1. Spirit Fanfics >
  2. Nothing Really Matters, Anyway The Wind Blows - (Scorose) >
  3. Feels Like Home

História Nothing Really Matters, Anyway The Wind Blows - (Scorose) - Feels Like Home


Escrita por: SrtaSchreave17

Notas do Autor


Heey People! Vai ter capítulo numa terça feira a tarde sim! Desculpem a demora, tive semana de provas na faculdade, (reposição da greve) e precisei me dedicar ao máximo então a escrita ficou de lado, mas agora, tô super feliz porque vou ficar um mês em casa e vou poder escrever bastante!!!! Tá aí o capítulo, super fofo e cheio de emoções. Espero que gostem!
Aproveitando para agradecer os 500 favoritos! (Quinhentos! Qui-nhen-tos! 5-0-0) Não to acreditando! Vocês são demais!
(escutem essa música maravilhosa que dá nome ao cap e chorem bastante)
Leiam as notas finais.
Boa leitura.

Capítulo 58 - Feels Like Home


Uma janela quebra na rua escura

E uma sirene toca na noite

Mas estou bem, porque tenho você aqui comigo

E quase posso ver que há uma luz em meio à escuridão

 

Se você soubesse o quanto este momento significa para mim

E quanto tempo esperei pelo seu toque

E se você soubesse o quanto está me fazendo feliz

Nunca pensei que amaria alguém tanto assim

 

E eu me sinto em casa, eu me sinto em casa

- Feels Like Home, Edwina Hayes

 

- Tá cansada? – Scorpius perguntou se sentando ao meu lado na cama. Estava folheando um livro que encontrei na estante dele.

- Não. Até que não. – sorri.

- Parece que eles acharam alguma com que se divertir. – ouvimos uma música soar lá em baixo.

- Seus pais devem estar incomodados. Não acha que vão brigar?

- Ah não. A ideia era exatamente essa: se divertir. E esse é um dos discos favoritos deles. – ele sorriu – Se não estiverem aproveitando podem usar um feitiço pra silenciar. Esse não vai ser o problema. – ele me encarou – E você? – segurou minha mão em cima da cama. – Conseguiu relaxar?

- Sim. Bastante. Eu nem pensei em problema nenhum pela primeira vez em bastante tempo. – contei enquanto ele acariciava minha mão movendo o polegar. – Só a questão dos nascidos trouxas, mas acho que isso atingiu a todos nós.

- Preocupante, eu diria. Mas, desculpe se estou sendo egoísta ou insensível... Nós já temos problemas demais para se preocupar em um fim de semana. E não foi pra isso que viemos aqui. – ele disse.

- Não, você tem razão. – suspirei – Não vamos falar de problemas. Só de coisas boas. – sorri.

- Tenho uma coisa boa pra te mostrar então. – ele se levantou e eu o observei caminhar até a cadeira da escrivaninha. A mochila que havia trazido de Hogwarts estava sobre ela. Ele mexeu e tirou de lá o que parecia ser uma caixinha de jóias. – Calma... – ele disse, como se tivesse percebido o meu olhar – Não vou te pedir em casamento. – riu.

- Scorpius... – senti meu rosto corar.

- Não hoje. – piscou se sentando ao meu lado. – Na verdade esses aqui foi você mesma quem me deu. – ele abriu a caixinha e eu me aproximei para olhar melhor. – Foi no meu aniversário. Você disse que era uma forma de desafiarmos a tudo e todos e mostrarmos para o mundo que não nos importávamos de dizerem que não era para nós estarmos juntos. Que não importava eu ser da sonserina e você da grifinória. Você uma Weasley e eu uma Malfoy. São só anéis, mas tem um significado muito importante pra nós dois. – ele me encarou e eu não pude deixar de sorrir ao ouvi-lo me contar aquilo – Quando você sofreu o acidente e eu soube que você havia perdido a memória, guardei os dois comigo. Mesmo quando se lembrou de mim, decidi que ainda não era a hora de te devolver. Mas queria te dar ele agora. – ele pegou minha mão. – Vai ser nossa marca. No torneio. Pra nos lembrar que não importa o que aconteça, eu sempre vou amar você e vamos lutar pelo nosso amor, tudo bem? – ele colocou o anel no meu dedo e segurou minha mão no meio de suas próprias e a beijou. É claro que as palavras dele me fizeram ficar emocionada e àquela altura eu já estava derramando algumas lágrimas.

- Eu te amo. – joguei os braços ao redor de seu pescoço. – Obrigada por me contar tudo isso. E me lembrar coisas tão importantes em momentos como esse. É o que me dá forças.

- E eu vou continuar dando. – senti seus lábios tocarem meu ombro – Porque você também é minha força. Mas não vamos chorar, ok? – nos separamos e ele segurou meu rosto e começou a limpar as minhas lágrimas.

- Tá. Estamos aqui para nos divertir. – assenti. – Esquecer dos problemas...

- Scorpius! – alguém gritou o nome dele e bateu à porta.

- Esquecer dos problemas... – ele suspirou – Por que nunca é fácil? Entra!

Hugo abriu a porta segurando Linus pelos ombros. Parecia aborrecido com algo. Lily vinha logo atrás também com a cara fechada.

- Que houve? – Scorpius olhou confuso para os dois.

- Adivinhe só? O pirralho está com dor de barriga.  – Hugo informou – Comeu doces demais.

- Está doendo. – Linus reclamou apertando a barriga com as mãos.

- E o que quer que eu faça? – Scorpius olhou pra ele confuso.

- Sei lá. Ele é seu primo. Dá um jeito. – Hugo disse irritado, como se já tivesse perdido a paciência com Linus.

- O que houve? – Scorpius estreitou os olhos pra ele. – Por que está irritado?

- Ele me... – Hugo olhou feio para o garoto. - interrompeu.

- Ah, claro... – Scorpius estreitou os olhos para ele e observou Lily com os braços cruzados e as bochechas um tanto vermelhas um pouco mais atrás – Entendi. Pelo menos não foi o Al. Está bem... – suspirou. – Deixa comigo.

_-*-_

- Obrigado por fazer isso. – agradeci enquanto Rose preparava uma solução no caldeirão.

- Por nada. Isso é bem simples. – ela jogou algumas ervas para dentro do caldeirão.

