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História Novembro - Hoje eu quero entrar!


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 56 - Hoje eu quero entrar!


Fanfic / Fanfiction Novembro - Hoje eu quero entrar!

Enquanto eu dirigia pela cidade, morrendo de medo de riscar o carro de mamãe e ela dar um chilique, íamos conversando. Não era necessário me preocupar em ficar puxando assunto, pois Heitor falava até pelos cotovelos, bastava trazer um tema em questão e ele já conduzia a conversa como se fosse algo interessantíssimo.

— Que legal que você tem um carro! — Comentou, sorrindo e acreditando na minha mentira. — Quem sabe um dia eu tenha também…

— Claro que vai ter! — Incentivei, avistando a placa de um restaurante o qual ele disse ser muito bom.

O mesmo onde papai levou mamãe no último aniversário de casamento, o que me fez ter a impressão de ser um local romântico, onde casais costumam frequentar. Teria ele já sido levado lá?

Entramos e a hostess já nos abordou cordialmente, indicando uma mesa para dois e fornecendo o menu. Sentamos, ele pôs o celular sobre a mesa, fizemos o pedido e enquanto aguardávamos, notei-o correndo os olhos pelo ambiente, prestando atenção em cada detalhe.

— Bonito, né? — Chamei-o de volta para mim, pois estava quase o perdendo para o restaurante.

— Muito! — Concordou. — Antes de escolher direito, meu sonho era fazer arquitetura… Ou design de interiores! Sempre gostei de construções, decorações... Essas coisas.

— Eu faço arquitetura! — Lembrei que não faço mais. — Fazia, né?

— Jura?! Por que não faz mais?! — Consegui agora cem por cento de sua atenção, finalmente.

— Porque eu sofri um acidente de carro e perdi a memória, aí tranquei e nunca mais voltei! — Ele pareceu chocado.

— Nossa! E agora você tá bem? Já pode dirigir, né?! — Temeu pela própria vida, comigo no volante.

— Ah, isso sim! — Eu ri. — Estou bem, já recuperei bastante lembranças, estou andando, falando… Normal!

— Graças a Deus, é um milagre!

Oh não, até ele com esse negócio de milagre?! Se disser que é chegado nessa coisa de igreja e aleluia, vou embora agora.

— Acho que eu teria pegado medo de dirigir, se fosse você!

Apenas neguei com a cabeça, olhando-o bem dentro dos olhos, brilhantes sob as luzes dos lustres daquele restaurante. Nossos pratos chegaram, ele agradeceu sorrindo ao garçom, que o tratou tão educadamente quanto, e se retirou. Incrível como conseguia ser amigável até com uma formiga. Mas okay, sem ciúmes.

— Você acredita nessas coisas? Tipo… Deus, milagre… — Perguntei, tentando não parecer estar zombando. Tem gente que leva religião a sério demais.

— Acredito que exista algo maior que o mundo, apesar de não ter uma opinião formada sobre isso! Por exemplo, o que aconteceu contigo, você podia ter morrido! Mas “algo” ou “alguém” não quis, né?

— É. — Comecei a comer. — Por que mesmo que você escolheu direito, e não arquitetura?

Mudei de assunto, já estava ficando desconfortável.

— Eu me vejo mais em direito do que em arquitetura, essa coisa de debate, defender opinião, ponto de vista, nossos direitos como cidadãos… Esse universo de leis me atrai muito, eu gosto muito de ler e conhecer mais sobre diversos assuntos! Isso é essencial em direito, porque você não para nunca mais de ler!

Fiquei apenas ouvindo e imaginando o quão louco ele podia ser, para gostar de brigar mais do que de desenhar, por exemplo. Me dá dor de estômago só de imaginar ter que enfrentar aqueles monstros em forma de livros, todo semestre, decorar aquele monte de artigos e leis e sei lá mais o que. Heitor se entenderia muito bem com meu primo Flávio, outro doido.

— Futuramente, eu quero me especializar em algo grande, tipo oficial de justiça, juiz… Ainda não sei. — Olhou rindo para mim, notando minha cara de espanto. — Com meus estudos sou bastante ambicioso, não me contento com o básico, sabe?

— Corajoso! Cinco anos, pra você é o “básico”... Você deve ser muito inteligente! — Elogiei e o vi corando as bochechas, aquilo me divertia.

— Acho que eu sou mais curioso do que inteligente!

