1. Spirit Fanfics >
  2. Nothing Really Matters, Anyway The Wind Blows - (Scorose) >
  3. O Natal dos Weasley

História Nothing Really Matters, Anyway The Wind Blows - (Scorose) - O Natal dos Weasley


Escrita por: SrtaSchreave17

Notas do Autor


Genteeeee! Eu voltei!
Quanto tempo! Eu estava morrendo de saudades de escrever essas notas iniciais rsrs Feliz Natal e Feliz ano novo muuuuito atrasado pra vocês. Quero pedir desculpas, eu me enrolei com as festas de fim de ano e eu tive um bloqueio de criatividade pra escrever esse capítulo. Eu escrevi metade e depois apaguei tudo (sim, eu sou louca), mas finalmente eu consegui deixá-lo como eu gostaria que ele fosse. Espero que vocês se divirtam e consigam se sentir como num natal na n'A Toca!
Obrigado a todos que estão favoritando e pelos comentários no último capítulo. Que bom que consegui agradar vocês! E me desculpem por não ter respondido a todos, mas saibam que li e que me sinto lisonjeada por poder escrever essa história pra vocês e trazer mais um pouquinho do mundo de Harry Potter pra alegrar nossos dias!

NÓS SOMOS O MELHOR FANDOM DO MUNDO!!!

Boa Leitura

Capítulo 43 - O Natal dos Weasley


Fanfic / Fanfiction Nothing Really Matters, Anyway The Wind Blows - (Scorose) - O Natal dos Weasley

“Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos. Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glórias, até a zumbificar se não forem o bando de cabeça-ocas que geralmente me mandam ensinar.” (Pedra Filosofal, capítulo 8);

 

Um tributo a Allan Rickman, nosso eterno Professor Snape. Obrigada por tudo.

 

Um baile conturbado, uma viagem no tempo, uma dança perfeita com meu namorado, inimigas revoltadas, correria, discussão em família... Enfim, eu poderia citar muito mais coisas. Os acontecimentos do Baile de Inverno de Hogwarts foram bem marcantes e ficariam para história, porém nada que pudesse estragar nosso natal.

Na manhã seguinte ao baile, eu, Scorpius, Alvo, Sophie e Alexis ocupávamos uma cabine no expresso de Hogwarts. Pela primeira vez na história do Torneio Tribruxo o comitê organizador havia concordado em deixar que os alunos passassem o feriado em casa com suas famílias, ou apelo menos aqueles que quisessem, é claro, mas no caso de Kiera LeVill, os que pudessem.

Alvo soltou uma gargalhada enquanto eu e Scorpius repetíamos para nossos amigos os acontecimentos da noite anterior e o que meus pais haviam dito naquela manhã.

- Quer dizer que ela vai passar o natal em Hogwarts de castigo?

- Exatamente. – sorri contente. – Papai disse que a McGonagall vai convocar a mãe dela para uma reunião hoje mesmo. Convocar!

- E o Kennedy também! Não se esqueçam dele. – Scorpius acrescentou.

- Ah, eles estão muito ferrados! – Alvo riu e Sophie o acompanhou.

- Daria tudo para ser uma mosquinha e ver a Kiera passar o dia inteiro...  – Sophie começou a falar, mas parou  e pensou por um momento, me olhando curiosa. - O que disseram que ela vai ter de fazer? Limpar os troféus da sala de troféus? Limpar o chão?

- Tomara! –falei – Assim ela vai ficar com as mãos doendo e ainda perder o esmalte com produtos de limpeza.

- Rose Weasley... tsc, tsc... Quem diria... Nunca imaginei que iria te ver falando assim. – Alexis disse me observando com um ar divertido.

- Pode se acostumar. – falei. – Ah, e eu na terminei de me vingar.

- Uau! – Alvo levantou os braços – Ouviram isso? – olhou para as meninas – Cuidado com ela! Acho que você está passando muito tempo com o Scorpius.

Scorpius apenas sorriu e me puxou mais para perto depositando um beijo em minha testa.

- Sabe, eu fiquei pensando em uma coisa... – falou com ar de verdadeira curiosidade – Alexis, - olhou para ela – você não contou como foi a noite com o Callun.

- É verdade! – sorri para minha amiga. – Conta tudo! Eu quero saber.

- Hahah... – Alvo gargalhou mais uma vez. – Vocês precisavam ver. A Callun é um verdadeiro “pé de valsa”. Acho que ela se divertiu bastante.

- É... Até que não foi mal. – ela falou folheando as páginas de uma revista que trazia no colo. E permaneceu em silêncio, como se não tivesse mais nada a acrescentar.

- Só isso? – ergui as sobrancelhas – Até que não foi tão mal? Conta direito!

- Ai gente... – ela revirou os olhos e fechou a revista. – Ela é fofo, tá ok? Mas não é pra mim. Ele foi atencioso, dançou bem e nem pisou no meu pé, foi educado. Mas eu não tenho interesse em estabelecer uma relação amorosa com ele.

- Foi uma “diversão de uma noite”, então? – Sophie perguntou.

 Alexis deu de ombros.

- Chame do que quiser.

Seguimos a viagem conversando, rindo e imaginando o que Kiera estaria fazendo a uma hora daquelas. Só mudamos de assunto quando lembrei de perguntar a Alvo sobre Tiago e a briga da noite anterior.

- Mamãe só surtou na hora. – contou – Agora ela está super animada com a possibilidade de ter um neto. E nem está implicando tanto com a garota.

- Ah, que ótimo. Sabia que eles não ficariam brigados por muito tempo.

- Pois é. Mas acho que o único problema que possa ter é do fato de que ela provavelmente vai querer se intrometer nos assuntos dele. Sabe como a mamãe é. Ela vai querer dar palpite em tudo. As vezes acho que ela está ficando igual a vovó. Mas o problema, o maior mesmo, é o pai dela. Vocês nem imaginam!

- O que tem o pai dela? – Scorpius franziu a testa.

- O pai dela é o Sr. Petrovich! O diretor da Durmstrang!

- Uau... Que mundo pequeno! – Scorpius surpreendeu-se com a informação.

- E parece que ele não ficou nada feliz em saber que vai ser vovô. Eles discutiram. O Petrovich e a Mia. Tiago disse que não conseguiu entender muito, até porque ele não fala búlgaro, é claro... Mas a coisa foi séria e deixou a Mia chorando. O Tiago foi defendê-la e o cara gritou com ele também. Ele a levou pra nossa casa, aparatou de Hogsmead, e eles com certeza passaram a noite lá.

- Coitada. – falei cruzando os braços e me sentindo mal por Mia – Pelo menos os seus pais estão apoiando eles. Poderia ser bem pior.

- Sim. Ela deve passar o natal conosco. Mamãe disse que quer que eu e a Lily façamos com que ela se sinta “em família”.

- Nada mais justo. – comentei.

Continuamos com nossa conversa sobre família e Alvo começou a expor para Scorpius e Sophie, que passaria o natal conosco, as nossas tradições de família.

