História Not spring, love or cherry blossoms. - Único;;

Era início do inverno. Jimin sabia disso pois sua cidade não chegava a ser tão gelada naquela época do ano, o clima da capital era diferente, tudo era. 

Suspirou, olhando ao redor e se perguntando porque tinha escolhido dar uma volta justamente naquele frio. 

Era final de semana, ele só começaria no emprego novo de professor na segunda feira e, bom, ele não conhecia ninguém da cidade. Talvez sua carência tivesse o dado ímpeto para sair naquele frio. 

Mas não tinha problema, estava bem agasalhado, com seu cachecol e luvas vermelhas. 

Ao olhar ao redor daquela praça, começou a achar que era uma má ideia novamente. Vários casais andavam por ali, de mãos dadas, uns seguravam crianças outros cachorros. 

O outro motivo para Jimin sair de casa era que não queria ficar mofando sozinho em pleno dia dos namorados. 

Era carente sim, mas aquilo seria uma crueldade para si mesmo. Então por que não sair, não é mesmo? Mesmo com aquele frio... 

Começou andar entre as árvores de cerejeiras, sorrindo até seus olhos virarem um eyesmile e sem saber que estava sendo observado atentamente.

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Min Yoongi não era alguém de deixar alguma coisa para depois. Ele era alguém prático, obstante e talvez tenha sido isso que o tivera feito estar na situação que estava. 

Flores de hanahaki. Podia sentir os galhos incomodando seu esôfago, sua voz ficava cada vez mais rouca. Mas ele tentava se acostumar, afinal... Se fosse mesmo morrer, teria que fazer isso do melhor modo. Não sofrendo por alguém que não estava nem aí para si. 

Maldito Taehyung. Por que de todas as pessoas de coração partido, aquilo veio acontecer logo com ele? 

Bufou, andando ao redor daquela praça e seus olhos foram atraídos para um garoto no meio das árvores de cerejeiras. Ele era bonito, mas tinha um ar melancólico entre o sorriso. Parecia até um pouco consigo. Não conseguiu parar de observá-lo até o ver se dirigir a um local ali próximo.

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A atenção de Jimin foi tomada por um carrinho de sorvete. Pensou consigo, quem toma sorvete em pleno inverno? Aquele homem era corajoso como ele e por isso resolveu ajudá-lo, indo comprar uma casquinha. 

— Senhor, eu quero uma de morango. 

— Duas de morango, por favor. — Uma voz rouca disse ao seu lado, começando a tossir e ele se assustou, vendo o loiro estonteante do seu lado, quer dizer, ele era bem bonito e do jeito que tossia estava claramente doente. 

— Acho que não devia fazer isso... Você está doente, pode piorar. — Avisou num tom complacente, apenas por instinto de ajudar o próximo. 

Ele sorriu para si, falando com a voz rouca. — Está tudo bem. Até alivia. 

— Mas... Sua voz está bem ruim e já estamos no inverno... — Tentou convencê-lo mais uma vez, pegando os dois sorvetes e pagando, acabando por olhar o outro de forma desafiadora e sair correndo.

– Ei! — Ouviu o grito ligeiramente rouco do cara, olhando para trás rapidamente, constatando que o mesmo estava correndo atrás de si.

Jimin não sabia quem era mais otário, ele por ter comprado sorvete no inverno ou o cara por sair correndo atrás de si só por causa do bendito sorvete. Mas ele pensaria nisso direito quando despistasse o sujeito.

Faltava poucos metros para as árvores de cerejeiras se dispersarem quando Jimin teve uma ideia brilhante, não estava conseguindo tirar o cara da sua cola, então seria extremo. Forçou as pernas já cansadas a pararem e virou-se para o homem que corria atrás de si, sorrindo inocente e esperando o mesmo ficar próximo o suficiente para lhe enxergar com clareza. 

— Graças a Deus. — Yoongi resmungou, começando a andar mais devagar, incrivelmente, sua garganta não estava tão dolorida, talvez por estar se distraindo.

Estava a um ou dois metros do cara que roubou seu sorvete quando viu o mesmo abrir uma das mãos e observou com horror um dos sorvetes cor-de-rosa dar um encontrão no chão.

A boca de Yoongi abriu-se em um “o” acusatório e o outro fez uma cara inocente. 

— Ops, desculpa. Foi sem querer. Mas que bom assim, não é? Pelo menos você vai cuidar dessa garganta, certo? — Disse com um sorriso aflito. 

