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História Novis Initiis - Conflito (T)


Escrita por: OnixDAce e lviathan-web

Notas do Autor


Hello, pessoas
Como vocês estão hoje?
Aqui está um maravilhoso dia ensolarado e isso me faz ficar felizinha *risos*

Bom... peço que preparem seus coraçõezinhos pra esse capítulo, que foi uma bela de uma montanha-russa emocional para eu escrever. O bagulho ficou tenso, tá ligado?

IMPORTANTE
Este capítulo contém:
*Uso de álcool
*Machismo
*Comportamento abusivo
*Abuso moral e verbal
*Palavras que podem ser gatilhos para pessoas que sofrem de transtornos depressivos, transtorno afetivo bipolar em episódio depressivo, tendencias suicidas e outros
*Violência física
Dentre outros
Se não se sente bem para ler, por favor pule as partes que estarão entre ... e ...

Boa leitura e nos vemos nas notas finais

Capítulo 7 - Conflito (T)


Após cerca de 30 min de carro, a meia hora mais desconfortável que o semideus viveu até agora, os três finalmente retornam à casa da alcateia. Após uma recepção um tanto quanto desconfortável de Yeosang, que parecia sentir que algo não estava certo, e logo San entrou e foi diretamente para o segundo andar. Mingi pegou Wooyoung no banco de trás e o carregou novamente, desta vez, casa adentro.

Yeosang os guiou até o segundo andar e ali Mingi finalmente teve tempo de ver as oito portas que ali estavam. Parecia que cada uma tinha algo que poderia ser identificado por seu dono: Uma pintura de um par de asas brancas, a detalhada pintura de uma árvore, um adesivo que parecia a sombra de um lobo uivando, um desenho de rosas verdes, um adesivo de um estranho de círculos e símbolos dos quais Mingi nunca tinha visto, uma estrela de oito pontas e um brasão dos bombeiros.

Yeosang apontou para uma porta com um octagrama desenhado em tinta mágica, que mudava de cor a cada instante. Mingi então caminha até lá e entra no quarto que parece pertencer ao bruxo adormecido em seus braços.

Após deixar o Jung deitado confortavelmente em sua cama, com lençóis temáticos da astronomia, e de ver a bela decoração gótica e simples do quarto do bruxo, o semideus sai do cômodo e fecha delicadamente a porta. Um dos quartos estava com a porta aberta e, pelo aroma, ele sabia que Yeosang e Hongjoong estavam lá.

Um tanto quanto curioso, como sempre, o Song vai até lá e vê que os dois estavam arrumando as coisas que chegaram pelo portal de Wooyoung! O beta de cabelos brancos estava usando seus poderes espectrais para mover os objetos, enquanto o ômega se ocupava em montar os móveis para o que seria o novo quarto de Mingi.

Já este, não sabia se ficava mais impressionado com o controle que o fantasma possuía sobre sua telecinesia, especialmente por se tratar de múltiplos objetos ao mesmo tempo, ou pelo fato de Hongjoong ter extrema habilidade manual para montar aqueles móveis como se não fosse nada demais.

Poxa, o próprio semideus tinha demorado boas três horas para montar uma escrivaninha e, em cerca de 45 minutos o ômega já tinha montado quase o quarto todo! Isso era alguma habilidade de anjo?

— Eles são uma excelente dupla, não?

Mingi dá um pequeno pulo, tapando sua boca para não gritar quando ouve alguém falar atrás de si. Ele então se vira para trás, vendo Yunho, que sorria de forma apaixonada para o casal dentro do quarto.

O beta estava com as mãos nos bolsos de seu cardigan cinza claro, que contrastava com a camiseta negra estampada com um grande 9 ¾ em branco, e também com a calça negra que o mesmo usava naquele dia.  O agradável cheiro de lavanda do beta parecia um pouco mais forte que o usual, além dos olhos dourados dele parecerem um pouco diferentes... Mingi não sabia como explicar, mas tinha algo diferente no Jung naquele dia.

