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História Novembro - Amor da minha vida


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioioi meus linduuus!
E aí gente, querem saber se o Rapha foi mesmo atrás do Spencer?
Espero que gostem do capítulo de hoje e estejam preparados para os próximos ;)
Boa leitura!

Capítulo 50 - Amor da minha vida


Fanfic / Fanfiction Novembro - Amor da minha vida

Eram nove e meia da manhã de uma quarta-feira, então provavelmente Spencer estaria no trabalho. Tomei um banho, me arrumei, me perfumei com um eau de parfum que mamãe havia me presenteado, muito marcante por sinal, mas eu nunca havia encontrado ocasião especial para usar. Não havia, até agora, pois eu tinha certeza de que assim que Spencer me visse não resistiria. Ele era meu e sempre seria.

Portanto, fui até o restaurante vegano, que ficava próximo à nossa casa e era possível chegar andando sem se cansar muito. Pensei em entrar e me sentar como se fosse um cliente qualquer, mas poderia prejudicar seu trabalho e eu sabia o quanto era importante para ele, então decidi suportar a agonia e aguardá-lo sair.

Quando deu meio dia, já fiquei ansioso, era o momento de prestar atenção e vê-lo saindo. Demorou, mas apareceu do outro lado da rua, saindo pela porta de funcionários, com a mochila pendurada nos ombros, um gorro de lã na cabeça e um casaco que cobria até seu bumbum. Nunca gostou de se vestir dessa forma, mas ultimamente ele estava agindo diferente.

Atravessei a rua e toquei seu ombro, ele virou rápido como num susto, depois ficou sério. Eu sorri abertamente, estava feliz em ver meu ruivinho depois de tanto tempo.

— E aí, cenourinha! — Cumprimentei, jogando meus cabelos molhados para trás.

— Ah, é você... — Torceu a boca com desdém. — O que você quer por aqui?

— Oras, o que eu quero?! Quero te ver! — Respondi francamente e ele ficou me olhando com cara de paisagem, como se isso não significasse nada. — A gente precisa muito conversar!

 — Eu não tô afim de conversar, você nem deveria ter me procurado, muito menos... aqui! — Falava meio baixo, segurando as alças da mochila.

— Mas qual o problema, você já saiu do trabalho! — Rebati, ele deu de ombros.

— Mas ainda estou perto… E estou atrasado pra faculdade! — Deu dois passos para trás, se virando para ir embora, mas eu o segurei firme pelo braço.

— Epa, espera aí! A gente tem que conversar, você precisa me explicar o que aconteceu! — Estava calmo por enquanto, mas não por muito tempo.

Ele olhou para a minha mão em seu braço, com um desprezo tão grande que fiquei até abismado, mas não larguei.

— Tira a mão do meu casaco! — Ele disse autoritário.

Pronto, fiquei irritado.

— Spencer, põe a mão na consciência, meu! Olha o que você fez comigo! Você me deixou sozinho, sumiu sem falar nada... Levou até meu cachorro! — Ele soltou um riso sarcástico.

— Seu cachorro?!

— Sim, ele também é meu! — Oras, o cachorro era como um filho nosso, dormia na nossa cama.

— O Dólar é meu, foi minha mãe que adotou e me deu! Você não tem direitos sobre ele, e saiba que o bichinho tá muito mais feliz onde está!

— Onde, na casa da sua mãe?! — Subestimei, ele negou com cara esnobe.

— Não voltamos pra casa da minha mãe, você sabe que isso não daria certo... — Eu suspirei, querendo ver até onde ele iria com tal mentira. — Eu te falei que queria me mudar, mas você nunca me dá ouvidos, então eu fui sozinho!

— Ah, para de mentir, Spencer! — Exaltei-me.

— Tenho que ir pra faculdade, não tenho tempo pra ficar te ouvindo! — Me esnobou sem dó.

—Spencer! — Gritei e o segui por alguns passos até ele parar e me olhar, também irritado.

 — Que é?!

— A gente precisa conversar! — Eu queria que ele parasse e me ouvisse, me explicasse por que fez isso comigo.

— A gente não vai conversar, Raphael! — Apontou o dedo para mim. — E pode ir tirando seu cavalinho da chuva, se acha que vai me ganhar com meias palavras e esse perfume de cretino!

Desgraçado, me provocou sem piedade, achando que ia sair ileso. Virou e saiu andando em passos firmes. Como ele pôde criticar meu perfume importado?! Por que agia como se não sentisse nada por mim, além de desprezo?!

Isso não ia ficar assim, eu não iria deixar.

Corri atrás dele e o agarrei pela mochila, pois foi a única coisa que consegui segurar quando ele começou a correr também, assim que ouviu o barulho dos meus sapatos. Dessa vez, o trouxe de volta, mantendo a mochila segura, mas o pegando pelo braço com firmeza. Ele tentou se desvencilhar, me dar cotoveladas, mas eu fui mais forte e ágil, o arrastando para a viela por onde ele pretendia subir, o empurrando contra o muro e o atacando com um beijo violento.