Senti seu celular vibrando sobre a mesa, corri os olhos sorrateiramente para a tela e vi o suficiente para ficar com a pulga atrás da orelha. A foto de um homem. Não tive tempo de reparar muito no rosto, mas vi uma barba escura e isso já foi o suficiente. Ele recusou a ligação tão rápido que até me assustei, voltando a conversar comigo como se nada tivesse acontecido.

Talvez eu estivesse me envolvendo com uma pessoa comprometida, e isso me deixava um pouco preocupado.

Claro, eu não queria mais fazer parte dessas irregularidades, a era da canalhice já foi.

Fiz questão de pagar a conta sozinho, não o deixaria gastar com algo que eu é que propus, claro.
Argh okay, eu queria mesmo era chamar atenção. Quando saímos, ele desceu os degraus até a calçada, olhou para cima e notou um temporal se aproximando desde o lado esquerdo do céu.

— Nossa, deve estar caindo o mundo na minha cidade! — Zombou, rindo aflito e olhando no relógio. — Está ficando tarde, então, devo me apressar...

Antes que ele inventasse mais uma desculpa, eu me fiz presente e lhe ofereci uma carona até sua casa. Mais uma vez ele negou, dessa vez tive a impressão de que não era apenas uma questão de educação, parecia mais uma vontade de fugir de mim o quanto antes. Como eu não era delicado, fui logo ao assunto.

— Você não quer me incomodar, ou não me quer do seu lado? Pode ser que eu esteja te incomodando e não percebi ainda... — Ele arregalou os olhos.

— Não, nada disso! Pelo amor de Deus, Rapha, não vai pensar besteira! É que eu morro de vergonha! — Fiquei olhando para ele, ainda desconfiado, o mesmo inclinou a cabeça e sorriu meigamente. — Eu sou um garoto tímido!

Eu ri. Senti um pingo cair em meu ombro e logo começou a chover.

— Tem certeza que quer andar nessa chuva sozinho? — Ofereci novamente e ele acabou aceitando meu convite.

Sempre fui bom em memorizar trajetos e soube logo como chegar até sua casa, cortando caminho para não passar por aquela ladeira assustadora novamente. Ele ficou surpreso em ver que eu nem precisava de sua ajuda para lembrar do caminho. Ponto para mim, eu acho.

Enquanto dirigia, fui jogando a conversa para o lado mais pessoal, para ele perceber quais eram minhas intenções, já que tudo estava acontecendo só na base da amizade e não era bem isso que eu queria. Paramos no farol, àquele horário o trânsito mal fluía, principalmente pela chuva, então perdemos bem mais tempo no trajeto do que da primeira vez que o acompanhamos até sua casa. Foi ruim? Claro que não, tive mais tempo só com ele.

Tentei não comentar nada referente ao chefe e seus elogios, ou poderia parecer ciumento demais e ele já sabia um pouco sobre meu passado, mas eu era um ciumento possessivo (em tratamento) e não iria aguentar manter a boca fechada sobre isso, então soltei uma indireta.

— O Dr. Eduardo vai sentir muito a sua falta… — Ele procurou meu olhar, preso à pista molhada da avenida, sem entender bem o que eu dizia.

— Acho que não…

— Acho que sim, ele te ama, né? — Fui mais direto, num tom sarcástico. — Não para de te paparicar, agora quer que você faça o papel da esposa dele, com aquela história de amarrar a gravata… Meio estranho isso aí, ‘cê não acha?

— Não… Ele é carinhoso assim mesmo! Costumo dizer que ele é um gentleman! — Falou, totalmente seduzido.

— Ah é? Gentleman... — Mordi o lábio inferior, batucando com os dedos no volante. Queimando de ciúme.

— É o jeito dele, Rapha! Vai ver como ele vai te tratar quando eu não estiver! — Sorriu.

— Ah, com certeza ele não vai me tratar assim, “Heitorzinho”! — Soltei um riso maroto, vendo-o ficar sério. Não era bobo, já havia percebido em que sentido eu falava.

— Eu não acredito que você está pensando mal de mim com o doutor! — Desviou o olhar, insatisfeito e eu finalmente percebi estar o incomodando.

— N-não, Heitor! Não é “mal de você”! Olha, eu só... Só disse que acho estranho o modo como ele te trata, mas se você não vê maldade nisso, tudo bem!

Tudo bem nada, esse cara vai parar logo de agir assim, quando estivermos só eu e ele no escritório.

— Tem certeza? Porque me pareceu que você está...— Escondeu os lábios para dentro da boca, evidenciando as covinhas num olhar divertido.