- Vai demorar? – Linus apertou a barriga com dor.

- Não, já vai ficar pronto. Vai ver como vai se sentir melhor rapidinho. – Rose sorriu para ele.

Observei-a prender os cabelos e em seguido voltar a mexer a poção. O vapor subia em espirais e enchia a cozinha com um aroma cítrico. Achei que não poderia estar mais bonita.

- Você fica bem assim. – falei olhando-a. Ela me encarou. Os olhos azuis pareciam extremamente concentrados e inspirados em fazer aquela poção. – Digo, preparando poções. Dá pra ver que é o que realmente ama fazer.

- É... É algo quase... Natural. – ela sorriu colocando uma mexa do cabelo atrás da orelha. – É o que eu...

- Gostaria de fazer. – completei – É. Eu sei.

- Espero conseguir ajudar pessoas com isso. – contou - Pode finalizar pra mim? – pediu.

Eu me aproximei com a varinha. Ela não podia usar magia fora de Hogwarts porque ainda era menor de idade.

Dei dois toques com a varinha no caldeirão e a poção passou de amarela para verde-clara.

- Perfeita. – Rose sorriu. – Pronto Linus. – pegou um pouco com uma concha e encheu um copo. – Tem que beber tudo. Logo vai se sentir melhor. – ela levou até.

- Obrigado. – ele aceitou o copo e cheirou antes de levar a boca. – Pelo menos o gosto não é ruim. – disse após o primeiro gole.

Esperamos que ele bebesse tudo e fomos para a sala. Alvo e as meninas já não estavam lá, mas a música ainda tocava. Vi as silhuetas deles se moverem pelo jardim. Pareciam estar dançando.

- Vem Linus, senta aqui. – Rose e o chamou – Já vai passar.

Ele assentiu e se sentou junto a ela se aconchegando com a cabeça em seu colo.

Decidi verificar se os meus amigos estavam bem. Alvo e Sophie dançavam rodopiando próximo à piscina, os corpos extremamente colados um ao outro. E Alexis não estava à vista.

- Tudo bem lá fora? – Rose perguntou enquanto fazia carinho nos cabelos de Linus.

- Aparentemente sim.– informei - Tudo normal. Normal até demais.

- Que bom. – Rose riu. – Está passando? – perguntou a Linus.

- Está diminuindo. – ele disse.

- Sabe que não pode comer tantos doces. – falei me sentando ao lado deles. Linus colocou os pés sobre o meu colo.

- Não consigo me controlar. Eles são muito gostosos. – ele disse.

- Ainda bem que a Rose está aqui e preparou essa poção pra você. Se não teríamos que ir ao St. Mungus.

- O que? – ele arregalou os olhos, desesperado. Tinha pânico de hospitais. – St. Mungus não!

- Scorpius... – Rose me chamou a atenção – Não assusta ele.

- Eu estou só brincando. – falei rapidamente.

- Fica quietinho Linus. – Rose pediu. – Assim a dor passa mais rápido.

Ele assentiu e fechou os olhos com o afago que ela fazia em seu cabelo.

Fiquei observando-a. Ela tinha jeito com ele. Olhava-o ternamente, com um carinho e uma paciência infinita. Como se a vida dele dependesse de seus cuidados.

- Ele dormiu. – ela informou baixinho depois de alguns minutos. – É o efeito da poção.

- Ele te adora, sabia? Desde que entrou em Hogwarts. – contei num sussurro. – E você leva jeito com crianças. Vejo isso quando fazemos a monitoria com os alunos do primeiro ano. É sempre tão atenciosa.

Ela sorriu timidamente.

- Por que você não pega o Linus e o leva lá pra cima?

- Está bem. – suspirei e me levantei.

- Cuidado. – ela pediu.

- Ok. – peguei Linus no colo, sua cabeça se encaixando no meu ombro – Puxa, ele está pesado. Já é a segunda vez que faço isso hoje.

Levei Linus até o quarto de hóspedes. Hugo estava deitado olhando para o teto.

- Não está com a Lily? – perguntei colocando um cobertor sobre Linus – Achei que estivesse aproveitando enquanto Alvo está lá em baixo.

- Não. Alexis entrou no quarto e eu tive que sair. – ele suspirou.

- Vão devagar vocês dois, por favor. – pedi. – Pelo visto estão com os hormônios à flor da pele.

Ele desviou o olhar, as orelhas ficando vermelhas.

- Vou indo. – falei saindo do quarto.

Decidi que era melhor dar uma olhada no quarto das meninas e ver se estava tudo bem.

- Posso entrar? É o Scorpius. – bati à porta.

- Entra. – a voz de Alexis soou lá de dentro.

Lily estava sentada na cama folheando um livro distraidamente enquanto Alexis secava o cabelo em uma toalha. Parecia ter acabado de sair do banho.

-Passei para ver se estava tudo bem. Você subiu cedo. – falei parado à porta.

- É... – ela suspirou – O dia hoje não estava para bebida.

- Tudo bem? – perguntei.

- Nunca está. – piscou.

- Devia ter trazido alguém. – falei.

- É deveria mesmo. Isso aqui está um saco. – revirou os olhos – Mas acho que a Lily não acha isso. Pra ela parece estar bem animado. – olhou sugestiva para Lily, que de repente parou de prestar atenção no livro e se voltou para nós.

- Não sei do que está falando? – ela disse imediatamente.

- Tudo mundo sabe. Menos o Alvo. – Alexis a encarou. – E olha que vocês não estão nada discretos. Merlin, dá pra ver os hormônios transbordando de cada poro do corpo de vocês só de se olharem.

Lily de repente ficou bastante vermelha. Me encarou e depois baixou os olhos para o livro.

- Relaxa. – Alexis disse – Eu não vou dizer nada. Sou cega, surda e muda esse fim de semana.

- Só sejam mais discretos. – pedi. – Já disse isso ao Hugo. Bem, vou deixar vocês. Boa noite.

Me despedi e saí do quarto. Quando ia virando o corredor me deparei com Alvo e Sophie se beijando.  Os dois tinham os cabelos molhados, colados à testa. Eu não sabia se Alvo estava a pressionando contra a parede ou se era ela quem o puxava.

- Por Merlin... Vão para um quarto! – falei fazendo os dois se separarem depressa.

