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História Nothing Really Matters, Anyway The Wind Blows - (Scorose) - It's Always Darkest Before The Dawn


Escrita por: SrtaSchreave17

Notas do Autor


Hey people! Boa noite! Desculpem a demora! Eu não estou muito bem nos últimos dias e pra completar minhas aulas começaram, então nos dias que estava bem tinha que estar estudando, por isso o atraso. Mas está aí o cap e espero que gostem.
Obrigada pela paciência de esperar e por acompanharem essa história.

Boa leitura!

Capítulo 54 - It's Always Darkest Before The Dawn


É difícil para dançar com o diabo nas costas

E se tivesse metade das chances

Faria tudo de novo

É um bom romance, mas ele me deixou tão desolada

É sempre mais escuro antes do amanhecer

- Shake It Out,  Florence and The Machine

 

Você já teve um sonho muito bom? Daqueles que nem dá vontade de acordar? Que enquanto você está sonhando bate aquela angústia lá no fundo do peito só de pensar em ficar longe de tudo aquilo? Geralmente você acorda, vê que tudo foi um sonho, uma ilusão, e que nunca mais vai ver coisa parecida. Então tenta se conformar e aceita a derrota.

Na maior parte das vezes é isso o que acontece: Tudo se esvai.

E eu confesso que me surpreendi ao perceber que aquilo tudo não era um sonho. Levou um tempo para, como dizem os trouxas, a ficha cair. E quando finalmente aconteceu, eu ainda achava que estava sonhando. Mas tinha a plena certeza de que um dia havia amado, e ainda amava, no presente do indicativo e com todas as minhas forças, Scorpius Malfoy

Quando desci as escadarias em direção ao Salão Principal, no dia seguinte ao meu desmaio, admito que não pude controlar um sorriso ao ver Scorpius na porta do Salão e perceber que ele estava me esperando.

- Oi, bom dia. – seu sorriso se abriu daquele jeito torto que eu descobri que só ele sabia fazer. – Dormiu bem? – perguntou quando eu me aproximei o suficiente.

- Sim. – assenti. – Mas nada de lembranças. – informei. – Então... É... Está tudo na mesma.

- Tudo bem, não tem problema. – ele diminuiu o espaço que havia entre nós e percebi que seus olhos se fixarem nos meus lábios e eu, por algum motivo aparentemente incontrolável, estava fazendo o mesmo. Quando ele me beijou, apesar de ter durado pouco tempo, senti como se uma nuvem de borboletas houvesse levantado voo no meu estômago. E quando nos separamos todo aquele encanto ainda parecia estar presente nos olhos dele, que assumiram um tom quase prateado.

Percebi que eu devia estar olhando para ele com uma expressão quase boba e ridícula, então minhas bochechas coraram no mesmo instante e meu rosto aquiesceu, o que me fez encarar meus próprios pés.

Vi Scorpius soltar uma risadinha e em seguida seus lábios estavam colados no alto do meu cabelo num gesto que eu achei particularmente fofo.

- É, voltamos ao início. – ele sorriu quando eu voltei a encará-lo.

- Desculpa eu ainda... – não conseguia terminar a frase. Ainda me sentia relativamente tímida com ele. Cada gesto, como o que havia acabado de ocorrer, me fazia corar de vergonha.

- Não se preocupe. Prometo que vamos devagar. – ele segurou minha mão. – Vem, vamos tomar café.

Entramos juntos no Salão Principal e as pessoas pareceram nos seguir com os olhos ao passarmos.

- Senta comigo hoje? – Scorpius pediu se inclinando levemente para falar comigo.

- Não acho uma boa ideia. A Sonserina não costuma ter relações muito boas com a Grifinória... – fiz uma careta. – Você sabe.

- Ah não. Vai por mim: isso está totalmente superado. Pelo menos para nós dois. Eles não vão ligar. Pode ficar tranquila. – apertou minha mão levemente.

- Se você diz... – dei de ombros enquanto tomávamos o rumo da mesa da Sonserina.

E de fato, por algum motivo que eu achava bem estranho, ninguém implicou por eu estar lá.

Alguns colegas de Scorpius até sorriram para mim e perguntaram como eu estava. Mas com certeza Alexis foi quem se mostrou mais animada em me ver ali.

- Ah, eu não acredito! – ela me abraçou por trás colando o rosto no meu com força. – Que gracinha, vocês estão juntinhos de novo! – e agarrou o pescoço de Scorpius puxando para perto e nos abraçando com bastante força. – Que lindos!

- Ah, obrigada Alexis. Mas pode nos soltar agora... Nem eu nem a Rose queremos ser asfixiados. – Scorpius disse sutilmente.

- Está bem! Só queria dizer que estou feliz de ver a Rose aqui com a gente. – ela beliscou minha bochecha com carinho.

- Obrigada. – sorri para ela agradecendo.

- Agora só falta certas pessoas pararem com as briguinhas bobas... – ela olhou sugestivamente para Alvo, que havia acabado de chegar, enquanto se sentava ao meu lado.

- Já fizeram as pazes? – Scorpius perguntou quando ele se sentou.

- Não. – ele disse com um muxoxo, arrancando um naco de pão de uma baguete.

- E está esperando o que? – Scorpius insistiu.

- Você calar a boca. – ele disse mal humorado – Me passe o suco de abóbora.

Scorpius revirou os olhos e entregou a jarra ao amigo.

- O que acontece – Alvo se serviu em um cálice – é que ela está me evitando. Ela conhece os meus horários e está fazendo de tudo para não topar comigo por aí.

- Se isso ajuda, - Alexis disse – tem um passeio pra Hogsmead hoje. – piscou – Por que não vai atrás dela e faz as pazes? Eu e a Rose podemos convencê-la a ir e depois você finge que se encontraram lá por acaso. Não é Rose? – ela olhou para mim.

- Claro. Eu adoraria ajudar. – me prontifiquei. – Se você estiver disposto, é claro.

Alvo mal abrira a boca e Alexis já havia dado o veredicto.

- É claro que ele está disposto. Eles não vão ficar brigados pra sempre. – disse imediatamente.

***

Então depois do café Alexis e eu descemos aos jardins, porque ela disse que era lá que Sophie provavelmente estaria já que fazia uma linda manhã de sol. O plano era convencê-la a sair do castelo e ir até Hogsmead para se encontrar com Alvo enquanto os meninos esperavam do lado de dentro.

