não que eu tivesse considerado aquela merda um casamento, mas, quase aconteceu.
  - É agora...- respirei fundo, e soltei com um sorriso.
 - Finalmente...- Karol se sentou numa poltrona ali perto.- Pensei até que você ia realmente casar com o cretino do Brian.
 - Ele já morreu, Karol.- a olhei de relance.
- Como se você tivesse pena dele...- ela comentou.
- Não, eu não tenho.
    Karol ia falar mais alguma coisa, se alguém não tivesse batido na porta.
  - Talia?- era Gabriel.
 - Gabriel, pelo amor de Deus, você sabe muito bem que não pode ver a noiva antes do casamento, para não dar azar, então por favor, sai logo daqui e vai logo pra igreja!- Karol quase gritou, e isso me fez rir.
   - Eu entro com os olhos fechados.- ele disse, num tom calmo, o que me surpreendeu.
  - Gabriel? É você mesmo?- Karol ria ,ela também ficou surpresa.
  - Ah, vai te foder, Karol! Eu quero falar com a Lia!- me surpreendi cedo demais.
     Eu e Karol rimos.
    Eu fiz uma cara de pidona e implorei com os olhos para que ela deixasse ele entrar.
  - Tudo bem, eu vou abrir a porta, mas entre com os olhos fechados, caso contrário, você não se casa hoje.
  - Tá, abre aí...- ele respondeu com tédio.
      Karol se levantou da poltrona e foi até a porta, ela abriu devagar e colocou a cabeça pra fora , para ver se Gabriel realmente estava com os olhos fechados.
 - Vem - ela o puxou para dentro, e ele quase caiu quando tropeçou.
   Eu ri.
 - Ela tá aqui, seu cego.- Karol o guiou até mim, o deixando na minha frente.
 - Cara, tu me mandou fechar os olhos e ainda quer que eu veja?- Gabriel comentou, e nós rimos.
  - É bom mesmo você não estar vendo.- ela disse.
  - Eu não tô, agora, pode nos deixar a sós?
  - Não tá querendo demais não Gabriel? Porque eu não tô afim de voltar pro Brasil sem ter presenciado nenhum casamento.
  - Eu prometo não abrir os olhos...- ele voltou com a voz de tédio.
 - Tá bom...- Karol revirou os olhos e seguiu até a porta, assim que chegou lá , ela me fez um gesto para tomar cuidado com Gabriel, eu ri e ela foi embora.
 - Então, o que você quer?-  perguntei, e segurei sua mão.
 - Posso mesmo falar?- ele sorriu, um sorriso meio pervertido.
 - Pode, mas não diga  o mesmo que o seu sorriso.
 - É uma pena, porque...- ele se aproximou mais e tentou me tocar, sua mão direita acabou segurando a minha cintura e me puxando.- Eu tava pensando exatamente em fazer o que o meu sorriso disse.- eu ri um pouco.
  - Me diz logo o que você quer...- eu pus meus braços nos seus ombros e acariciei sua nuca.
 - Assim eu vou acabar fazendo besteira...- ele disse baixo, e mordeu o lábio inferior.
 -  Mas eu não fiz nada - fiz uma voz inocente.
      Gabriel segurou minha cintura com as duas mãos, e me trouxe para mais perto.
 - Viu só como você consegue me deixar louco, apenas me tocando.
 - É...- passei minhas mãos pelo seu peitoral coberto pelo terno, e fui descendo devagar.
 - Não me testa.- ele segurou minhas mãos , e eu parei.
 - Parei - ri - , mas , agora me diz o que você quer.
 - Na verdade, nada, eu só queria te ver, no caso, te sentir e ter a certeza de que você ainda não desistiu de mim.
 - Eu nunca vou fazer isso - segurei seu rosto.- nem se eu quisesse, eu nunca conseguiria desistir de você.
     Ele sorriu, um sorriso tão lindo quanto o de quando ele me viu  do lado de fora do aeroporto.
 - Fico mais aliviado por ouvir isso.- ele pegou minha mão , levou até os lábios e beijou.- Nem se eu passasse o resto dos meus dias dizendo que te amo,  ainda não seria o bastante para eu te mostrar o tamanho do meu amor.
 - Você não precisa me mostrar, eu já vejo, vejo além do que você imagina. 
  Ele continuou sorrindo.
 - Melhor eu ir agora, me leva até a porta?
 - Se eu não fizer isso, você vai conseguir chegar lá sem tropeçar ou esbarrar  em alguma coisa?
 - Não...- ele disse, rindo.
 - Então vem - segurei seu braço, e o levei até a porta, abri a mesma e levei Gabriel para fora.
 - Espera.- ele me parou antes que eu podesse fechar a porta.
 - Eu preciso...- eu o interrompi com um selinho, antes que ele podesse falar.
 - Disso aqui?
- Não...- ele abriu mais um sorriso pervertido - eu preciso disso aqui...- então ele me enconstou na parede e me beijou, um beijo tão intenso que me deixou sem ar.
     Nós paramos o beijo, e Gabriel ainda permanecia com os olhos fechados, eu dei um último selinho em seus lábios, e entrei rápido no quarto.
  - Eu te amo...- ele disse do outro lado.
 - Eu te amo...- disse também, e eu pude até sentir o sorriso abrindo nos seus lábios. - cinco minutos para chegar na igreja.- disse, ouvi ele rir e seus passos se afastarem.
      Eu voltei a ficar de frente ao espelho, concertei o batom borrado, e esperei Karol voltar.
    Ela voltou depois de alguns minutos.
  - Você já tá pronta, Lia?-  Karol entrou, e me encarou do espelho, eu não sorria e nem chorava, eu estava séria e acho que isso a deixou confusa.- Você está bem?
 - Só um pouco longe...- disse.
 - Quer desistir? É isso?- ela perguntou um pouco surpresa, mas compreensiva.
 - Não...-eu sorri - só tava pensando que, o tempo passou rápido, as coisas mudaram rápido,e eu não sei se tô preparada para mudar junto com elas de novo, não nessa mesma velocidade. - suspirei - Há um tempo atrás eu morava com a minha mãe , com Fernando, Rodolfo, Júlia, Be...to - tive um pouco de dificuldade em falar seu nome - ,  morava num barraco no morro do Alemão, e do nada, passei a comandar aquilo ali, matei pessoas, trafiquei drogas, sequestrei , saí do Alemão, voltei pro Alemão, fugi... Eu tenho medo de que as coisas continuem mudando nessa velocidade, entende? É como se eu e Gabriel nos casássemos hoje, mas algo dentro de mim dissesse que a gente ia se separar amanhã.
  - Se arrisque...- ela disse - Cadê aquela garota que enfrentou a nojenta da Cássia no seu primeiro dia de trabalho? Que parecia tão corajosa?
  - Ela já foi tão corajosa, que chegou a ponto de esquecer como é ser assim.
  - Não, você não esqueceu - ela encarou o reflexo dos meus olhos no espelho - dentro de você existe uma guerra, você luta contra o medo, ele tenta ganhar , mas você precisa dizer para  si mesma que tem que enfrentar, o medo não pode ser apenas vencido com atitudes, ele pode ser vencido com palavras também, palavras tem muito poder. Agora eu vou ver se o carro já está lá embaixo - ela saiu de perto de mim - Você se arriscou por sua irmã - Karol abriu a porta - Será que a sua felicidade não vale tanto quanto?- ela olhou para trás, e fechou a porta.