Por volta do meio-dia o trem chegou a King’s Cross. Recolhemos nossas mochilas e bolsas e nos dirigimos a saída mais próxima em direção a plataforma. Desta vez não estava tão cheia como no 1º de setembro, pois nem todos os alunos passariam as férias em casa.

Depois de alguns minutos esticando o pescoço avistei meus pais nos esperando quase no meio da plataforma. Lily e Hugo, já próximo a eles recebiam os abraços de boas vindas. Depois de desejar votos de boas festas a Alexis, nos despedimos dela e fomos ao encontro da nossa família.

Mamãe e papai nos receberam com abraços calorosos e beijos.

- Como se vocês não tivessem nos visto há anos... – comentei quando meu pai me apertou um pouco forte demais.

- Não, reclame garota. – Rony disse com os braços ao redor do meu ombro. – Só porque está com esse daí... – apontou Scorpius com a cabeça, mas eu não deixei que ele terminasse.

- Ei, vai começar com os ciúmes? – eu o abracei bem forte dessa vez.

- Ainda é difícil aceitar ter que dividir minha garotinha com...

- Pai...

- É brincadeira. – ele sorriu cúmplice para Scorpius. – Mas você ainda vai te que se tornar um fã do Chudley Cannons... – apontou o dedo e olhou sério para ele.

- Eu até pesquisei algumas coisas, até que eles não são tão maus...

- Não são tão maus...

 - Rony, depois vocês discutem quadribol. – Hermione chamou a atenção dele. – Vamos indo? – olhou para nós.

- Tia, - Alvo a chamou – os meus pai ainda não chegaram. – franziu a testa olhando ao redor.

- É mesmo... – Hermione o acompanhou com o olhar. – Que estranho. Harry não costuma atrasar.

- Será que aconteceu alguma coisa? – Lily indagou preocupada.

- Com certeza não, querida. – Hermione a tranquilizou.

- Vamos esperar mais um pouco. – Rony decidiu – Ele não deve demorar. Não podemos deixá-los aqui sozinhos.

Passaram uns quinze minutos. A plataforma já estava praticamente vazia. Estávamos cansados e trocávamos o peso de uma perna para a outra. Papai estava até mesmo induzindo Scorpius a se tornar um membro honorário do fã clube do Chuddley Cannons, apresentando a ele os melhores atributos do time...

- E tivemos um apanhador... – ele estava dizendo quando Hugo o interrompeu.

- Ah, olha ele lá! – apontou uma figura que vinha a passos rápidos em nossa direção.

- Desculpem a demora. – Tio Harry disse ao se aproximar secando o suor da testa com a mão. Tinha um ar claramente preocupado. Abraçou Alvo e Lily primeiramente, cumprimentou Sophi, nós, seus sobrinhos, e Scorpius. Por último se dirigiu aos meus pais. – Obrigado por terem esperado com eles.

- Por nada, Harry. Não nos custou nada. – meu pai disse. Analisou o amigo e falou: - Você parece preocupado. Aconteceu alguma coisa?

Harry suspirou pesadamente.

- Infelizmente. – falou com pesar. – A noite não foi nada boa.

- O que houve? – Lily agarrou o braço do pai – Foi a mamãe? Ela está bem?

- Não, querida. Não foi sua mãe. – ele a abraçou e olhou para nós, parecia prestes a dar uma péssima notícia. – A Mia passou mal durante a noite, a levamos para o hospital e... ela perdeu o bebê. Infelizmente.

- Ah, não. – levei as mãos à boca imediatamente.

- Não acredito... – Lily enterrou o rosto no ombro do pai já derramando algumas lágrimas.

- É... Nós lamentamos muito. Num momento estávamos tão animados e em outro... – suspirou – Tiago está arrasado. Demorei porque esperei que ela tivesse alta no hospital e os deixei em casa. Eles disseram que poderia ter sido por conta do stress. Provavelmente por causa de uma discussão com o pai ontem.

Ainda lamentando o ocorrido, tivemos de cruzar a passagem antes que ela se fechasse. Nos despedimos do Tio Harry, Lily, Alvo e Sophie no estacionamento, prometendo nos ver no jantar n’A Toca logo mais, à noite.

Entramos no carro ainda chocados com a notícia e comentando sobre o que havia acontecido pelo caminho.

- Eu nem imagino como ela deve estar se sentindo... – falei.

- Isso às vezes acontece filha. – minha mãe disse no banco da frente.

- Mas deve ser horrível.

- Disso não tenho dúvida.

- Perder um filho... Apesar de tudo, eles deveriam estar tão felizes...

- Eles são jovens Rose. – papai disse olhando para mim pelo retrovisor. – Talvez não fosse a hora... Eles ainda terão muito tempo e muita vida pela frente.

- Ainda sim deve ser uma dor terrível. – insisti. – Nunca é fácil perder ninguém.

***

Ajudei mamãe a terminar de preparar o almoço enquanto papai, Scorpius e Hugo haviam ido buscar o vovô William. Era o primeiro natal que passaríamos sem a vovó.

- Chegamos! – a voz de Hugo anunciou após ouvirmos alguns passos na sala.

Me dirigi até a sala para cumprimentar meu avô, que já se acomodava em uma poltrona.

- Vovô! – eu o abracei por trás e beijei o topo de sua cabeça.

- Rose! – ele pegou minhas mãos e as beijou. – Como está minha netinha?

- Bem, obrigada. – falei. – E o senhor?

Ele suspirou, não como se estivesse muito triste nem nada, apenas suspirou. E em seguida sorriu.

- Seguindo! – falou.

- Onde ponho isso, Sr. Granger? – Scorpius vinha trazendo uma caixa de papelão e papai vinha logo atrás.

- Pode deixar aí no canto mesmo. – vovô indicou um canto qualquer da sala.

- O que é isso, vovô? – Hugo indagou vinda da cozinha, onde havia deixado algumas sacolas com ingredientes para o almoço, as quais mamãe havia pedido que eles trouxessem.

- São algumas coisas que eram da sua avó. Achei que vocês gostariam de ficar com alguma. Tem alguns livros, algumas joias, mas a maioria é quinquilharia... – sorriu. – O que não quiserem eu vou doar a algum abrigo ou algo do tipo.

Eu e Scorpius nos sentamos no carpete e começamos a examinar os objetos. Haviam diversos livros que eu fiz questão de separar para a minha coleção pessoal. A maioria eram clássicos da literatura inglesa, todos bem conservados e com aquele cheirinho de livros que eu adorava. Scorpius se interessou pelo título de alguns dizendo que adoraria conhecer a literatura dos trouxas, então recolheu alguns para si mesmo. Fiquei com uma caixinha de repleta de joias, que eu examinaria mais tarde, pois mamãe já estava nos chamando para o almoço.

Nos sentamos a mesa ao som de um velho rádio de madeira que cantava as habituais canções natalinas. Nos servimos e pusemo-nos a comer.

