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História Novembro - Então, me julguem!


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioioi meus linduus!
Como cês tão hein??
Eu tô bem, feliz em postar mais um capítulo pra vocês e espero mesmo que gostem!
Boa leitura!

Capítulo 23 - Então, me julguem!


Fanfic / Fanfiction Novembro - Então, me julguem!

Fui rápido o bastante para segurar o pulso da minha mãe, antes que ela me acertasse um tapa no rosto. Ela tentou com a outra mão, mas eu tive mais força e a segurei firme, olhando dentro de seus olhos.

—Não me segura, Raphael!—quase gritou.

—Então não me bate, mãe!—respondi prontamente.

—Oh amada, não precisa bater no menino! Calma, vamos resolver isso civilizadamente!—repreendeu papai, sabendo, melhor que ela, controlar o desgosto.

—Raphael, você só pode estar maluco em pedir uma coisa dessas!—disse com os olhos cheios de fúria e lágrimas.

—Filho, por que você está pedindo isso?—perguntou papai, me fazendo soltar os pulsos de mamãe.

—A gente tá comemorando algo bom que aconteceu na minha vida, certo? Vocês convidaram todos que torceram por mim e deram apoio, mas esqueceram de me perguntar se eu queria que convidasse alguém!

—É claro, eu já imaginava que você fosse aprontar essa!—respondeu ela, indignada.

—Mãe e pai, o Spencer também faz parte da minha vida! Foi ele quem cuidou de mim quando eu precisei!—papai tinha um olhar entristecido sobre mim, já mamãe era movida pela raiva mesmo.—Gente, ele também é importante!

—Importante no que?! Em te transformar num promíscuo como ele?!—perguntou, enojada.—Eu já até imagino como ele “cuidou” de você, argh!

Papai correu até a porta e fez sinais para a empregada manter todos entretidos na sala, fechando a porta rapidamente. Tinham até pesadelos em imaginar que alguém próximo soubesse da minha orientação sexual, considerada o podre da família.

—Tadinho, mãe!

—Tadinho?! Tadinho, Raphael?!—a voz se perdia em rouquidão.

—Ele está lá sozinho, enquanto eu comemoro as minhas conquistas com vocês, sendo que quando estava doente foi ele que me aturou o tempo todo! É injusto, admita!—tentei trazê-la para a realidade.

—É isso que acontece com gente como ele, acaba sozinho mesmo!—lamentou papai, mas eu discordei.

—Poxa, gente! Não dói nem um pouquinho o coração de vocês?!

—O meu não! Deveria doer o seu de ser tão ingrato com seus pais, que te dão carinho, amor, fazem de tudo pra te agradar e você continua só trazendo desgostos pra nós! O seu coração devia doer, o meu está em paz!—ela estava tão desgostosa que nem se importava em falar alto e ser ouvida lá fora.

Olhei para meu pai, que preferia não falar nada, apenas engolia seco, triste com a situação. Talvez ele pudesse me aceitar melhor, se não​ fosse mamãe no pé dele, com seus discursos de ódio.

—Pai, te incomoda ele vir?—perguntei, ele pensou um pouco, apreensivo.

—Claro que incomoda!—mamãe respondeu por ele.

—Filho, olha… A gente tá com a casa lotada, se você o trouxer, todos vão desconfiar! Sua avó é cardíaca, não suportaria descobrir! Eu sei que você é um bom menino, mas não vamos misturar as coisas, tá bem?

—Ai, eu já não tô legal!—vitimizou-se ela, com a mão na testa como se quisesse desmaiar.

—Veja, sua mãe não aguenta essas coisas!—o bobo ainda acreditava nas atuações.

—Pai, eu perguntei se isso incomoda você, não se mamãe “aguenta”! Você ficaria mal com ele jantando com a gente, mesmo que como meu “amigo” ou colega de quarto?—provoquei papai a ser sincero, sem precisar da aprovação da esposa.

—N-não, filho! O pai não liga...—admitiu e eu sorri com os olhos.

—Giorgio!—ela o repreendeu.

—Mas sua mãe sim… Ela não aceita isso, Rapha! Eu não posso ir contra as vontades da minha esposa, sinto muito!

—Então, acho que já fiquei bastante!—ameacei ir embora, mas ele me segurou pelo braço.

—Filho, por favor! Tá todo mundo aí na sala, você não pode fazer a gente passar essa vergonha na frente deles!—implorou papai.

Olhei para mamãe, que respirava pesado de raiva. Juro que ainda não compreendia por que tanto ódio, por que se incomodar tanto com uma coisa tão banal. Tanta gente matando, estuprando, torturando, fazendo um monte de coisas bárbaras, e mamãe preocupada se gosto de cu ou boceta. Com o perdão do palavreado, mas não muda nada, correto?

—Onde não cabe Spencer, não cabe Raphael!—fui franco, e ela quis me matar.