    "Quando foi que essa garota ficou tão corajosa?"- me perguntei em pensamento, e acabei rindo.
      Peguei meu buquê que estava jogado na cama, e saí do quarto que era o de Karol,  desci as escadas, e pude ver ela embaixo me observando descer , e chorando ao mesmo tempo.
  -  O que foi?- perguntei confusa, em meio a um sorriso.
  - É que te vendo assim - ela limpava o rosto com cuidado para não borrar a maquiagem.- , eu lembrei da minha mãe...- eu sorri, e a abracei.
  - Ela ainda vai ser muito feliz...- disse, ainda no abraço.
  Nos soltamos.
  - É, ela vai....- Karol suspirou, e limpou um pouco o canto do olho - , e você também, então vamos logo que você já está atrasada.
  - Mas eu tenho que me atrasar , Karol.- ri , e ela saiu me puxando para fora da casa de Lucas.
     Havia uma ferrari branca nos esperando, Karol me apressou e quando entramos eu vi Júlia no banco do carona, ela olhou para trás e me encarou por uns segundos com a boca aberta, depois ela me disse um " Você tá linda". Eu sorri, naquele momento era só isso que eu sabia fazer, sorrir. Também, era só isso que eu queria fazer.
        Quem diria que Talia, a garota do Alemão, filha da empregada Helena, ia andar numa ferrari algum dia? Quem diria que ela ia parar no México algum dia? Casar aos dezoito com um cara que ela nem imaginava conhecer, com um  cara que era exatamente o oposto de quem ela imaginou. 
         Isso só me faz perceber o quanto uma história pode mudar de rumo tão rápido. Amanhã? Amanhã pode ser sim um dia normal, um dia como qualquer outro, e existem tantos dias assim que você chega ao ponto de achar que nada de novo pode acontecer, que tudo irá continuar na mesma mesmisse, não podemos esperar muito do amanhã, mas também não podemos acreditar que tudo será como ontem, nunca é, basicamente sim, os dias podem ser todos iguais, mas há detalhes que os tornam diferentes, e às vezes nem reparamos nisso, porque são apenas detalhes... Detalhes que mudarão a sua história, te fará mudar de caminho, seguir um pior, talvez, ou um melhor, não sou boa em escolhas, então não posso opinar. 
         Olhei para a janela, e vi a igreja, já tinamos chegado, entramos por um caminho que dava até o jardim, onde iria acontecer a cerimônia.
      Não havia convidados, apenas Gabriel, sua irmã que estava em Nova york, Lucas, um casal - amigos de Lucas - que por um acaso seriam os outros padrinhos, o padre, e agora eu,  Karol , e Júlia.
  - Você não vai sair do carro, Lia?- Júlia me perguntou.
   - Depois - sorri - vai na frente.- ela fez o que eu pedi, vi ela correndo pela  grama e indo até Lucas.
  - Ainda dá tempo de desistir.- ouvi a voz de Karol, encarei ela que me olhou séria.
  - Você quer mesmo que eu desista?- disse, um pouco surpresa.
  - Claro que não! - ela disse rápido - Pelo amor de Deus, sai logo desse carro que eu não vim pro México em vão.- eu ri.
   - Vai primeiro que eu já vou.- disse.
   - Tá...- ela saiu do carro e me olhou antes de fechar a porta .- Mas dessa vez não foge não tá, porque aquele moleque ali - ela apontou para Gabriel - ele sim é dono desse seu sorriso.
     Ela fechou a porta, e também se foi.
"   - Qual foi mãe? Presente de aniversário antecipado?"
     Eu nuna pensei em chegar em Lorena, e isso era tão óbivio que eu só cheguei lá porque peguei um ônibus que eu nem sabia para onde ia. A mulher que quase me atropelou era a mãe de Gabriel, a mesma que me ajudou e me ofereceu um teto. Seria coincidência demais se eu não acreditasse em destito. É, com tantas coincidências, impossível não acreditar. 
     Saí do carro, e todos me encararam no mesmo momento, suspirei, e comecei a caminhar.
"-Fala manssinho, que eu não sou sua empregada!- digo também grossa.
-Ah, não...?- o imbecil me rondava. E foi quando eu percebi que ele estava com um cigarro entre os dedos, aquele cheiro me lembrava maconha, ops, era maconha.- Eu nunca te vi na minha vida, certeza que a coroa ficou doida e te trouxe aqui para subistituir a filha dela, pra ela, você é filha - ele parou atrás de mim , o que me causou arrepios.- ,pra mim, é empregada!"
       Quando eu pus os pés naquela casa e vi aquele play boyzinho, nunca que eu ia me imaginar me casando com ele. Talvez por o nosso amor ser como uma neblina, uma neblina que no início era escondida pelo meu ódio, e que logo depois, a mesma escondeu o ódio, escondeu todos os pensamentos que diziam que amar em vez de odiar, seria um erro.
 "    - A Dona Ane me mandou te levar na loja .Então, anda logo que já são dez horas e eu não tenho o dia todo!- ele disse rude.
  - Custa ser mais educado?- ressalto.
- Não vou mandar duas vezes, esteja lá fora em cinco minutos, ou eu vou sem você!- ele disse e saiu."
     Eu o odiei desde o primeiro momento que o vi.
  "-Você é muito Chupão mesmo!- disse num tom um pouco alto.
Ele riu...
-Não, a chupona aqui é você!- ele dizia rindo, eu queria quebrar a cara dele. Dei as costas e eu estava a ponto de sair quando ele disse...
-Esteja aqui amanhã , quando eu acordar, ou outra vai estar...- sua voz soava ainda debochada, e sem permissão , lágrimas deslizaram sob meu rosto..."
     Mas foram as suas atitudes, o seu olhar sombrio que sempre me deixava curiosa.
 "-Você vem sempre aqui?- ouvi a voz de Gabriel, e percebi que ele tava do meu lado.
-Sou a dona...- retruquei, num tom cínico.- Por que tu não volta lá pra foder de vez com a pirra?- questionei sem olhar para ele.
-Ciuminho é Talia?..- debochou.
Soltei um riso sarcástico.
- Jamais...
- Ahãn... sei... Tu me quer tanto, quanto o diabo quer carne nova.- disse rindo um pouco.
-Isso aqui não é uma brincadeira, nem um jogo pra ver quem fica com você. É uma guerra, eu tô focada na minha batalha, não em você, e pra vencer eu faço tudo, passo por cima de todos, não se atreva a ficar no meu caminho." 
     A mundança rápida de humor...
"-Se apaixonar por mim não é uma boa escolha...- disse.
-Eu não sei escolher!- retruquei."
   Eram só os detalhes dele, cada mínimo detalhe que me fazia pensar cada vez mais nele, querer saber mais sobre ele, me apaixonar por ele... Ele me tirava do meu foco.