- E então Scorpius... – meu pai começou. Ergui os olhos e o observei, atenta ao que viria pela frente. – Quais são os seus planos para depois de Hogwarts?

Papai o encarou esperando uma resposta. Mamãe o observava desconfiado e Hugo e Vovô pareciam tentar não rir.

Scorpius terminou de mastigar o que tinha na boca e engoliu em seco.

- Bem, senhor...  – começou – Eu ainda não decidi a que área seguir. Mas seja qual for pretendo estudar me dedicando a ela.

- Você joga quadribol não é?

Pai, você sabe que sim! – eu tive vontade de dizer.

- Sim, senhor. – Scorpius respondeu educadamente – Artilheiro.

- E a área...

- É apenas um hobby para mim. Não pretendo seguir carreira. Eu gosto muito de astronomia, poções, defesa contra as artes das trevas e runas antigas.

- A academia de aurores é uma opção então?

- Certamente. A profissão me atrai. Engloba as áreas que mais aprecio. – Scorpius explicou. – Até agora tem sido a opção que mais considerei.

- O treinamento é puxado. – papai disse – É preciso disciplina, foco, determinação... Alguns testes de resistência são bem duros. Mas o pior de tudo é o exílio.

- Exílio? – fui eu quem perguntei dessa vez. – Como assim exílio? – Scorpius teria que ficar fora? Por quanto tempo? Eu não gostaria de ter que me afastar.

- Vocês sabem... Um tempo de treinamento na floresta, uma espécie de “estágio” em Azkaban ajudando a interrogar criminosos... Geralmente dura uns seis meses...

- Seis meses?! – perguntei largando os talheres no prato.

Papai pôs-se a rir descontroladamente.

- Ele está brincando, filha. – Hermione explicou enquanto olhava feio para Rony. – Ele só quer assustar vocês.

- Ufa... – Scorpius suspirou apoiando-se melhor nas costas da cadeira. – Eu não ia suportar ficar seis meses longe.

- É brincadeira. – Rony explicou. – Eu só queria ver a cara de vocês. – ele se tornou sério novamente. – E depois? – perguntou.

- Depois? – Scorpius indagou sem entender.

- O que vai fazer depois de formado na Academia?

- Bem, planejo conseguir um emprego no departamento. – Scorpius explicou.

Eu não sabia onde meu pai queria chegar com todas aquelas perguntas, mas na fala seguinte dele eu descobri.

- E a minha filha?

Senti minhas bochechas corarem quando olhei de Scorpius para o meu pai.

- Pai... – falei entre dentes.

Meu pai apenas ergueu a mão pedindo que eu me calasse.

- Quais são os seus planos para com a minha filha? – ergueu uma sobrancelha parecendo querer intimidar Scorpius.

- Senhor... – Scorpius desabotoou um botões da camisa, como se aquilo estivesse sufocando-o – Acredite: as minhas intenções com a Rose são as melhores. Nós temos construído uma relação sólida e pelo que conversamos – ele olhou para mim – estamos inclusos nos planos futuros um do outro.

- E esses... planos, eles envolvem casamento? – ele perguntou sendo ainda mais direto.

- Pai! Por favor... – lhe lancei um olhar pedindo que ele parasse. Estava sentindo meu rosto pegar fogo. Até Scorpius estava vermelho.

- Ora Rose, ele está passando o primeiro natal conosco. – meu pai tentou explicar – É um passo importante na relação. Eu tenho que saber onde isso vai dar!

Ele está de brincadeira com a minha cara... Não é possível.

- Pai, por Merlin, a mamãe passou vários natais com você antes de vocês de começarem a namorar. Isso não tem nada a ver com casamento... – falei ficando irritada.

- Ronald! Quer parar com isso? Isso é pergunta que se faça ao menino. Eles tem dezesseis anos! – Hermione o repreendeu.

Scorpius, embora estivesse tão constrangido quanto eu, segurou minha mão por baixo da mesa.

- Olhe senhor, só para deixar claro: - falou – Rose e eu temos alguns planos sim. Mas é pessoal demais. Quando chegar a hora, e eu espero que chegue mesmo, pode apostar, o senhor será o primeiro a saber.

A fala de Scorpius combinada com a bronca de Hermione finalmente o fez ficar quieto. O almoço seguiu e graças ao vovô as conversas tomaram um rumo diferente. Mamãe arrumou a cozinha usando magia enquanto papai e Hugo jogavam a tradicional partida de xadrez deles e vovô assistia a um especial de fim de ano na TV.

Scorpius e eu nos sentamos no sofá de dois lugares num canto mais afastado da sala.

- Desculpa por isso. – sussurrei para ele. – Meu pai às vezes... – suspirei. – Não sei de onde ele tira essas coisas.

- Tudo bem. – ele sorriu. – Acho que foi demais pra ele me ver passar o natal com vocês. Afinal, todo mundo acha que nós somos o casal que quebra a “ordem das coisas”. Além do mais ele só está preocupado com você.

- As vezes ele exagera!

Para confirmar a minha fala papai soltou um grito e ergueu os punhos comemorando a vitória na partida de xadrez contra Hugo.

- Ganhei! – comemorou. – Quem quer jogar agora?

- Está vendo... – sussurrei para Scorpius e cruzei os braços.

Rindo, ele me abraçou e me trouxe para perto.

- Acho que – ele sussurrou em meu ouvido – estou começando a me arrepender de ter dito que ele seria o primeiro a saber dos nossos planos.

- Ainda bem que não fui eu a prometer nada. – sorri.

- Ei mocinha! – papai gritou para mim da mesa onde estava jogando xadrez – Não é porque o seu namorado está aqui esse ano que você vai abandonar a nossa tradição!

- Tudo bem pai, já estou indo. – falei me levantando. Senti Scorpius me acompanhar com os olhos. – Eu nunca vou abandonar a nossa tradição. –me sentei a frente dele.

- Pensei que ia me trocar por ele. – ele falou baixinho enquanto reorganizava as peças e as reconstruía com a varinha.

- Eu nunca vou te trocar por ele pai. Não precisa ficar com ciúmes.

- Eu? Com ciúmes dele? Jamais. – ele posicionou um bispo em seu devido lugar. – Só acho que... – falou baixinho – está passando tempo demais com ele.

- Estudamos na mesma escola. Fazemos 90% das aulas juntos.

- Não nesse sentido. – ele suspirou – Não acha que isso está ficando sério demais? –colocou o rei negro no lugar e me encarou.

- Achei que senhor já tinha aprovado o meu namoro com o Scorpius...

- O namoro sim, mas a cada dia estou vendo isso tomar proporções maiores.

- E isso é ruim? – coloquei a torre das brancas no lugar.

O tabuleiro já estava todo montado. Eu ficaria com as peças brancas e ele com as negras.

- Comece. – ele pediu.

- Peão na G3. – dei o comando e observei a peça se mover.