E Alexis havia acertado. Ela estava sentada na grama lendo distraidamente um livro de capa azul embaixo de uma árvore.

- Oi. – sorri ao me sentar ao lado dela na grama.

- Rose... Alexis... – ela nos olhou surpresa, mas logo abriu um sorriso. – Como você está?

- Ótima. – garanti. – E você?

- É... bem. – ela deu ombros, mas não parecia estar tão bem.

- Mentira. – Alexis a encarou erguendo uma sobrancelha. – A sua cara péssima está te denunciando.

Sophie revirou os olhos e a encarou.

- Já te disseram que ser sincera demais magoa?

- Já. – ela assentiu. – Mas sou sua amiga. Ser sincera com você não vai te magoar.

Sophie apenas suspirou.

- Ahn... Eu estava pensando... – comecei, fazendo-a se voltar para mim. – Preciso ir à Hogsmead comprar algumas coisas. Alexis e Scorpius também. Só estamos esperando ele voltar da biblioteca e queríamos saber se não quer ir conosco. Sabe... Dar uma volta, se distrair um pouco.

- Não, Rose. Obrigada. Prefiro ficar aqui e ler o meu livro. – ela balançou o livro.

- Ler? Sai dessa! Nós já estudamos a semana inteira! – Alexis disse – Aposto que passou a manhã aí e nem sabe que Rose e Scorpius voltaram!

- Voltaram? – Sophie sorriu animada para mim, ao mesmo tempo surpresa e contente. – Tipo, como antes?

- É... Acho que sim! – suspirei sem segurar um sorriso.

- Acha que sim? – Alexis me olhou incrédula – Vocês estavam se beijando na porta do Salão Principal há poucos minutos e você só acha que sim? É melhor redefinir seus conceitos, amiga!

- Ai, Alexis, não implica. – Sophie revirou os olhos. Mas então se virou depressa para mim – Mas conta: como foi? Depois daquele super beijo depois do jogo, que todo mundo comentou, aposto como foi fácil!

- Bem realmente... Foi assim que eu acordei do desmaio. – expliquei enquanto elas me olhavam apreensivas, aguardando cada detalhe – Ele estava lá na ala hospitalar e eu contei sobre a lembrança que tinha tido quando desmaiei. Então ele começou a me contar várias coisas super fofas sobre a memória, a respeito do que tinha acontecido nas entrelinhas, e... – suspirei – Ele me mostrou um lado tão especial de tudo aquilo. Que eu entendi ser completamente verdadeiro e pude realmente sentir e entender o que ele estava falando porque eu tinha vivido aquilo também, sabe? E pela primeira vez uma lembrança pareceu ter um sentido completo.

- Ah, isso é tão lindo... – Sophie me abraçou de lado. – E como você se sentiu? Em relação a vocês dois?

- Eu soube que eu não precisava de mais nada pra saber que tudo tinha sido real. E também... – sorri para ela – pra fazer ser real de novo.

- Own, Rose... Vocês estão juntos de novo! – Sophie me encarou emocionada. – Era tão triste ver vocês dois longe um do outro. Nem parecia ser vocês. Scorpius estava sofrendo tanto...

- É, agora só falta você e o Alvo. – Alexis a encarou.

- Não me fale dele! – ela disse depressa. – Ainda estou morrendo de raiva. E ainda por cima a McGonagall me mandou limpar uma seção inteira da biblioteca como castigo! Tive que tomar poção pra alergia!

- Olha, ele foi realmente um idiota. – falei colocando a mão sobre sua perna – Mas dê uma chance a ele. Você ainda o ama, não é mesmo?

- Apesar dele ser um idiota... – ela baixou os olhos para o próprio colo. – É... Eu o amo sim. Mas eu não vou pedir desculpas. – acrescentou rapidamente. – É ele quem tem que fazer isso.

- Ai dele se não fizer e te deixar magoada assim. – Alexis disse. – Eu mesma vou cuidar de me vingar por você.

Olhei confusa para ela. Ela estava tentando ajudar ou atrapalhar?

Alexis me encarou como se disse: Eu sei o que estou fazendo. Pode deixar.

- Mas e então? Você vai ou não conosco? Pelo jeito o Scorpius já está até vindo aí... – ela olhou em direção ao castelo e, de fato, Scorpius vinha em nossa direção.

- E então? Vamos? – perguntou ao chegar perto o suficiente.

Eu e Alexis encaramos Sophie.

- Tudo bem. – ela suspirou – Vocês não vão me deixar em paz mesmo.

- Que bom que sabe! – Alexis sorriu para ela antes de se levantar.

Scorpius esticou para mim me ajudando a levantar e não a soltou até chegarmos ao povoado.

***

Enrolamos Sophie dizendo que iríamos à Gemialidades Weasley comprar alguns doces e ver alguns lançamentos da loja, o que, é claro, era mentira. Apenas um pretexto para “acidentalmente” nos encontrarmos com Alvo por lá.

- Nossa... Isso aqui está sempre tão cheio. – a ouvi comentar enquanto atravessávamos aquele mar de gente até uma parte menos lotada, que era onde, eu consegui ver de longe, Alvo nos esperava.

Ele tratou de agarrar um objeto qualquer e fingir estar distraído com ele. Então se virou de repente como se só naquele momento tivesse nos visto.

- Ah, oi pessoal. Achei que não viriam. – ele fingiu estar surpreso ao nos ver.

- Pois é... Decidimos de última hora. Foi mal não ter avisado. – Alexis sorriu cinicamente.

- Eu não acredito... Mas é claro! – Sophie suspirou olhando para Alvo e balançando a cabeça. Então se voltou para nós – Vocês armaram isso, não é?

- Nós? – Scorpius fingiu estar ofendido. – Imagine.

- Armar não é do nosso feitio. – Alexis disse.

- Ahn... Rose, - Scorpius segurou minha mão rapidamente – por que não vamos até ali?

- Claro, estou precisando de algumas penas de açúcar! – saímos depressa tentando deixar os dois a sós e Sophie não ter para onde correr, mas ela conseguiu agarrar o braço de Alexis e fazê-la ficar. Mas ela logo tratou de se desvencilhar e arrumar uma desculpa de que precisava e ir.