— O que? — Dei de ombros, sem entender, ele sorriu.

— Com ciúmes. — Provocou-me baixinho.

— Ciúmes? Eu?

— É, ciuminho do doutor comigo! — Zombou, inchando as bochechas e falando com voz de idiota, gargalhando alto daquela forma sapeca .

— Não estou com ciúme, Heitor!

— Não... — Urrou, como se eu fosse um bebê aprendendo a falar.

— Não mesmo! Heitor! Pare de rir! — Ele continuava gargalhando escandalosamente como era de seu jeito, que me fazia rir também, mesmo não querendo. — Nossa, eu não devia ter te oferecido aquele champagne, foi meu erro!

— Ah, para! Eu nem bebi tanto, foi só uma taça! — Ajeitou o topete, suspirando cansado de tanto rir. — Ai ai... É bobeira de nascença mesmo...

O farol abriu e eu continuei dirigindo. Novamente o celular tocou e ele recusou. Tocou novamente e ele recusou de novo, numa rapidez que parecia até estar devendo algo. Olhei de soslaio para ele e o vi abrindo uma conversa no WhatsApp e digitando o mais rápido que seus dedos conseguiram, suspirando com uma cara séria. Algo estava gritando para ser notado, então resolvi abrir o jogo.

— É seu namorado que está te ligando? — Ele olhou rápido para mim, com cara de assustado. Depois sorriu docemente.

— Ah não, não é meu namorado! — Riu com os lábios selados. — É meu amigo...

— Seu amigo parece um pouco desesperado... Será que é importante?

Claro, poderia ser só brincadeira de amigos, ou ele poderia estar tendo um derrame cerebral e estava pedindo ajuda. A gente tem que pensar nas outras pessoas também.

—Não, ele só gosta de me perturbar! Já disse para ele que estou ocupado! — Desligou o celular e o guardou no bolso do casaco.

Era a deixa. Desligou o celular para que ninguém nos incomodasse. Estava querendo também, certeza.

Chegamos finalmente ao conjunto de prédios onde ele morava, eu entrei com o carro até o pequeno estacionamento e parei numa vaga qualquer. O local estava escuro, havia poucos carros guardados, ninguém circulando por lá, nada que pudesse nos atrapalhar.

Tirei o cinto, ele fez o mesmo. Olhei fixamente para aquele rostinho branquelo em meio à escuridão, acendi a luz de teto do carro. Apaguei novamente. Acendi e ele olhou sem entender, rindo. Tudo para ele era gracinha.

— Você prefere beijar de luz acesa ou apagada? — Soltei a cantada com toda naturalidade.

Ele gargalhou surpreso e eu apaguei a luz, vendo apenas seus esboços, mas o suficiente para perceber que o deixei muito sem graça.

— Meu Deus... — Ele murmurou, acendi e ele escondeu o rosto, me fazendo acompanhá-lo no riso. Devia estar todo vermelho de vergonha.

— Apagada ou acesa? — Reforcei.

— Apagada é melhor! — Respondeu, empurrando minha mão a apagar a luz e já aproximando o rosto do meu.

Senti o roçar de seus lábios macios nos meus e fechei os olhos. A língua logo pediu passagem e encontrou a minha, num abraço quente e molhado, o qual eu precisava desde que o conheci. Tocando seu rosto com uma mão, a outra em suas costas, eu podia sentir o aroma de seu perfume misturar-se com o cheiro natural de sua pele e isso era como um combustível para a minha paixão. Quanto mais eu o beijava, mais queria beijar. Receber aquele carinho foi um alívio para a minha alma.

Afastamo-nos após alguns breves beijos estalados, sua mão na minha, a trouxe para meus lábios e beijei as costas de seus dedos. Ele ameaçou sair do carro, mas eu não o deixaria ir assim.

— Hoje eu quero entrar! — Convidei-me dessa vez.

— Tá bem! — Pareceu um pouco apreensivo, mas eu ignorei.


Notas Finais


Eaí, meus linduuus!
Estavam com saudades? Eu estava :3
Agora que estou de férias do trabalho, como prometido, terá muito mais atualizações da fic!
E eu queria saber de vocês se querem que eu continue com as postagens alternadas dia sim dia não, ou se preferem dias fixos na semana... Como vocês preferem? O horário importa pra vocês, ou não tem nada a ver?
Deixei aí as sugestões nos comentários ;)
Bjs ♥♥♥


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