- Peão na B4 – ele disse. – Eu não diria ruim. Eu apenas me preocupo com o seu futuro, Rose. Tenho medo que as coisas aconteçam rápido demais e você não esteja preparada.

- Rápido demais? – perguntei sem entender o que ele queria dizer. – O que exatamente? Bispo na H3.

As bochechas dele se tingiram de um leve tom de vermelho, assim como suas orelhas.

- Bem Rose... Vocês são jovens... Cheios de hormônios... Bem... – pigarreou – Hoje, na sua idade, é muito comum... Ahn... Digamos que eu não quero ser avô tão cedo!

- Pai! – senti meu rosto e minhas orelhas ferverem em segundos. Levei as mãos a boca, incrédula. Scorpius olhava em nossa direção com um olhar preocupado – Não acredito que está falando disso... – falei baixinho apenas para papai ouvir. Meu namorado não precisava saber daquilo também. – Ah, claro... Aposto que está falando isso por causa do Tiago e da Mia. Não é? – o encarei.

- Talvez. – ele fez um careta como se não quisesse admitir de onde havia tirado aquela ideia. -  Não custa nada me precaver. Eu precisava verificar. Vocês não... – ele começou, mas eu o interrompi.

- Não pai. Não aconteceu nada, ok?

Ele suspirou. Parecia aliviado.

- Por favor, não me faça mais essas perguntas, está bem? – pedi. – E nenhum comentário constrangedor como esse. Na frente do Scorpius principalmente.

Ele franziu a testa olhando torto na direção de Scorpius.

- Tudo bem. – disse de por fim, com um tom de má vontade. – Mas se eu sentir que há necessidade...

- No mínimo seja mais discreto. – falei.

Papai apenas revirou os olhos.

Nós continuamos o jogo e ele não tocou mais no assunto. E eu esperava que nunca mais tocasse mesmo. Terminamos o jogo e ele ganhou mais uma vez.

- Fazer o que... Sou o ganhador da melhor partida de xadrez que Hogwarts já viu. – ele argumentou. – Não fique triste princesa. É extremamente difícil ganhar de um profissional?

Rolei os olhos e me levantei.

- Quem vem agora? – ele esfregou as mãos, animado.

- Posso tentar, senhor? – Scorpius perguntou.

- É claro. Só não vá chorar se perder. – ele piscou para ele.

Scorpius tomou meu lugar e eu fiquei de pé atrás dele.

- Tudo bem, Rose. Pode torcer por ele. Pode servir de consolo quando ele perder. – Ronald riu.

Scorpius olhos para mim e piscou.

- Eu confio na capacidade dele. O senhor vai se surpreender. – falei.

- Veremos. – ele gargalhou.

O jogo começou com o primeiro movimento de Scorpius. Papai fez o seguinte. E quando Scorpius pensava em sua jogada e ele falou:

- E então Scorpius... – falou observando-o. Instantaneamente lancei um olhar desafiador a ele, como medo de que falasse algo constrangedor. – Como está o torneio? – ele perguntou, para meu alívio.

Scorpius fez o movimento antes de responder.

- Bem senhor, agora tenho que desvendar aquele ovo de dragão.

- Harry já te deu a dica? – perguntou enquanto realizava outro movimento.

- Ainda não. Ele disse que tinha algo a me falar, mas ainda não tivemos a oportunidade de conversar.

- Bem, então espere ele mesmo te contar.

Eles continuaram com o jogo e surpreendentemente, para o meu pai é claro, Scorpius ganhou.

- Isso! – ele comemorou socando o ar...

- Eu disse... – cantarolei olhando para o meu pai.

- Mas como... – papai olhou abismado para o rei despedaçado no tabuleiro.

- Ele é muito bom! Excelente na verdade.

- Eu fui campeão num clube que meu pai frequentava. – Scorpius contou.

- Que ótimo! – sorri – Agora temos dois campeões de xadrez na família.

Papai cruzou os braços, infeliz por ter perdido pela primeira vez.

- Você ganhou dele? – Hugo chegou a sala com um sorriso.

- Ganhei. – Scorpius contou.

- Parabéns. – deu tapinhas no ombro dele.

- Obrigado. – então se virou para o meu pai. – Foi uma ótima partida, senhor. – Scorpius esticou as mãos cumprimentando-o.

Rony hesitou, porém acabou aceitando. Mas ainda parecia inconformado de ter perdido sua partida de xadrez anual para o genro sonserino.

***

No fim da tarde, depois do chá, vovô foi embora e nós fomos nos arrumar para ir para A Toca. Eu não costumava me arrumar muito para as noites de natal, afinal eu não tinha muitos motivos, mas esse ano era diferente. Ter um namorado era um ótimo pretexto para dar um quê a mais no visual. Então é claro que eu precisei de mais tempo me arrumando e consequentemente papai já estava impaciente.

- Rose! – Hugo bateu a minha porta. – Papai disse que se você não descer nos próximos cinco minutos pode passar o natal sozinha em...

- Eu já estava descendo. – abri a porta e sorri para ele.

Hugo apenas revirou os olhos.

- Humm... Penteou o cabelo... – observei enquanto ele andava a minha frente. – E até se arrumou um pouquinho... Isso tudo é pra Lily?

- Não enche. – resmungou sem olhar para mim.

Descemos as escadas e encontrei Scorpius me esperando. Ele usava um pulôver azul escuro que combinava perfeitamente com o meu suéter.

- Você está linda. – ele elogiou pegando a minha mão.

- Obrigada. – agradeci. – E eu digo o mesmo.

Começamos a trocar um beijo mas fomos interrompidos pelo meu pai.

- Até que enfim... – ele apareceu vindo da cozinha. – Podemos ir agora. Peguem as capas...

- Capas? Pai, não podemos aparatar? Eu não quero sujar a minha roupa usando o pó de flu.

- Adolescentes... – ele revirou os olhos. – Falaram que ia ser fácil...

- Ela tem razão Rony. Não vamos chegar todos sujos a casa da sua mãe. – Hermione concordou chegando a sala. – Hugo vem comigo, Rose e Scorpius vão com você.

Vestimos os casacos e nos dirigimos a varanda. O vento frio de dezembro pareceu cortar nossos rostos. A neve brilhava sobre a grama congelada no jardim. Meus pais trancaram a casa usando as varinhas e nós nos posicionamos. Eu e Scorpius seguramos a mão do meu pai, cada um de um lado. A familiar sensação do chão girando sob nossos pés se fez presente e desaparatamos.

***

Meus sapatos afundaram alguns centímetros na neve fria fazendo meus pés gelarem.

- Chegamos. - meu pai anunciou.

Ouvimos um estampido, que indicava a chegada de mamãe e Hugo.

- Vamos? – ela perguntou.

Assentimos e começamos a caminhar em direção a construção desengonçada com quatro chaminés fumegantes que era A Toca. Scorpius se aproximou e segurou minha mão.