—Ah, você vai ficar sim! A Aurora e a Francisca não cozinharam esse monte de comida pra você desperdiçar por birrinha de adolescente!—ela me deu bronca, mas eu já era velho demais para acatar. Talvez mais rebelde do que velho.

—Já disse, sem meu namorado, não tem jantar, vocês vão comer sozinhos e ponto, acabou!

—Raphinha...—murmurou papai, mas mamãe interrompeu.

—Cala a boca, para de falar “meu namorado”!—imitou um tom efeminado, enojada.—Ele não é seu namorado, homem não namora homem! Safadeza, viu?!

—Carmina, por favor!—papai deu um basta, com seu típico tom calmo e pacificador.—Poxa, é o momento dele rever a família, se lembrar de tudo, se recuperar depois de um tremendo acidente… Vamos ser pais melhores, só hoje?

Pela primeira vez me deu vontade de abraçar meu pai e encher de beijos, bagunçar aquele cabelo arrumadinho dele. A esposa balançou a cabeça, indignada, quase chorando igual fazem as atrizes das novelas —isso porque na visão dela, quem é ator é o Spencer. Olhou para nós dois, que tínhamos cara de cachorro pidão.

—Raphael, escuta o que eu tô te falando… Se esse moleque aprontar qualquer coisa na minha casa, eu ponho ele pra fora!

Fui todo contente buscar meu amor em casa, peguei emprestado (lê-se escondido) o carro do meu pai e fui dirigindo pela primeira vez depois do acidente. Fui devagarinho, olhando o farol, respeitando as regras, nada de ser maloqueiro como antes.

Parei num pet shop que já estava para fechar, pedi a moça que me deixasse entrar rápido e eu não me prolongaria ali. Ela deixou, comprei um brinquedo para nosso cãozinho e levei. Assim que cheguei na porta do apartamento, bati mas não fui atendido, então testei a maçaneta e abri.

Dólar, com seu instinto canino e amor por mim, veio correndo desde o quarto e pulou nas minhas coxas, me lambendo as mãos pois eram a única parte descoberta do terno, que ficara um pouco amarrotado. Mimando, entreguei o presente e o fiz mais feliz ainda, vendo o bichinho sacudir o brinquedo pela casa, todo contente.

Mesmo com o alvoroço, Spencer não veio me receber, e isso me deixou um pouco encabulado. Mais ainda, ao ter a impressão de ouvi-lo dizer alguma coisa mínima, estava no quarto com alguém.

Redescobri-me ciumento bem aí.

Valente, armei o punho e fui até o quarto, empurrando a porta e encontrando algo interessante.

Sobre a nossa cama, ele se encontrava deitado de barriga para cima, segurando o celular acima do rosto. Ao seu lado, com a cabeça encostada na sua, dividindo o mesmo fone de ouvido, o irmão gêmeo. O mesmo que briguei e expulsei da minha casa, que na verdade era de seu avô e ele tem mais direito sobre a mesma do que eu.

—Ela não morreu?…—murmurou sobre o que assistiam, mas me notou na porta do quarto e deu um grito.—Ai, que susto!

—Eita, pau!—gritou o outro também, se sentando rápido na cama.

“Então, foi só eu me ausentar e você já trouxe esse cretino para dentro de casa novamente, não é?!”, pensei em dizer, mas preferi ficar calado.

—Raphael, o que você tá fazendo aqui?!—perguntou Spencer, chocado.

—Eu moro aqui, ué!—ele se levantou e veio em minha direção.

Pelo que me lembrava dele agora, podia prever um tapa na minha face, e o bloqueei com o braço a tempo. Okay, previsível. Um tapa do outro lado, que também bloqueei, segurando seus pulsos finos, porém não contando com a audácia típica da família e recebendo uma joelhada entre as pernas, em cheio na parte sensível.

Vi estrelas.

Caí no chão, encolhido, morrendo de dor, e ele caiu junto, me dando socos e tapas. Tentei segurar suas mãos meio cego pela dor, na tentativa de proteger o rosto, e tomei uma mordida no punho, dessa vez não do cachorro, mas do dono.

A agressividade parece ser sua única maneira de conseguir o controle da situação.

—Spen-cer… Para!—pedi, gritando abafado pelos braços na defensiva.

—Filho da puta! Safado, cretino, porco, sem vergonha!—me xingava com a voz embargada de ódio, querendo me esganar.

—Cretino é você! Golpe baixo você me acertar bem no “Raphinha”, meu!—reclamei, conseguindo finalmente o segurar.

E o irmão só assistindo de camarote.

—Olha a minha mão como tá!—mostrei a marca da mordida, percebendo seu olhar ainda de muito ódio, os dentes chegavam ranger.

—Olha a minha mão, acha que não dói?!—mostrou as palmas vermelhas de tanto me bater, como se eu fosse culpado delas estarem assim. E não parava de me dar socos nos braços e peito.