 "-Vou te dar cinco minutos pra vazar daqui, eu termino isso! Some da minha vida, vai ser melhor. 
- Eu não vou embora, Gabriel! Eu vou ficar aqui te infernizando...- digo, ficando a um centímetro de distância dos seus lábios."
     E quanto mais eu tentava me afastar, quanto mais eu dizia : "não",ele me chamava, como uma chama de fogo que atraía a gasolina, pronta para fazer estrago.
"- Cê sabe que vai se arrepender né...
- Eu não tenho medo.- digo."
     Me trazendo paz e guerra...
"- Eu juro que queria poder te ajudar, poder te entender.- digo.
- Não precisa...- ele respirou fundo, depois soltou.- Tu é legal, Lia, tenta entender alguém que quer ser entendido. Não perde teu tempo comigo.
-Gosto de desafios, então, vou tentar entender você.
- Eu já fui gente boa, mas hoje eu sou o perigo, garota, foge de mim enquanto há tempo.- ele dizia, calmo.
-Não tenho medo do perigo.- retruquei. - Queria ter conhecido o outro Gabriel."
     Me fazendo amar a dor...
"- Eu não disse que queria vir.- falei um pouco alto, já que tinhamos saído de casa.
- Eu não pedi - ele me lançou o olhar frio de sempre e abriu um sorriso desafiador.- ,eu mandei. "
    Eu não odiei seu jeito, não odiei seu olhar desafiador e convencido sob mim, não odiei a sua bipolaridade, não odiei sua falta de paciência, na verdade, eu amei tudo aquilo ali assim que vi, mas a neblina ainda não estava a nosso favor, ela me deixava cega o bastante para não conseguir admitir que o amava desde o primeiro momento que o vi. Eu sempre o amei.
"- A gente não pode fazer isso.- eu disse, assim que me arrepiei com seu beijo.
- Talia, eu...- ele parou, e me encarou, parecia nervoso. - Eu quero me casar com você.
- O que?- eu tive que gritar aquilo, eu comecei a tremer, era demais pra mim.
- É, casar! Com aquela porra de cerimônia, com Padre e toda aquela frescura, eu não gosto de igreja, mas eu faço esse esforço por você. Eu quero mudar, eu sei que disse que não conseguia, mas eu consigo! Com você, eu consigo. Eu quero construir uma família com você."
- Cê tá tão linda...- Gabriel me deu sua mão e eu segurei.
- Você também...
     A mão de Gabriel tremia, e aquilo me fez rir um pouco, ele sorriu sem graça, eu apertei sua mão como se dissesse  :" tá tudo bem...". Karol e Lucas nos observavam sorrindo, o mesmo faziam os amigos dele e Giovana, ela não parecia muito com Gabriel mesmo sendo irmã, e tenho que admitir que só por saber que ela não tinha o mesmo mau humor que ele ,isso já me deixava feliz, aguentar os dois não seria fácil. Júlia ainda parecia admirida com o meu vestido, que dessa vez era mais leve, sem pedras de diamantes ou algo que chamasse atenção, era só um vestido branco de ceda que tinha alguns detalhes de renda, ele não chamava mesmo atenção, mas algo melhor me destacava, o minha felicidade e o meu enorme sorriso.
      Eu e Gabriel ficamos de frente para o padre, e ele anunciou que a cerimônia iria começar.
     A gente tava realmente num altar, eles deviam realizar mais casamentos aqui. Não me surpreenderia se alguém quisesse se casar aqui, o lugar era lindo, com uma fonte que parecia ser de ouro, arvóres e grama verde, flores e canto dos passáros, esse lugar nem precisava de decoração. Escolha de Gabriel, uma ótima escolha.
   O padre começou a falar, lembrei da minha mãe, ela sempre me disse que queria estar viva para me ver casar, ela não tá, mas espero que esteja me vendo, uma lágrima caiu sem me deixar perceber, Júlia veio até mim e pegou meu buquê, eu sorri para ela e voltei minha atenção para o padre. Não demorou muito e logo chegou o momento dos votos.
      Nós ficamos um de frente para o outro, e ele segurou minha outra mão. Eu tentei tirar as melhores cenas da nossa história até aqui, mas era esse o problema, as melhores cenas deviam ser as que tinhamos paz, mas a real era que passamos a maior parte do tempo em meio à guerra.
     Eu encarei Gabriel por um tempo, acho que por segundos, ele usava um terno preto com as mangas levantadas até o cotovelo, o mesmo sorriso, mas o olhar era diferente , eu conseguia decifrar dessa vez, ele me deixava decifrar dessa vez.
  - Quando eu coloquei meus pés naquela casa - eu comecei a falar -, eu te odiei, odiei o moleque convencido , o que fazia questão de agir como um moleque , o que não se importava com ninguém e achava que poderia  ter tudo que quisesse porque tinha dinheiro. Existia uma neblina dentro de mim que escondia qualquer possibilidade de te ver de uma forma melhor, ou o meu ódio não me deixava ver... mas eu enxerguei tão além da escuridão dos seus olhos que a neblina acabou vencendo ódio e deixando de esconder as possibiliades de te ver melhor, ela passou a esconder o ódio que eu achava sentir por você, e eu me permiti tentar te decifrar, cada detalhe seu me deixava curiosa, e mesmo me tratando mal, havia algo dentro de mim que não queria me deixar desistir de você, então eu fui tentando decifrar cada um dos detalhes, os detalhes que eu odiava faziam Gabriel ser Gabriel, e eu acabei amando cada um deles, eu acabei te amando, Gabriel, eu não me apaixonei pelas suas qualidades, foram pelos seus defeitos, porque eles fizeram todas as suas qualidades fazerem sentido.Os seus defeitos me conquistaram mais a cada dia, eles fazem parte de você, de quem você é, e seria mais justo eu me apaixonar por eles primeiro. O seu sorriso  era tão  raro que eu me sentia privilégiada por ganhar um, mesmo não demonstrando nem pra mim mesma, mesmo sendo tão marrenta às vezes, eu sempre quis ficar perto de você, eu queria sorrir o tempo todo ,enquanto você só queria sorrir por um momento, eu queria a vida toda, enquanto  você  queria apenas um dia. A gente não passava um dia sem discutir porque você sempre provocava - ele riu - , você não faz ideia do quanto é chato - "isso é verdade", ouvi Lucas dizer, nós rimos e o padre o olhou com uma cara feia.