Cruzamos o portão e adentramos no jardim da propriedade. Sombras passavam pelas janelas em diversos cômodos da casa, o que indicava que o lugar já estava cheio. Quando entramos pela cozinha encontramos minhas tias envolvidas no preparo final dos pratos para a ceia, todas seguindo o comando da nossa matriarca.

- Ah, vocês chegaram! – vovó Molly foi a primeira a nos ver e já veio com os braços abertos para nós. Cumprimentou meus pais, apertou as bochechas de Hugo e em seguida abraçou Scorpius e a mim. – Que bom que trouxe o Scorpius para passar o natal conosco, querida.

- É um prazer estar aqui senhora Weasley. Obrigada por me receberem. – ele sorriu.

- Você será sempre bem vindo! E... Ah, eu já ia me esquecendo. – ela caminhou até o armário da cozinha e pegou uma espécie de caixa embrulhada em papel pardo, como uma encomenda. – Chegou hoje a tarde. – explicou – Acho que são dos seus pais. Eles devem ter imaginado que estaria aqui.

- Ah, muito obrigada. – ele agradeceu pegando o embrulho.

- Rose... Quanto tempo, querida! – Tia Audrey sorriu da mesa da cozinha, onde ajudava Angelina a preparar uma espécie de torta.

- Tia Audrey, que bom vê-la. – trocamos um beijo. – Ah, a senhora não conhece ainda. Esse é o meu namorado, Scorpius. – apresentei Scorpius.

- Ah, muito prazer senhora Weasley. – Scorpius a cumprimentou.

- Ah, ouvi falar muito de você. – ela sorriu.

- Tia Angelina! – cumprimentei.

- Olá querida. Não vou te abraçar porque estou toda suja. – ela disse com a mão na massa. – Olá Scorpius.

- Oi! – ele acenou.

- Ahn... Nós vamos lá pra sala cumprimentar o pessoal.  – informei.

- Tudo bem. – ela sorriu.

- Vem, amor. – segurei a mão de Scorpius. Mas antes consegui ouvir tia Audrey comentar baixinho.

- Que amor...

- Não são? – Angelina concordou.

Praticamente todos da família já estavam presentes, com exceção dos Potter, Victoire e Teddy. Eu e Scorpius, depois de cumprimentarmos a todos, nos afastamos para um cantinho mais reservado da sala, longe das conversas dos adultos. Ele se sentou abrindo o pacote que havia recebido dos pais enquanto eu observava a sala. Os homens sentaram bebendo algumas cervejas amanteigadas enquanto tia Fleur arrastava mamãe para a cozinha. Fred, Louis e Hugo conversavam aos cochichos em uma mesa mais afastada, embora Hugo, a cada três segundos virasse o rosto para a janela, provavelmente esperando que Lily e nossos tios aparatassem no jardim.

- Ah, meus pais me mandaram uma carta. – Scorpius sorriu. – E eles estão desejando boas festas a você e a sua família.

- Obrigada, para eles também. – agradeci – Eles estão aonde mesmo?

- Irlanda. – ele disse guardando a carta no bolso, embora eu achasse que aquela caixa  fosse grande demais para caber apenas uma carta. Ele puxou a varinha e fazendo um floreio fez com que ela diminuísse. E guardou-a no bolso antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa e em seguida sorriu para mim. – O Al e a Sophie já devem estar chegando, né?

- Provavelmente. – eu disse ao mesmo tempo que vovó entrava na sala e ia em direção a estante. Ele mexeu no velho rádio e automaticamente a voz inconfundível de todos os natais da minha vida começou a tocar. – Ah, não...- revirei os olhos – Celestina Warbeck.

- Quem? – Scorpius me olhou confuso.

Mas antes de responder me levantei puxando-o comigo.

- Vamos lá para fora. – falei arrastando para a cozinha e cruzando a porta dos fundos.

- Rose, vamos congelar aqui. – ele falou enquanto eu o afastava da casa.

- E se ficarmos lá dentro vamos agonizar. – caminhamos para a parte do jardim onde haviam alguns bancos de madeira. – Eu odeio Celestina Warbeck, na verdade todo mundo odeia. A gente só ouve isso todo natal por causa da vovó. – contei quando nos sentamos. – Então, o que você costuma fazer todo natal?

- Eu? Nada muito incomum. – ele disse despreocupado enquanto passava o braço pelas minhas costas e me abraçava. O frio pareceu diminuir. – Os meus natais são meio monótonos.

- Até agora. Espere pela confusão na hora de ceia. – sorri para ele.

- Eu gosto disso. – ele tirou uma mecha de cabelo que caia sobre o meu rosto. – Da sua família, quero dizer. Vocês parecem tão unidos. As vezes eu gostaria que fossemos apenas meus pais e eu. Os meus avós na maioria das vezes são muito rabugentos. Meus pais já discutiram várias vezes por causa disso. Mamãe não se dá muito bem com a minha avó. Elas discordam em muitas coisas.

- Entendo. – acariciei o cabelo dele. – A minha avó as vezes se desentende com as minhas tias também. Sogras.

- Mas nem se compara. – ele disse parecendo decepcionado com a família. – Mas... – sorriu – vamos mudar de assunto, é natal.

- Sobre o que quer falar então? – perguntei.

- Ah, não precisa falar. – ele levantou meu queixo delicadamente. Seus dedos cariciaram minha bochecha. – Aproveitando que o seu pai e seu irmão extremamente ciumentos não estão por perto...

Sorri.

- Seu pai deve estar morrendo de raiva por eu ter ganhado dele. O que aumenta as chances de ele me matar se nos pegar aqui.

Me lembrei do comentário do meu pai durante a nossa partida de xadrez hoje mais cedo. Se ele era capaz de pensar no que estávamos fazendo, imagine se nos flagrasse ali...

- Isso seria terrível. – falei acariciando os cabelos de Scorpius – Mas eu estou disposta a correr o risco.

Scorpius deu aquele sorriso torto e aproximou o rosto do meu encostando o nariz na minha bochecha.

- Te amo. – sussurrou – Obrigado por esse ano incrível. E por me permitir fazer parte disso.

- Eu também te amo. Pra mim não seria tão incrível sem você.

Ele me beijou calmamente enquanto seus dedos brincavam com os cabelos atrás da minha orelha.

- Aquelas lanternas de papel do verão valeram a pena... – ele comentou quando o ar faltou e nós precisamos no separar. Mas seu rosto estava suficientemente perto para que eu visse bem de pertinho aqueles dentes perfeitos quando ele sorriu.

- Isso parece ter sido a tanto tempo. – me lembrei daquele dia e do que acontecera bem ali, no jardim dos meus avós. – Se eu não estivesse vivendo isso – toquei seu queixo – teria me esquecido completamente.

- Não vou me esquecer nu...

- Ei, vocês dois! Mas já?! – alguém gritou em algum lugar a alguns metros dali.

Revirei os olhos e bufei indignada com a criatura que havia nos interrompido.