Os dois se viraram, Sophie com o rosto muito vermelho em constrangimento.

- Scorpius... – Sophie arfou.

- Nós não... Nós... Ahn... – Alvo balbuciou tentando formular uma explicação.

- Só não se esqueçam que tem crianças na casa.

Dei as costas aos dois e desci as escadas.

- O que está acontecendo com as pessoas dessa casa? – murmurei mais para mim mesmo.

- O que? – a voz de Rose soou ao meu lado.

- Rose? Anh... Não foi nada. Eu nem te vi aí. – me aproximei. Ela estava encostada à nela da sala.

- Só estava observando o céu. – ela sorriu. – Alvo e Sophie subiram ainda agora. Pareciam bem... animados.

- É, eu topei com os dois lá em cima. – olhei para o céu. – Está lindo. – comentei.

- É, está.  – seus olhos se fixaram no céu. Olhei para ela por um momento. Eu podia ver a lua refletida neles. Voltei a olhar para o céu. Mas ela voltou a chamar minha atenção.

Chegou bem perto e abraçou-me, o rosto colado ao meu peito, mas sem desviar os olhos do céu. Envolvi-a em meus braços e beijei o topo de sua cabeça, como sempre costumava fazer. Eu amava tê-la assim. Era como se ela fosse feita especialmente para caber ali.

- Vem, vamos dormir. Você deve estar cansada. – a afastei da janela, mas mantive o braço ao redor da sua cintura.

- E você também.

- É, um pouco. O dia foi cheio. – começamos a subir as escadas. Quando chegamos ao topo olhei para os dois lados. Não sabia onde ela dormiria. – Você... Dorme comigo hoje? – perguntei.

Rose me encarou. Eu sabia que desde que ela havia perdido a memória era difícil voltarmos a fazer as mesmas coisas que fazíamos antes e do mesmo jeito. Como se tivéssemos que reconstruir tudo o que havíamos trilhado antes. E estar comigo em momentos mais íntimos era uma dessas coisas.

- Olha, se não quiser...

- Não, tudo bem. – ela disse com convicção. – Eu vou.

_-*-_

Quando saí do banho, já com o pijama e pronta para dormir, Scorpius estava deitado em sua cama. Usava uma calça de moletom e uma camiseta. Estava como no dia em que acordei no hospital sem memória: girando o anel dourado nos dedos distraidamente.

- O que foi? Parece distraído. – comentei me sentando ao lado dele.

- Ahn... Eu... Só estava pensando. – pôs o anel no dedo e sorriu pra mim. – Nada importante. Mas então? Me conta. O que está achando?

- Foi ótimo ter vindo pra cá. – me deitei ao lado dele. – A casa é incrível e eu me diverti bastante. Foi uma ótima ideia.

- Minha mãe adorou você, sabia? – ele sorriu.

- Bom saber disso. Geralmente as pessoas tem problemas com as sogras.

- É pra compensar o problema com o sogro. No nosso caso. – riu.

- Ah, eu achei que não foi tão mal.

- É, até que não. – bocejou, os olhos dele pareciam pesados.

- Está com sono? – perguntando começando a acariciar seus cabelos loiros.

- É... Um pouco. – ele assentiu com os olhos fechados.

- Só um pouco? – ri.

- Uhum... – ele resmungou com um sorriso.

Continuei o carinho em silencio, apenas ouvindo o barulho da respiração dele, que foi ficando cada vez mais lenta. As bolsas embaixo de seus olhos pareciam ter diminuído consideravelmente, mas ainda estavam por lá. Pra mim não fazia diferença, é claro. Eu me preocupava mais com o fato de ele estar bem. Isso era tudo o que importava.

E fiquei pensando em como eu o vira feliz naquele dia. E como gostaria de ter mais momentos como aquele.

Era minha responsabilidade, concluí, fazer com que tudo corresse bem naquela tarefa. Fazer com que Scorpius ficasse bem sem precisar fazer nenhum tipo de sacrifício por mim. Não importava o que acontecesse.

Fui dormir com aquele pensamento. E, infelizmente, não fiquei a salvo de pesadelos.

Sonhei que estava em um lugar escuro e frio. Não sabia bem como havia parado lá. Mas estava cercado do que pareciam ser vultos. Não conseguia ver seus rostos, mas sabia que tinham forma humanoide. E eu podia sentir as trevas emanando deles. Havia pouco mais de meia dúzia, todos me cercavam e emanava frio de suas capas. Eu só conseguia ver pequenas brechas por entre eles e, num vislumbre, vi Scorpius. Ele estava caído no chão. Parecia fraco e ferido.

“Rose...” ele esticou a mão em minha direção. Como se precisasse da minha ajuda.

Mas eu não conseguia me mexer. Era como se estivesse paralizada, atingida por um Petrificus Totalus. Era incapaz de fazer qualquer coisa. Eu queria salvá-lo, mas não podia. Fazia força, querendo acordar ao perceber que aquilo era um pesadelo. Demorou um pouco, o que só aumentou a tensão e o sentimento de desespero.

Finalmente acordei com um grito e suando frio.

- Rose, que foi? – Scorpius segurou meus braços no escuro, seus olhos cinzentos brilhando preocupados. – Rose?

- Eu tive um pesadelo... – contei ofegante. – Iam fazer mal a você. – o abracei depressa.

- Calma. Não aconteceu nada comigo. Está tudo bem. – ele falou me tranquilizando. – Tudo bem. Respira fundo.

Fechei os olhos e respirei devagar.

- Já passou. Tudo bem. – ele passou a mão pelo meu rosto. – Vem cá. Deita aqui. – fiz o que ele disse e ele passou o braço pelas minhas costas, me abraçando.

- Achei que dormiria bem hoje... – suspirei.

- Foi só um pesadelo. Tenta esquecer, ok? – deu um beijo no meu ombro. – Já passou. Eu estou aqui. Estou bem. Hein?

- Eu queria conseguir relaxar.

- Eu sei. É difícil. – ele sussurrou. – Eu estou me obrigando a me distrair aqui. Mas eu estou com você ok? Estamos juntos nessa.

- Eu sei. – me virei pra ele. – Obrigada por isso. – beijei seus lábios.

- Não se preocupa. Nada nem ninguém vai me pegar tão fácil. – disse encostando a testa na minha.