- , mas eu continuo aqui não é? Talvez você precise se esforças mais para me deixar longe. Mas eu tenho certeza que nada vai adiantar, não importa se eu tentar te esquecer, porque você sempre irá viver em mim, eu sei das suas manias e do seu jeito, da forma que levanta a sobrancelha quando fala algo para me irritar, e o quanto tenta se manter firme o tempo todo. Eu sei que você não é tão forte assim, e mesmo fazendo de tudo para não deixar tranparecer... Eu percebo seus medos. - eu já chorava - Eu vejo tudo, eu vejo o errado, a dor, o perigo e mesmo assim eu não consigo desitir, quem sabe o nosso amor não é mais forte que nós? Acho que ele é, na verdade, eu tenho certeza, porque só um amor tão forte conseguiria ficar de pé depois de tudo que passamos, ultrapassando os limites do perdão, desfocando a dor e o ódio, me fazendo enxergar apenas o lado bom. O meu amor sempre foi do tamanho do ódio que eu dizia sentir, e eu nunca admiti com tanta certeza como hoje. Temos uma neblina dentro de nós, cabe a nós permitir que ela nos deixe ver lado bom, ou deixar o ódio nos consumir e nos fazer enxergar algo que não existe além da névoa.  E essa neblia é o amor que eu sinto por você, que lutou contra o meu ódio desde o momento em que eu te vi. Eu queria nunca te machucar, queria poder promente que tudo ficaria bem, que seriamos felizes para sempre, mas eu sei que não vai ser assim. Eu aceitei mudar de caminho, eu aceitei fazer uma curva e ir para o seu caminho, aceitei ficar do seu lado, caminhar do seu lado, não me importei com todas as placas e avisos que haviam na curva, na sua curva, eu apenas fui, e tô aqui... E   não adianta me dizer para ir, não adianta tentar me afastar, eu não tenho medo do perigo, não tenho medo do que podemos enfrentar, porque o que você enfrentar, eu enfrento,  eu sempre estarei aqui, com você , pra você, eu nunca imaginaria que um dia iria ficar tão feliz por ter entrado naquele ônibus , parado em Lorena, e ter dado de cara com aquele moleque convencido...- eu ri em meio às lágrimas, ele fez o mesmo... E antes eu achava que eram só o brilho nos seus olhos, mas agora eu via, eram lágrimas, eu comovi Gabriel Marins com as minhas palaras.- E eu aceito ser privetligiada com o seu sorriso por todos os dias da minha vida, e se o seu sorriso não me permitir vê -lo mais, eu vou saber que devo ir - suspirei, e tentei conter as lágrimas - Eu posso ter achando que isso nunca iria acontecer, mas você não faz ideia do quanto eu me sinto feliz hoje por me tornar Talia Marins, mulher de Gabriel Marins.
      Gabriel respirou fundo e soltou o ar umas duas vezes, ele enxugava algumas lágrimas, que pareciam não querer parar.
  - No momento em que eu te vi , não demorou muito para eu perceber que você era diferente de todas as outras que eu havia conhecido, mas eu ainda não tinha certeza,  eu não podia me arrisca e me decepsionar de novo, talvez eu não fosse tão forte para suportar essa dor mais uma vez, então eu quis te manter longe desde o primeiro instante em que você apareceu na minha vida, mas tudo era em vão porque quanto mais eu te tratava mal ,mais eu queria fazer isso só pra poder falar com você, eu ficava dividido entre o medo de me decepsionar e o amor que eu sentia por você,  o que eu ainda não enxergava. Eu lutei contra mim mesmo, eu tentei não pensar em você , mas daí você passava por mim uma única vez e eu não te tirava da cabeça o dia todo. Eu comecei a sentir ciúmes daquela menina tão  marrenta e inocente, e eu dizia pra mim que eu devia insistir nela porque ela foi a única que me rejeitou, mas a verdade era que eu só usava isso como desculpa para poder te manter por perto nem que fosse por um dia, os ciúmes não foram o motivo para eu enxergar o que eu realmente sentia, mas pensar que eu poderia te perder...isso sim foi o motivo para eu perceber o quanto eu te amava, e te amo a cada dia mais. Você sempre tão linda, e eu sempre tão idiota, enfrentando guerras, mas tendo medo do amor, com medo de me decepsionar, te tratando mal porque tinha medo, te elogiando e logo em seguida agindo como se eu não tivesse dito nada, porque  tinha medo, te deixando ir sem nem te pedir pra  ficar, porque eu tinha medo.  Eu te dizia que não era uma boa ideia se apaixonar por mim e você  me falava que não sabia escolher, eu queria ficar longe ,mas você não facilitava, você sabia que eu era o perigo e mesmo assim não tinha medo, com um tempo, eu fui ficando sem medo também, mas eu fiz muitas burradas pelo caminho, burradas que eu sabia que não merecia perdão, e sentir que você se afastava, isso foi pior que a dor de uma decepsão,  eu quis tanto te afastar, que só consegui quando eu já havia desistido. Antes de te conhecer, eu era um nada, alguém que acordava porque ainda não tava tão afim de morrer, todos os dias eram iguais, e a escuridão me consumia a cada dia, mas era como se eu sentisse que devia ficar vivo por algum motivo, que não podia morrer, era como se eu tivesse esperança, não de virem dias melhores, e sim de você vir, vir até mim. E você veio, me tirou da escuridão , me fez mostrar o meu lado bom , o que eu tanto escondia, me fez sorrir por dentro quando te via me enfrentar. Eu fui mudando devagar, eu nem percebi, mas eu já tava mudado demais para me lembrar de quem eu era, e quando eu dei por mim, eu já te mostrava a minha melhor versão. Eu só tenho que te pedir perdão por tudo que eu fiz, por cada lágrima de tristeza que você derramou por mim, eu sei que não te mereço e que você é bem melhor que eu, mas eu vou fazer cada dia ao meu lado valer a pena por cada lágrima, eu agradeço  por ter tanta sorte de ter você, por ter conseguido chegar até aqui com você, por você não ter desistido de mim e ter ido naquele aeroporto me dizer : "sim", eu te amo tanto , Talia - ele sorriu, desviou o seu olhar do meu para o chão e voltou a me encarar - , e eu quero que o nosso amor fique vivo até o dia da nossa morte, e que todas às vezes que as brigas ou qualquer coisa atrapalhar, nunca colocaremos um ponto final, porque eu nunca vou querer que isso acabe. E hoje, eu me sinto o homem mais feliz do mundo por me tornar seu marido, por poder te chamar de Talia Marins, minha mulher, minha Talia.
      Eu não conseguia acreditar naquilo, não importava quantas vezes eu fechasse os olhos e voltasse a enxergar, eu ainda achava que era um sonho, mas cada palavra que  eu ouvia de Gabriel, me fazia perceber que não era um sonho. Eu fechei meus olhos e tentei pedir para que a minhas lágrimas paracem de cair, eu ouvi o padre dizer um "pode beijar a noiva", e nós nos beijamos, sem desejo nenhum, só tinha amor ali,   eu me afastei devagar, e ainda com a testa colada na de Gabriel, nós rimos, e nossa , como eu amava ver aquele sorriso. Nunca vou me cansar de ver aquele sorriso...de dizer o quanto ele é lindo.