—Puppy! Mingi! Já estão de volta?

Exclama Hongjoong, sorrindo de orelha a orelha e logo caminha , quase saltitando, até os dois betas altos, ficando na ponta dos pés para poder selar rapidamente os lábios de ambos.

O rosto do semideus ficou da mesma cor de seu cabelo, enquanto o licantropo apenas abriu um largo sorriso e puxou o anjinho para um abraço apertado.

— Estamos sim, Joongie-hyung! Fui liberado mais cedo do trabalho por causa da Lua e me parece que nosso Mingi-ah não morava tão longe daqui.

Diz o rapaz, logo deixando um beijo estalado no rosto do ômega, que riu de um jeito adorável, e depois o soltou. O baixinho, então, se vira para voltar para o quarto, mas Yeosang sai flutuando dali, dizendo que só faltava guardar as roupas e pertences mais pessoais do semideus.

O ruivo, sem hesitar, logo corre para dentro do cômodo, sendo seguido pelo rapaz de cabelos castanhos.

—É injusto eu estar aqui à toa quando não ajudei nem um pouco com a mudança!

Ele explicou, com seu sorriso largo e jeitinho de filhote. O Song ainda não estava habituado com a presença de outras pessoas na sua vida, especialmente porque elas pareciam querer estar perto de si, então se surpreendeu com aquilo. Sua aparência intimidante e voz grave fazia com que muitas pessoas tivessem medo de se aproximar, e as que tinham coragem costumavam torcer o nariz ao contestarem que ele era apenas um beta comum e não um "poderoso" alfa.

E agora ele iria dividir o teto com sete homens lindos e interessantes, que o escolheram para fazer parte de sua família...

Era ele merecedor daquilo mesmo?

—Mingi, essa camisa não está no varal pra você ficar secando ela assim.

O semideus é tirado de seus pensamentos, logo soltando uma gargalhada alta pela frase do Jeon, que começa a rir com ele. Logo, ambos vão terminando de arrumar o que faltava e o Song finalmente tinha um quarto para chamar de seu, na casa da alcateia.

Sua alcateia.

Mas é claro, tudo o que é bom na vida de Mingi, dura pouco.

Ele estava apenas tentando entender como seu dia havia acabado daquela forma.

 Após terminar de arrumar seu quarto, tendo a ajuda do adorável “puppy” Yunho, os ocupantes da casa foram chamados por Hongjoong para jantarem todos juntos. Enquanto o semideus descia as escadas, ele sentiu as presenças de Wooyoung e San, trazendo consigo aquele desconforto de antes.

Os dois ainda não resolveram o que quer que tinham para resolver.

O Song só esperava que aquilo não virasse uma bomba-relógio que iria explodir com ele por perto...

Pouco tempo depois, o trio chega na cozinha, se deparando com um Hongjoong arrumando a mesa, Seonghwa dando os toques finais em um coquetel, que o semideus não sabia qual e nem se aquilo era algo costumeiro, e em um dos cantos havia um Yeosang limpando o rosto de Jongho, que estava cheio de... Cinzas? Fuligem?

Por que o metamorfo estava com cinzas no rosto?

— Jongie é bombeiro, Mingi-yah. Ás vezes ele precisa resgatar pessoas de dentro de incêndios, daí o rosto dele fica assim.

O alfa prime explicou calmamente, assustando Mingi de forma que ele deu um pequeno pulo. O vampiro parece apenas achar esta reação um tanto quanto fofa, sorrindo para o mais novo e lhe dando um beijo suave no rosto antes de se afastar do ruivo e anunciar que eles já podiam comer.