Me aconcheguei a ele e me forcei acreditar nas suas palavras.

Não foi fácil pegar no sono depois daquilo. Mas ter os braços de Scorpius ao redor de mim durante o resto da noite facilitou bastante. No mínimo fez com que eu me sentisse segura.

***

- Que houve, Rose? Você está com uma cara péssima. – Sophie observou enquanto tomávamos café na manhã seguinte.

- Pesadelo. – informei tomando um gole de suco de abóbora. – Não dormi bem.

- Scorpius é tão mal assim? – Alvo riu. – Ai... – Scorpius, que vinha passando acertou-lhe um tapa na nuca.

- Haha... – fingi uma risada. – Muito engraçado Alvo.

- Nem dá bola, amor. – Scorpius se sentou ao meu lado.

- Ah, que coisa mais linda vocês dois se chamando de amor. – Astoria disse ao se aproximar da mesa. – Bom dia a todos. – sorriu.

- Bom dia. – respondendo em uníssono.

- Eu Draco iremos sair. Mas provavelmente vamos estar de volta antes do almoço. Scorpius, fique de olho no seu primo.

- Só diz pra ele não comer mais doces, mãe. Ontem a noite ele passou mal e a Rose teve que fazer uma poção para dor.

- Ah, Linus... – Astoria o encarou – Sabe que não pode.

- Sabe que não resisto. – ele sorriu mostrando todos os dentes.

- Então vou aproveitar que vou ao St. Mungus e te levar junto, caso continue a não resistir.

- Está bem! – ele disse depressa. – Eu não vou comer.

- Vai ao St. Mungus? – Scorpius perguntou.

- Sim, eu... Quero ver como está a criança. Não consegui parar de pensar nisso. – ela contou.

- Vamos Astoria? – Draco chamou da porta da sala de jantar.

- Vamos sim. – ela sorriu para ele. – Tchau crianças.

- Tchau. – respondemos.

Segundos depois ouvimos o som da porta se fechando e Alvo logo disse.

- Quem quer ficar bêbado antes do meio dia?

Apenas revirei os olhos.

_-*-_

- Tem certeza que quer fazer? – olhei para Astoria.

Ela mordeu os lábios e suspirou, olhando ao redor.

- Sabe que só consegui pensar nisso a noite inteira. Nós... Só vamos vê-la, ok?

- Não vá se apegar à criança. – adverti.

- Eu só vou visitá-la Draco. Fiquei comovida com a história. Só isso. Mais nada.

- É por aqui. – o curandeiro com que havíamos falado voltou e agora nos apontava um corredor. – Vamos?

- Claro. – Astoria assentiu. E eu apenas a segui.

Não visitava aquela ala do St. Mungus há muito tempo. Desde que Scorpius era pequeno.

Apesar de sempre ter sido uma criança razoavelmente saudável, não ficou livre de ter um acidente mágico causado pela curiosidade infantil. Um descuido e lá estava ele mexendo no meu estoque de poções.

- Se lembra quando Scorpius machucou a mão mexendo naquelas poções. – Astoria pareceu ler meus pensamentos.

- Estava pensando nisso. – contei olhando para o corredor estampado com desenhos de fadas mordentes e outras criaturas mágicas.

- Quarto 387. – o curandeiro informou parando diante de uma porta quase ao fim do corredor. – Ela já deve estar acordada a essa hora. – ele abriu a porta e fez sinal para que entrássemos.

O quarto tinha três camas e todas elas estavam ocupadas por crianças. Duas delas tinham acompanhantes sentados aos seus lados, mas na terceira a criança estava sozinha. O curandeiro caminhou até o último leito e parou aos pés da cama.

- Olá Arya. – sorriu para a criança. – Como está? Tudo bem?

- Tudo. – a menina respondeu. Estava agarrada a um brinquedo de pelúcia. – Quem são eles doutor Edward?

- Esses são Draco e Astoria Malfoy. – ele apontou para nós e os olhos verdes da criança nos miraram com certa curiosidade. – Eles souberam que você estava aqui no hospital e vieram te ver.

- Eu não conheço vocês. – ela disse olhando fixamente para mim.

- Mas nós ouvimos falar de você. – Astoria sorriu para a criança. – Ouvimos dizer que você é uma garotinha muito forte e viemos aqui te visitar.

 Ela ficou calada, não respondeu Astoria, mas voltou a falar com o curandeiro.

- Doutor Edward... Onde está o meu irmão? – ela perguntou. – Eu quero vê-lo.

Astoria se levantou como se não aguentasse ficar ali. Ficando de costas para a criança, fechou os olhos com força.

- Logo vai saber onde ele está, Arya. – o curandeiro respondeu. – Logo. – ele se aproximou de nós.

- Não contaram a ela ainda? – Astoria perguntou.

- Não. Ainda não. – ele disse com um suspiro. – Não sabemos se ela está pronta. E não localizamos nenhum parente para isso. Parece que a família não era daqui. Eles não tem ninguém próximo. Achamos uma tia dela na França, mas ela parecia não se dar bem com a mãe da menina. Não sabemos se vão querer ficar com ela. Estamos tentando contatá-la. – contou – Vocês querem ficar um pouco com ela?

- Pode ser. – Astoria assentiu.

- Arya. – ele se virou para a criança. – Vou deixá-los um momento, mas já volto. Comporte-se. Com licença. – e nos deixou a sós.

Astoria voltou a sentar-se a beira da cama da menina.

- Como você está Arya? Soubemos que machucou a mão.

- É, eles colocaram um remédio aqui. – ela disse mostrando a mão enfaixada. – Mas já sarou.

- Ah, que bom, não é? Logo você vai estar boa.

Ela assentiu. Então ficou me encarando. Astoria percebeu e sorriu para mim, querendo me encorajar a dizer algo.

- O que você tem aí? – apontei um brinquedo.

- É o meu coelho. – ela disse mostrando o bicho. – O nome dele é Peter.

- Ah, Peter, o coelho. Que criativo. – ri da imaginação da criança.

- Ah, que bonito é o Peter. – Astoria sorriu. – Você gosta muito dele?

- Sim. Ele está comigo desde sempre. Foi o meu papai quem me deu. Nós tomávamos chá toda tarde. – contou. – Mas ele está machucado agora e talvez não possa tomar chá por um tempo. E a minha mamãe também. Eles estão cuidando deles aqui no hospital.

