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História Notes (Lésbica) - Esvair-se.


Escrita por: Lesbicahfuturista

Notas do Autor


Boa noite, espero que gostem, gostaria que comentassem algo se estão gostando ou qualquer coisa.

Capítulo 36 - Esvair-se.


 

Capítulo Trigésimo Sexto.

" eu desejava sonhar
simplesmente me deitar 
dormir e sonhar 
mas há muito não sei como é 
a devida sensação
 me sentindo cada vez menos eu 
eu agora era praticamente um esforço
um esforço puído e encardido
um sonho infantil
um amontoado de decepções
não com os outros e sim comigo
a derrota andava acompanhada da insônia
por sua vez eu nunca abandonava a solidão." -V.M.

 

 

Flashback visto por Maia...
Cheguei em casa às 5 horas, depois de um plantão na clínica, após estacionar o carro entrei na cozinha fiz duas torradas e as comi com geleia, depois de um grande copo de suco eu só precisava de um banho para dormir até a tarde, confesso que algumas vezes eu chegava e não tinha forças nem para o banho.
Subi as escadas, abri a porta do quarto de Lua, a fitei por uns minutinhos zelando aquele seu sono tão gostoso sob a luz de um abajur, e depois entrei em nosso quarto escuro praticamente flutuando para não acordar Duda. Acostumada com o cômodo, calcei meus chinelos ainda no escuro e passei a mão na cama para dar um beijo na minha mulher. Me surpreendi ao não tatear seu corpo, acendi a luz do ambiente e vi que Eduarda não estava no quarto, achei estranho, já que ainda era muito cedo para ela estar desperta. 
Entrei no banheiro do quarto e a encontrei sentada no chão ao lado da banheira.
- Vida, o que você está fazendo aí nesse chão frio?
- Não consigo dormir.
- De novo? Você tomou seu chá?
- Aquela merda não adianta, Maia. Eu não durmo. - Disse alterando a voz.
- Ei, tudo bem, vamos buscar algo melhor então.
- Tudo bem, Maia? Eu nunca estive tão horrorosa em toda minha vida! Você não tá vendo? Eu me sinto ridícula, pequena, vazia. A minha cabeça nunca para. 
- Ô, minha Duda, não fala isso, você é a mulher mais forte que conheço, batalhadora, linda, corajosa. É você quem me dá forças para viver isso tudo. - Me sentei ao lado dela.
- Eu talvez fosse tudo isso, não sou mais.
- Vem tomar um banho comigo, relaxamos, deitamos em seguida, pode ser? - Disse e ela assentiu.
A banheira enchia, enquanto eu tomava uma ducha para poder entrar na água limpa e calma. Dei um banho em Duda que agora já estava em pé.
Me sentei na banheira e ela se sentou apoiando seu corpo no meu, a envolvi com meus braços.
Tentei distraí-la, mas na verdade eu estava arrasada, ver a pessoa que eu escolhi como companheira de vida nessa situação mexia muito comigo, eu queria cuidar dela durante todo tempo, gostaria de ter mais tempo para poder ficar com ela e com Anna Lua. Eu começara a me questionar sobre minhas atitudes e se de alguma forma Eduarda poderia estar afetada unicamente por elas. 
Naquele dia ela chorou um pouco, um desabafo em forma de lágrimas, tentei me lembrar de quando tudo começou, mas simplesmente não me recordei de um momento específico. Ao me deitar na cama com ela conversamos um pouco, a todo momento eu tentava falar coisas que pudessem levantar seu astral. No fundo eu já desconfiava de um início de depressão.
Eduarda finalmente dormiu enquanto eu estava acordada a mais de 38 horas e mesmo assim não consegui sequer cochilar ao seu lado. Fiquei um pouco na cama, esticar as pernas era um alívio. Perto do horário de Rafaela chegar eu desci e preparei um café da manhã em uma bandeja para Duda quando acordasse.
Passei pelo quarto de Lua mais uma vez. Quando Rafa chegou pedi a ela que evitasse ao máximo barulhos que pudessem acordar Duda. Fiz duas ligações a dois amigos para que pudessem consultar minha esposa o mais breve possível e outra ligação para o escritório dela, Du tinha a liberdade de trabalhar de casa quando quisesse, apenas em datas especiais o trabalho exclusivamente no escritório era necessário, mas avisar sua ausência era respeitoso com a equipe, então o fiz. Tomei uma lata de coca e sentei no escritório para realizar uma leitura, falhei, já que não conseguia me concentrar subi e me deitei novamente, ainda sem dormir. Quando Eduarda acordou a recebi solicita, a fiz comer um pouco.
- Liguei pro Caetano e pra Marcela, marquei suas consultas, vou te acompanhar, você vai ficar bem. - Falei.
- Não vou me consultar com ninguém. Não tem necessidade disso, Maia.
- Eu discordo, você não está bem, Duda, não é nada demais se consultar, pedir ajuda, poxa temos tantos recursos.
- Você não pode me obrigar.
- Não posso, mas também não vou passar a mão na sua cabeça pra tudo e ficar vendo você se ruir.
- Eu nunca pedi que você passasse a mão na minha cabeça, Maia.
- Por que motivos você não pode ir ver dois amigos meus? Psicólogo e psiquiatra super competentes e que vão te fazer bem?
- Se você acha que eu vou chegar e bater um papo sobre minha vida privada com duas pessoas que você julga competentes porque estudaram com você, você está enganada.
- Não funciona assim, eu sei que eles são competentes, sua vida pessoal não vai ser explanada por aí por ninguém, você conhece o protocolo, eu corri atrás disso porque quero seu bem.
- Sempre preservei minha privacidade, você sabe disso.
- Talvez esteja na hora de preservar sua saúde, sua vida, e a de quem mais te ama. - Eu disse com a voz embargada e saindo do quarto.
Eu não queria ter discutido com ela, eu tinha medo de só piorar sua situação, mas eu também não conseguia carregar todos os problemas da casa sozinha. Então, fui mexer no jardim aparando algumas plantas a fim de me distrair e tentar uma conciliação após algumas horas.
Liguei para Renata, minha confidente e não escondi nada, me sentia exausta a dias, e já andava preocupada com Eduarda a mais tempo ainda e essa situação só ia piorando, me sentia fraca e desamparada, mas não queria deixar Duda ainda mais sobrecarregada. Ao final da ligação eu já me sentia um pouco melhor, Renata me acalmou e consegui abrir meu campo de visão para correr em busca de melhorias.
Algumas horas depois entrei no quarto novamente e Duda estava sentada na poltrona lendo algum livro.
- Oi, meu amor. - Eu disse.
- Oi, Mai.
- Quer que eu peça a Rafa para dormir aí hoje e ficar com Anna Lua? Amanhã acerto com ela as horas extras.
- Não precisa.
- Mesmo?
- Primeiro você me acha louca, agora acha que não posso cuidar da minha própria filha?
- Nunca disse que você era louca, Eduarda, nunca disse que você não pode cuidar da Lua, eu tô tentando te ajudar, mas fica difícil se você vir com mil pedras pra cima de mim toda vez.