O toque de seus lábios nos meus era tudo o que eu precisava naquela tarde fria de inverno, senti meu coração despertar num impulso forte, mostrando o quanto eu era apaixonado por aquele garoto e o quanto eu precisava de seu carinho. De olhos fechados, lutei contra sua resistência, abrindo seus lábios com a força dos meus e entrando com a língua em sua boca rígida, enquanto deslizava as mãos por sua cintura até chegar nos glúteos, pois era assim que ele gostava que eu pegasse. Levei bons murros, mas só larguei quando senti uma mordida cortar meu lábio inferior. Então, o soltei e ele se afastou.

— Me solta, seu maldito! Eu não sou seu brinquedinho, não! — Gritou, ofegante. Sentia tanta raiva que nem parava no lugar, espremendo o maxilar e mantendo uma postura defensiva.

— Nossa, olha aqui o que você fez! — Passei o dedo no corte e mostrei o sangue. — Precisava fazer isso? Precisava me machucar, Spencer?

— Sim, precisava! É pra você aprender a não abusar assim das pessoas, de mim! — Limpou meu beijo de seus lábios com nojo, o que me deixou chocado. Para alguém que antes dizia gostar do gosto do meu esperma, ter nojo do meu beijo era o fim do mundo.

—Abusar… Spencer, eu não tô abusando de você, só tentei te lembrar… — Justifiquei, mas ele parecia ter adquirido espinhos, de tão áspero que estava sendo comigo.

—Me lembrar de que?! Hein?! Que você é o foda, que consegue tudo o que quer?! Era disso que queria me lembrar, me agarrando, usando meu corpo como se eu não tivesse direitos?! Você precisa aprender a respeitar as vontades dos outros, não só as suas!

— Meu Deus, eu só te dei um beijo! Vem cá, pode me devolver! — Me aproximei, sorrindo sacana.

Ameacei tocar seu rosto e aproximar o meu, e tive que ser rápido o bastante para segurar sua mão, que quase me acertou o rosto.

—Ó, assim não! Ainda está doendo a mordida que você me deu! — Repreendi, deixando-o mais irritado ainda por não o levar a sério.

— Me deixa em paz, seu idiota! Não se atreva a me tocar de novo! — Gritou mais alto, com os punhos cerrados.

Escândalo era com ele mesmo.

— Shhh! Sem gritar, senão vão pensar que eu tô te estuprando! — Eu ri, ele suspirou chateado.

— O que você quer?! — Choramingou feito criança.

— Quero você! — Olhei para sua mão direita e não vi nossa aliança, mas um anel preto. Spencer nunca gostou de anel. — Você já arranjou outro pra me substituir?!

— Não te interessa! — Deu de ombros e saiu andando rápido.

— Spencer! — Chamei firme, ele aumentou o passo. — Você não vai correr, não!

Eu corri e o peguei de novo pelo braço, com o outro ele me acertou alguns socos na barriga, então eu o segurei também. Agora tinha a pequena fera presa, de costas para mim, e para evitar levar chutes, trouxe-o para perto, colando o corpo no seu sem largar os braços. Ele queria me matar.

— Me solta, senão eu vou gritar! — Falou, espremendo os olhos para que eu não pudesse olhá-lo nos olhos.

— Olha pra mim, fala comigo, senão eu não te solto! — Impus minha condição também.

Ele parou, me olhou sério, e então gritou:

 — Socorro, ele tá me…

Eu tapei sua boca a tempo, meu coração foi à mil. Imagina se ele grita uma coisa dessas, é capaz de eu ser linchado ali na rua mesmo. Sorte minha não ser um momento propício a ter muita gente nas ruas.

— Cala essa boca, Spencer, você pirou?! — Cochichei, o segurando forte pela boca, e ele apertou meu braço com sua mão livre. Eu devia estar machucando-o com tanta brutalidade, mas ele não parava de lutar. — Tá querendo me ferrar, é?!

Finalmente se cansou e parou de se debater, então eu o soltei e ele se virou para mim, respirando ofegante. Uma mancha avermelhada se formava ao redor de sua boca e queixo, onde eu apertei para calá-lo.

— Você parece não entender que eu não quero nem que você me toque! Não quero contato, nem conversa, nada que venha de você, Raphael! — Cuspiu as palavras sem dosar.

— Nossa, mas por que?! Só por causa daquela briguinha que tivemos?

— Briguinha nada, você me chamou de coisas horríveis, me ameaçou, sem saber de nada! Eu te falei que aquele era apenas um amigo e você não acreditou em mim! — Relembrou, parecendo realmente magoado, o que era estranho pois já havíamos brigado muito pior e ficamos bem.

— Não, você não está assim só por causa daquele dia, tenho certeza! — Duvidei.

— Não mesmo! Sabe o que aconteceu? Eu me cansei de tentar provar meu amor por você, fiz demais, aguentei demais e você não ligou… Cansei! — Deu de ombros, despreocupado.

— Spencer, o tanto de ciúme que eu tenho por você não conta?! — Indignei-me, ele suspirou negando.

