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História Nothing - 7


Escrita por: myblacktea

Capítulo 7 - 7


Estava em uma época onde dormia muito e pensava pouco.

Fechou os olhos contra o banco do carro.

Por mais que isso tenha seu lado bom, nada é cem por cento.

Sentia a legitimidade nos sentimentos quando não submetidos a analise racional profunda que antes estava acostumava fazer. Camila a fazia tão bem. Os sorrisos, palavras, carinhos e sensação de ser seu primeiro contato com esse tipo de relação faziam Lauren sentir-se única. Os braços ao seu redor na cama era o incentivo para afastar cada vez mais as conclusões precipitadas, até porque tinha as corretas bem a frente.

Mas não podia evitar, ás vezes, sentir falta de uma parte de si. Era como se não tivesse sendo totalmente Lauren ao ignorar esse lado que sempre existiu e hoje em dia a deixava louca.

- Então... – ouviu a voz do pai, abrindo os olhos. – Camila, hm.

Franziu o cenho, virando-se para focar o homem que coçava a barba desenhada com uma mão enquanto a outra se ocupava no volante.

- Sim? – tentou.

- Gosto dela. – deu de ombros com simplicidade, mas o assunto estava estranho demais para acabar ai.

- É... ela é legal.

- Sim – pareceu mais animado que o normal. –, e uma querida.

Lauren deixou o silencio quase entendedor encher o carro por um momento. Não tinha memória de um momento desconfortável com pai e a liberdade que construíram afastou o pesar antes de dominar.

- Onde quer chegar? – precisava ter certeza.

- Acho que sabe. – respondeu.

Lauren sentiu-se como se conversasse consigo mesmo, percebendo que seu jeito subjetivo podia realmente ser irritante.

Afastou o olhar para a janela.

Poderia ter aprendido com o pai, mas isso não a fazia responder a pergunta não feita com menos dificuldade.

- Então? – Mike chamou novamente ao perceber que a tendência do silencio era se prolongar.

- Pode realmente perguntar algo mais especifico? – pediu.

- Tem alguma coisa acontecendo entre vocês duas? – pareceu tranqüilo, a voz macia e terna representando o discurso preparatório que os pais mais tradicionais dariam antes de propriamente questionar.

De repente Lauren percebeu que já estaria na casa de Camila se o pai não estivesse segurando a velocidade no limite mínimo necessário para não pagar multa. Estariam parados se Mike não entendesse que Lauren precisava da sensação de movimento.

- Lauren... nunca guardamos segredos. – lembrou.

- Sabe que não preciso responder. – justificou. – Você já sabe.

Todo mundo parece saber – afastou a sensação ruim que a conclusão a trazia.

Estava cada vez mais difícil segurar-se na parte brincadeira da situação.

- Estou preocupado contigo. – escutou o pai admitir.

- Não precisa.

- Te conheço, Lauren. – explicou, ignorando sua resposta automática. – Costumávamos conversar sobre tudo e de repente você tenta guardar um segredo desse... algo precisa estar errado.

- Não pode saber se realmente tem algo errado se não me perguntar.

- Mas se eu perguntar, você não vai me responder. – contrapôs. – Não conseguiu nem confirmar algo que eu já sabia.

Continuou calada, fugindo das tentativas de contato visual.

- E não estou falando sobre sexualidade. – continuou. – Sabe que não me importo se você for...

- Não sou. – interrompeu. – Camila é uma estranha exceção na regra.

- Então realmente gosta dela?

- Pai, por favor... – fechou os olhos com pesar.

A intenção de Michael não era pressionar, principalmente entendendo que a filha mais velha só aceitaria uma conversa sobre os próprios possíveis problemas quando ela mesmo começá-la, mas Lauren também não o culpava por tentar atender a necessidade de acalmar a apreensão.

- Mas me contaria se perdesse a virgindade, certo? – Lauren finalmente virou-se para o homem. – Temos um acordo, lembra?