- Estão, não estão? – Astoria acariciou o pé da menina.

- Uhum. – ela assentiu. – Ele é seu marido? – apontou para mim.

- É, ele é sim.

- Por que ele não fala muito?

- Ele gosta mais de ficar quietinho. – Astoria disse olhando para mim rapidamente.

- Quem disse que eu não falo muito? – ergui uma sobrancelha.

- Você só falou uma vez até agora. – ela observou.

- Eu falei de novo agora. – me aproximei da cama.

- Seu nome é engraçado. – ela pôs as mãos sobre a boca. – O de vocês dois é.

- Ah, você acha engraçado? – perguntei colocando as mãos nos bolsos. – Arya também não é um nome muito comum.

Ela deu de ombros.

- Eu gosto do meu nome.

- Eu também gosto do meu. – falei. – Não tem muitas pessoas que se chamem Draco por aí.

- É não tem muitas Aryas onde eu estudava. Mas tinham dois meninos chamados Harry. – ela contou.

- Ah é, parece que todo mundo gosta desse nome. – revirei os olhos – Mas sabe, Arya, o bom de ter o nome diferente é que todo mundo só consegue pensar em você quando o ouve. Imagina o azar de quem se chama Harry... Deve ser difícil adivinhar de qual eles estão falando.

- É verdade. – ela sorriu e ficou me olhando curiosa. – Você tem uma barba. – disse depois de algum tempo.  – O meu pai tinha, mas ele cortava quando estava grande. Porque espetava.

- Será que a minha também está assim? Pode ver pra mim? – me abaixei para que ela pudesse verificar. Arya ergueu a mãozinha devagar e tocou meu rosto timidamente afastando a mão depressa em seguida.

- Espetou! – ela riu.

- Ah, que pena. Acho que terei que cortar.

- Mas... Se você deixar crescer ela pode ficar igual a do Papai Noel, eu acho que a dele não espeta. Porque ele deixa presentes para crianças e crianças não gostam de barbas que espetam. Se fosse assim, eles não iriam deixar ele entregar os presentes.

- É você tem razão. – ri do raciocínio dela.

- Arya, nós trouxemos uma coisa pra você. – Astoria contou. – Veja só. – ela entregou uma lata de cor amarela.

- Biscoitos! – a menina exclamou ao abrir a lata. – Obrigada. – sorriu.

- De nada querida. – Astoria sorriu e nós a observamos comer. - Ela é uma graça não é? – ela sussurrou para mim.

- É... – concordei.

- Voltei. – o curandeiro anunciou entrando no quarto. – E então? Tudo bem aí?

- Sim. – Arya assentiu mordendo um pedaço de biscoito.

Me aproximei dele para fazer algumas perguntas.

- Quando ela vai ter alta? – falei.

- Bem, ela já até poderia ir para casa. Só não foi porque não tem mesmo aonde ir e com quem ficar.

- E se essa tia não a quiser? – Astoria perguntou se juntando a mim.

- Bem... – ele suspirou – Ela será encaminhada para adoção.

Eu e Astoria trocamos um olhar. Sabia muito bem no que ela estava pensando. Mas não dissemos nada. Ela voltou-se para a menina e lá ficamos por mais um tempo.

Quando chegou a hora de irmos foi, tenho que reconhecer, particularmente difícil.

- Vocês já vão? – ela perguntou triste.

- Já, querida. Nós precisamos ir. Nosso filho está nos esperando.

- Ah... – ela suspirou como se receasse a nossa partida.

- Mas nós vamos voltar. – Astoria disse. – Logo. Gostamos muito de conhecer.

- Foi legal conhecer vocês também. – ela sorriu.

- Que bom saber disso. – Astoria sorriu. – Posso te dar um abraço?

A menina assentiu depressa.

Astoria se aproximou e a abraçou por um longo tempo.

- Fique bem querida. Nós ainda voltaremos a nos ver. – prometeu.

- Tchau tia Astoria. – ela sorriu.

- Tchau Arya. – acenei para ela.

- Tchau Draco. – ela sorriu.

***

- Sei o que está pensando. – encarei Astoria enquanto caminhávamos pelos corredores do Hospital.

- Ah e você não está? Sei que ela te conquistou também. – ela me encarou como se conseguisse enxergar meus segredos mais profundos.

- É uma criança. Estranho seria se não conquistasse.

- Você é Draco Malfoy. – ela falou, como se precisasse me lembrar quem eu era.

- Tudo bem. – suspirei. – O que você quer? Que tomemos uma decisão sem pensar?

- Não. Quero que apenas cogitemos a possibilidade. – ela insistiu. – Nós... Lutamos tanto tempo para ter um filho...

- Temos o Scorpius...

- Ora, você sabe que sempre quis ter mais um.

- Vai encarar isso a essa altura da vida?

- Está me chamando de velha? – ela parou me encarando seriamente.

- Não Astoria. Só estou olhando para a complexidade da situação. Estamos falando de uma criança. Ela tinha uma vida até ontem, uma vida que foi alterada tragicamente em muito pouco tempo. Não dá pra simplesmente tentar tomar tudo e se viver normalmente. Não é algo simples de se lidar.

- Eu sei. – ela suspirou.

- Sei que se comoveu. – me aproximei dela segurando seu rosto. – E sei que isso mexe com você por ser uma oportunidade que se encaixa no que você sempre quis. Mas vamos pensar primeiro. A menina ainda tem uma família. Vamos ver o que essa tia irá fazer. Depois pensamos, ok?

- Ok. – ela assentiu.

O assunto estava encerrado por enquanto, mas eu sabia que para ela seria difícil tirar aquela história da cabeça. E para mim também.

_-*-_

- Vocês o que? – olhei para eles incrédulo.

- Não é nada certo. É uma possibilidade. – mamãe explicou – Nós só ficamos comovidos...

- ...Sua mãe ficou comovida. – papai disse em tom de correção.

- Ora, como se você não tivesse se derretido pela garotinha. – ela suspirou.

- Ei, gente! Calma! – ergui as mãos. – É uma decisão importante.

- Não decidimos ainda. Só estamos te comunicando uma possibilidade. – ela explicou. – E queremos saber o que você acha disso. Sei que não é fácil dividir atenção com uma criança, então queremos saber o que você acha...