- Vocês tem que fazer isso! Depois vai me agradecer! – gritou para ela antes de unir-se a nós. – Espero que eles não se matem. – suspirou parando ao meu lado e observando os dois começarem uma pequena discussão onde havíamos deixado os dois.

- Espero que ela não nos mate. – a corrigi.

- Alexis? – alguém a chamou atrás de nós. Me virei bem a tempo de ver Sebastian Button, o grifinório do nosso ano, encarando-a.

Scorpius, pelo que pareceu quase instinto, se interpôs entre os dois como se quisesse afastá-lo de Alexis.

- Eu não quero brigar Malfoy. – Sebastian disse imediatamente, antes que Scorpius dissesse qualquer coisa – Só conversar. – ele se virou para ela. – Por favor.

Scorpius e Alexis trocaram um olhar.

- Tudo bem. – ela disse fazendo com que a postura de ambos os garotos relaxassem.

- Quer que eu... – Scorpius começou a dizer.

- Não, eu estou bem. Sei me virar. Obrigada. – ela garantiu.

Não entendi bem o que estava acontecendo ali. Scorpius apenas voltou ao meu lado e me encarou.

- Vamos sair daqui. – ele colocou a mão sobre o meu ombro, me conduzindo ao em direção ao exterior da loja.

- Não entendi. O que aconteceu? – falei quando já estávamos do lado de fora.

- Nem eu entendi. – ele disse. – Alexis é louca. Ela e Sebastian tinham um romance. – explicou. – Mas parece que ele sempre cometia algumas faltas. Então houve um mal entendido no Profeta e publicaram uma foto minha com ela. Todos acharam que éramos namorados, inclusive ele. E veio tirar satisfação comigo. Então eles brigaram feio e deram um ponto final em tudo. Pelo menos até agora. Não sei porque Alexis aceitou conversar com esse cara. Ele é um idiota!

- Simples. – falei embora não conhecesse a historia toda – Ela ainda gosta dele.

- Será? – ele ergueu uma sobrancelha, duvidoso.

- Claro. Quem ama alguém não desiste, Scorpius. Não vê Alvo e Sophie? No fundo sabemos que eles querem ficar juntos. E pra isso acontecer vão ter que abdicar o próprio orgulho.

- É... Você tem razão. – ele sorriu para mim. – Bem, a missão cupido já está encaminhada. Que tal irmos ao Três Vassouras agora? – perguntou estendendo a mão para mim.

- Claro. – sorri segurando a mão dele.

Era uma sensação ótima tê-lo por perto daquele jeito. Ele exalava uma aura protetora que me fazia sentir com uma enorme paz interior. Além de toda aquela gentileza e carinho que me deixava quase flutuando.

Quando chegamos ao bar Scorpius foi logo pedindo cervejas amanteigadas para nós dois e nos sentamos numa mesa ao fundo para esperar o pedido.

- Está se sentindo bem? – ele perguntou me olhando preocupado.

- Estou sim Scorpius. Não se preocupe. Eu provavelmente não vou desmaiar hoje. – respondi fazendo-o rir.

- Que bom. – acariciou minha mão.

- Senhor, senhorita. – o garçom depositou nossas cervejas sobre a mesa.

- Obrigada. – agradeci enquanto o homem se afastava.

- Ei, olha só quem está vindo ali. – Scorpius sussurrou apontando a porta com o queixo.

Sophie e Alvo vinham caminhando para dentro do bar. Ambos ostentavam uma expressão bastante séria e não estavam tão próximos um do outro. Se aproximaram de uma mesa um pouco distante da nossa e Alvo puxou uma cadeira para que ela se sentasse, mas Sophie pareceu ignorá-lo, pois puxou uma para si mesma e em seguida se sentou com os braços cruzados parecendo magoada.

- Acho que eles vão conversar. – Scorpius disse.

- Espero que se acertem. – falei.

- Vamos ficar e ver o que vai acontecer? – ele pediu minha opinião – Se eles tentarem se matar estaremos aqui.

- Tudo bem. – concordei.

Os dois estavam bem de costas para nós por isso não nos viram. Eu e Scorpius observávamos apreensivos enquanto bebíamos nossas cervejas amanteigadas.

Os dois conversaram por um tempo. Sophie gesticulando bastante e Alvo na maioria das vezes só assentia.

Ouvi Scorpius arrastar a cadeira ao meu lado e se aproximar mais de mim, passando o braço pelas minhas costas em seguida.

- Ele está pedindo desculpas, – comentou baixinho – mas está sofrendo bastante pra admitir que está errado.

- Será? – perguntei.

- Eu conheço o Alvo muito bem. – ele disse com convicção.

- Eu também. Sou prima dele.

- Mas quando ele está em Hogwarts é diferente. O Alvo tem uma vontade enorme de se provar. – ele explicou – Estar na Sonserina ajuda. Acho que é por conta do nome que ele carrega. Imagino como deve ser o peso de ser o filho do Eleito.

- É... Nunca foi fácil. – suspirei. Entendia bem o que ele estava dizendo – Pra todos nós. Sempre tínhamos os rostos nos jornais, fizéssemos bem ou mal. O mundo sempre estava prestando atenção em nós de alguma maneira. – voltei a observar Alvo e Sophie – Será que eles vão se reconciliar?

- Ah, vão sim. Eles sempre acabam se entendendo. Não se preocupe. – ele acariciou minha mão sobre a mesa distraidamente.

- Eu conheci os seus pais. – contei – Aquele dia. No jogo.

- Mesmo? – ele se surpreendeu – E como foi?

- Ah, eles foram legais. E a sua mãe é muito bonita.

- É, ela é mesmo. – ele sorriu.

- O seu pai é um pouco sério, não é?

- É sim. Ele te tratou bem? – ele perguntou rapidamente.

- Sim. Por que não trataria? – estranhei a pergunta dele.

- Por nada. – ele balançou a cabeça – É só que durante muito tempo meu pai foi um pouco frio. Principalmente por conta do meu avô. Aposto que você já deve ter ouvido historias meio ruins sobre a minha família...

- É algumas... – confirmei.

- Mas ele está melhorando. Mudou  muito depois que se casou com a minha mãe. E também tem se esforçado bastante ultimamente. Eles até vão se mudar da casa dos meus avós. Compraram uma casa e estão reformando. Eles querem que você passe uns dias conosco no verão.

- Eu vou adorar. – sorri. – Os seus pais realmente me pareceram ser pessoas bem legais.