E assim, os oito rapazes se sentam à mesa redonda, o que fez Mingi estranhar um pouco, considerando que apenas metade do grupo realmente consumia “comida”. Seonghwa se alimentava de sangue, Hongjoong de virtudes, San de pecados e Yeosang precisava de oferendas em um altar... nenhum desses quatro se alimentava do maravilhoso dak galbi como Jongho, Wooyoung, Yunho e ele mesmo faziam no momento.

— Um won pelos seus pensamentos, Mingi-ssi.

O rosto do ruivo se vira rapidamente para ver um Yeosang o observando, curiosidade brilhando em seus olhos verdes. O espectro estava com os cotovelos apoiados na mesa, e o rosto injustamente bonito e simétrico descansando em uma de suas mãos elegantes, enquanto um sorriso pequeno adornava os lábios rosados dele e seu cabelo branco, e um tanto quanto longo, brilhava sutilmente na luz elétrica da cozinha.

Com toda a certeza Kang Yeosang era um modelo famoso em seus tempos de “vivo”. Se ele não fosse, algo estaria muito errado no Universo.

Mingi limpa sua garganta, ficando um tanto quanto constrangido por ter se tornado o centro das atenções na mesa, consequência da frase indiretamente questionadora do fantasma. Ele engole a porção de frango temperado que estava sem sua boca antes de responder, encolhe seus ombros e olha para seu colo. Estava com medo de ser desrespeitoso ou parecer grosseiro para com os membros da alcateia, especialmente quando a União ainda não aconteceu e isso, teoricamente, significava que Mingi ainda não era um membro real do grupo.

Eles podiam manda-lo embora a qualquer momento.

Ele ficaria sozinho novamente.

Seria abandonado novamente.

Ele não queria isso.

— Só... estava pensando em como a comida está boa, Yeosang-ssi...

Ele responde em um fio de voz, o medo ainda corroendo-lhe as veias.

Mingi não viu, mas vários olhares significativos foram trocados entre os sete parceiros, conversas silenciosas trocadas no Laço da Alcateia. Nenhum deles estava convencido das palavras do semideus e o debate silencioso era se alguém deveria pressionar mais ou se eles deveriam “deixar para lá”.

—Oh, agradeço pelo elogio, bebê! Vou cozinhar ainda mais animado por saber que você gosta da minha comida.

Afirma o alfa lúpus, abrindo um sorriso gentil e levando uma de suas mãos até os cabelos cor-de-fogo do beta, que sente seu corpo relaxar. Eles haviam comprado sua mentira.

Ou era isso o que ele pensava. E foi decidido que, por ora, era melhor evitar certos desconfortos.

Com um sorriso tímido lançado ao prime, Mingi volta a comer o dak galbi com gosto. Logo, conversas casuais sobre o dia-a-dia começaram a surgir entre os oito, amenizando um pouco a tensão que antes pairava no ar, e o semideus sentiu seu peito se aquecer.

Então, aquilo era um jantar em família...

É realmente tão mágico quanto suas histórias preferidas descreviam.

Depois de terminarem de comer, Seonghwa se levantou e foi até a pia, pegando uma bandeja com oito pequenos copos com uma bebida alaranjado dentro, leva isso até o centro da mesa e, sem hesitação, seis pessoas pegam os seus. O prime então pega seu próprio o indica silenciosamente para que o semideus pegue o último copo dali e o Song o faz, um tanto quanto tímido.

— Hoje, bebemos em celebração a uma importante etapa do cortejo pré-União de nosso querido beta Song Mingi: A mudança para a casa da Alcateia! Que este brinde simbolize a alegria de nosso grupo estar cada vez mais próximo de sua completude! Como a profecia de Wooyoung que nos trouxe quando se juntou a nós, logo poderemos gritar animadamente “8 fazem 1 time”!

Gritos de animação irrompem de alguns membros da alcateia por conta deste pequeno discurso do vampiro, que abre um largo sorriso, erguendo seu copo e logo sendo imitado por todos os outros. Logo, todos tocam seus copos, fazendo o brinde e cada um bebe seu coquetel.