- Astoria, ele tem dezessete anos. Daqui a pouco arruma as coisas e vai embora seguir a vida dele... Acha mesmo que precisa de atenção? – papai riu.

- É mãe, papai tem razão... Em parte. – concordei – Mas não é minha escolha. É de vocês. Vocês quem sabem. – dei de ombros. – Eu sempre quis um irmão então... É, acho que pode ser legal.

Mamãe me abraçou com força.

- Ela é uma graça. Você tem que conhecê-la. – sorriu.

- Imagino... Pra vocês terem ficado assim.

- Eles estão tentando achar uma tia dela na França. Uma das poucas parentes próximas. Nós... – ela suspirou – Temos que esperar e ver o que essa mulher fará. Não sabemos se ela vai querer ficar com ela. E enquanto isso pensamos.

- Tudo bem, mãe.

- Me deu uma pena deixá-la naquele hospital. Sozinha...

- Ela vai ficar bem Astoria. Tem gente cuidando dela. – ele bebeu um gole do whisky que colocara em um copo. – Vocês ficaram bem?

- Sim. – assenti. – Alvo e Hugo foram na casa dos Weasley pegar o vídeo game.

- Video o que? – ele estreitou os olhos.

- É um jogo. Dos trouxas. – expliquei. – Vocês podem vir também. É divertido. – me levantei.

- Depois vemos. – meu pai disse. – E Scorpius... – chamou antes que eu saísse do escritório – Não comente nada com os seus amigos ainda. Pode até dizer à Rose, mas acho melhor mantermos isso apenas para nós por enquanto. E se for dizer, peça que ela mantenha segredo.

- Tudo bem, pai. – assenti, saindo do escritório em seguida.

Quando cheguei à sala encontrei Alvo e Hugo conectando fios a uma televisão.

- Vamos ter que enfeitiçar. Não tem energia elétrica. – Hugo disse.

- Não é o problema. – Alvo tirou a varinha do bolso e fez um feitiço rápido.  Logo as luzes da televisão e do vídeo game se acenderam – Aprendi com o vovô. Ele adora mexer nessas coisas dos trouxas.

- Quando ganhou isso? – Rose perguntou a Hugo.

- Acho que no natal. Foi o vovô quem me deu. – ele  disse mexendo no controle do vídeo game distraidamente – Não se lembra disso também?

- Não. – ela negou com a cabeça. – Ah, oi... – ela sorriu para mim quando me sentei ao seu lado. – Tudo bem? – perguntou baixinho.

- Sim. Depois te conto. – beijei sua têmpora.

- Isso é divertido mesmo? – Alexis perguntou olhando para a tela.

- Muito. – Alvo assentiu. – Quando experimentar vai pedir pra sua família de sangue puro comprar um o quanto antes.

- Vamos ver. – ela ergueu as sobrancelhas.

- Hugo... Vamos no de dança. – ele pediu animado. – E eu vou primeiro.

 - A vontade... – Hugo colocou o jogo que Alvo pediu e ele fez sozinho os movimentos da primeira música.

Alexis gostou e logo ela e Sophie estavam fazendo juntas a segunda. Eles foram se revezando e logo insistiram para que Rose e eu também dançássemos. Alvo e Sophie se juntaram a nós e no final caímos no sofá suados e rindo, porque não conseguimos fazer um movimento final que era mais complicado.

- Isso foi terrível Scorpius! – Sophie riu de mim.

- Eu sou um péssimo dançarino... – ri.

- Nós percebemos. – Rose disse. – Está aí outra coisa da qual eu não me lembrava.

Todos riram com a fala dela.

Nossa tarde seguiu assim: dançando e dando risadas.

Eu me esforcei para tentar ficar focado naquilo, mas a medida em que a noite caía era impossível não pensar que a Terceira Tarefa se aproximava cada vez mais.

- Acha que deveríamos treinar? – perguntei baixinho a Al enquanto as meninas dançavam.

- Scorpius: Relaxar. Lembra? É pra isso que viemos aqui. Não acredito que está pensando nisso... – ele balançou a cabeça.

- Eu é que não acredito que você não está pensando. – falei. 

- Achei que já tivéssemos resolvido tudo. – ele sussurrou.

- Resolvemos, mas...

- Mas o que? Cara, não tem mais nada! Já tomamos todos os cuidados possíveis, treinamos e nos preparamos. Tira essa paranoia da cabeça. Não vai acontecer nada. Já te disse. Você está agindo como se estivesse com a morte agendada pra amanhã. Não entendo porque está assim.

- Eu estou tendo um pressentimento ruim.

- Ah claro. Você passou a acreditar nisso agora. – ele suspirou e se levantou indo em direção à cozinha.

 

Rose se sentou ao meu lado em seguida, ocupando o lugar que Alvo deixara. A música das meninas havia acabado.

- Isso cansa bastante. – ela tomou fôlego. – Acho que devo ter perdido... O que foi? – ela devia ter percebido minha expressão.

- Ahn? Nada.

- Não é o que seus olhos estão dizendo.

- Só estou um pouco ansioso. Pra amanhã. – forcei um sorriso.

- Scorpius... – o rosto dela se contorceu em preocupação.

- Não fica preocupada. Não é nada.

- Sério? Como você quer que eu não me preocupe? – ela suspirou.

- Eu só estou ansioso. Só isso. Mais nada. Ok?

Ela contraiu a mandíbula como se estivesse se esforçando para não dizer alguma coisa. Então se levantou sem dizer mais nada e saiu para o jardim.

- Que houve? – Sophie perguntou olhando de mim para Rose.

- Ela está preocupada. – fechei os olhos e suspirei com força passando a mão pelo rosto. – E eu também estou preocupado. E eu não consigo parar de pensar nesse Torneio Maldito. Não queria que ela ficasse mal por minha culpa, mas parece que consegui isso.

- Ela só está com medo por você. – Sophie contou. – E te ver assim a deixa péssima. E tem toda essa questão da memória.

- Eu sei, só estava tentando poupá-la.

- Não poupe-a. Ela só precisa se sentir importante. Já é demais não se lembrar do que aconteceu. Ela não precisa se sentir fraca por você estar tentando protegê-la o tempo todo. – deu um tapinha no meu ombro. – Dá um tempinho pra ela respirar e vai falar com ela. – aconselhou.