- Que bom. – ele apertou minha mão carinhosamente.

- Queria te perguntar algo... – falei devagar.

- O que quiser. – seu polegar acariciava as costas da minha mão.

- Não é nada demais – coloquei uma mexa de cabelo atrás da orelha - É só que... Eu e as meninas estávamos conversando um dia desses e entramos em assuntos sobre futuro, planos e essas coisas...  E eu queria saber...– suspirei antes de continuar – Nós... Fizemos planos? – o encarei – Quer dizer, eu e você, nós estávamos planejamos algo juntos?

- Bem, algumas coisas... – ele sorriu me encarando docemente – A curto e a longo prazo. Por exemplo: tínhamos uma viagem planejada para Bournemouth no verão. Foi seu presente de natal pra mim.’

- Bournemouth? Eu amo aquele lugar! – não pude deixar de sorrir.

- Não sei se você estava planejando especificamente. Mas acho que seria no seu aniversário. Seu avô liberou o chalé então... Deveria ser algo especial.

Droga! Será que eu havia planejado algo especial para nós dois? Eu não me lembrava de nada! Nunca odiei tanto minha falta de memória como naquele momento.

- E a longo prazo? – perguntei.

- Bem... – ele sorriu – Você estava falando bastante sobre seguir a carreira de poções. A Academia de York...

- ... sempre foi o meu sonho. – completei – Sim. E o que eu te disse exatamente sobre isso?

- Olha, não planejamos nada especifico. E você nem chegou a decidir firmemente, era a sua principal opção e se te conheço, acho que ainda é... – ele tocou o meu queixo me fazendo sorrir. Então me encarou, fitando os meus olhos de maneira pensativa – Quanto a nós dois, acho que sempre houve um consenso de que não gostaríamos de nos separar depois de Hogwarts. Chegamos a pensar, por algumas vezes, como seria bom se ficássemos juntos. – ele entrelaçou nossos dedos e pela primeira vez eu o vi corar levemente. – Como uma família.

- Como eu queria me lembrar disso... – suspirei frustrada e ao mesmo tempo feliz por termos, em algum momento, pensado em algo como aquilo – Não sabe como eu me sinto péssima.

- Sei. – ele acariciou minha mão – Sei sim. Eu entendo.

- Isso não te deixa irritado? – franzia testa para ele soltando nossas mãos.

- Profundamente. – ele disse imediatamente – Quando eu puser as mãos em quem fez isso com você, Rose... - cerrou os punhos, suspirando. – Eu acho que vou ser capaz de matar a pessoa.

Fiquei em silêncio absorvendo as palavras dele. Eu entendia a raiva de Scorpius. Era a mesma que rugia dentro do meu peito nas tantas vezes em que eu me sentia frustrada.

Observei Alvo e Sophie distraidamente de longe. Ele parecia lhe falar algo. Tocou o braço dela e o que disse a fez abaixar a cabeça. Ela pareceu suspirar antes de responder.  Alvo pareceu insistir e arrastou a cadeira chegando mais perto dela, dizendo mais alguma coisa que a fez rir.

- Agora eles se acertam. – Scorpius sussurrou para mim.

E para concretizar o que ele havia dito, Sophie jogou os braços ao redor do pescoço de Alvo e os dois começaram a se beijar.

- Eu disse. – Scorpius sorriu. – Mas aposto um galeão que ele teve que prometer algo extremamente difícil de se cumprir para ela. E que no próximo jogo da Corvinal eles vão brigar de novo.

- Ah, por de apostar. - nós dois rimos.

***

Passamos o resto da tarde comemorando a reconciliação de Alvo e Sophie e implicando com eles. Quando chegamos ao castelo o sol estava quase se pondo. E mal havíamos posto os pés no hall, demos de cara com minha mãe e mais dois bruxos do Ministério.

- Ah, ótimo! Achei vocês, crianças. – ela pareceu aliviada ao nos ver. – Temos uma reunião sobre o Torneio agora e preciso de vocês três juntos na câmara atrás do salão. O campeão e a equipe. Vamos rápido, por favor!

- Tudo bem. – Scorpius assentiu.

- Erquemboure, acompanhe-os, por favor. – ela pediu a um bruxo de barba negra muito bem aparada. – Durmstrang deve estar quase chegando. Vou esperar o Sr. Petrovich aqui.

- Te vejo depois. – Alvo se despediu de Sophie com um beijo.

- Sigam-me. – Erquemboure fez um sinal com as mãos e nós o acompanhamos.

O Salão estava praticamente vazio porque ainda não era a hora do jantar. Passamos pela mesa das casas e pela mesa dos professores até chegarmos a uma porta de madeira que levava à uma câmara não muito iluminada que ficava a um nível mais baixo que o do salão.

Três alunos de Beauxbatons estavam parados perto da lareira enquanto uma mulher loira e muito elegante que provavelmente era da delegação deles conversava com a professora McGonagall e outro bruxo que eu reconheci como sendo Carew Fox, chefe do Departamento de Jogos e esportes mágicos.

Scorpius ficou de frente para mim e de costas para eles.

- Aqueles três, ali – disse baixinho mexendo as sobrancelhas em direção ao grupo a frente da lareira – são de Beauxbatons. A morena é Margot. É a campeã. E os outros dois são gêmeos, Aldo e Adelle. Equipe de apoio dela. E a loira conversando com a McGonagall é Antonella Pommepuy, a diretora deles. E o outro é o senhor Fox, chefe do Departamento de Jogos e esportes mágicos.

- Ele eu conheço. – assenti – Das festas dos ministérios. Sempre consegue entradas para os jogos do Chuddle Cannons para o meu pai.

- E aqueles ali – Alvo se aproximou sussurrando ao mesmo tempo em que outro grupo de quatro pessoas entrava na sala – são de Durmstrang. Os dois mais na frente são os Petrovich, pai e filho. E outros da equipe de apoio. O Sr. Petrovich é o pai da namorada do Tiago.

- Que coincidência... – me surpreendi.

- Pois é. Mas é um grande idiota. – Alvo expressou seu descontentamento - Eu não gosto dele.

- Bem, acho que estão todos aqui. – minha mãe entrou na sala e fechou a porta atrás de si. – Podemos começar, Engham.