- Ele é seu irmão, mas... Posso azará-lo? – Scorpius olhou para mim extremamente sério.

- Por favor. Se eu fosse maior de idade eu mesma faria, mas pode ficar a vontade.

Scorpius se levantou e tirou a varinha das vestes caminhando em direção a Hugo a passos firmes.

- Ahn... Não Scorpius... Desculpe! Eu não quis inte... – Scorpius o pegou pelo colarinho enquanto eu observava de braços cruzados.

- Dá pra parar de interromper toda vez que Rose e eu estamos juntos?

- Foi mal... Eu não sabia!

- Até parece... Que azaração eu uso Rose? – ele se virou para mim.

- Aquela dos furúnculos ia combinar perfeitamente com o suéter dele. – falei olhando para o suéter vermelho de Hugo. – Os furúnculos são amarelos... Vai ficar como um verdadeiro membro da Grifinória.

- Mamã...­ – Hugo começou a gritar mas Scorpius tampou a boca dele.

-  Não grite. Ou eu conto pra Lily que você dorme com um paninho.

- Não é um paninho! É o cobertor que a vovó me deu! E ela também tem um! – ele falou.

Revirei os olhos.

- Tudo bem, amor. Seixa ele. Tenho uma ideia melhor. – sorri, cúmplice, para Hugo. Quando ele e a Lily estiverem prestes a se beijar também, nós o interrompemos.

- Excelente ideia! – Scorpius o largou. Hugo olhou feio para nós.

- Não podem fazer isso comigo e com a Lily! Já é bem difícil pra nós...

- O que é difícil? – uma voz atrás de nós disse. Nos viramos e demos de cara com Alvo parado na porta. – O que eles não podem fazer com você e com a Lily? – tornou a perguntar.

Se fosse para eu ter inventado alguma coisa, daria completamente errado. Pra Hugo também. Os olhos dele chegavam a estar esbugalhados. Felizmente Scorpius estava  lá.

- O que eu estava dizendo Al – ele começou – é que os dois serviriam como ótimas cobaias para o nosso treinamento para o Torneio Tribruxo. Não concorda? – sorriu.

- Claro, afinal é para isso que servem os pirralhos. – Alvo sorriu.

- Está vendo... – Hugo disse tentando parecer o mais natural possível – É por isso que estava dizendo que é bem difícil para nós. Vocês irmãos mais velhos sempre nos usam nos planos de vocês.

- Bah... – Alvo agitou as mãos e se aproximou. – Vocês tem mais que colaborar mesmo.

- Onde está a Sophie? – perguntei ansiosa para mudar de assunto logo.

- Lá dentro. Vamos? Meus pais estão vindo com Tiago e a Mia.

- Ah e como ela está? – perguntei enquanto entrávamos. Eu estava realmente interessada em saber sobre Mia, mas não pude deixar de notar Hugo e Scorpius trocando olhares atrás de nós.

- Bem... Quem dizer, tão bem quando poderia estar nesse momento. Tiago parece estar pior que ela. Mamãe está tentar do ser mãe e cuidar deles, mas ela também está bem triste.

Chegamos a sala e encontramos Lily e Sophie conversando com tia Fleur.

- Victoire e Teddy devem estar chegando. – ela informou.

Cumprimentei Sophie e Lily, enquanto Hugo parecia babar por essa última. Os dois trocaram diversos olhares bastante significativos. Mas foram interrompidos quando ouvimos um barulho na lareira.

Tiago apareceu sacudindo o pó das roupas e se virou para nós.

- Oi, pessoal... – sorriu levemente, o que não era próprio dele. – Boa noite.

Meus tios, os que estavam na sala, o cumprimentaram manifestando solidariedade pelo ocorrido. Todos o abraçaram e expressaram o quanto sentiam muito.

- Tiago. – eu o abracei bem forte. – Sinto muito. Mesmo. Nem posso imaginar a dor que você está sentindo.

- É, eu já estava me acostumando com a ideia...– ele falou ainda abraçado a mim. – Está sendo realmente bem difícil.

Quando me olhou seus olhos estavam marejados. Mas ele piscou e tentou esconder seus sentimentos. Sorri para tentando expressar meu apoio e ele sorriu de volta. Se aproximou e beijou minha testa. Tiago podia ser um tanto travesso e gostar de aprontar, mas no fundo era muito carinhoso, como um bom Weasley.

A lareira tornou a se acender e ele se aproximou da garota que surgiu em meio às chamas verdes. Tiago sorriu para ela e sussurrou alguma coisa que apenas ela pode ouvir, em seguida beijou sua testa e se virou para nós.

- Família, essa é a minha namorada: Mia. – apresentou.

- Parece que todo mundo arranjou um namorado esse ano. – Tio George sorriu olhando para mim e para Alvo.

- Seja bem-vinda, querida. – Vovó foi a primeira a cumprimentá-la.

E em seguida todos nós nos aproximamos e fizemos com que ela se sentisse minimamente... Weasley. E, é claro, desviando a atenção dos problemas que eles estavam enfrentando. Em pouco tempo Tiago e Mia já haviam abandonado aquele semblante triste com os quais havia chegado. Tio Harry e Tia Gina chegaram pouco depois deles

- Só estão faltando Teddy e Victoire... E já são quase onze horas. – Tio Carlinhos constatou após consultar o relógio.

- Eles devem estar chegando. Pedi a Vicky que não se atrasassem... – Tia Fleur falou olhando para a janela. – Será que aconteceu alguma coisa?

- Não, Fleur, claro que não. – Gui acariciou as costas da esposa. – Não sabe como aqueles dois são atrapalhados. Do jeito que é a nossa filha, aposto que está se maquiando.

- Alguém aí falou em maquiagem? – uma mulher loira apareceu sorridente na porta da cozinha. – Cheguei, família! Desculpem o atraso! – Victoire disse animada e pôs-se a cumprimentar a todos.

Teddy veio logo atrás mastigando alguma coisa que provavelmente havia pego ao passar pela cozinha. A família estava oficialmente completa. Todos conversavam animados sobre diversos assuntos ao mesmo tempo que realizavam suas respectivas atividades.

- Olha. – Scorpius me cutucou e apontou a porta discretamente. Hugo e Lily saiam juntos em direção aos jardins e pareciam não ser notados por ninguém. – Espertinhos... Bem que poderíamos ir até lá nos vingar. – sugeriu.

- Ainda que eu queira muito, eu não faria isso com o meu irmãozinho. Não hoje. Deixamos para a próxima. – pisquei.

- Pode ser. – ele deu de ombros.

- E como vocês se conheceram? – Roxanne perguntou a Mia e Tiago.

- Bem, você sabe... – disse convencido olhando para Mia – Eu estava lá treinando, todo bonitão, com o charme que apenas Tiago Potter tem e... Puff! Aconteceu. Amor a primeira vista.