[...]
          Um ano depois...


- Gabriel, não me solta, tá ouvindo né?- perguntei, e Gabriel riu como se tivesse ouvido uma piada.- Tá ouvindo ?- gritei.
      Era a segunda vez em que eu subia numa bicicleta na minha vida, a ideia veio quando Júlia me pediu uma bicicleta, lembro que Fernando ensinou ela a andar, mas eu não tive a mesma oportunidade, então, eu tive a ótima ideia, que eu não sei se posso considerar como "ótima", de aprender agora, e quem se ofereceu para me ajudar? Exatamente, Gabriel, e até agora eu me pergunto o porquê de ele se disponibilizar, já que ele nunca tá disposto, ontém quase me deu um tombo porque disse que estava casando, e agora não para de rir, mas é claro, ele quer apenas rir de mim, é isso.
  - Calma , meu amor...- ele beijou meu rosto, que logo depois parou na minha boca.
  - Dá pra você focar?- disse, entre o beijo.
 - E como eu vou fazer isso se você não facilita?- ele parou de me beijar, e encarou meus olhos.
 - E como você quer que eu faça isso?- cruzei meus braços e o encarei séria.
  - Sei lá, veste umas roupas mais feias, e também, assim aquele imbecil do James para de te olhar - eu o encarei mais séria ainda, mesmo querendo sorrir.
    James era nosso vizinho, quando vinhemos para los angeles, compramos uma casa onde uma casa vizinha estava vazia,  ficamos sabendo que ela estava vazia há muito tempo, e acabamos pesamos que ninguém iria comprar , até James comprar. Ele tem um cachorro, e no dia em que ele veio para cá, eu tava saíndo de casa e o seu cachorro veio correndo até mim, James veio correndo o pegar de volta, mas eu até que gostei do cachorro. Eu e James conversamos por uns minutos, até Gabriel sair de casa e vir até mim, eu o apresentei a James e percebi que o mesmo ficou um pouco triste por eu apresentar Gabriel com o título de "meu marido", Gabriel que com certeza percebeu também, me beijou do nada e de próposito, James se afastou um pouco sem graça , e depois daquele dia, ele só me dá um "oi" animado quando Gabriel não tá por perto. James é meio que um pouco retardado, usa óculos e umas roupas que parecem ter sido usadas pelo seu avô , e isso me faz sentir  pena dele quando Gabriel tem atitudes do tipo :" Tá olhando o que?"
  - Tô brincando - ele sorriu e pôs o polegar na minha bochecha-, você é perfeita, e não tem como mudar.
  - Não tente me cantar, eu não vou cair na sua.- desci da bicicleta, e me sentei na calçada - a sua preguiça me contagiou. - ri.
- Eu prometo que a gente tenta depois...- ele se juntou a mim.
      Eu assenti, sorrindo, e Gabriel me encarou com um olhar suspeito.
  - Espera...- ele saiu e me deixou ali, eu nem olhei para trás, até eu sentir algo gelado cair sobre a minha cabeça. Água.  Gabriel me molhava como se tivesse fazendo algo normal.
 - Perdeu o juízo ,moleque?- me levantei, séria, e ele riu.
       Eu me aproximei dele e tentei tomar a mangueira de sua mão, mas ele era mais forte que eu, só que o mesmo acabou me deixando pegar e o molhar também. Acabamos molhados , deitados na grama do jardim de alguém que eu nem sabia quem era, mas ninguém parecia estar ali, a rua era pouco movimentada, e a casa também, era como se só tivessemos nós dois.
   "- Cês parecem duas crianças..."- a voz de Felipi ecoou na minha mente.
  - Parecemos duas crianças.- disse, rindo              - Todos tem uma criança dentro de si não é?- ele se aproximou de mim e selou nossos lábios - Lembro que quando eu e Giovana éramos crianças, a gente passava o dia todo assim - ele encarava o céu - quando ela foi embora, eu acho que acabei me esquecendo de como é ser criança, e quando aconteceu "aquilo"'- eu sabia que ele tava falando da morte forjada - eu pensei que esse meu lado tinha morrido. - seus olhos encararam os meus - Até você aparecer, e fazer esse meu lado renascer...
 - Você faz eu me sentir a melhor pessoa do mundo...- disse.
   Ele se levantou e me puxou junto.
  - E você é.
      Eu sorri, ele me fazia tão bem...
- Agora, vamo - o dispertei do transe -, que eu preciso de um banho...- disse, e o puxei segurando sua mão.
     Quando saímos da grama,   Gabriel soltou minha mão e foi até a bicicleta.
  -  Você não vai  fazer isso não é Marins?- me referi ao fato de ele se exibir por saber andar de bicicleta e eu não.
  - Eu não tenho culpa se você não sabe, olha só, é tão fácil...- ele dizia, enquanto pedalava ao meu lado.
  - Ah, como eu queria que você caísse...- disse, rindo.
  - Larga de ser invejosa garota...- ele fez uma voz fina que me fez rir até ficar com dor na barriga.
        Assim que chegamos em casa, Gabriel entrou para deixar a bicicleta na garagem, eu ia entrar também, se James não tivesse me parado quando saiu de sua casa.
  - Oi Lia, como vai...- ele sorriu.
 - Você não vai entrar meu amor? - ouvi a voz de Gabriel , ele veio até mim e me beijou , me apertando de um jeito que deve ter deixado James sem graça.-  Ah, e o nome dela é Talia, e não "Lia " - ele olhou para James - Talia Marins, MINHA mulher caso tu tenha esquecido.
  - Nã.. Não - ele gaguejava -, Sr.Marins ,eu não esqueci, só estava sendo educado, sem nenhuma inteção, me desculpe, e tenham um bom dia.- ele saiu apressado.
  - Coitado, Gabriel.- disse, enquanto entrava, mas eu não conseguia conter o riso.
  - Você sabe que eu odeio quando olham pra você e esse imbecil já tá provocando demais, ele não só olha como também fala. 
   Revirei os olhos e continuei rindo.
  - Onde vocês tavam pra ficarem desse jeito?- Júlia perguntou, enquanto descia as escadas. " Valeu Júlia, me livrou um discurso."
  - Esse idiota me molhou...- eu apontei para Gabriel.