- Tudo bem. – Erquemboure se dirigiu ao centro da sala e todos se aproximaram formando um circulo em volta dele. Scorpius e Alvo estavam cada um do meu lado. – Como todos sabem, é claro, estamos nos encaminhando para a Terceira Tarefa. O Sr. Malfoy segue na frente com o primeiro lugar, totalizando 150 pontos. O Sr Petrovich está em segundo com 120 pontos e a Srta. Chanteloube em terceiro com 105 pontos. A Terceira e última tarefa estará valendo 150 pontos, ou seja, aquele que a melhor executá-la tem a possibilidade de ultrapassar os outros facilmente.

O garoto de Durmstrang trocou um sorriso com seus companheiros. E a de Beauxbatons também parecia animada. Mas Alvo e Scorpius estavam bem sérios.

- Mas vamos ao que interessa. Eu trouxe você aqui para passar algumas instruções de extrema importância. – ele caminhou até uma mesa de mogno próxima e pegou três envelopes. – Nesses envelopes estão todas as instruções escritas para que não se esqueçam, embora eu vá falar sobre todas elas daqui a pouco. E além disso, alguns feitiços que vocês obrigatoriamente deverão saber para enfrentar os perigos da Terceira Tarefa. E isso é de fundamental importância. - ele se aproximou entregando o envelope a cada campeão. – Não abram ainda, por favor. – Bem... – ele juntou as mãos e correu os olhos pelos presentes com atenção – Agora eu passarei algumas instruções que apenas eu e o Sr. Fox sabemos até agora. Uma pequena surpresinha que preparamos para essa tarefa... – ele sorriu.

Mas por algum motivo aquelas palavras fizeram com que Scorpius ficasse tenso ao meu lado. Eu o vi engolir em seco e serrar os punhos, como se o Sr. Erquemboure fosse anunciar a morte de alguém naquele momento.

- Como sabem, o Torneiro e as Tarefas em si são preparadas para testar aquilo que vocês tem de melhor: sua perícia em magia, sua coragem, seus poderes de dedução e, naturalmente, sua capacidade de enfrentar o perigo. Dessa vez, mais do que as tarefas anteriores, vocês serão testados ao extremo. O nível de dificuldade dessa prova será visivelmente maior que a das outras. E por isso é que nós decidimos, até mesmo como uma forma de ajudá-los, que obrigatoriamente as equipes de apoio deverão participar da Terceira Tarefa!

- COMO É QUE É?a voz de Scorpius explodiu ao meu lado. – VOCÊ ESTÁ MALUCO?

- Sr. Malfoy contro... – Erquemboure começou a dizer, ligeiramente irritado, mas Scorpius o interrompeu com outro grito.

- NÃO MANDE EU ME CONTROLAR! O QUE ESTÁ PENSANDO? MAS QUE PALAHAÇADA É ESSA? ESTÃO TENTANDO ACABAR COMIGO?

- Você não me disse nada disso Engham! – minha mãe se juntou a Scorpius e apontou o dedo para ele visivelmente irritada. – O que está pensando? Isso é perigoso! VOCÊ NÃO PODE COLOCAR A MINHA FILHA LÁ! EU NÃO ACREDITO QUE DEPOIS...

- NÃO POSSO FAZER NADA SE A SUA FILHINHA NÃO CONSEGUE LIDAR BEM COM AS PROVAS DESSE TORNEIRO! – ele gritou de volta – Não sabiam que ia ser perigoso? E porque você a escolheu se sabia que ela era fraca? – apontou o dedo na cara de Scorpius. – Foi você mesmo quem a colocou nisso!

- Não se atreva a falar assim dela! – Scorpius partir para cima dele com a mão fechada e o acertou em cheio no rosto, fazendo-o cair no chão.

E ele teria mergulhado em cima dele se Alvo não tivesse o segurado.

- Eu não aceito isso! Não aceito! Eu não vou participar! Não quero mais nada! – ele gritou enquanto Alvo o segurava.

- Sr. Malfoy! Se acalme! – A professora McGonagall gritou com autoridade. – E o senhor não pode desistir. Foi escolhido pelo Cálice de Fogo que é um objeto contratual mágico. É como um voto perpétuo! Não pode ser quebrado!

- Vamos Scorpius! Alvo, leve-o para a sala do Teddy! – mamãe empurrou Alvo e Scorpius em direção a porta. – Vamos Rose! – esticou a mão para mim. – Nós vamos conversar Engham! – apontou o dedo ameaçadoramente para ele que segurava o nariz ensanguentado ainda no chão. O olhar dela para ele era digno de um basilisco e o fez se encolher ligeiramente. Por poucas vezes eu havia visto minha mãe ficar daquele jeito – Isso não vai ficar assim! Não vai mesmo! Vamos! – e saiu puxando minha mão para fora da sala.

- O que? O que vai acontecer agora? Eu vou ter que participar, mãe? – perguntei enquanto ela me arrastava escada acima. Alvo estava levando Scorpius agarrado com braço ao redor do pescoço dele um pouco mais a frente.

- Claro que não vai! – mamãe disse irritada e me puxou para que eu a acompanhasse mais rápido, xingando Engham de nomes que eu nunca havia a visto pronunciar. - Aquele homem... O que ele está pensando? Ah, mas isso não vai ficar assim! Não vai mesmo! Primeiro aquele dragão Peruano e agora isso! Tomara que o nariz dele tenha se quebrado em mil pedaços! Imagine só... Colocar as equipes na Terceira Tarefa depois de tudo o que aconteceu com você!

Havíamos chegado ao corredor da sala de Teddy no terceiro andar e Alvo tentava empurrar Scorpius pela porta.

- Me solta, Alvo! – ele gritava começando a ficar com o rosto vermelho por conta do misto de raiva e o fato do braço de Alvo estar ao redor do pescoço dele. – Me deixa acabar com ele!

- Não! Você vai ser expulso assim! Ou pior: preso! O cara é o chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia e você acabou de quebrar o nariz dele! – Alvo disse fazendo força para empurrá-lo para dentro da sala.

- Que se dane! Eu não estou nem aí! – Scorpius gritou tentando se desvencilhar dele. – Me solta para eu poder bater mais ainda nele!

- Scorpius, você não vai bater em mais ninguém! – minha mãe usou o melhor tom de autoridade que ela possuía, fazendo-o parar de se debater no mesmo instante. – Solte-o Alvo.