Yoongi respirou fundo, colocando as mãos no casaco. — Eu não estou doente. Não é como se eu pudesse mudar isso, não é nenhuma dor de garganta. — Disse num tom rouco e o outro ainda não estava acreditando, isso era óbvio. — Na verdade, o sorvete até alivia... Como eu disse antes. Não é incômodo.

Jimin suspirou, resolvendo não discutir mais sobre aquilo. Estava se preocupando com alguém que nem conhecia e isso era vergonhoso. 

— Certo, tudo bem, me desculpe. Venha, eu vou lhe pagar outro sorvete.

Voltaram até a barraquinha, comprando outro doce para Yoongi e sentaram juntos em um dos bancos daquela praça. 

O loiro tossiu um pouco ao dar a primeira lambida, preocupando o de cabelos róseos, que ainda assim não disse nada. 

Ao ver o olhar penoso de Jimin, Yoongi suspirou, parando de tomar o sorvete. — Você... Está preocupado comigo?

O outro apenas meneou a cabeça, não podia negar aquilo. Yoongi olhou para algum ponto aleatório, sem entender porque a preocupação vinda de um estranho podia ser tão reconfortante. 

— Podemos ser amigos? Meu nome é Yoongi. — Estendeu a mão e Jimin corou, o cumprimentando.

— O meu é Jimin. E você é meu primeiro amigo aqui na cidade, eu me mudei recentemente. — Explicou envergonhado e agradeceu ao destino por ser tão bom com ele às vezes. 

Yoongi sorriu fraco. — Então seremos bons amigos, Jimin. 

— Sim, mas só se você me deixar cuidar da sua garganta. — E o loiro riu alto com aquilo. Jimin era extremamente fofo, não podia negar. 

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Jimin e Yoongi se tornaram bons amigos conforme os dias se passaram, se vendo quando podiam já que Jimin estava ocupado dando aulas e Yoongi produzindo músicas, trocaram várias mensagens quando não estavam juntos. Yoongi até mesmo conseguira lhe mostrar um pouco de Seul.

O Park estava sempre preocupado com o Min, pois apesar do mais novo encher o mais velho de balinhas para garganta e sprays, a tosse do mesmo parecia nunca sumir. E só era tosse, Yoongi não tinha febre e nem nada que denunciasse uma gripe, o que de certa forma apenas lhe deixava mais preocupado.

Sabia que algo estava tremendamente errado com Yoongi, e tinha até um palpite, mas algo dentro de si não queria confirmar aquela pequena dúvida, então sempre acabava se impedindo de pensar muito sobre isso, fazendo apenas o máximo que podia para ajudar.

Yoongi parou de reclamar quando Jimin lhe oferecia pastilhas depois de alguns dias ao perceber que seria inútil, apesar de saber que elas não iriam ajudar, tinham um gosto bom e eram refrescantes. Sem dizer que o fato de Jimin demonstrar estar se preocupando consigo lhe concedia um sentimento melhor ainda.

O problema mesmo eram os sprays que Jimin parecia sempre levar junto consigo quando saíam juntos, eles tinham um gosto horrível e quando Yoongi tentava fugir deles, o mais novo lhe forçava a usá-los usando a força bruta. Para um corpo pequeno, Jimin com certeza tinha muita força.

Yoongi estava ocupado usando os hashis para pegar um pouco de sua comida depois de uma pequena crise de tosses quando viu Jimin se levantar de supetão, o que assustou-o, e se viu tentando fugir quando viu uma daquelas garrafinhas aerosol que a cada dia ficavam mais familiares para si, mas o Park fora mais rápido e quando ameaçou levantar, o mesmo se jogara em cima de si.

— Jiminnie, é sério, eu não preciso disso. — Começou, meio risonho, meio sério.

— Vamos lá, hyung, você sabe que pode ajudar.

— Mas tem um gosto péssimo. — Tentou argumentar, exatamente como uma criança faria, sentindo a mão livre de Jimin cada vez mais perto de si.

Fez um som constrangedor quando sentiu os dedos do Park lhe fazerem cócegas, tentando manter a boca fechada para que suas gargalhadas não escapassem e assim Jimin não conseguisse espirrar aquilo na sua boca. Jimin estava rindo de forma controlada, provavelmente da sua cara. Aquela cena deveria estar muito engraçada o que aumentava a vontade de rir que sentia.

Desistiu de resistir quando percebeu que estava ficando sem ar e quando abriu a boca para soltar uma gargalhada estridente sentiu o gosto ruim na língua. Viu que Jimin também tinha lágrimas nos olhos, o que lhe fez rir, ignorando o gosto ruim que tomava seu paladar.