Alvo revirou os olhos

- Coitada, Tiago... Pena que ela só viu aquilo que você é dentro do campo. – ele se virou para a namorada do irmão. – Mia você sabia que ele chupava dedo até os seis anos?

- É mesmo? – ela riu olhando para Tiago.

Ele abriu a boca para responder, mas Alvo não deixou.

- Ele tirava a meleca e depois ruía as unhas... Pode ver as mãos dele! – Tiago fechou as mãos escondendo-as – Ele gosta de usar talquinho pra não ficar assado, gasta centenas de galeões com poções para o cabelo e  até hoje a mamãe não deixa ele tomar leite a noite porque se não fica com gases...

- Achei que esse fosse você, Al... – falei fazendo todos que ouviam a conversa caírem na gargalhada.

- Qual é, Rose... – ele disse irritado.

- Você quer que eu comece a falar de você Severo? – Tiago ergueu uma sobrancelha e se virou para Sophie prestes a se vingar do irmão. – Sophie você sabia que ele dorme com um paninho desde que era bebê até hoje?

- Ah, que fofinho! – Sophie apertou as bochechas dele enquanto ríamos.

- Ah, Rose, não ria! – Alvo apontou para mim – Já que estamos falando em paninho... – ele olhou para Scorpius, que levantou uma sobrancelha um tanto desconfiado – Sabia que o Scorpius dorme com um lencinho seu do lado do travesseiro desde o início do ano letivo?

Scorpius acertou um pontapé nele enquanto ríamos.

- Mesmo? – olhei para ele, que tinha as bochechas não tão coradas quanto as minhas costumavam ficar, mas razoavelmente rosadas.

- É... – ele passou a mão pelo cabelo – Aquele lenço... Daquele dia. No trem. Você sabe... – sorriu um tanto tímido.

- Te amo. – sussurrei para ele e beijei sua bochecha.

- Ah, que amor... – Tiago fingiu voz de garota.

Antes que alguém contasse mais algum podre para os namorados presentes, vovó apareceu dizendo que era quase meia noite e devíamos reunir os que estavam espalhados pela casa.

- Fred, Louis, Lily e Hugo não estão aqui. – Tia Gina observou.

- Eu vou chamar o Hugo. – falei rapidamente me levantando. – Acho que ele estava no jardim.

Scorpius me lançou um olhar como “vai lá, te dou cobertura”  e eu saí pela cozinha em direção ao jardim apertando os braços ao redor do corpo por conta do frio.

- Lily! Hugo! – chamei procurando os dois no escuro. – Estão procurando vocês! Venham logo! – mas eles não pareciam estar por ali.

Olhei em volta pensando em possíveis locais em que eles estivessem. Meus olhos recaíram sobre a velha garagem repleta de bugigangas que vovô colecionava e me dirigi até lá, apostando que eles estariam ali.

- Gente... Lily, Hugo... – afastei a porta, que rangeu um pouco quando a abri. Uma música, que parecia um jazz dos trouxa, tocava em algum lugar nos fundos da garagem. Caminhei entre as prateleiras repletas de quinquilharia, mas assim que vi a cena a minha frente não tive coragem de interromper.

Lily e Hugo dançavam agarradinhos, os olhos fechados e rostos encostados ao lado da cabeça um do outro. Eles balançavam de um lado para o outro em silêncio, como se estivessem em total sintonia. Eu cheguei até mesmo a sorrir ao observar os dois ali.

Não queria interromper nem nada e estava mesmo quietinha esperando um momento mais oportuno. Mas Hugo acabou me vendo.

- Rose... – ele arregalou os ao me ver ali.

Lily se separou dele rapidamente. O rosto dela e as orelhas de Hugo estavam escarlate. Hugo virou o rosto e foi desligar um velho rádio, que era de onde saía a música.

- O que está fazendo aqui? – perguntou assim que a música parou. – Nós...

- Não precisa explicar. – levantei a mão interrompendo-os. – Só venham logo e pensem numa desculpa. A vovó está chamando. São quase meia noite.

Dei as costas para eles, dando mais uma oportunidade dos dois se “despedirem devidamente”. Pouco tempo depois eles me alcançaram ainda no quintal e nós entramos juntos na casa. Ninguém pareceu ligar para o que os dois estariam fazendo do lado de fora e ninguém fez perguntas. Além de mim a única pessoa que parecia saber do romance entre os dois era Scorpius. E nós dois sabíamos como guardar o segredo deles.

***

Faltando pouco para a meia noite Victoire e Teddy insistiram para que tirássemos uma fotografia todos juntos. Teddy era um dos bruxos que gostava das inovações tecnológicas dos trouxas e sempre estava inventando alguma coisa com os dispositivos. Dessa vez ele estava com um monopod nas mãos e tentava organizar todos juntos na sala para que saíssemos em um selfie.

- Todo mundo pronto? – ele perguntou.

- Não, espera. Meu cabelo está bagunçado! – Roxanne disse – Alguém tem um espelho?

- Anda logo, Roxy. – Fred reclamou.

- Ai, Hugo! – Dominique disse irritada – Pisou no meu pé! Porque quer ficar tão perto da Lily assim? Mas que coisa!

Scorpius ria ao meu lado diante da confusão.

- Gente! Andem logo! – Victoire pediu ansiosa. – Todos prontos agora?

- Sim! – todos dissemos juntos.

- Deixa eu ajustar... – Teddy mexeu a câmera do celular – Estou vendo todo mundo agora. Não se mexam. Vamos lá... Legal! Agora vai! Todo mundo nas posições...– nos posicionamos sorrindo. – Agora todo mundo diz: “Teddy e Vicky vão ter um bebê!

- Teddy e Vicky vão ter... – algumas pessoas começaram a dizer, mas pararam ao se dar conta do que estava acontecendo.

Um “O que?!” coletivo foi ouvido. E em seguida alguém que estava no fundo tropeçou caindo sobre os que estava mais na frente. Os primos foram ao chão rindo por causa do tombo coletivo e ao mesmo tempo alegrando-se com a novidade.

- Eu vou ser tia! – o grito veio de Dominique.

- Eu vou ser avô? – Tio Gui parecia um tanto confuso.

- Eu não acredito! – Tia Fleur levou as mãos ao rosto ao mesmo tempo feliz e surpresa. Depois disso ela começou a chorar e a falar um francês descontrolado que oscilava entre total emoção e absoluta felicidade.

Todo mundo estava sorrindo e dando os parabéns a Vicky e Teddy... Quer dizer... Quase todo mundo.

Meu coração apertou quando vi Tiago colocar as mãos no bolso e abaixar a cabeça tristonho.

No dia em que ele havia perdido um filho, Teddy e Victoire anunciam que haviam ganhado um. Isso com certeza não era nada legal. Mia o abraçou e lhe disse alguma coisa. Tiago levantou os olhos do chão e, após olhar para ela, sorriu, embora seus olhos estivessem marejados.

Ninguém pareceu reparar na cena, pois todos ainda cumprimentavam Teddy e Vicky. Os próprios Tiago e Mia os abraçaram parecendo realmente felizes por eles.