- Falou a psicóloga. – Alexis, que estava por perto, comentou. Fazendo Sophie revirar os olhos. – Te chamo quando tiver um problema.

- Sempre? – a outra provocou.

- Crianças, o lanche. – mamãe chamou colocando algumas bandejas, que vieram levitando, sobre a mesa. Todos largaram o vídeo game e se aproximaram para comer. – Onde está a Rose? – mamãe perguntou.

- No jardim. – falei. – Eu vou chamá-la

***

Ela estava perto de um canteiro de peônias. Propositalmente, fiz mais barulho que o normal para que ela me visse chegar. Ela me olhou rapidamente, mas logo tronou a virar-se para frente.

- Peônias... Achei que te encontraria perto das rosas. – brinquei.

- Essa foi a pior piada que você poderia fazer. – ela disse ainda de costas.

- Desculpe. Não sou bom em piadas. – me aproximei. – Está chateada comigo?

- Não. – falou ainda de costas

- Então olha nos meus olhos e diz que não está mesmo.

Ela se virou para mim, os braços cruzados com força.

- Está bem. Eu estou chateada. – ela suspirou – Eu tenho o direito de me preocupar com você sabia? Não precisa bancar o herói o tempo todo e querer me poupar de tudo. Você vive dizendo que estamos juntos nisso, mas você nunca me deixa fazer nada. É como seu fosse fraca demais. – desabafou.

- Não, Rose. Não, pelo contrário. Eu sei o quanto é você é forte. – a encarei – Eu só não sei lidar com a possibilidade de algum mal acontecer com você. Ainda não consigo aceitar que eu poderia ter evitado que você perdesse a memória e tem mais essa tarefa agora, então...

- E você acha que eu não sei, Scorpius? – ela me interrompeu visivelmente irritada – Eu estou tão preocupada quanto você! Querendo ou não amanhã à tarde eu vou estar junto com você na tarefa. E estou tão preocupado em te acontecer algo quanto você está comigo. Então não finja que não está acontecendo nada só pra tentar amenizar as coisas pra mim! Eu sinto do mesmo jeito que você!

- Eu sei. Desculpa. – falei baixinho, abaixando a cabeça. – Sinto muito se te magoei.

- Olha pra mim. – me surpreendi quando ela se aproximou. As mãos, apesar de delicadas, seguraram meu rosto e fizeram com que eu a encarasse com uma força e determinação que eu me lembrava de ter visto nelas por poucas vezes. – Eu posso não me lembrar do que aconteceu nos últimos meses da minha vida, mas eu sei que, desde pequena, eu aprendi com o meu pai a ser forte. E a lutar pelo que eu acredito e por aqueles que eu amo. Isso ninguém vai conseguir tirar de mim. Ok?

- Foi isso o que eu quis dizer quando disse que sabia o quanto você era forte. – sussurrei mirando aqueles olhos azuis que brilhava com força.

Rose me beijou, as mãos ainda segurando meu rosto. Ela era menor que eu então tinha que ficar na ponta dos pés. Segurei-a pela cintura e ainda de olhos fechados senti-a erguer-se do chão.

- Para de ser estúpido, ok? – ela encostou a testa na minha. Podia ver as sardas que salpicavam seu rosto bem de perto.

- Sabe que eu faço isso porque te amo...

- Eu sei. – seus dedos acariciaram minha nuca.

Senti algo gelado cair bem sob a minha testa, quebrando o nosso momento.

- Chuva. – Rose disse olhando para o céu cinzento acima de nós.

- Não tem problema. Todo mundo se beija na chuva. – voltei a beijá-la.

- Que clichê... – ela riu.

- Está aí. Nunca nos beijamos na chuva. Isso você não vai esquecer... – sussurrei em seu ouvido enquanto as gotas de chuva encharcavam nossas roupas e deslizavam pela extensão das nossas peles. Vi uma gota escorrer pela ponta do nariz dela e pingar na minha boca antes de voltar a beijá-la.

***

- Ah, olhe só... Vocês estão encharcados. – meu pai veio ao nosso encontro. – Por que ficaram na chuva?

- É que... Nós estávamos... – comecei a dizer.

- Resolvendo alguns... assuntos. – Rose completou antes que eu pudesse formular uma desculpa.

Draco nos encarou por alguns segundos, como se entendesse que era algo pessoal e esboçou um pequeno sorriso. Em seguida conjurou toalhas e nos deu para que nos secássemos.

- Obrigada Sr. Malfoy. – Rose agradeceu.

- De nada. É melhor trocarem de roupa antes do jantar. Podem pegar um resfriado. – disse antes de se afastar para a sala.

- Minhas roupas estão no seu quarto. – Rose disse com a toalha sob os ombros. – É melhor subirmos.

Assenti e nós subimos as escadas ainda bem molhados.

- Vou precisar de um banho. – falei quando entramos no meu quarto. E sem pensar muito tirei minha camiseta deixando-a cair no chão.

Vi Rose corar um pouco ao me ver sem camisa e não consegui segurar uma risada.

- O que foi? – ela me encarou.

- Desculpa. Você... ficou vermelha. Eu esqueci que ainda não está totalmente acostumada. – falei.

Suas bochechas pareceram ficar ainda mais vermelhas.

- É... Ainda é meio... constrangedor. – coçou a nuca desconfortável. – Desculpa, eu ainda preciso me acostumar a tudo isso...

- Eu sei. Tudo bem. – me aproximei dela e beijei sua bochecha. – Vou tomar um banho no banheiro de hóspedes. Pode usar o meu. Fica a vontade.

- Obrigada. – ela agradeceu com um sorriso.

Peguei uma muda de roupa e me dirigi ao lado de fora.

E não pude deixar de imaginar se teríamos a possibilidade de voltar a ser o que éramos antes.

_-*-_

A Sra. Malfoy fez um jantar especial para nós por ser a última noite antes de voltar para Hogwarts. Teríamos que dormir mais cedo pois tínhamos que estar em Hogwarts de manhã, para alguns compromissos formais antes da Terceira Tarefa, que seria na parte da tarde. O que significava que teríamos que sair ao amanhecer.