  - Isso porque eu saí seco né, ninguém me molhou.
 - Crianças...- Júlia disse, ao passar por nós. Acabamos rindo.
    Depois eu fui para cozinha beber água, enquanto Gabriel ia tomar banho, vi Giovana na mesa comendo uma maçã.
  - Oi Gi...- disse, quando abri a geladeira e tirei de lá uma garrafa d'água.
  - Oi Lia - ela sorriu - Cadê o Biel?
 - Foi tomar banho - disse, e fechei a garrafa - E, como vai você e seu namorado?- perguntei um pouco alto demais, o que fez ela colocar o dedo indicador nos lábios e dizer "Shi.."
  - Foi mal - ri -, eu tenho que concordar com você, Gabriel não é fácil.
  - Nem me fale.- ela disse em meio a um sorriso.
     Giovana namorava um carinha que eu não conhecia , nunca o vi, mas ela parecia gostar muito dele, ela vivia falando dele pra mim, só que havia um problema, Gabriel era muito chato em relação a isso, primeiro porque ele tinha um ciúmes surreal, e segundo porque qualquer pessoa que se aproximasse dela, como amigo ou não, ele já pensava que era alguém que trabalhava pro Romano. É, por uma parte ele tem um pouco de razão, mas talvez ele esteja paranóico demais.
  - Eu tô morrendo de fome - Karol entrou na cozinha.
  - Novidade.- Giovana retrucou, rindo.
        Eu soltei um leve riso, e me perdi na conversa delas, depois de uns segundos eu já não ouvia mais nada. Vi Sérgio , Lucas e Júlia da porta que dava ao jardim, eles colocavam a mesa e pareciam rir de alguma coisa que Júlia havia falado. Era até inacreditável ver aquela cena, o pai de Gabriel aqui, numa boa, depois de quase um ano insistindo, Gabriel finalmente o perdoou, e isso aconteceu a um mês atrás. Giovana veio morar aqui bem antes dele, quer dizer, na real, o Senhor Sérgio não mora aqui, digo,  ainda. Lucas vem aqui o tempo todo, e Karol, bom, eu e Gabriel decidimos que era melhor que ela ficasse aqui, depois de tudo que aconteceu, o lance de Brian, e tudo mais, não era muito seguro ela ficar no Brasil, Romano já sabe que  ela me conhece e que temos uma amizade, ele poderia usar isso contra mim. Eu pedi mil desculpas a ela por ter a colado nisso, mas ela pareceu nem se importar tanto, ela disse que precisava mesmo viver, se ela acha que viver é correr perigo , então tudo bem, vamos viver. Eu ainda me pergunto quando foi que essa garota ficou tão corajosa - ri do nada -, o bom era que despois daquele maldito dia em que Gabriel mandou Brian de vez pro inferno, nada de suspeito aconteceu, tudo comoçou a ir bem, nada de Romano, ou Fernando. Sérgio disse que conseguiu fugir e viajou para vários lugares para tentar despistar Romano, no início ele realmente teve que fugir, mas depois, ele disse que tudo pareceu ficar calmo demais, do nada, e eu não sei se devo acreditar que isso é mesmo bom. Era paz demais para uma guerra que não tinha acabado, eu tento não me acostumar com isso, mas são tantos dias bons, que acabo ficando com medo que chegue um dia ruim e eu não saiba mais como enfrentar.
      Saí da cozinha e subi pro andar de cima, entrei no meu quarto, e não vi Gabriel.  Ele deve ter saído, pensei.
    Entrei no banheiro e me despi,  fiquei embaixo do chuveiro, e comecei a pensar em ...paz, será que isso era mesmo paz, ou uma pausa para a próxima guerra? Uma vez Gabriel me disse que queria vingar a morte de Ane, e eu claro, não gostei da ideia, tava tudo tão bem, por que ele insistia em mais guerra? Era como se as balas atraíssem ele, e ao mesmo tempo me atraíssem também.
   Desliguei o chuveiro depois de uns minutos, me enrolei numa toalha, e voltei pro quarto, vesti minhas peças intímas e uma regata cinza com um shorts jeans preto.
      Caminhei até a varanda, e deixei o vento bater contra meu rosto e secar meus cabelos. Quando vinhemos aqui, eu não imaginava que o nosso quarto tinha uma  varanda com a vista tão linda quanto a de Lucas, e realmente não tem, não dá para ver as tantas luzes da cidade, mas em compensação , o céu é lindo daqui, a casa também não é tão grande quanto a de Lucas, mas eu achei melhor assim, a gente não precisava de uma mansão. Lembro quando Gabriel me mostrou esse quarto , ele me trouxe aqui e me fez fechar os olhos, até eu chegar na varanda, eu abri os olhos e dei de cara com o céu estrelado. 
      Tudo estava perfeito, e ainda continua, e mesmo sem três das pessoas que eu mais amava, ainda estava perfeito.
    "Mãe, Felipi, Dona... Ane!- ri ao pensar - espero que vocês estejam nos vendo daí de cima, ou de qualquer outro lugar. Viu mãe? - uma lágrima escorreu do meu olhou - eu consegui ser feliz, eu consegui cuidar da Júlia, e Felipi, obrigada por ter insistido para eu casar com o cuzão do Gabriel, você e Karol não fazem ideia do quanto me fizeran feliz, e eu vou tentar fazer ele mais feliz a cada dia, viu Ane?"
     Respirei fundo, soltei o ar ,e enxuguei minhas lágrimas. Às vezes eu fazia isso, vinha até à varanda, pensava no passado e acabava chorando.
    Senti Gabriel me abraçar por trás, é, eu sabia que era ele, eu sentia seu cheiro.
  - Pensando em mim?- ele sussurrou em meu ouvido.
  - É, eu tava pensando no quanto - me virei ,ficando de frente a ele, e colocando minhas mãos em sua nuca - meu marido é convencido.
- E eu - ele me puxou para mais perto , com as mãos no meu quadril - no quanto minha mulher é gostosa...- ele pôs seus lábios em meu pescoço e aquilo me fez arrepiar, era incrível como isso nunca mudava, o meu corpo recebia cada toque como se fosse pela primeira vez.
  - Gabriel...- eu disse quase em meio a um gemido - seus lábios desceram para os meus ceios e ele já se preparava para arrancar a minha regata, quando eu me afastei um pouco.