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Era só mais um dia onde Jimin estava esperando Yoongi, seu único amigo na cidade, aparecer para jantar em sua casa. Não era como se não tivesse feito colegas em seu novo emprego, mas nada se comparava a Yoongi, ele sabia disso. Era a primeira vez que ele iria ali, e Jimin entendia de certo modo porque se sentia tão nervoso, afinal... 

Yoongi não estava muito diferente, tinha até feito a barba. Um sorriso calmo enfeitando seus lábios e há muito tempo não se sentia tão feliz e cheio com aquele sentimento diferente. 

Aos poucos, um encantamento começava a se quebrar.

— Park Jimin... — Acabou dizendo de forma involuntária ao espelho e se assustou, levando a mão até a garganta e sentindo sua voz mais... Limpa? 

Pigarreou, ainda que doesse um pouco e repetiu. — Park Jimin. 

Realmente estava mais clara. Mais o que era antes. Mais límpida e os olhos de Yoongi se encheram de lágrimas, por Deus, ele estaria livre daquilo? Park Jimin tinha sido tão bom assim com suas pastilhas e sprays de garganta?

Mas ao sair de casa para encontrá-lo, Yoongi sabia muito bem que não era isso. Não podia mentir para si mesmo, e foi por isso que comprou um buquê de flores de cerejeira no caminho. 

Estava apaixonado.

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Jimin tinha feito um prato simples e estava um pouco inseguro quando a campainha tocou, o fazendo pular onde estava.

— Já vai! — Abriu a porta com um eyesmile e encarando Yoongi. — Pensei que ia demorar mais. Ah, sim.. O que me diz de macarronada? Eu não sei se ficou bom, mas eu me esforcei assim mesmo... 

Aish, Jimin não podia escolher uma hora melhor para falar pelos cotovelos? Foi o que Yoongi pensou, mas apenas riu, pois podia sentir o nervosismo dele. O que só aumentava ainda mais o seu, já que ele estava querendo lhe agradar.

— Eu estou apaixonado por você. — Disse de uma vez, encarando dentro dos olhos de Jimin e com seu tom normal. Ainda estava na porta, parado no mesmo lugar e viu o baixinho arregalar os olhos e cobrir a boca. 

— Sua voz! Sua voz! — Ele gritou emocionado, puxando Yoongi pelo ombro que riu, o entregando o buquê. 

Jimin estava emocionado com a declaração, porém mais ainda por ele estar com a voz melhor... Yoongi estava sendo retribuído por alguém. Por si. 

Chorou, agarrando o outro que ria e tentava o acalmar e foi assim que trocaram o primeiro beijo calmo e lento, que fez ambos perderem todos os limites impostos desde a primeira vez que decidiram ser "amigos". 

Yoongi não se controlaria mais, muito menos Jimin. Ambos estavam repletos de amor um pelo outro. 

O jantar foi há muito esquecido enquanto os corpos se entrelaçaram em cima da cama. Jimin ainda era virgem e Yoongi achou aquilo adorável, tendo todo cuidado com o precioso garoto que o livrara de uma maldição. 

Juntos conseguiram chegar a um prazer mútuo, satisfatório e recheado de paixão e surpresas.

Jimin deu um risinho ao se perceber contra o peito nu de Yoongi, achando que tudo aquilo era um sonho, mas não demorou a dormir, inebriado pelo cheiro de flores de cerejeira.... 

Dia seguinte.

Jimin acordou primeiro. O dia estava muito frio! Foi o que constatou ao tentar se afastar da cama, mas o corpo quente de Yoongi contra o seu nas cobertas era tão aconchegante que pensou seriamente em faltar o trabalho naquele dia. 

Engatinhou por cima do outro, espalhando beijinhos contra seu rosto até acordá-lo, até perceber algo curioso que o fez rir muito.

Yoongi acordou com a risada melodiosa soando e coçou os olhos, se sentando na cama sem entender. 

Jimin encarava algum ponto em cima de si ainda rindo, ainda que achasse aquilo curioso demais. 

— Mochi? Do que está rindo? 

— Hyung... Nasceu uma flor de cerejeira no meio da sua cabeça... — Avisou caindo na risada novamente, era tão fofo! E Yoongi levou a mão até a florzinha, bufando ao ouvir o novo namorado cair na gargalhada. 

E assim souberam que, com aquilo, Yoongi estava livre daquele encanto. Levando como lição que nem sempre não podemos deixar de gostar do inverno, da época das flores de cerejeira, ou desistir do amor.