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História Nothing - 2


Escrita por: myblacktea

Notas do Autor


Olá, então, vou fazer algumas explicações.

Pretendo basear a estória em acontecimentos reais, como provavelmente já deu para perceber, mas para isso preciso esclarecer duas coisas importantíssimas. Primeiro: isso é uma FICÇÃO, ou seja, por mais que TENTE seguir uma linha histórica que existe - e também não me pertence -, as personagens, conclusões e até o próprio enredo são pura criação, portanto, nada real. E segundo: estou tentando seguir a linha temporal da banda, mas, como sou humana e meu poder de pesquisa tem limites, COM CERTEZA vou esquecer de vários acontecimentos e deixar muita coisa sem resposta.

Bem, dito isso, vamos ao segundo capítulo.

Capítulo 2 - 2


Ouviu Camila rir novamente, o dedo deslizando na tela do celular.

- O que é tão engraçado? – Lauren não tirou os olhos do livro.

- O twitter. – respondeu risonha. – Não sei se deveríamos ter mencionado o elevador naquela entrevista.

- Ainda estão falando sobre isso? – focou Camila ainda entretida no aparelho.

- É praticamente tudo o que falam o tempo todo.

Lauren nunca foi alguém que expressava os sentimentos abertamente e o contraste com a maneira bruta com que Camila mostrava os seus foi uma das confusões ao perceber não se importar.

A excitação era tão palpável ao redor de Camila, os olhos ainda não acreditando que suas caretas eram o icon de pessoas com seu nome no usuário.

- Coitados. – Ally comentou, tentando não tremer ao pintar as unhas do pé. – Se soubessem que tudo o que aconteceu foram aquelas brincadeiras idiotas.

Lauren abaixou os olhos para um parágrafo qualquer, agradecendo a inexistente possibilidade de Ally tocaria no assunto e por Dinah não estar presente. De repente a grande cama de hotel pareceu pequena demais para dividir com Camila.

Era algo muito pequeno para ser chamado de gostar, propriamente. Tentava ignorar – e conseguia –, mas não era igual aos livros em que o personagem principal simplesmente não sabe o que está acontecendo ao sentir aquele frio na barriga. Fez-se de desentendida para si mesmo pelo tempo que conseguiu, mas sabia que, eventualmente, se irritaria com a própria atitude.

Uma das primeiras coisas que notou em Camila foi seu jeito físico quando se tratava de contato. Assim que a ligeira vergonha inicial passou, ao conhecer o grupo, começou a mostrar sua maneira espaçosa, elétrica e, sobre tudo, carinhosa de ser. Nunca levantava a voz, tentando resolver as coisas na possibilidade mais descontraída possível, e sempre começava e terminava com um abraço.

Nunca se importou com seus toques, mas, a partir do momento em que percebeu as sensações que Camila causava, eles se tornaram bem menos confortáveis. Os dedos presos em seu braço e carinhos no cabelo não a faziam bem, mas precisava disfarçar e agüentar com um sorriso no rosto para não levantar surpresas.

Não podia se afastar de repente porque, primeiro: estavam em uma banda; e segundo: as pessoas falariam, pedindo explicações. E se antes já odiava perguntas, começou a odiar ainda mais ao perceber que as respostas a incomodavam.

Ás vezes fechava os olhos, obrigando-se a esquecer todos os pequenos e grandes argumentos que recitava para si mesmo, e experimentava alguns momentos de inconsciência onde sentia as singelas caricias.

Amaldiçoava sua imaginação pelas brincadeiras sem graça que uma parte sua parecia gargalhar. A sensação tão real dos lábios formigando pela lembrança daquele beijo que aconteceu somado com a expectativa de outro. A curiosidade de saber como seria sentir aquele toque em outros lugares, com diferentes intenções e circunstancias.

Essa era uma das horas em que não via problema em se permitir. A oportunidade de “ficar tudo bem” estava no sorriso de Camila e, afinal, se precisava fingir o estado de espírito alegre que não tinha, porque simplesmente não se entregar a sensação bem ali na sua frente ao invés de menti-la.