Era uma bebida de baixo teor alcoólico, um pouco doce, com um toque de laranja e outros pequenos sabores que o Song não conseguia exatamente distinguir.

Seu paladar não era aguçado a este ponto.

A pequena comemoração, repleta de conversas, histórias e piadas se estendeu por um tempo, mas os membros da alcateia foram se retirando aos poucos...

E, quando o ruivo se deu conta, ele estava caminhando com Jongho pelos corredores da casa, o mais novo contava a história da emergência mais grave que ocorreu naquele dia, de um incêndio em uma galeria comercial. Felizmente, não houve nenhuma morte ou ferimentos graves, apesar do prédio ter sido 60% destruído pelas chamas, que parecem terem sido causadas por um curto-circuito em uma loja de produtos de beleza, especializada em álcool em gel. O mais novo contava como todo o processo ocorrera de forma natural, corando levemente quando o mais velho elogiava sua coragem.

Logo, porém, aquele momento fora quebrado quando Mingi sentiu uma “perturbação” nas sombras. E definitivamente, não era do tipo bom.

O Song sai correndo em disparada, deixando o Choi confuso, e logo ele é guiado por seu senso sombrio até um cômodo, no qual San e Wooyoung estavam brigando.

...

O demônio parecia irado, mostrando seus dentes pontiagudos para o bruxo, que estava claramente na defensiva. O cheiro do mais baixo indicava que o mesmo estava com medo, e aquilo fez o beta interior do filho de Érebo uivar na mente do mesmo.

— Eu não vou tolerar essa desobediência, Jung Wooyoung! Ajoelhe-se e peça desculpas agora!

Bradou o Caído, com seus olhos escarlates brilhando como círculos do Inferno e usando sua voz de alfa, o que fez com que os joelhos do magista fraquejassem por um instante. Mas o rapaz de cabelos lilases se apoiou fortemente um uma das mesas, desobedecendo a ordem do alfa, os olhos cinza do mesmo adquirindo um brilho frio, como aço polido.

— Não... vou... San...

Diz o ômega, visivelmente com dor por estar indo contra sua biologia naquele momento.

O beta se viu admirado com a força de vontade do mais baixo, o que o encorajou a agir também.

— San-ssi! Pare com isso!

O semideus grita, criando uma parede de sombras entre os dois. Logo, ele se vê como alvo do olhar sanguinolento do demônio.

—Não se meta, novato. É meu primeiro e último aviso.

Choi San praticamente sibila, fazendo com que Mingi sinta um profundo medo lhe apertar o peito, mas este apenas cerra seus punhos e devolve o olhar para o rapaz.

— Você está machucando o Wooyoung. Não vou simplesmente deixar você continuar com isso!

Ele diz e o alfa revira os olhos, estala sua língua e  se aproxima calmamente do mais alto, uma aura densa de quase sufocante de negatividade se mistura com os feromônios dominantes da classe dele, fazendo com que parte do Song queira se submeter, se ajoelhar e pedir por piedade. Mas isso não aconteceria hoje.

— Você se faz de corajoso, mas é tão cheio de medo, Song Mingi...

Logo ambos estavam frente a frente, se encarando nos olhos como dois rivais prestes a lutar em uma arena dos tempos antigos.

—Corajoso é alguém que enfrenta seus medos quando precisa, Choi San.

O mais alto diz, quase que entredentes, apertando suas mãos com tanta força que daqui a pouco suas unhas iriam fazer cortes na pele. Era a única forma que ele conseguia pensar em fazê-las parar de tremer.

O demônio ri em tom baixo e debochado, fazendo um sorriso de puro escárnio para o semideus.