 - Lucas que cozinhou, e você sabe o quanto ele conzinha mal então é melhor a gente descer e provar logo aquela comida, dizer que ficou ruim e pedirmos uma pizza, e "vamo" logo que eu tô morrendo de fome.- segurei sua mão e tentei tirar ele dali.
  - Eu também tô ...- ele me puxou de volta, me fazendo grudar meu corpo no seu,e eu pude sentir  seu membro duro .- Mata a minha fome primeiro vai...- disse, baixo, fazendo eu me perder na sua boca e no seu olhar por alguns segundos.
     Eu o encarei com um sorriso cínico , depois que me recuperei do transe , enquanto ele riu.
 - Vem logo, Marins.- o puxei.
      Fomos até o jardim, e quando desciamos a pequena escada para chegar no jardim, ouvi Karol dizer um "finalmente", Lucas passou por nós com um bolo de chocolate, e disse que só faltava Giovana, nos sentamos à mesa, e esperamos por ela, o cheiro tava tão bom que nem parecia vir da comida de Lucas.
 - Quem cozinhou?- quis  tirar a dúvida.
- Eu...- Karol revelou,e piscou pra mim ,é, tava explicado. Ela devia saber que eu perguntei por o cheiro estar bom.
 - Você sabe onde Giovana está, Lucas?- Sérgio perguntou.
 - No quarto dela...- Lucas disse, naturalmente.
 - Ela te disse?- Gabriel perguntou, num ar sério.
 - Não - Lucas bebeu um pouco d'água - eu estava lá.
    É, eu acho que Lucas não pensou muito antes de falar, pois no mesmo momento todos olharam pra ele, que acabou se engasgando com a água, sinal que só agora ele pensou no que falou.
  - E  tu tava fazendo o que no quarto da minha irmã? - Gabriel não se esforçou nem um pouco para escorder a raiva.
 - Olha, a Giovana já chegou. - interrompi antes que começasse uma discursão, sorte que Giovana chegou bem na hora.- Agora deixa isso pra lá, Gabriel.
 - Giovana, como assim Lucas tava com você no seu quarto?- ele me ignorou.
     Karol revirou os olhos, eu revirei os olhos, e o Senhor Sérgio riu junto com Júlia, vai vê eu devia fazer isso também.
 - O que?- Giovana parecia nervosa.
     Então era isso? Esse era o  namorado misterioso? E eu achando que não o conhecia... Acabei rindo também.
  - Gabriel, eu preciso te falar uma coisa.- Lucas começou. Eu já estava com medo por ele. - Eu e a Giovana estamos namorando, é isso.
     Gabriel ficou sem reação, ele olhou firme para Lucas e admito que aquilo tava me deixando com medo, ele permaneceu assim por um tempo, eu vi sua mão fechar em punho. E quanto ao fogo nos seus olhos, qualquer um via.
    Quando derepente, ele se levantou de uma vez.
 - Vocês o que?!- gritou - Você é bem mais velho que ela ,seu imbecil!- ele continuou a gritar.
 - Mas, Gabriel...- ele se afastava, enquanto Gabriel saía de perto de mim e se aproximava dele.
 - Para com isso, Gabriel!- Giovana gritou.
 - Você ouviu isso, Seu Sérgio?- Gabriel perguntou, sem deixar   de encarar Lucas.
 - Deixa a sua irmã , Gabriel.- ele respondeu calmamente.
       E quando eu dei por mim, Gabriel corria atrás de Lucas, enquanto Giovana gritava.
- Lia, faz alguma coisa!- Karol, disse assustada.
- Melhor não, Lia - Sérgio começou a falar - , deixa ele errar, depois ele acaba voltando atrás.
  - É...- Karol observava Gabriel correndo atrás de Lucas - ,ele vai errar feio. Pobre Lucas.
     Rimos e começamos a comer como se não houvesse nenhum maluco correndo atrás do namorado da irmã.
        Depois de uns minutos, Giovana  veio até nós com uma cara não muito boa, mas também não muito ruim.
 - O que foi filha?- Sérgio perguntou.
- Nada...- ela disse um pouco baixo.
- Gabriel bateu em Lucas?- dessa vez Júlia perguntou.
- Não...- ela continuou com o mesmo tom.
- Liga não , Gi, Gabriel é paranóico mesmo, ele adora ter essas crises de ciúmes, ele faz isso o tempo todo com a minha irmã.- Júlia falava como uma adulta, o que nos fez rir.
- A sua irmã tem muita paciência.- ela disse em meio a um riso.
- Esquenta não - disse com um sorriso, e coloquei a mão em seu ombro - eu vou falar com ele.
      Me levantei e caminhei até a porta que dava para a cozinha, eu passei por ela, e não vi ninguém ali, saí dali e entrei na sala, ninguém. Subi para o nosso quarto e quando entrei, não vi ele, decidi ir no banheiro e escovar os dentes, já que eu já tava ali, quando voltei, vi ele na varada, eu cheguei devagar e o abracei por trás , como ele sempre fazia comigo. 
- Onde você tava? - eu disse num tom baixo.
- Mandando Lucas ir embora.- ele disse, ainda um pouco irritado.
 - Você tem que deixar ela viver...
- Com o Lucas?
- Ele é seu melhor amigo, qual é o motivo da vez então? Ciúmes?- fiquei do seu lado, e o observei.
- Também, mas ele é muito velho pra ela.- ele disse ainda sem me olhar.
- A Giovana não é nenhuma criança, Gabriel.
- Eu sei, mas ela é mais fraca que eu , eu não quero que ela passe pelo que eu passei, não quero que ela sofra.
- Mas e daí se ela sofre? Gabriel, você não pode proteger ela de tudo, se um dia ela quiser ir, deixa ela ir, o importante e você estar sempre aqui , esperando por ela, caso ela volte. Todos tem o direito de viver, errar, e você sabe disso mais do que ninguém. Isso nos faz amadurecer, agora, para com essa sua preocupação e deixa a sua irmã em paz.
- Tá, vou pensar no caso dela.- ele disse, dessa vez me olhou de relance. E eu revirei os olhos.
 - Vou voltar pro jardim, você vem?- ofereci minha mão para ele,  Gabriel segurou e acabou me trazendo para o seu corpo.- Eu te amo.- ele disse, do nada.
- Eu te amo...- repeti a sua frase, e sorri.
    Ele me predeu em suas mãos e me beijou, enquanto eu arranhava de leve a sua nuca.
- Ainda continua com fome?- perguntei entre o beijo.
- Cê nem imagina...- ele mordeu meu lábio inferior, o abriu um sorriso pervertido.