Ele obedeceu e Scorpius saiu ofegante do aperto de seus braços. Seu peito subia e descia com força e ele apoiou as mãos no joelho, os olhos fechados e a mandíbula contraída com força.

- O que está acontecendo aqui? – vi meu pai surgir no portal da sala de DCAT e olhar confuso para nós. Teddy e Victoire vinham logo atrás.

- Erquemboure... – Scorpius informou com rancor.

- O que ele fez dessa vez? – papai assumiu um tom de alerta, bastante preocupado.

- Vamos conversar lá em cima. É melhor. Scorpius precisa se acalmar. Podemos Teddy?

- Claro, tia. – Teddy assentiu.

Mamãe se aproximou de Scorpius e lhe disse algo ao pé do ouvido que o fez assentir. Ela passou o braço pelas costas dele, como uma mãe faz com um filho e o guiou para dentro da sala. Papai, Teddy e Victoire os seguiram.

- Vem, Rose. – Alvo colocou a mão no meu ombro me conduzindo para dentro atrás do grupo.

Minhas ideias sobre tudo aquilo estavam um tanto confusas. Só tinha certeza de que estava com medo, afinal, fora em uma das provas do Torneio Tribruxo em que eu havia perdido a memória. O que poderia acontecer agora?

Quando chegamos aos aposentos de Teddy, ele e meus pais foram tentar acalmar Scorpius enquanto Alvo, Victoire e eu ficamos na mini sala de estar.

- Você está com medo não é? – Alvo se sentou ao meu lado e segurou minha mão.

- Olha, Alvo... Eu não quero e nem acho que vou conseguir participar disso. E... Bem, foi numa provas dessa em que eu perdi minha memória. Então Não quero perder a vida agora. – senti meu perto apertar de angustia só de pensar no que poderia acontecer.

- Ei, vai ficar tudo bem. – Victoire se sentou ao meu lado me abraçando. – Não fica com medo tá? – ela beijou minha testa.

- É, tio Ron e tia Hermione vão até bater naquele cara se for preciso. – Alvo me encorajou. – Eles não podem te forçar a nada.

Victoire acariciava meu cabelo enquanto algumas lágrimas escapavam.

- Scorpius está bem? – perguntei a Alvo.

- Ele vai ficar. – ele espiou rapidamente por cima do ombro. – Só está nervoso. E preocupado com você.

- Mas eles não podem forçá-lo, não é? Se ele não quiser, não precisa participar da prova, precisa?

-Bom... - Alvo pareceu pensar por um instante – McGonagall disse que não, mas... Não sei. Se ele desistir vai decepcionar Hogwarts inteira – ele suspirou tristemente – e entregar a competição de bandeja... Isso seria terrível pra nossa casa.

Ouvimos um barulho na porta e tio Harry entrou a passos largos ostentando uma expressão preocupada.

- McGonagall me informou o acontecido. Onde está Hermione? – perguntou.

- Lá dentro com Scorpius. – Alvo informou – Ele está muito encrencado?

- Bem, ele quebrou o nariz do chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia... Erquemboure está furioso. Quer descontar 50 pontos de Hogwarts no torneio pela má conduta. – informou passando por nós e indo de encontro aos meus pais.

- O que? – Alvo se levantou – Ele pode fazer isso? – começou a seguir o pai e eu o acompanhei, Victoire atrás de mim.

Meus pais estavam sentados cada um ao lado de Scorpius. Eles estavam sentados na beirada da cama de Teddy e este estava em pé a um canto, com os braços cruzados.

- Hermione... – Harry disse entrando no quarto de Teddy. – Erquemboure está furioso.

- Erquemboure está furioso? Erquemboure? – meu pai se levantou rapidamente, parecia capaz de cuspir fogo – Ele não sabe o que é estar furioso até me ver!

- Ele não vai voltar atrás, Ron. Ainda mais porque Scorpius quebrou o nariz dele.

- Bem feito para ele! – meu pai disse com os dentes cerrados – Infeliz! Scorpius deveria tê-lo deixado sem respirar! Onde já se viu! Eu vou processá-los! Espere só! Vou acabar com a reputação dele e aí vai ter sorte se conseguir um emprego para limpar o chão dentro do ministério.

- Eu não quero participar! O que eu vou fazer? – Scorpius olhou da minha mãe para o meu pai em busca de ajuda. – McGonagall disse que eu não posso desistir.

- E não pode mesmo. É o Cálice de Fogo. – tio Harry suspirou – É um contrato mágico. Não pode ser quebrado.

- E daí vou colocar a Rose nisso de novo? – ele o olhou desesperado.

- Receio que não tenhamos escolhas... – tio Harry informou com pesar e eu sentir como seu meu coração desabasse.

- Eu não quero participar disso. – falei atraindo a atenção de todos eles.

- Não, filha. Não. Venha cá...– meu pai abriu os braços pedindo que eu me aproximasse. Caminhei até ele e senti seu abraço reconfortante. – Você não vai. Ninguém pode te obrigar a isso. Não vou deixar que te machuquem de novo. – ele beijou minha testa.

Encarei Scorpius ainda com o rosto apoiado no peito do meu pai. Ele me olhava super preocupado, como se temesse que alguma coisa de mal me ocorresse.

- Infelizmente receio que não Ron. – ouvi tio Harry dizer com pesar. – Você se lembra como foi na nossa época: eles não voltaram atrás. Duvido que voltem agora. Rose e Alvo não tem outra escolha a não ser participar da Terceira Tarefa.

Um suspiro coletivo encheu a sala significando que todos haviam compreendido a inevitabilidade daquilo que eu mais temia. Mamãe massageou as têmporas num gesto que eu havia visto-a fazer por tantas vezes quando estava com um problema sério, enquanto meu pai apenas intensificou o abraço que me dava, o que significava que ele estava preocupado comigo.

Os olhos de Scorpius buscaram os meus e eu observei seus lábios se movimentarem num pedido de desculpas silencioso.

- Não é sua culpa... – sussurrei baixinho para que só ele ouvisse, e talvez meu pai, por estarmos tão próximos.

- A gente pode treinar... – a voz de quebrou todo o silêncio. – Sabe, somos realmente bons. – todos se viraram para prestar atenção nele – E vocês poderiam ajudar a gente. – olhou do tio Harry para os meus pais – Já passaram por tantas coisas. Poderiam mostrar algumas técnicas, feitiços... – seus olhos verdes encontraram os meus – Vamos conseguir.