Mas a possibilidade não demorava a ser cortada pela parte conseqüente do cérebro. Seguir aquele instinto não a faria mentir menos, sendo o que estava tentando buscar, e sim mais.

Precisava se livrar dessa coisa que não pertencia a sua natureza. Se há algo que Lauren não tem é preconceito sexual, mas aquela sensação era muito impossível para ser sua.

Enterrou-se no estresse da competição para se sentir mais parte do grupo sabendo que pelo menos esse sentimento todas compartilhavam, e, para continuar se distraindo, todo dia era obrigada a colocar um pouco mais de si do que já era possível nessa parte dos pensamentos que vivia junto com as amigas.

Ally conseguiu a atenção de Camila ao começar a falar da próxima apresentação, mas não demorou muito a sair do quarto.

Elas ficavam sozinhas o tempo todo e nada parecia diferente para a mais nova.

- Laur? – despertou, piscando rápido ao encontrar os olhos castanhos. – Tudo bem?

- Sim. – estreitou os olhos tentando parecer óbvia. – Por quê?

A mais nova deu de ombros, comprando a reação.

- Ficou quieta do nada.

- Estou lendo. – ergueu o livro.

Lendo a mesma página várias vezes.

- Quer fazer alguma coisa hoje? – perguntou, voltando a deitar na cama. – Podemos chamar as meninas.

- Não sei. – aconchegou-se também. – Estou cansada.

- Também. – concordou. – É que a Dinah mandou mensagem perguntando.

Não fazia ideia de onde estava seu celular.

- Vamos ficar só nós duas. – fechou o livro, guardando na gaveta e virando de barriga para baixo.

- Quer assistir um filme?

- Não. – fechou os olhos, virando a cabeça para falar. – Coloca musica.

- Não vou levantar. – ouviu a indignação da amiga. – Coloca você.

- Camz. – pediu arrastando a vogal. – Por favor.

- Não, nem pensar. – desviou do toque quando Lauren jogou o braço sem coordenação. – Ainda por cima vai querer ficar escolhendo.

Sorriu, sentindo o colchão contra a bochecha.

Continuou assistindo as estranhas cores dançarem nas pálpebras fechadas enquanto o silencio se prolongava.

Tinha medo do que aconteceria quando a competição acabasse. Eram positivas, mas competir com Carly e Tate era quase injusto para uma banda de garotas e Simon sempre as alertou sobre a enorme possibilidade de não conseguirem.

Percebeu que não recolheu o braço quando dedos entrelaçaram aos seus.

Lauren sentiu-se ridiculamente culpada, mesmo sabendo ser impossível ter algum tipo de controle sobre sensações. Fazia o possível para editar ou ao menos formatar os sentimentos, desviando a atenção e empurrando a reflexão para o eterno futuro.

O problema maior não era gostar de Camila. O problema maior era gostar de uma menina. Aquela história de superação era muito linda e inspiradora quando vem da experiência dos outros, mas se sua situação tinha algo de arte só conseguia pensar em uma triste poesia chorada e nunca terminada.

Chegou a ler alguns depoimentos e nenhuma palavra a atingia. Não fazia sentido. Como aceitar algo que nem existe?

- Me faz uma massagem, então. – voltou a sugerir.

Riu do suspiro alto da mais nova.

- Você é uma ridícula.

Os dedos se mexeram entre os seus, mas o corpo não saiu do lugar.

Sentiu os delicados círculos que a outra mão de Camila desenhava em seu pulso. A barriga onde apoiou o braço mexia levemente com a respiração calma e, por um momento, baseou a contagem do tempo naquele movimento.

Era tão suave que talvez o tempo ficasse mais quente que os frios passos de um relógio. Era tão aconchegante que conseguiu ver o tempo como algo menos assustador. Era tão confortável que não queria abrir os olhos, já que os olhos não vêem o coração não sente e Lauren não teria do que se culpar.

- Lauren... será que isso vai dar em alguma coisa?