O nosso beijo poderia ter continuado, eu poderia até pensar que aquele dia iria acabar bem, mas o celular de Gabriel tocou.

- Melhor você atender...- disse, tentando me afastar.

- Esquece isso...- ele continuou, mas eu peguei o celular do bolso da sua calça e atendi.

"Alô"- falei.

"Lia, quanto tempo..."- aquela voz me fez congelar. Gabriel percebeu o meu estado e tomou rápido o celular da minha mão.

Ele teve a mesma reação que eu, quando ouvio a voz daquele desgraçado, e logo depoia seu olhar se encheu de ódio. Gabriel passou uns dois minutos no celular, o que me deixava mais nervosa ainda. Do nada, ele jogou o celular longe , gritou um "droga!", e saiu do quarto. Eu o segui.

- O que tá acontecendo?- perguntei, enquanto ele descia as escadas apressado e eu tentava acompanhar. Mas o mesmo me ignorou.

- Gabriel, você tá...-  Giovana tinha acabado de entrar na sala.

- Vá arrumar as malas!- ele a interrompeu.

- O que? - ela peeguntou confusa.

- Faz o que eu tô mandando ,porra!- Gabriel gritou, e acho que ele gritou até demais , pois Sérgio, Karol e Júlia apareceram no mesmo momento.

- Tá doido, moleque?- Karol disse.

- Vão arrumar as porras das malas!- ele gritou , e ninguém se atreveu a falar mais nada. Ele continuou andando apressado, e parou na cozinha.

- Dá pra me dizer o que aquele desgraçado do Romano falou?- gritei também.

- Vai lá em cima , liga pro Lucas e pega as armas.- eu continuei confusa. - A guerra vai começar...- ele me disse, como se essa fosse a resposta que eu procurava.


     Quando eu saí do Alemão, eu pensei que quando eu voltasse seria apenas para buscar minha irmã, e o que eu fiz? Peguei um ônibus qualquer e fui para outro lugar onde eu achava que poderia esquecer um pouco o morro, mas ele nunca me esqueceu, até porquê , a minha história lá não tinha acabado, uma coisa me prendia lá, a minha irmã, e isso fez com que fosse colocado apenas três pontos na minha história, assim como eu e Gabriel, não adiantava me afastar dele, mesmo que a gente quisesse esquecer um do outro, isso não ia acontecer, haviam  três pontos na nossa história, e não importava se a gente passasse anos tentando esquecer o outro, os três pontos iriam continuar ali, esperando enfim um ponto final, mas esse era o problema da nossa história, ela não tinha fim, e se a gente se separasse e voltassemos pra onde paramos, teriamos duas escolhas, nos aturar juntos mais uma vez, ou aguentar a tortura de vivermos separados. O nosso amor era como um fluxo, sempre havia uma continuação, e mesmo em meio ao perigo, à paz momentania e à certeza de que uma hora ou outra uma guerra começaria de novo, isso não me deixava com vontade de desistir, desistir dele, desistir do nosso amor... Eu aceitei viver isso sabendo das consequências, aceitei me arriscar, e eu não vou voltar atrás, porque não importa onde você está ,se você estiver livre, isso é o que importa. Viver em meio à guerra é possível se você tiver coragem, e coragem  é só uma palavra que teme outra, "impossível", mas ela também é temida por uma: "medo". Medo é uma palavra que pode ser vencida por outra, e quando ela derrotar o seu medo, você vai saber o que é viver, uma vez eu ouvi alguém dizer ; se a vida é tao especial, por que todos a tem? Eu descobri o "porquê" , na real, eu não descobri, eu só aprendi uma coisa a mais: " não são todos que a tem, afinal, existe muita gente que  não sabe nem o que é ter vida e continua respirando". Então ,se o meu amor por Gabriel me matar, eu vou ficar feliz por terem me levando algo que foi importante pra mim, a minha vida. Gabriel Marins me fez ter vida, o nosso fluxo perfeito me fez ter vida. E se as balas nos chamassem de novo, eu estaria disposta a voltar a atirar!
                       

     ~...~

  Essa obra foi baseada em fatos fictícios criados pela autora, a mesma escreveu cada capítulo baseado nos seus sentimentos , ela colocou muito sentimento nessa porra, então, ela espera que você tenha gostado...



     


Notas Finais


Eu passei dias tentando criar o cpt perfeito, fazendo e parando para pensar melhor, e esse foi o motivo da minha demora... Até eu perceber que, o cpt pft n importava, n importava se era a melhor frase no início da historia ou se o cpt teria q ser o melhor de todos, pois eu vi que n adianta passar uma vida inteira fazendo merda e do nada querer ser o certinho, é como quando vc está prestes a morrer, e decide ficar santo naquele momento, os mentirosos dirão que aquela pessoa que acabara de morrer foi uma ótima pessoa, mas o sinceros esquecerão esse lance de respeito aos mortos , e irão dizer com sinceridade o que ela foi realmente aqui na terra. E essa é a minha conclusão, uma atitude no final, pode mudar muita coisa, mas não pode mudar a sua vida inteira, um capítulo pode mudar muita coisa, mas n pode mudar a história toda.
Eu não precisei de um epílogo melhor que todos os outros cpts, pois todos os cpts simples, fizeram essa história pft, e n importa oq digam. Ela foi perfeita, pra mim. Eu tentei fazer com que cada personagem conquistasse um sentimento de vocês, nem que fosse o ódio, (né Romano?kkkk) assim como eles me conquistaram... Felipi, Talia, Gabriel, Karol, Ane, Lucas, Romano, Fernando, Sérgio...Cada um deles me conquistou, e eu fico feliz por finamente ter colocado um fim nisso aqui, e ao mesmo tempo triste, eu me apeguei tanto a eles que não sei como deixar para trás...😢 mas tudo bem!kkkk Eles morrem por aqui, mas espero q vcs os guardem do mesmo jeito que eu vou guardar , e que quando quiserem dar vida a eles de novo, voltem para o primeiro cpt assim como eu vou voltar.
A minha intenção , quando postei essa fic, foi de conseguir mts favoritos ,e comentários , e visualizações... Mas eu n consegui, quantas vezes pensei em desistir? Várias, mas vcs me fizeram continuar, e eu agradeço mt por isso!💚 Porém, eu aprendi outra coisa com essa fic, aprendi a continuar sozinha, q os planos às vezes são só planos, e q mais do que os outros acreditarem em você, é importante que você acredite! Ent, se você que está lendo isso, tem algum sonho, acredite em você, acredite que você consegue ,porque vc pode e a única coisa maior que você é o céu...(Raízes...😉kk). Os planos às vezes são só planos, mas os sonhos são seus sonhos e se eles não acontecerem do jeito que você planejou , isso será o de menos, afinal, não somos videntes.kkk
Gostaria de agradecer a vocês minhas pragas, minhas pestes, minhas túlipas!!!😍😍😍 Obrigadaaaaaaaaaaaaaa por me fazerem chegar até aqui, obrigada por cada comentário, favorito , e visualização, cês não fazem ideia do quanto isso me fez bem!😍 E se eu cheguei até aqui, também foi por causa de vcs, ent, eu só tenho a agradecer.
Tomara q vocês tenham guardado algo bom da fic com vcs, eu guardei...

Ps: Amo vcs, suas pestes!😍💕kkk

~ Hey, Liel ou Galia? Deixem aí nos comentários, pfv...~😍💕

~ além...~

Beijos, minhas túlipas!💕💕💛💜💚❤💛💓


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...