- Vão sim. – tio Harry segurou o ombro dele e tentou sorrir nos encorajando.

Mas tanto eu como meus pais e Scorpius não estávamos nada felizes com aquilo.

- Teddy, Victoire, por que não vamos preparar um chá? – tio Harry sugeriu.

- Claro, seria ótimo. – Victoire sorriu e puxou Teddy pela mão, saindo do quarto. Tio Harry empurrou Alvo atrás deles e saiu também, deixando nós quatro a sós.

- Senta aqui filha. – mamãe bateu no colchão, no espaço entre eu e Scorpius.

Me afastei dos braços do meu pai para se juntar a eles. Assim que me sentei a mão de Scorpius buscou a minha e seus dedos se entrelaçaram nos meus.

- Eu não queria que isso... – ele começou a dizer, mas eu o interrompi.

- Eu sei. – falei imediatamente. – Não é sua culpa. Já disse.

- Não é culpa de ninguém querido. – minha mãe olhou para ele. – Foi o acaso.

- Mas fui eu que escolhi a Rose para participar do torneio comigo. – ele franziu a testa como se estivesse ao mesmo tempo angustiado e arrependido. – Na hora não pensei que ia colocá-la em um perigo tão grande.

- Você não estava colocando-a em perigo quando a escolheu, Scorpius. – meu pai se abaixou a nossa frente e tocou o joelho de Scorpius. – Erquemboure e Fox não disseram nada sobre isso no começo. Foi uma ideia bastante idiota que tiveram somente agora.

- Por um lado, - mamãe ergueu uma sobrancelha pensativa – será útil. Afinal, a terceira tarefa é sempre a mais difícil.

- De que vai adiantar? – olhei para os meus pés. – Aposto que eu vou me dar mal e fazer Hogwarts perder. Mal consegui executar o feitiço do Patronum na sala de aula, imagine numa prova perigosa.

- Ei, não fala isso filha. – minha mãe segurou meu queixo. – Suas qualidades não se resumem a isso.

- Você é uma bruxa incrível, Rose. – Scorpius acariciou minha mão – É claro que vai se sair bem.

- Um único feitiço não define um bruxo, querida. – meu pai colocou a mão sobre o meu joelho. – E o do Patrono é especificamente complexo de se fazer.

- Eu mesma tive dificuldades quando estava em Hogwarts. – mamãe sorriu para mim – É algo que se aprende com a prática meu amor.

- Nós vamos treinar bastante. Não é o Patrono que vai te derrubar. Você é uma Weasley. – papai sorriu para mim e tocou minha bochecha – E se for pra fazer isso vamos dar o melhor.

- Além do mais. – Scorpius disse – Eu vou estar lá. E dessa vez juro que não vou deixar nada acontecer com você.

Olhei dele para os meus pais. Os três eram umas das pessoas que mais me faziam sentir segura mesmo em meio a tantos perigos. E eu os amava tanto... Eles eram tudo para mim.

- Oi? – ouvimos alguém bater na porta. Alvo estava parando com quatro xícaras de chá fumegantes levitando atrás de si. – Querem chá?

- Obrigada querido. – mamãe sorriu para ele.

As xícaras foram distribuídas e bebemos em silencio.

Eu fiquei imaginando que tipo de perigo iríamos enfrentar enquanto observava o vapor subir espiralando da xícara.

- Mãe? Qual vai ser a Terceira Tarefa? – falei.

- Bem querida, eu não deveria dizer, mas... Erquemboure já passou dos limites mesmo então... – seu olhar cruzou com o do meu pai e ele piscou apoiando-a a falar. – Como eles estão recriando o último Torneio, provavelmente vai estar repleto das criaturas mágicas mais terríveis, feitiços perigosos, poções... Serão vários obstáculos.

- Vamos ter que estudar mais do que nunca então. – Alvo disse pensativo.

- Com certeza. O uso da lógica é bem importante nessas horas. – papai disse sentado ao lado de Scorpius agora. – E um jeitinho de se livrar dos outros competidores também. – piscou, fazendo Alvo sorrir.

- Ronald! – minha mãe chamou a atenção dele.

- Ora Hermione, se for pra se arriscar que seja pra ganhar!

Ele e Alvo ficaram conversando sobre os feitiços mais importantes e minha mãe opinava de vez em quando. Mas Scorpius não disse nada. Permaneceu calado o tempo todo bebendo seu chá. E quando terminou apenas acariciou minha mão distraidamente enquanto ouvíamos os outros conversarem. Teddy e Victoire se juntaram a nós no quarto e conversamos até o anoitecer.

Meus pais insistiram para que fossemos jantar, embora eu e Scorpius tivéssemos dito que não estávamos com fome.

Quando me juntei à mesa da Grifinória me surpreendi ao saber que a participação das equipes no torneio já não era nenhuma novidade.

- É verdade então? Vocês terão que participar? – Aaron perguntou esticando o pescoço em minha direção a alguns lugares de onde eu estava.

- É, é verdade. – assenti mexendo no meu purê de batatas distraídamente com o garfo.

- Uau... – ele sorriu admirado. – Aposto que terão que estudar vários feitiços complexos!

E os meninos iniciaram uma discussão sobre feitiços e perigos do Torneio Tribruxo que durou o jantar inteiro. Tentei não prestar muita atenção para que não me sentisse pior.

O que para eles era objeto de animação poderia significar expor minha vida a um alto perigo.

Nem sequer esperei a sobremesa e me levantei para sair. Estava quase alcançando o segundo lance de escadas quando senti uma mão sobre o meu ombro. Me virei e dei de cara com Scorpius.

- Ei, você está bem? – perguntou.

Eu apenas o abracei. Enterrei o rosto na curva de seu pescoço e desejei nunca mais sair dali.

- Eu estou com medo... – confessei com a voz trêmula.

- Eu vou te proteger, nem que tenha que dar a minha própria vida pra isso. – ele beijou minha testa.

- Eu te amo. – me separei dele para encará-lo.

- Eu também te amo. E você é tudo pra mim. Não vou deixar ninguém te machucar. – ele colocou algumas mexas do meu cabelo para trás das orelhas. Ele encostou a testa na minha e acariciou meu rosto. Eu apreciei o gesto com os olhos fechados.