Precisou abrir os olhos.

Encarou o perfil preocupado de Camila. Os cabelos que não fazia questão de arrumar sem necessidade, lábios secos, ligeiras olheiras que a falta de maquiagem mostrava e os olhos concentrados no aperto das mãos.

A pergunta poderia ter vários significados, mas Lauren entendeu exatamente o que Camila queria dizer.

- Penso muito sobre isso. – admitiu.

- E acha que vamos ganhar?

Se o grupo todo estivesse aqui, já saberia a resposta.

Pensou em mentir, mas simplesmente não viu por que. O rosto inocente de Camila era a mascara perfeita para um gênio se esconder da atenção do mundo.

- Não.

Camila balançou a cabeça e Lauren soube que entendeu.

- E a gente?

Pausou novamente. Queria tentar escolher palavras melhores para a mais nova, mas não conseguia nem manter si mesmo no lugar.

Não sabia se conseguiria viver em um mundo onde seu trabalho não fosse cantar e a sensação de ter seu futuro nas mãos de pessoas que nem conhece era simplesmente assustadora.

O que aconteceria com as amizades que dedicou tanto tempo e esforço? Era tarde demais para esquecer da forma que se ensinou a achar graça das brincadeiras de Dinah, das palavras leves e macias de Ally e da parceria e força de Normani. Talvez o fato de morarem na mesma cidade era só um detalhe e não o motivo principal pelo qual não segurava grandes preocupações ao focar a imagem de Camila. Tinha certeza que as amizades não acabariam de um dia para o outro, por mais que as dificuldades geográficas aumentassem os inevitáveis espaços que se formariam, mas tudo era incerto demais para Lauren conseguir sentir alguma segurança.

A única coisa que precisava era ter um pouco de confiança nessa época onde não tinha controle algum. Uma promessa que conseguisse se segurar, um sinal de que estava no caminho certo.

- Não sei.

Assistiu Camila respirar fundo, olhando para o teto. Por um momento pensou que fosse chorar, mas a expressão continuou firme em uma preocupação calma.

- Você não sabe consolar mesmo. – balançou a cabeça negativamente.

Lauren riu fraco, assistindo o sorriso quebrar o rosto latino.

- Só quero minha massagem, na verdade.

- E eu não sei por que sempre faço o que quer. – Camila desfez o enlace das mãos e levantou na cama.

- Sabe sim. – brincou, voltando a fechar os olhos.

- É, sei mesmo. – falou ainda no mesmo tom brincalhão e Lauren quase continuou, mas Camila a interrompeu antes de começar. – Tira a blusa.

Assentiu, tirando a camiseta com rapidez para não dar tempo de hesitar e voltou a deitar na mesma posição.

Não queria tirar sua roupa na frente de Camila, mas sabia que negar só a faria mais suspeita tanto para os olhos da mais nova quanto para seus próprios. Já trocaram de roupa tantas vezes juntas, afinal de contas. Até compartilharam um banheiro onde uma escovava os dentes enquanto a outra tomava banho.

- Não vai nem ligar uma musica? – Lauren provocou e reclamou quando Camila sentou com força no final de suas costas, uma perna de cada lado do corpo.

- Não me provoque, Lauren Michelle.

As mãos apertaram os ombros com firmeza, usando todos os músculos contra sua pele.

- Sua imitação da minha mãe ta cada vez melhor. – a voz amoleceu.

- Eu sei, não é? – pareceu feliz por Lauren perceber a tentativa.

Sentiu o aperto nas omoplatas e os dedos desceram até a base das costas, deslizando pelos lados da cintura ao subir e juntar a pressão na espinha até parar na nuca.

Os suspiros e gemidos eram inevitáveis e Camila não parecia se importar, então Lauren não segurou.

Estava cansada de segurar coisas, permitindo somente o relaxamento de algumas partes quando, na verdade, precisava libertar-se inteira. Deixou-se soltar todos seus punhos fechados embaixo daquelas mãos, sabendo que, depois, Camila não pediria explicações.


Notas Finais




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