- Eu tinha doze anos! – justificou. – Nada que alguém diga nessa idade é digno de validade.

- Ah, é sim. – respondeu. – Nem vem com seu discurso pra cima de mim.

Michael sabia que a filha não se abalava com tópicos como sexo, afinal ela mesmo já tocou no assunto mais vezes que ele, então sua reação queria dizer algo.

Lauren riu, achando – talvez por não sentir abalo no nível de confiança e liberdade – a possibilidade de transar com Camila mais engraçada que a situação de agora.

- Duvido até que ela pense em sexo, pai. – admitiu e Mike ampliou o sorriso por conseguir pelo menos uma confissão na conversa.

- E você pensa? – riu do olhar tedioso da garota, sabendo que o silencio era uma confirmação até maior que uma resposta falada. – Pode me chamar de careta e sabe que não vou te julgar nem nada, mas a primeira vez é algo importante pra minha geração.

- Pai, fica tranqüilo, eu sou virgem. – certificou.

- E até quando planeja ser?

- Quer data, horário e local? – ironizou.

- E o numero de identidade da pessoa. – continuou a brincadeira, parando na frente da casa.

Lauren riu, soltando o cinto e esticando-se para beijar a bochecha do pai.

- Sabe que vou contar quando acontecer. – respondeu.

- Eu sei. – acariciou os cabelos castanhos, focando aqueles olhos verdes. – Divirta-se.

 

As unhas acariciando seu coro cabeludo foi sua primeira percepção consciente.

Como ela sempre acordava primeiro?

Depois de finalmente conseguir entediar Sofia, que parecia muito confortável agarrada à perna de Camila, começaram uma conversa chorosa com o restante do grupo.

Ally e Normani eram as que mais tinham novidades, enquanto Lauren e Camila escutavam e Dinah dividia a atenção entre o celular e a câmera do computador.

Quando ficou tarde demais para continuar falando alto, acabaram o chat com beijos e abraços que despertaram ainda mais a saudade crescente no peito de Lauren.

Começaram a conversar sobre o futuro, o assunto evoluindo progressivamente sem uma ordem precisa, e terminaram com a Lauren dissertando sobre o absurdo que é pagar para viver.

Camila a assistiu formar a linha de raciocínio com o que parecia ser a maior facilidade do mundo, uma coisa justificando a outra ao se encaixarem. Pagar para ter direitos básicos de sobrevivência como comida e abrigo. Precisar comprar uma propriedade, se quiser ter um lugar para chamar de casa e como seu nome completo escrito em uma folha de papel carimbada conseguia legitimar muito mais do que uma vida de experiência.

Começou a deixar espaços para Camila complementar e a mais nova, por mais hesitante que estivesse no inicio, só percebeu o que realmente acontecia quando já estava no meio do próprio monólogo.

Lauren abriu os olhos para o rosto sonolento e distraído da mais nova.

- Bom dia, planeta olhos verdes ataca. – sorriu ao focar o brilho apertado das esmeraldas sensíveis pela luz.

- Que horas são? – a voz soou ainda mais rouca.

- Não sei. – respondeu. – Também acordei agora pouco.

Respirou fundo, o cheio dos lençóis lavados e o perfume de Camila ativando uma espécie de botão instantâneo de bom humor.

A guarda ainda baixa do cérebro adormecido permitiu tanta intensidade para a onda que entrou junto com o ar em seus pulmões, que seus olhos lagrimejaram involuntariamente ao soltar uma gargalhada no meio na necessidade espaçosa de se espreguiçar.

- O que? – Camila perguntou, já rindo junto.

Sua intenção era responder depois que a tensão nos músculos passasse, mas percebeu não ter resposta e afundou a cabeça no travesseiro.

- Lauren – ouviu s silabas de seu nome sendo arrastadas e riu ainda mais com a testa de Camila batendo contra sua bochecha. –, me conta.

- Nada, sua idiota. – sou sincera, virando o rosto amassado.

- Aposto que era uma piada ruim. – aceitou, fingindo ser boa demais para o real motivo.