Mas não podia ficar ali por muito tempo

- Eu tenho um monte de dever de poções para terminar. Preciso ir. – falei. – Infelizmente.

- Tudo bem. Quer que eu te leve até lá em cima? – ele apontou as escadas.

- Se você puder. – sorri.

Ele segurou minha mão e juntos caminhamos até o sétimo andar.

- Obrigada. – me virei para ele quando chegamos ao retrato da Mulher Gorda.

- Fica bem, ok? – ele acariciou meu rosto. – Tenha uma boa noite. – se aproximou e nós nos beijamos.

- Você também. – falei ao nos separarmos – Boa noite. – soltei a mão dele e caminhei até a pintura. – Taça da Vitória – informei a senha e o retrato se abriu. Observei Scorpius sorrir para mim até o último segundo e o retrato se fechar.

Passei o resto da noite na mesa mais isolada do Salão Comunal tentando terminar o dever de poções. O pessoal que chegou após o jantar permaneceu na sala por algum tempo, mas aos poucos foram se dissipando para seus dormitórios. Como era domingo todos teriam aula cedo no dia seguinte.

No fim só sobraram eu e algumas pessoas do sexto ano. Inclusive Dominique, Lysander e Sebastian. Este último estava sentado numa poltrona olhando pensativo para as últimas chamas da lareira.

- Dever de poções? – Dominique perguntou da mesa onde estava sentada com Lysander.

- Sim, estou terminando. – assenti.

- Slughorn não perdoou dessa vez. Cinquenta centímetros é muita coisa! – reclamou. – Ainda mais pra você Rose, que agora vai ter que se preocupar com essa coisa de Torneio além dos deveres.

- Verdade... – descansei a pensa sob o pergaminho com um suspiro – Vou ter que me esforçar bastante.

- Não acredito que o Malfoy fez isso com você. – Lysander balançou a cabeça, como se repelisse uma ideia absurda.

- Não foi culpa dele, Lysander. – falei – Os organizadores do Torneio quem decidiram isso.

Seus olhos cor de avelã me encararam por alguns segundos como se me analisasse.

- Você está sendo tão ingênua, Rose. O Malfoy está conseguindo te enganar mais uma vez. Tenho pena de você... Não basta tudo o que a família dele te fez passar? Pensei que tudo o que tinha acontecido no natal fosse suficiente para abrir os seus olhos e os da sua família.

- Do que você está falando? – estreitei os olhos para ele sem entender.

- Lysander... – Dominique olhou feio para ele. – Para. Você disse que não falaria sobre isso com ninguém.

- Ora, aconteceu com ela! Como eu não posso falar? – ele riu ironicamente.

- Sobre o que está falando? – repeti.

- Rose, é besteira. Não liga. – Dominique disse.

- Agora eu quero saber. O que a família do Scorpius fez?

- O seu querido Scorpius...

- ...Lysander.

- ... foi envenenado no Natal e quase morreu. O mais estranho é que foi dentro da própria casa dele. E advinha só: quem foi a principal suspeita? O avô dele ex-comensal da morte! E o veneno? Era pra você! Você só escapou porque o seu pai não te deixou ir à casa deles!

As palavras dele me atingiram com um baque. Eu não sabia daquilo e muito menos me lembrava. Será que era verdade? O avô de Scorpius quis em matar? Por que?

- Lysander! Não pode dizer essas coisas para ela! – Dominique gritou irritada. – Ela ainda está sensível por causa do acidente.

- Bom falar nesse “acidente”... – ele fez as aspas com as mãos. – Sabe que o Lucio Malfoy também é o principal suspeito disso? O engraçado é que ninguém toca no assunto... Eles esconderam isso de você. Principalmente o seu namorado.

Aquilo foi o cúmulo. Senti meu coração disparar e uma dor de cabeça começar a crescer no mesmo instante. Eles nunca me contaram aquilo. Não chegaram a sequer mencionar nomes de suspeitos quando tocavam no assunto da Segunda Tarefa e do que havia acontecido para me fazer perder a memória.

E o tempo todo o principal possível culpado estava bem ali. Dentro da família de Scorpius. E ele não havia me dito nada. Havia escondido aquilo de mim.

Acho que devo ter entrado numa espécie de estado de transe porque quando me dei conta, Dominique estava com os braços nos meus ombros e falava algo que eu não conseguia compreender.

Minha cabeça doía e eu sentia que estava perdendo o domínio sobre os sentidos do meu corpo. Como se minha consciência flutuasse para fora dele.

A dor pulsava em minha cabeça e minha visão começou a ficar desfocada. Tudo estava embaçado.

Senti meus olhos fecharem rapidamente e tive o vislumbre de um Scorpius um tanto pálido deitado numa cama de metal articulado. Parecia estar dormindo tranquilamente. Mas eu tinha a sensação de que há pouco tempo antes daquilo ele não estava nada bem.

Voltei a abrir os olhos mais uma vez, mas tudo ainda estava muito confuso e escuro. Então eu tive a sensação de estar caindo e o familiar apagão chegou.

No fim eu estava lutando contra algo que estava próximo demais e só eu não sabia. E quando finalmente tive conhecimento, aquilo me atingiu como um tiro. 

Um tiro que fez tudo ficar escuro.


Notas Finais


E então? O que vocês acham que vai acontecer agora? A Rose só tinha visto o melhor do Scorpius até então e agora ela vai conhecer uma parte dele e da família Malfoy de que não se lembrava.
E tem essa participação das equipes no Torneio que vai render uns bons suspiros de vocês na Terceira Tarefa.
Alphie shippers fiquem tranquilos, ficou tudo bem. Alvo só tem que se manter na linha agora. Depois vou falar mais sobre isso.
E Alexis e Sebastian... Bem, eles conversaram. Também vamos ver mais disso.
Aposto que vocês estão com raiva do Lysander nesse momento. Só pra esclarecer: a Dominique contou pra ele sobre o envenenamento, mas pediu que ele não contasse. Contudo, a inveja que ele tem do Scorpius é bem grande, principalmente por ele estar fazendo da Sonserina a representante de Hogwarts, não a Grifinória. Isso explica essa raiva que ele sente dele.
Bem, acho que é isso. Se tiveram perguntas, podem fazer. Vou adorar responder! Se elas não derem spoilers futuros, claro.
Uma boa semana pra vocês! Fiquem bem! Beijos!

Mal feito, feito.


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