O som do disparo ecoou por todo o prédio, assustando a todos. Quando os seguranças chegaram na sala ergueram as mãos para o alto e colocaram as armas no chão, obedecendo as instruções de Lucas, que apontava a arma do pai para a cabeça de Dado e mantinha o corpo do ruivo junto ao seu. O rapaz gritou para que eles se afastassem, caso o contrário, mataria Carlos Eduardo, este que mancava e andava com dificuldade devido a bala alojada em sua coxa.
Os dois abandonaram o prédio antes que a polícia fosse acionada e os planos de Lucas fossem prejudicados. Seguiram caminho com o carro do criminoso.
— Acho bom que não tente nenhuma gracinha, não vai custar muito puxar o gatilho uma segunda vez. — avisou, sentando no banco do passageiro.
— Eu não posso dirigir machucado desse jeito, ursinho. — disse irônico. Lidava com a sua dor de forma ácida, sem demonstrar o que sentia.— Se me matar, nunca saberá onde a sua putinha está. — Lucas desencostou a peça fria da nuca do outro e acertou sua cabeça com ela. Para ele ainda era muito pouco diante de todo o sofrimento que ele já causou.
— Para de falar merda e acelera logo a porra desse carro! — Dado obedeceu, porém sirenes foram ouvidas.
Ao olhar para trás, Lucas viu as viaturas se aproximando. O jaguar tinha chamado a atenção por estar em alta velocidade.
T3ddy não era mais o ursinho carinhoso, estava tomado de ódio pelo ruivo com sorriso debochado.
Só de pensar naquelas mãos sujas em cima do seu garoto o sangue fervia.
Só de pensar no quanto o namorado sofreu nas mãos do homem dissimulado, a vontade de atirar para matar apenas aumentava.
T3ddy temia que Luba não se recuperasse dessa vez, temia os danos de toda a merda onde Dado o colocou, lhe causasse traumas irreversíveis, pois tinha noção do quão frágil o seu garoto era.
Não suportaria perde-lo.
Não suportaria que Luba não resistisse e tirasse sua própria vida para não ter que conviver com os fantasmas que voltariam a lhe assombrar dali pra frente.
E, mais do que nunca, cumpriria sua promessa de estar com ele e fazer até o impossível se preciso fosse para protegê-lo.
***
As nuvens carregadas indicavam que logo a chuva cairia e por isso se apressaram. O carro de Otto estacionou em frente ao prédio, Vera e Carminha correram na frente para buscar informações sobre o que tinha acontecido. Assim que o telefone tocou na casa de Vera, a secretária ligou informando que Lucas estava armado e disparando tiros no local.
— Quem era o rapaz? — Carminha perguntou para um dos seguranças que presenciou a cena.
— O senhor Carlos Eduardo Junior.
Os quatro ficaram espantados. Carminha e Otto já imaginavam, apenas precisavam da confirmação.
— Alguma coisa me diz que esse rapaz sabe onde nosso filho está. — Carminha concluiu. Pensou nos motivos que levariam Lucas a causar todo o alvoroço, o único que gritava em sua consciência era o filho.
— O pior é que ele está armado, sabe Deus o que ele pode fazer. Eles estão correndo perigo, eu sei disso. — Vera disse, exalando preocupação.
— A polícia seguiu o carro deles, — Paschoal apareceu com o telefone em mãos. — Mas perderam de vista e por isso estão rastreando.
— E o que estamos fazendo aqui? Vamos logo! — Otto disse, segurando a mão da esposa. Enquanto os pais de Luba se acomodavam nos bancos da frente do carro, Paschoal e Vera se olharam.
— Você tinha razão. — era difícil para um homem como ele admitir que estava errado, principalmente porque a realidade dos fatos o fez cair em si. Lucas importava mais do que aquilo tudo, a vida dele era prioridade ese algo acontecesse com o filho, jamais se perdoaria. — Lucas está fazendo isso tudo por amor e eu sei que faria a mesma coisa por você.
— Eu também faria. — Vera sorriu minimamente, orgulhosa do marido. Para ela, foi um alívio ter o marido ao seu lado sem toda aquela armadura do empresário prático e calculista. O lado emocional tinha falado mais alto em Paschoal e era esse lado que Vera tanto desejava que lhe desse apoio naquele momento.
— Vamos trazer o nosso filho de volta. — beijou a testa da esposa e de mãos dadas seguiram até o carro, se juntando aos pais do genro.
***
O jaguar chegou ao seu destino meia hora depois. Dado respirou aliviado, pois não aguentava mais dirigir machucado e discutir com Lucas as desavenças do passado.
T3ddy olhou pela janela, observando o lugar, não era um casebre como imaginava e sim um casarão. Não tão grande como dos seus pais, mas bem bonito. Se perguntou que tipo de pessoa sequestra a outra e usa uma mansão como cativeiro.
Não demorou para que a sirene da polícia se aproximasse, as viaturas estavam sendo seguidas por um carro bastante familiar. E dentro da casa, os capangas espiavam pela janela, se preparando para o que viria.
— É o fim da linha para você. — Lucas disse ao ver o cerco se fechar para o criminoso.
— Eu nunca perco, Olioti.
E tudo aconteceu muito rápido.
Dado, mesmo machucado, reagiu e deu um soco no queixo do moreno, aproveitando de sua distração para conseguir pegar a sua arma de volta. Em seguida, abriu a porta e se jogou no chão.
O ruivo apontou a arma para o rapaz, que tentou se controlar para não demonstrar desespero. Estavam a um metro de distância, de frente um para o outro. Antes que a bala do outro lhe atingisse, Lucas conseguiu desviar. O ruivo caiu ao ser baleado na perna por um disparo de fora, nessa hora os policiais conseguiram dete-lo e o desarmar.
Um disparo saiu de dentro da casa para fora, em direção ao homens da lei. A partir daí, se iniciou uma troca de tiros entre os bandidos e os policiais.
Lucas, seus pais, Carminha e Otto se jogaram no chão, com as mãos apoiadas na cabeça para se proteger.
T3ddy só conseguia pensar se Luba estava bem em meio a toda aquela loucura. Mas suspirou, pelo menos Dado foi detido e só restava tirar Luba de lá para levá-lo de volta para casa.
De repente, se sucedeu o impensável.
O rapaz estava pronto para entrar, enfrentar qualquer um e resgatar o namorado, quando uma explosão do lado de dentro da casa chamou a atenção de todos do lado de fora.
Naquele momento, Lucas jurou que seu coração havia parado de bater por um segundo.
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