Dois dias depois, Paola se viu sentada em frente ao computador esperando uma ligação via Skype com Jason, seu atual e futuro ex-namorado.
Sim, a morena estava decidida que iria terminar seu romance com o inglês, mesmo se fosse pela Internet.
Francesca já estava dormindo e por ser noite no Brasil, certamente Jason estava acordado, mesmo sendo madrugada no seu país. Logo o homem atendeu e disse "Hi" com um sorriso. Engoliu em seco e conversou com o cara normalmente e quando conseguiu tomar coragem, o fez.
Terminou o namoro de dois anos pela Internet. Seu coração apertava cada vez mais, era a primeira vez que fazia aquilo e parecia ser pior do que por telefone. Explicou a Jason que não estava mais conseguindo seguir seu relacionamento, estava confusa e que precisaria de um tempo à sós, sem ninguém. Ele aceitou e após alguns minutos, a ligação terminou.
Paola respirou fundo, levantou da cama e esticou o corpo. Verificou as horas e já eram quase quatro da manhã, sua sorte que o dia seria um sábado. Depois de tomar alguns calmantes, finalmente conseguiu adormecer.
***
Ouviu os gritos de Francesca pela casa e acordou em um pulo. Coçou os olhos e viu que eram quase meio dia. Tomou um banho, escovou os dentes, prendeu o cabelo em um coque e colocou um longo vestido branco, onde deixava suas costas nuas até a base da cintura.
- Bom dia, meu amor. - Paola falou dando um beijo em Maria, que preparava o almoço. - Onde está Fran? Acordei com os gritos dela perto do meu quarto.
- Está no quarto com o doutor Juan. - Franziu a testa e ela riu. - O pai dela.
- Yo sé quién traste, María. Ya vuelvo
Paola retornou ao corredor dos quartos e entrou no quarto de Francesca. A menina calçava as sapatilhas azuis, combinando com o vestido da mesma cor.
- Ei, pra onde você vai? - Perguntou cruzando os braços e encostando no portal da porta.
- Estou indo almoçar com meu papá! - Ela abriu um sorriso e abraçou o pai.
- Vim convidar vocês duas, mas Maria me disse que você estava dormindo, então preferi levar apenas minha loirinha.
- Agora estou acordada. - Ele sorriu e levantou da cama da menina, aproximou. - Mas não me convide, prefiro resolver umas coisinhas.
- Tudo bem, não pretendo estender muito esse almoço, ela volta cedo, OK?
- Certo, e quando chegar, mande ela arrumar o quarto. Olhe essa bagunça. - Apontou os brinquedos espalhados e encarou a loirinha. - Cuidado, eu te amo.
- Yo también!
Fran abraçou a mãe e correu com o pai até saírem da casa. A argentina voltou para a cozinha e pegou um copo de água.
- Se eu soubesse não teria feito almoço. A Fran foi almoçar com o pai e aposto que você nem vai querer comer. - Maria diz e apaga o fogo.
- Quem disse que não vou comer? Pode servir o meu e o seu, estou morrendo de fome.
Assim que terminou, pegou sua bolsa e seguiu para o Arturito resolver algumas coisas do restaurante, a parte da administração. Seu telefone tocou com o número de Henrique no visor.
- Oi, minha amada.
- Precisamos conversar. - Diz direta e séria. - Pode vir no Arturito? Estou no escritório.
- Não acha melhor ir na sua casa?
- Não, Francesca está em casa, não quero você se aproveitando para agradar minha filha, já avisei.
- Calma, patroa. Parece brava. - Bufou e fechou os olhos. - Eu passo aí daqui a pouco.
- Certo, estarei esperando. Seja discreto.
- Sim, senhora.
Meia hora depois, um barulho de risos na cozinha e abriu a porta do escritório. Viu Henrique cumprimentar cada um dos seus cozinheiros, fazendo com que os mesmos perdessem a concentração.
- Henrique! - O chamou e todos a encararam. - Henrique, na minha sala agora.
Fogaça se aproximou e entrou na sala, trancou a porta e o encarou.
- Fazendo bagunça na minha cozinha, caramba!?
- Desculpa, mas a galera gosta de mim. - Ele ri, tira o casaco de couro e joga de lado. - Estou com saudades.
Ele se aproxima e lhe dá um selinho.
- O que você quer falar, patroa?