- Vai se foder, Maia, faz o que você quiser, mas primeiro vai a merda. - Disse jogando o livro em minha direção.
Já havíamos brigado feio outras vezes, mas aquele livro me acertando, aquelas palavras proferidas, isso me doeu tanto, saí do quarto e me tranquei no banheiro do corredor, e chorei um choro sentido, um choro que clamava por colo e atenção.
Me arrumei para ir ao mercado comprar algumas coisas que Lua gostava e que já estavam para acabar, mais tarde eu passaria no hospital para acompanhar um paciente. Rafaela pegou uma carona comigo na hora de ir embora e a deixei em casa. Fiz uma feira e comprei o que precisava no supermercado. Mesmo estando de folga na clínica e no hospital durante à noite eu resolvi passar para acompanhar um paciente pós operado e logo voltaria para casa. Eu estava exausta, mas estar exausta na rua ainda era melhor do que enfrentar o clima em casa.
Flashback visto por Eduarda...
Eu não estava bem, sentia isso, mas também negava ajuda, discuti com Maia a maior parte do tempo em que ela esteve comigo durante o dia. Passei dos limites quando joguei um livro em sua direção. Esfriei a cabeça e peguei Anna Lua que estava em minha cama para procurar por Maia na casa, passei por todos os ambientes da casa, ao chegar na garagem vi que seu carro não estava lá.
Então resolvi ligar para ela, precisava pedir desculpas, precisava ouvir sua voz, me mostrar arrependida e solicita. Liguei pela segunda vez e ela me atendeu, disse que estava passando no hospital e que havia comprado a pizza que eu gostava, que logo chegava. Me senti ainda mais estúpida por ter agido daquela forma com ela, falei que a amava e a pedi perdão, falei também que estava a esperando na nossa casa. Pela primeira vez no dia notei exaustão em sua voz.
Cerca de uma hora depois da ligação, já deviam ser quase dez horas da noite, um carro buzinou em frente ao portão, sorri ao pensar em Maia chegando, deixei Anninha no sofá e abri a porta da frente quando acessei o jardim vi que não era o carro dela.
- Senhora Eduarda, senhora Eduarda. - Chico um dos vigilantes do condomínio gritava.
- Oi Chico. - Cheguei mais perto do portão e o abri.
- Por favor tente ficar calma, venho te informar que a dona Maia ela sofreu um acidente com o carro aqui dentro do condomínio, o pessoal já chamou o resgate eles estão chegando aí.
- Aí meu Deus, mas o que aconteceu, Chico? Foi agora?
- Agorinha mesmo, não sabemos ainda, mas o carro dela avançou a calçada e se chocou contra uma árvore.
Me desespero ao imaginar mil possibilidades de tragédia, Chico me ajuda a entrar em casa. Ricardo, outro vigilante chega de moto informando o hospital em que Maia seria atendida. 

 

 



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