— Isso não é demonstração de amor!

— Ah, não?!

— Você mesmo diz que eu “sou seu”! Isso é querer ter poder, não amar!

— E o que é amar pra você?! — Não fazia sentido.

— Amar é cuidar, é dar carinho, atenção… — Eu ri de nervoso.

— E eu não cuido de você?! Eu nem deixo você sair de qualquer jeito, pra não chamar atenção de marmanjo por aí… — Citei um exemplo.

— Eu não posso nem usar shorts, que pra você já é motivo de me bater! — Falou indignado e eu concordei.

— Claro, chama atenção, onde você passa, fica um monte de homem te olhando!

— E daí você briga comigo!

— Lógico! Que namorado suportaria isso, Spencer?!

— Nenhum, mas eu não tenho culpa! Olhar não arranca pedaço! O que importa se tem um monte de homem olhando pra mim se você é o único que pode tocar? — Eu ia responder, mas fiquei sem palavras. — Você me trata como se eu já tivesse dado motivos pra você desconfiar, e eu nunca dei nenhum, antes foi você quem andou aprontando e eu perdoei!

— Isso já passou… — Desconversei, inseguro.

— Sabe, eu faço de tudo por você, falto te carregar nas costas… E tudo o que você consegue devolver é ciúme, briga, desconfiança, pressão psicológica… É difícil viver com uma pessoa que me impede até de ter amigos, tem ciúme até das minhas amigas que são mulheres, até do meu irmão gêmeo!

— Não é bem ciúme… Eu só não gosto! — Tentei justificar e pareci mais ridículo ainda.

— Que seja, mas esse “não gostar” está acabando com a sua vida e com a minha! Reparou que você não tem mais amigos?

Parei um pouco para pensar e percebi que realmente ele tinha razão, antes meu círculo social era imenso, eu saia e me divertia, conhecia gente nova e mesmo que aprontasse um pouco, eu era feliz. Pisquei os olhos e nada mais era como antes, o único amigo que tenho é Renee e este nem vejo com tanta frequência. Por mais que eu tente sair e tocar meus instrumentos com o pessoal no parque, a alegria já não é a mesma.

Mas tudo bem, desde que eu tenha o ruivo dormindo ao meu lado.

— Amor… — Não acredito que estou prestes a implorar por amor. — Volta pra mim, por favor! Vamos esquecer tudo o que aconteceu e recomeçar…

Toquei seu peito e senti o coração acelerado, talvez de amor, talvez de ódio, não sei. Mas a expressão era de reprovação, balançava a cabeça negativamente. Tirou minha mão de seu peito.

— Não sei se consigo esquecer, Raphael! É muita coisa guardada por muito tempo, eu preciso pôr minha cabeça no lugar, preciso respirar um pouco… — Pensei em tocar seu rosto, mas ele se fechou. — Sem você!

— Amor, para com isso! Vamos voltar pra nossa casa, eu te dou outra aliança, a gente esquece o que passou e recomeça do zero! — Insisti, sentindo as lágrimas marejarem meus olhos, enquanto ele me olhava firme, sem pestanejar.

— Não, Rapha! Fingir que a gente esqueceu não vai mudar nada! Não é simples assim!

— Eu vou mudar, prometo! Eu vou ser menos ciumento, vou te dar mais carinho! — Deixei que uma lágrima escapasse e logo, outra a acompanhou. Peguei sua mão e pus sobre meu peito para que sentisse meu coração, mas ele foi tirando devagar.

— As pessoas não mudam assim, da noite pro dia! — Duvidou.

— Então me ajuda! — Peguei sua mão e pus novamente no meu peito, dessa vez ele puxou com mais força. — Deixa a mão aqui, caramba!

— Eu não quero mais tocar em você! — Tentou puxar a mão, mas ela ficou presa na minha, que não queria largar de jeito nenhum. — Eu tô cansado, não dá mais! Respeita meu espaço, por favor! — Pediu, exausto.

— Mas eu não quero respeitar seu espaço, eu não quero que exista espaço! Eu quero que você volte pra mim! — Meu coração estava doendo mil vezes mais do que meu lábio mordido, nada era como perder a pessoa mais especial do mundo. — Spen, não me deixa assim não! Você é o amor da minha vida!

Chorei de um lado e ele do outro. Era tão raro quando falávamos de amor, ele era duro demais para demonstrar, eu tinha muitas inseguranças referente a minha sexualidade. Ninguém dizia amar ninguém. E eu escolhi logo tal momento para dizer algo tão profundo e sincero.

Tentei tocar seu braço, pegar sua mão, mas ele se esquivou, virando o rosto para não demonstrar estar chorando. Ajeitou o gorro na cabeça e saiu andando rápido.

— Spencer! Spencer! — Pensei em insistir mais, mas resolvi deixa-lo ir, não ia resolver nada ficar choramingando, apenas perderia o pouco de dignidade que me restava.

Com um peso enorme nos ombros e a dor de uma facada no peito, assisti meu amor subir a viela chorando e sumir na primeira esquina.



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