- Uma das que você conta, inclusive.

A boca de Camila se abriu, ofendida.

- Você ri! – apontou.

- Por pena. – respondeu óbvia. – Tenho dó.

- Acho que vou pra cidade de Dinah nas próximas férias e deixar você sozinha.

- Vai. – deu de ombros. – Lá ninguém vai rir das suas piadas.

Lauren jogou a mão no rosto da Camila, que desistiu de continuar a cena.

Mais alguns assuntos sem sentido se formaram até finalmente decidirem passar o dia fora.

Camila foi avisar a mãe que não precisaria cozinhar e Lauren abriu o notebook, acordando a tela por estar ligado desde ontem.

Clicou no ícone do navegador e a tela branca com letras pequenas atrapalhou ainda mais seu cérebro enferrujado.

Estava pronta para ignorar a página salva, seguindo o plano de abrir uma nova aba para checar os horários do cinema, mas seu nome no começo de um dos vários parágrafos a fez estreitar os olhos.

“Para Lauren, era só mais uma festa. Seus olhos escanearam o ambiente pensando qual das garotas escolheria para um amasso. Já havia ficado com algumas garotas, sempre em festas, sempre bêbada, sempre alegando ser só por diversão ou negando lembrar-se de algo na manhã seguinte. Seus amigos pensavam que era mente aberta e causalmente beijar garotas não era nada preocupante. Porém, secretamente, Lauren amava a sensação de seus rostos delicados e lábios macios contra sua pele.”

Pulou o restante do parágrafo, assustada e impaciente até focar o outro nome conhecido.

“Lauren, que ansiava pelo gosto dos lábios de Camila, decidiu que não havia muito espaço para conversa enquanto agarrava o copo das mãos de uma menina mais nova.

- Oi, meu nome é Lauren e o seu Camila. Estamos nessa festa e agora você é a coisa mais bonita daqui.”

Lauren já havia entendido o que estava acontecendo.

“Um simples selinho transformou-se em uma batalha de línguas, com Lauren obviamente ganhando a guerra.”

O fato de “Camren” realmente estar, de alguma forma, acontecendo, deixava as brincadeiras dos fãs um pouco desconfortáveis demais para Lauren, mas eram o que eram: simples suposições sem prova alguma; e isso a consolava. Pronunciar-se descontraída sobre o assunto era uma das várias maneiras de fingir não se afetar, mas saber da existência de fanfictions a atingiu de uma forma que não deveria. Mas estava – e provavelmente estaria por um bom tempo – sem palavras ao descobrir que Camila as lia.

“Mas seu corpo estava fundido no de Lauren, enquanto Lauren delicadamente segurava Camila em seus braços, quando se separaram por alguns breves segundos antes de voltarem o contato e Lauren sorriu dentro do beijo, Camila se sentiu dentro de uma bolha e, pelo menos por uma vez, sentiu-se segura.”

- Minha mãe disse que leva, se precisarmos. – Lauren pulou quando Camila entrou no quarto. – O que foi?

Tentou sorrir para o ar cômico da amiga, mas a tensão tornou os movimentos difíceis.

- Lauren? – a mais nova voltou a perguntar, o tom mais preocupado.

- Me assustou. – respondeu rapidamente sem dar espaço para mais questões, colocando a mão sobre o coração.

- Desculpa. – Camila pediu sorrindo e Lauren fechou a página ao senti-la se aproximando. – Viu os horários?

- Não, acabei me distraindo. – abriu uma nova janela, digitando o começo do site.

- Por todo esse tempo?

- Vai me julgar agora? – ergueu uma sobrancelha, tentando parecer normal. – Você que demorou dois séculos pra voltar.

- Mas eu tive que descer e subir as escadas – estalou os dedos. – e você só tinha que ligar o computador.

São simples estórias. Fãs fazem isso desde sempre. – repetia em sua cabeça.

Mas eram estórias sobre ela.


Notas Finais


Trechos da fanfic If They Only Knew


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