História Nosso Naufrágio - Capítulo 1

29/12/2019

Quase cinco anos após o acontecido.

Por Mario.

Como explicar a situação que virou minha vida de dez anos pra cá. Quando você voltou eu pensei que todo o meu sofrimento teria acabado, mas as coisas estão de forma surreal. Eu não tenho mais forças pra lutar, como vou lutar por algo que você não quer.

Pra vocês entenderem melhor se é que é possível eu vou contar desde o inicio.

Nós nos conhecemos quando ainda tínhamos 10 anos de idade, tudo começou na escolinha do jardim de infância, quando minha mulher maravilha me salvou da total solidão e abandono, prometendo que minha mãe iria voltar. Eu me apaixonei desde então, dai pra frente estudamos juntos todavia, quando fizemos 16 anos Nana teve suas primeiras paqueras, eu sofria que só, então resolvi confessar para ela meu amor, antes que aqueles skatistas metidos a artistas levassem ela de mim, foi aí que aconteceu o meu primeiro fora e o começo de seu afastamento. Mas tudo o desandou mesmo entre nós dois quando aos 19 anos ela entrou para faculdade de Belas Artes do Rio de Janeiro, não era a mesma que a minha. Nossas vidas foram por caminhos distintos, eu comecei a fazer letras em uma outra faculdade do Rio, o que me confortava era vê-la algumas vezes na Editora Prado Monteiro onde eu estagiava,  pouco tempo depois cerca de 4 anos, Nana a pedido do pai começou um segundo curso, de Gestão Financeira e se dividiu entre pintar seus quadros e trabalhar duas vezes por semana na Editora, mas mesmo assim a proximidade entre nós dois não aconteceu.

Em 2007 pra minha tristeza ela começou um namoro com um comissário de bordo, Jorginho, com quem se casou menos de um ano e engravidou de Sofia, em 2010 ela se divorciou dele mas continuaram uma amizade porque além de Sofia eles tinham uma grande cumplicidade causada pelo antigo relacionamento. No mesmo ano nos aproximamos de forma que nem eu acreditei, tudo começou com conversas paralelas pela Editora que naquele tempo ela trabalhava de segunda a sexta, havia feito da arte um hobbie  e se dedicado totalmente a trabalhar na editora. Meses depois de nossa aproximação já tínhamos tido alguns “momentos”  já estava ficando difícil ficar longe daquela mulher que eu havia amado a vida inteira.

Nossa primeira vez foi em uma noite quando partimos para o meu apartamento depois de uma noite muito agradável no Chapeleiro Maluco eu gosto muito de lembra.

“ – Ei calma, assim você vai cair – falava para Nana enquanto tentava destrancar a porta do meu ap.

– Não vou, vem entra, tenho que te dizer uma coisa – Nana dizia entrando no ap, se virando em minha direção.

- O que aconteceu ? –  a olhava curioso, não imagina o que poderia ser, normalmente nessas noites que não era sempre no máximo uma vez por semana, ela chegava se jogava no sofá e nós dois conversavam a noite inteira até o dia amanhecer.

- Me da um abraço primeiro? Vem – Ela abriu os braços com aquela carinha que nem se eu fosse louco resistiria.

– Claro Nana, aconteceu alguma coisa?- a abracei com um braço em volta da sua cintura e o outro na parte superior de seu corpo com a mão em sua nuca massageando seus cachos.

- Não, e sim...- ela disse me apertando forte, o pilates faz toda a diferença. Ela foi soltando o abraço devagar colando sua testa na minha, estávamos tão perto, podia sentir seu hálito quente sobre minha boca. – Sabe quando nós dois ainda éramos adolescentes e você disse que me amava? -  Ela disse tão rápido que quase atropela as palavras.

- Claro, nunca esqueceria de nada relacionado á você.- Disse olhando pra sua boca, tão linda e carnuda, eu só pensava em beija-la.

– Então, eu... eu acho que agora eu sinto o mesmo.- Foi como tirar um curativo.

- Assim como? você me ama? É isso? Tem certeza disso? – Eu parecia estar sonhando, será que era possível aquilo? Peguei em seus braços de forma forte, queria confirmar que aquilo era real.

– Nunca tive tanta certeza de nada como eu tenho disso, eu só penso em você Mario Vianna, só penso quando que você vai finalmente me beijar. – ela disse se aproximando, eu não tive coragem de falar nada, o medo dela voltar atrás era maior que tudo, e de forma rápida e apaixonada eu a beijei um beijo quente, apaixonado, intenso.

A empurrei em direção a uma banqueta colocando ela encima, nos beijávamos e acariciávamos de forma desesperada e apaixonada...”

Foi a partir dai que começou o nosso namoro que não tinha porque esperar, já nos conhecíamos há anos, eu amava sua família e sua filha como se fosse minha e amava ela de forma que eu nem sei explicar a não ser quando a olhava e se formava um poema em minha cabeça e saía automaticamente pela minha boca. Depois de dois anos nos casamos numa cerimonia pequena e linda, só foram convidados amigos próximos e familiares, ela sempre organizava tudo de um jeito impecável. É querido leitor, nós fomos muito felizes durante 4 anos, foram os melhores anos de minha vida, eu poderia viver pra sempre nesses 4 anos. Tivemos nosso primeiro filho em 2014, Alberto Neto, todos o chama de Betinho.

E foi em Maio 10 de 2015 quando o pesadelo começou em uma viagem que fizemos sozinhos como uma segunda lua de mel para Angra dos Reis. Chegamos numa sexta a tarde e voltaríamos no domingo a noite, mas as coisas saíram do planejado.