- Descansem bastante os três. – Astoria olhou de Alvo para mim e Scorpius. – E relaxem queridos. Sei como esse tipo de compromisso pode ser tenso.

- Põe tenso nisso. – Alvo bebeu um gole de suco.

- Mas tenho certeza que vão se sair bem. – Draco sorriu. – Vocês se preparam bastante.

- Já que eles estão recriando o último Torneio, - Lily perguntou – a Tarefa será a mesma?

- Sim. Será. – Scorpius respondeu.

- O labirinto. – falei. Já havia discutido aquilo com Scorpius e Alvo.

- Vocês já sabem que feitiços irão... – Hugo começou a perguntar.

- Pessoal. – Scorpius o interrompeu. – Não quero ser chato, mas... Podemos não falar do Torneio por hoje? Eu só quero relaxar agora.

- Scorpius tem razão... – Astoria disse quebrando a tensão que se instaurou no ar – Não vamos falar disso. Quem quer sobremesa?

Depois do jantar todos nós nos recolhemos a fim de descansar ao máximo e estarmos revigorados ao retornarmos a Hogwarts. Eu decidi dormir com Scorpius naquela noite para que pudéssemos aproveitar ao máximo o tempo juntos. Além de que, eu sabia, ele precisava de mim naquele momento.

- Scorpius? – chamei por ele ao voltar do banheiro e entrar no quarto, mas ele não estava lá. Não precisei pensar muito para deduzir onde ele estaria.

***

- Sabia que te acharia aqui. – falei ao chegar ao último degrau da escada que levava ao observatório.

Ele sorriu para mim. Estava sentado ao chão, com os olhos fixos no teto enfeitiçado que brilhava diante da luz das constelações. Caminhei até ele e me sentei ao seu lado observando o céu mágico.

- Eu só estava aproveitando esse tempo aqui. – disse pensativo.

- Qual é a sua favorita? – perguntei baixinho depois de um tempo observando o céu.

- É uma estrela bem rara, – ele disse sem olhar pra mim. – na minha opinião brilha mais que o sol. – ele falava quase que com uma idolatria ao astro celeste.

- E qual é? – falei procurando pela estrela mais brilhante do céu.

- Não é dessa galáxia. – ele me encarou. – Sabe qual é?

- Não. Eu não entendo nada de astronomia além do que é o sol, a lua e as estrelas. Meu ramo é poções. – ri, colocando uma mexa de cabelo atrás das orelhas.

- É você... – ele pareceu soprar as palavras para mim.

Fiquei com a boca aberta, perplexa diante da comparação.

- Merlin... Você... – pisquei – Você me mata falando essas coisas, sabia? No melhor dos sentidos é claro.

Ele riu.

- Eu só te amo muito. Demais. Tanto que não dá nem pra medir. – falou e eu segurei seu rosto, acariciando sua pele.

- Eu também te amo muito. Você é incrível sabia? As vezes eu me pergunto como pude me apaixonar duas vezes pela mesma pessoa e... – suspirei – Quando você me diz essas coisas, eu entendo como aconteceu.

Ele sorriu e me beijou. E quando nos separamos colocou a cabeça sob as minhas pernas, se deitando no meu colo. Fiquei acariciando seus cabelos loiros enquanto ele olhava para a constelação no teto.

- As vezes eu também me pergunto o porquê de algumas coisas acontecerem. – ele disse, agora olhando para mim. – Muitas vezes eu não entendo muito  bem no momento e me recuso a aceitar. Mas agora, olhando para tudo o que aconteceu, eu vejo que nós estamos bem aonde deveríamos estar. Eu não te amaria tanto como amo agora se não tivesse passado pela possibilidade de te perder. Isso só me deixou mais forte.

Ele buscou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

- Já passamos por muita coisa não é? – falei acariciando os cabelos dele.

- Já. – ele fechou os olhos como se pudesse se lembrar de todos os momentos. – E passamos por todos eles. No fim sempre conseguimos tirar algo de bom. Mesmo que isso fosse apenas ter um ao outro. E foi o que sempre importou.

- Mesmo que eu não me lembre de tudo... – falei  enquanto ele se sentava – Eu tenho orgulho de nós, sabe... De tudo o que passamos. Posso não me lembrar de todos os momentos. Mas eu os sinto. Bem aqui. – toquei meu peito, na altura do coração, e fechei os olhos com força.

- E isso – Scorpius disse e eu abri os olhos para encará-lo, seis olhos cinzentos me olhando penetrantes. – ninguém pode tirar de você, Rose. Porque é a sua vida. Seja o que for que vá acontecer amanhã, é só mais uma parte dela. E eu agradeço imensamente por viver isso com você. A sua vida faz a minha melhor. – ele segurou minha mão.

- Eu te amo. – falei me inclinando para abraçá-lo. – Não importa o que aconteça. 

Senti seus braços me envolverem e entendi que, como ele havia dito, o que mais importava era que tínhamos, e sempre tivemos, um ao outro. Não importava o que acontecesse.


Notas Finais


Tem alguém emocionado aí? Ou só eu? Vocês gostaram? Me contem! Vamos interagir, please. Galera que começou acompanhar a fanfic agora, ou que está aí a um tempo, por favor, vamos falar o que estão achando! Eu amo quando vocês palpitam. E os comentários de vocês são muito importantes!
'Cês querem que a Arya seja uma Malfoy né? Eu sei disso. Muita gente acertou o palpite no cap anterior... vamos ver se vai dar certo.
Gente, próximo cap: Terceira Tarefa. Enfim chegamos. E, preparem-se pra bomba: A MEMÓRIA DA ROSE VAI VOLTAR! Finalmente, eu sei. Já não era sem tempo. Tem várias surpresinhas planejadas, espero que vocês realmente se surpeendam rsrs Mistérios serão revelados. Aguardem. ( Sim, a fic está acabando. Tentem lidar com isso porque eu não sei como...)
Bem, comentem aí suas expectativas, elogios, críticas (sim, são bem vindas) ou simplesmente dá um oi pra essa autora! Eu leio tudo! E amo quando o pessoal novo comenta os caps anteriores. Se eu deixar de responder algum comentário é por puro esquecimento, juro. Mas eu estou sempre separando um tempo para ler todos eles e guardo todos no coração!
Amo vocês e obrigada por lerem! Beijinhos!

Mal feito, feito!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...