—Para, Spencer!—gritei como homem, e ele parou ofegante.

Tirei-no de cima de mim e me levantei, ajeitando o terno e me sentindo um trouxa mais uma vez.

—Porra, por que tem que me bater?!—protestei, massageando meus braços. Os punhos eram frágeis, mas os socos doeram.—Eu venho aqui, todo feliz, achando que vou ser recebido com um beijo, e tudo o que ganho é porrada! Caralho!

—Pra você aprender a não ser canalha e ficar me enganando!—gritou ofegante, com os punhos cerrados.—Eu tô tremendo, Raphael!

—Lógico, parece que é louco!

—Arhh… Eu vou te arrebentar!—tentou vir para cima de mim, mas eu o impedi.

—Amor, para! Deixa eu explicar pelo menos?!

—Nossa, eu tô passando mal...—reclamou manhosamente, com a mão no coração.—Vai, explica logo! E é bom me convencer, se não eu vou te matar aqui!

Rapidamente, contei tudo o que aconteceu, com todos os detalhes pois Spencer era o diabo de ciumento e mesmo eu lhe contando a verdade, sempre restavam dúvidas que ele me pressionava a responder e eu acabava me atrapalhando e apanhando.

E foi basicamente o que aconteceu, nada fez sentido naquela cabecinha infantil. Mas quando mencionei Fernando (que ele se lembrava bem, depois da “serenata” na janela do prédio) e lhe mostrei as marcas da tortura, espalhadas pelo meu corpo, ele parou de espernear e ficou me olhando assustado.

—Por causa dele, de tanta dor e desespero, eu acabei recuperando minha memória, Spen! Agora eu lembro de quase tudo, exceto o acidente!

—Quando é nosso aniversário de namoro?—perguntou rápido, era esperto.

—Doze de novembro, mesmo dia em que eu me acidentei!—respondi prontamente, surpreendendo até a mim mesmo.

—Quando é meu aniversário?—pôs as mãos na cintura.

—Vinte e sete de junho, ô canceriano!

—Melhor do que áries!—provocou de volta, e eu sorri. Adorava esse jeito sagaz.—E do Dólar?

—É hoje, fazendo três anos! Eu até dei um presente pra ele...—arqueei as sobrancelhas esperando mais uma pergunta, e ele ficou me olhando com um leve sorriso sacana.

—Você lembra mesmo...—dei de ombros, humilde.

Aquela expressão de ódio mortal esvaiu-se e eu nem percebi, agora ele sorria maravilhado e feliz por mim. Veio e me abraçou por cima dos ombros, esticando ao máximo aquele corpinho miúdo para me alcançar. Abracei de volta, não guardava rancor das brigas com ele —até porque não caberia mais rancor em mim, de tanta briga.

Enquanto nos beijávamos apaixonados, atrevi-me a abrir um dos olhos e ver Steven assistindo a tudo como se fosse uma cena de filme. Com um sorriso sacana no rosto, ele balançava a cabeça, reprovando o irmão em zombaria.

—Desculpa, amor! Eu pensei que tivesse me sacaneando de novo...—murmurou e eu toquei seus lábios com o dedo.

—Relaxa, tá tudo bem! Eu, na verdade, vim te convidar para um jantar!—ele ficou olhando para a minha boca, enquanto eu falava.—Meus pais estão comemorando minha recuperação, e eles acharam okay te levar pra comer com a gente!

Ele estranhou, com razão.

—Seus pais me querem na casa deles?! Depois de “roubar” o neném deles e transformá-lo num pecador?!—caçoou, e eu não contive o riso.

—Eles não te amam ainda, mas estão prontos para esquecer essa bobagem, pelo menos hoje!—enrolei.—Você topa?

—Quem vai estar lá?—desconfiou, e eu sabia que ele não iria se soubesse que toda a minha família estaria presente, então menti.

—Só nós, as empregadas e os cachorrinhos…

Convenci o marrento a tomar um banho, pôr sua melhor roupa, pois hoje eles teriam a verdade. Steven foi para casa e nós seguimos para a minha.

Chegando no portão, ajeitei o paletó, massageei o ombro de Spencer, que mesmo sem saber de quase nada, estava tenso como se fosse para o abate. Tamanha timidez.

Entrei na frente, o puxando pela mão. Assim que chegamos na sala, que ele viu muito mais gente do que esperava​, escondeu-se atrás de mim como uma criança faria, e todos pararam de conversar para olhar para nós. Mamãe veio até o sofá, tocando o ombro de papai sentado.

—Filho, mas o que é isso, passou pelo furacão Katrina?! Veja esse terno como está, todo amarrotado, sujo…!—eu havia tomado uma surra anteriormente.

Ignorei o comentário irrelevante. Respirei fundo, abri o peito, puxei o garoto para o meu lado e disse em alto e bom tom, orgulhoso.

—Família, esse aqui é o Spencer, meu namorado!



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