—Você é patético. Alto, forte, com voz grave, mas apenas um beta comum. É filho de uma divindade primordial, mas não se deixa dominar pela escuridão da sua própria mente. Por que não deixa os adultos aqui se resolverem enquanto você volta correndo pra saia da sua mãe? Ah... já sei. Porque você não tem mais uma. Ela te deixou quando você era só um garotinho, não é? Não é à toa que você não sabe conviver com a sociedade. Seu único modelo é a personificação das trevas. E é nessa escuridão que você deveria ficar, não é ali onde você se sente mais seguro, hum?!

Lágrimas grossas escorriam pelo rosto cheio de dor, do semideus, enquanto as vozes de dentro da sua cabeça ecoavam a do demônio a sua frente. Tudo o que pensava de si mesmo foi finalmente jogado na sua cara, por uma pessoa que deveria amá-lo e cuidar de si de forma incondicional.

O coração do semideus pareceu se partir, e ele abaixou os olhos, sendo consumido pelo vazio que crescia em seu peito.

Talvez o Caído estivesse certo... Ele deveria estar na escuridão, sendo abraçado pelo único ser que realmente se importou consigo.

Onde que ele estava com a cabeça, achando que uma alcateia tão maravilhosa realmente queria ele?

Era um idiota romântico e sonhador mesmo...

—Choi San, pare neste instante!

Uma nova voz se fez presente. Uma ainda mais dominadora e imponente que a do moreno.

Era Park Seonghwa.

— Veio bancar o herói, é?

Debochou o demônio, ainda ostentando seu sorriso de escárnio, que em poucos segundos foi substituído por uma expressão de medo.

O vampiro estava o segurando pelo pescoço contra uma parede, o impacto daquilo causou um baque seco. O mais velho não apertava a tranqueia do demônio (forma a limitar sua respiração) mas pressionava algumas dos vasos sanguíneos que abasteciam o cérebro, com a força certa para deixar o mais novo tonto, mas sem desmaiar.

— Vim lembrar a você de que eu sou o Alfa Prime desta alcateia. E ninguém faz um dos meus se sentir inferior. Ninguém.

O vampiro pontua, sua voz assustadoramente calma e seu tom frio. Jongho e Yunho também entram no cômodo, o primeiro indo ajudar Wooyoung a se recuperar da ordem do alfa, abraçando o ômega com carinho enquanto sussurrava palavras carinhosas para o mesmo, que aos poucos pareceram ir retirando o efeito da voz de alfa.

Se não estivesse tão perdido no labirinto sombrio que era sua mente, aquele teria sido o momento que o semideus perceberia que o metamorfo era um beta com genes de alfa.

Um abraço carinhoso e caloroso, sendo acompanhado por um relaxante aroma de lavanda invade os sentidos do filho de Érebo. Yunho estava consigo, lentamente o trazendo para o presente, para o mundo fora de sua mente, usando-se de carícias suaves em seus braços e alguns beijos suaves nas bochechas molhadas por lágrimas do ruivo. As vozes pareceram se abafar, enquanto o licantropo acalmava o semideus de forma suave. Logo, o ruivo se sentiu exausto, como se toda a energia tivesse ido embora com as lágrimas, e anestesiado, como se seus sentidos não capitassem mais nada além de Yunho.

Do outro lado da sala, os dois alfas travavam uma intensa batalha em seus olhares. As írises azuis do vampiro encaravam as escarlates do demônio, que se recusava a desistir, mesmo já sabendo que havia perdido aquela luta no momento em que ela se iniciou.

—Pensei que já tínhamos passado dessa fase, San.

O tom do prime era firme, com um toque de decepção. Aquilo quebrou o Caído de forma que a única coisa que pode fazer era abaixar a cabeça e recolher sua aura. Ele havia se rendido.

Seonghwa solta o mais novo, que então mostra seu pescoço para o lúpus em um sinal clássico de submissão. O vampiro faz um breve som de aprovação com a garganta, mas o demônio não ousa levantar o rosto e apenas suspira em tom baixo.