- Pessoal meia-noite! – tio George gritou no meio da confusão toda, fazendo com que todos prestassem atenção nele. – Feliz Natal!

Os cumprimentos ao casal pelo bebê que viria se tornaram votos de feliz natal e todos abraçaram não apenas a eles, mas a todos que estavam ali.

- Feliz natal! – Scorpius me abraçou pela cintura. – Eu te amo.

- Eu também te amo. Feliz natal! – segurei seu pescoço e o beijei.

- Vá devagar, Rose. – tio George brincou. – Os presentes são só após a ceia.

Senti minhas bochechas corarem e me separei de Scorpius, que ria com o comentário do meu tio. Ele me abraçou ainda com a mão em minha cintura e beijou minha testa. Mas logo tivemos que nos separar para desejar feliz natal para os meus pais, que haviam se aproximado.

Mas como bons Weasleys que somos todos estavam mais preocupados mesmo era com a ceia. Nos acomodamos na mesa aumentada magicamente com aquele batalhão de comida a nossa frente e esperamos o tradicional brinde que vovô Arthur fazia todo ano para começarmos a atacar.

- A nós, Weasleys! – ele começou levantando a taça e nós o acompanhamos – Aos novos – ele olhou para Scorpius e Sophie, que estavam ao meu lado, e Mia, que estava a minha frente. – sejam muito bem vindos. Espero ver vocês aqui de novo no ano que vem... – todos riram – E que possamos ser cada vez mais unidos e que isto – ele fez um movimento com as mãos como quisesse abraçar a todos de uma vez só – nunca se perca. Um brinde!

Brindamos com as pessoas mais próximas e bebemos nossas cervejas amanteigadas, suco de abóbora, Whisky de fogo ou seja lá o que estivessem bebendo.

Não é nem preciso dizer que a maioria de nós comeu até estourar. Principalmente os garotos. E depois da ceia vovó distribuiu os tradicionais suéteres Weasley que ela mesma tricotava todo ano para todos os filhos e netos. E até Scorpius, Mia e Sophie , os novos membros da família, ganharam um. E a promessa que ficou foi que no próximo ano vovó teria que tricotar um suéter a mais em número mini.

 

Conversamos até tarde na sala. Enquanto tio George contava piadas algumas pessoas bebiam ou ainda beliscavam alguns doces. Mas todos ríamos e nos divertíamos bastante. Scorpius parecia estar bem feliz e até havia sido convidado para a tradicional partida de quadribol que teríamos no dia seguinte.

Mas como tudo que é bom dura pouco e papai já estava ficando alegrinho por conta de algumas doses de Whisky de Fogo com tio Gui e tio Carlinhos, mamãe decidiu que já era hora de irmos embora. Tio Percy, tia Audrey e as meninas tinham sido os primeiros a ir embora e os Potter aproveitaram a nossa deixa e acharam que seria melhor ir conosco.

Lily e Hugo se despediram com um abraço apertado e demorado no canto da sala, que mais uma vez pareceu passar despercebido por todos.

Nos despedimos do resto da família e dessa vez usamos a lareira para ir embora.

***

 - Ótima noite, não acha? – abracei Scorpius por trás. Ele estava parado na varanda dos fundos e parecia observar o céu.

- Perfeita. Acho que nunca me diverti tanto. – ele sorriu.

- O suéter ficou ótimo em você. – observei o suéter verde com um grande “S” cinza claro bordado. – Seu primeiro suéter Weasley.

- Se você não me der um pé na bunda, ano que vem, e eu já estou me auto convidando, com certeza estarei aqui.

Eu ri e o abracei.

- Eu nunca vou te dar um pé na bunda. Ou pelo menos espero não ter que fazer fazer isso.

Scorpius sorriu e beijou minha testa.

- As vezes eu me acho muito sortudo e pouco merecedor de ter você, sabia?

- Não fala isso. – me virei para ele e acariciei seu rosto. – Pra mim você é incrível. – fiquei na ponta do pé e beijei sua bochecha. – E sou eu quem sou sortuda por ter você.

- Ok. Empatados então. – ele sorriu.

Um vento frio soprou e eu me aconcheguei nos braços dele.

- O Hugo já deve ter saído do banheiro. Acho que você já pode subir e tomar um banho, se quiser.

- Eu vou. Daqui a pouco. Antes... – mexeu no bolso interno do casaco. – Eu tenho um presente.

- Ah, não vale! – cruzei os braços. – Eu ia te dar o seu quando amanhecesse. É a tradição.

- Ah, acho que essa pode ser quebrada. – ele estendeu uma caixinha de veludo preta na minha direção. Era retangular e parecia perfeita para se colocar um colar.

Peguei a caixinha da mão dele e abri enquanto ele me observava.

Uma correntinha prateada e fina brilhou no escuro. No meio dela havia um pingente em formato de rosa.

- Scorpius... – olhei para ele. – Acho que nunca vou conseguir um presente a altura dos seus.

- Está brincando? – ele sorriu. – Eu amo esse anel. – ele apontou o anel com o leão dourado. – Mas ele tem uma coisa especial. – ele apontou a caixinha na minha mão. – Com licença. – pegou a caixinha e ajeitou o pingente. Ele segurou a pequena rosa como se fosse quebrá-la ao meio, mas em vez disso duas “janelinhas” se abriram revelando uma foto de Scorpius. Ele acenava e sorria para mim jogando beijos. – O que achou? – ele me olhou apreensivo.

- Perfeito, é claro. – sorri e o beijei.

- Deixa eu colocar. – ele pediu quando nos separamos. Ele pegou a caixinha com o colar enquanto eu enrolava o cabelo e ficava de costas para ele. Os dedos finos e habilidosos fecharam a correntinha prateada.

- Eu amei. – falei me virando de volta para ele. – Obrigada.

- Eu que agradeço. Pela companhia, por esse natal incrível e pro ser a melhor namorada do mundo. – ele me beijou  mais uma vez, seus dedos acariciando minha nuca. O frio do inverno nem parecia existir com ele ali.

Foi o melhor natal da minha vida.


Notas Finais


E então? O que acharam! Quero saber de tudo e quero ver aqueles comentários lindos que só vocês sabem fazer!

Eu tô tão feliz! A fanfic fez um ano em dezembro e a gente tá com mais de 200 favoritos! Isso é muito mais do que eu imaginei chegar quando comecei a escrever! Obrigada por cada comentário, cada crítica, cada pedido de "Continua!", pode parecer simples mas é o que me move. Escrever isso aqui pra mim é terapia. É meu arco-íris nos dias nublados. Obrigada por me estarem acompanhando e lendo isso! Amo vocês. De verdade.

E no próximo: Tretas is coming. Rose e Scorpius vão brigar e Roniquinho tem uma parcela de culpa nisso (ainda que seja justificável).

Comenteeeeeeem!!!!!!!

Mal feito, feito.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...