- Henrique, não é a primeira vez que vamos falar disso, mas eu pretendo que seja a última vez que eu fale. - Ele cerrou os olhos e suspirou. - Acho que precisamos terminar. De vez.
- Isso de novo, Paola?
- Aquele dia no La Guapa eu me senti uma mulher ridícula, que está destruindo um lar, destruindo uma família, deixando mulheres infelizes com seu marido.
- Carine nem teve motivo pra ir lá, só foi por conta do carro e...
- Chega, Fogaça. Sempre vai ter alguém entre a gente, não podemos mais seguir com isso.
- Tudo bem, como você quiser, linda.
Henrique levanta, pega o casaco de couro, veste-o e lhe manda um beijo.
- Até no camarim da Band.
- Henrique...
- Paola, a gente tenta, mas não consegue.
Ele fecha a porta e sai.
***
Uma semana depois, Juan estava indo buscar Francesca para passar o domingo com ele. Paola se arrumava no espelho do quarto.
- Atrapalho? - Ele perguntou já entrando, já que a porta estava aberta. - A porta estava aberta.
- Tudo bem, já estou vestida. - Ela sorri e o olha. - Francesca está pronta?
- Está terminando de se vestir, então vim dar um oi.
- Então oi. - Os dois riram e Paola pegou a bolsa. - Estoy atrasada. Hoje tem gravação.
- Boa sorte com os profissionais.
- Obrigada, vou precisar.
Paola seguiu Juan até a sala e lhe deu um abraço.
- Cuide bem da minha filha, OK? Quando sair, só encostar a porta, ela fecha sozinha.
- Certo, chef.
Paola riu, passou a mão na bochecha do loiro e quando foi lhe dar um beijo, ele virou o rosto e os lábios se tocaram.
- Desculpa! - Ele falou dando um passo para trás e esbarrando no sofá. - Desculpa de verdade.
- Tudo bem, foi só um selinho, não precisa ficar nervoso. - Ela riu e lhe saiu.
Assim que chegou na Band, correu para o camarim e trocou de roupa, fez a maquiagem e seguiu para o estúdio. Em alguns minutos, as gravações começaram.
E Paola fugiu de Henrique.
Mais uma semana se passou. Uma semana intensa de gravação, mas estavam na reta final, apenas Marcelo e Dayse estariam na final, que iria ser gravado em cinco dias. O último eliminado despediu-se da produção e foi embora.
- Só restam duas pessoas, como as gravações voam, não é? - Ana disse assim que se reuniu com os três jurados e o diretor no camarim de Jacquin.
- Só você acha, eu acho bem cansativo. - Paola falou e todos riram. A argentina sentou no sofá ao lado de Henrique, mas não encostou no tatuado. - Mas é divertido.
- Achou divertido o João brigar com você? - Henrique perguntou e passou a mão nas costas dela. Todos riram.
- Não! Assim, fiquei surpresa, nunca imaginei que iria fazer aquilo, até porque já receberam ordens de chefs, mas eu fiquei muito irritada, queria pegar aquele negócio que ele estava fazendo e jogar na cara dele.
- Nossa, como tenho uma namorada nervosa! - Fogaça falou e todos o olharam. - Estou brincando, nunca viram aquele negócio da internet, que "shippam" a gente?
- Sim, eu já vi. - Ana disse e sorriu, trocando de assunto.
Paola chegou em casa e encontrou Francesca assistindo TV na sala.
- Ei, não acha que está na hora de ir dormir? Já é tarde, meu amor. - A loirinha desligou a TV e abraçou a mãe.
- Queria dormir com a senhora, mamá.
As duas seguiram para o quarto de Paola e logo deitaram.
- Mamá, quando o tio Jason vem de novo?
- Não estamos mais juntos, querida. - A menina fez um beicinho e Paola sorriu. - Não se preocupe, algum dia eu ligo pra ele e você fala com ele.
- Tá bom. - A menina virou-se de lado e falou: - Agora que a senhora não tem mais ninguém, vai namorar com ele?
- Que ele, Francesca?
- Com o tio Fogaça.
- Cla-claro que não! De onde você tirou isso?
- Eu gosto do tio Fogaça. - Ela virou-se de frente pra mãe, coçou os olhos e disse por fim.: - Tudo bem, pode namorar com o papai de novo, eu deixo.
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