O choro baixo de Wooyoung e as vozes misturadas de Jongho e Yunho finalmente foram reconhecidos pelo rapaz de cabelos negros e foi naquele momento que ele percebeu a besteira que acabou de fazer. O mundo parou e a culpa atingiu o demônio de forma que ele caiu no chão, ficando de joelhos perante seu prime, que apenas o observava.

—Entendeu agora, San?

—Sim, Seonghwa-hyung...

O vampiro então se ajoelha em frente ao mais novo, levando uma de suas mãos até o rosto belo e agora dolorosamente triste de seu dongsaeng, gentilmente fazendo o mesmo olhar para si.

—Sabe o que vai acontecer agora, não sabe?

O tom calmo e gentil do lúpus não ajudou em nada a impedir que as lágrimas negras se formassem nos olhos escarlates do Caído.

—Sei sim, alfa.

Seonghwa assente e solta o rosto do moreno, se levantando logo em seguida.

— Você estará fora da escala para minha alimentação até Wooyoung e Mingi te perdoarem pelo que você fez a eles.

A sentença fora clara e o Park se afasta, indo até onde os dois mais altos estavam. Após uma curta conversa, que San não conseguiu ouvir, o vampiro segura o semideus em estilo noiva e sai do cômodo, sendo seguido pelo licantropo e pelo metamorfo, que carregava o bruxo em suas costas.

...

Choi San estava agora sozinho com suas lágrimas negras e se sentindo sem chão.

Ele havia feito Wooyoung, seu ômega, chorar.

Havia tirado o sorriso caloroso do rosto de Yunho, seu beta.

E havia perdido o direito de alimentar Seonghwa, seu alfa.

Mais uma vez, o demônio fracassou com sua alcateia, como há anos atrás.

Quando Mingi deu por si, ele estava em seu quarto, deitado em sua cama enquanto sua cabeça repousava nas coxas de Seonghwa. O cômodo estava silencioso e escuro, com apenas a luz da Lua iluminando as sombras e penumbras do local. O alfa lúpus estava acariciando suavemente os fios alaranjados do beta, os olhos impossivelmente azuis o observando com um carinho que fez o coração do Song se apertar.

—Está se sentindo melhor, bebê?

O vampiro questiona em um sussurro, como se tivesse medo de quebrar o silêncio e a paz do quarto.

—Não sei...

Pela primeira vez naquele dia, o semideus havia sido realmente sincero. O mais velho apenas suspira em tom baixo, se abaixando para deixar um beijo calmo na testa do mais novo, que fecha seus olhos, desesperado por qualquer tipo de afeto naquele momento.

—Se recuperar dos ataques psíquicos do San é realmente complicado... sinto muito que tenha passado por isso, Mingi-yah.

A honestidade e o carinho no tom do prime causou lágrimas no beta, que foram gentilmente secas pelo vampiro. Mingi não estava nem um pouco acostumado a aquilo, o que o assustou.

Ele estava realmente pensando em rejeitar o afeto do alfa prime da sua alcateia? Aquele que acabou de o salvar de um demônio? O alfa lúpus que se preocupou mais em ficar consigo e o consolar, em vez de estar com seu ômega?

O filho da Escuridão Primordial quase começa a chorar de novo ao perceber isso, se sentindo patético e desmerecedor da atenção de Seonghwa.

—Você faz psicoterapia, bebê? Ou já fez?

A pergunta do Park pegou o Song de surpresa, mas este apenas se limitou a balançar a cabeça.

Psicoterapia era caro demais para ele e não tinha nenhum psicólogo trabalhando no orfanato no qual ele cresceu. Infelizmente, havia um estigma forte demais nos profissionais de saúde mental na época em que o ruivo era criança, então o governo sul-coreano não havia sequer cogitado gastar dinheiro com aquilo.

—Gostaria que eu marcasse para você, príncipe?

Os olhos de Mingi se arregalaram e ele olhou surpreso e descrente para Seonghwa, que mantinha um olhar carinhoso para si, mas com uma expressão neutra.

—N-não tenho dinheiro para pagar, hyung...

—Não tem problema. Eu pago.

Mingi se levanta  e fica de frente para o alfa, não conseguindo acreditar no que ouvia.

— M-mas é muito dinheiro, hyung! Não quero que você simplesmente o desperdice com alguém como eu que—

Sua fala desesperada é interrompida quando o vampiro coloca um dedo em frente aos lábios do filho de Érebo.

Primeiramente: Conheço uma psicóloga que não cobra caro e é uma excelente profissional. Em segundo lugar: Dinheiro que gasto com meus meninos jamais é um desperdício. É um investimento na felicidade deles, que é minha própria felicidade. Podemos não ter passado pela União ainda, mas eu o considero meu desde o momento em que você pisou aqui. E, por último: meu coração pesa ao ver como você desvaloriza a si mesmo, Mingi-yah. Eu quero te ajudar a ver o que você tem de bom e a gostar mais de si mesmo. Você pode ser uma escuridão densa e solitária para sempre ou se transformar em um belo céu noturno, o qual nós todos iremos adorar observar.

O Song não aguenta e se ajoelha perante o prime, segura delicadamente  uma das mãos deste e o olha, medo e insegurança visíveis em seus olhos negros como a escuridão de um abismo.

—Você tem certeza disso, Seonghwa-hyung?

O mais velho sorri e se inclina para selar suavemente os lábios macios do semideus, que se surpreende, mas não o rejeita em momento algum. O contato dura apenas alguns instantes, e logo o mais velho leva uma das mãos até o cabelo curto do mais novo e acaricia suavemente os fios cor de brasa.

—Tenho sim, meu lindo. Eu só preciso que você me diga o que quer, e eu moverei o céu e a terra para conseguir o que você deseja. Sem hesitar.

Os olhos do ruivo já estavam secos de tanto que ele chorou naquelas poucas horas, mas isso não quer dizer que ele não tenha dito um baixo e choroso “sim” para a proposta.

Naquela noite, Song Mingi dormiu protegido nos braços de seu Alfa Prime, Park Seonghwa.

Em outro quarto, com a porta adornada com o brasão dos bombeiros, Choi Jongho abraçava seu ômega Jung Wooyoung como se pudesse protege-lo do mundo e este, dormia sonhando com os beijos trocados com seu amado metamorfo à luz do luar.


Notas Finais


"8 fazem 1 time" é a tradução literal de "8 makes 1 team", saudação/lema do ATEEZ na vida real
"Um won pelos seus pensamentos" é uma paródia de uma frase inglesa "one penny for your thoughts", bastante popular e utilizada quando alguém está bastante curioso sobre os pensamentos de outra pessoa.
O coquetel aqui se chama Bamboo e é uma bebida bastante popular nos EUA. É feita de Jerez (vinho espanhol),vermute, angostura, angostura orange bitter, xarope (syrup, não o remédio, ok? *risos*) e um pouco de laranja espremida.

Mais uma vez, irei enfatizar a importância do cuidado da saúde mental. Talvez alguns de vocês possam achar que estou exagerando, mas eu sou uma estudante de Psicologia (já mencionei isso? Não me lembro) e sei muito bem o quão importante é fazer terapia, nem que seja como um trabalho de prevenção. Terão mais momentos em que falarei sobre isso através da fic então... se acostumem(?).

Quero, mais uma vez, agradecer imensamente aos comentários no capítulo anterior! Amo saber o que vocês acharam e o que vocês estão pensando sobre a fic e isso me motiva bastante a continuar essa loucura *risos*.

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Se cuidem bem, comam direitinho, bebam bastante água, usem máscara se precisarem sair, tomem um pouco de sol de vez em quando.
Nos vemos semana que vem, com mais um capítulo!

Peace out!


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