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História Nunca faça cócegas num leão adormecido - Parte Quatro


Escrita por: LetyMalfoy

Notas do Autor


Olá, eu voltei!
Estou meio empolgada com esse enredo. Espero que apreciem a leitura, porque estou adorando desenvolver a fic!
Obs.: Isso é um universo alternativo, aqui a guerra ocorreu de uma maneira diferente, não se assustem se os fatos não baterem, isso não é como o original, okay?
Além disso, é ficção, técnicas de investigação e de busca são só para me ajudar com o romance que vem ai.

Capítulo 4 - Parte Quatro


Ron sorriu quando Erik saiu da lareira ao lado de Sirius Black. O pai auror de Harry sempre o havia intimidado um pouco, mas, principalmente porque sempre tinha um ar de perigo e malandragem que não o deixava, por muito Chefe dos Aurores que fosse.

- Ron, meu ruivo preferido! Remus está te tratando bem? - Ele perguntou, abraçando-o.

- Sabe que ele é o anfitrião perfeito. - O jovem respondeu. - Já você deve ter acabado com o meu amigo, olha a cara de morto que ele está.

Sirius deu de ombros.

- Não pode me culpar por ele ser mole em virar as noites e continuar lindo e refrescado como eu.

- Ele deve ter tomado poções restauradoras. - Remus contou. - Com essa idade já não consegue mais manter o ritmo dos aurores mais jovens.

- Remus! - Sirius exclamou, horrorizado. - Eu não sou velho.

Ron riu, os pais de Harry eram realmente divertidos, como os seus em seus melhores dias. De repente ele sentiu muita falta da família.

- Conseguiram pegá-lo?

Sirius e Erik ficaram sombrios ao mesmo tempo.

- Não, sabe como ele é bom em se esconder. - Erik disse.

- Temos que avisar minha família, então. - Ron disse. - Ele já usou uma garota desconhecida, nada o impede de ir atrás de um dos meus irmãos, ou dos meus sobrinhos.

Erik assentiu, mas contemporizou:

- Relaxe, ele nunca foi atrás de crianças antes.

- Ele nunca fez um show público antes também. - Ron teimou.

Sirius assentiu.

- Vá dormir um pouco, meu amigo ianque. Vou falar com os Weasley. - Sirius decretou. - Quer vir comigo, Ron?

O medimago negou.

- Não tenho estômago para isso, Sirius. - Ele disse. - Só, seja o menos detalhista possível, e os deixe alerta sobre o tema.

Sirius assentiu, sabendo muito bem que seria o horror desviar da tenacidade dos Weasley.

- E... eu não quero vê-los para falar sobre o tema, ok? - Ron disse. - Sem chance de eu suportar uma sessão da minha mãe chorando e se lamentando sobre isso.

Sirius assentiu.

- Oh, que coisa fácil, impedir Molly de fazer o que ela quer. - Ele disse, estremecendo. - Vou ter sorte de ela não resolver fazer comigo o que fez com a minha prima.

Ron sorriu e se virou para o amigo americano.

- Já te contei que minha mãe deu cabo de uma das comensais mais perigosas que existiram? - Ele perguntou.

- Sim, eu sei. Minha avó costumava me lembrar disso toda vez que eu dizia que queria te dar uma surra por roubar minha sobremesa.

Sirius voltou para a lareira a tempo de ouvir como seu marido oferecia uma café da manhã tardio para seu visitante antes de obrigá-lo a dormir um pouco.

 

X~x~X

Uma batida suave na porta de Severus foi a única coisa que precedeu a entrada de Remus Lupin em seu escritório.

- Geralmente as pessoas esperam permissão antes de entrar. - Ele disse.

- Geralmente as pessoas tem medo de você. - O lobisomem disse, com seu melhor sorriso. - Eu sei que precisa gostar de mim em algum nível para fazer uma poção bem específica todos os meses para mim.

Severus não dignificou isso com uma resposta, apenas o olhou com cara de poucos amigos até que o lobisomem revirou os olhos e puxou uma cadeira para si mesmo.

- Fique à vontade, Lupin, faça de conta que foi convidado.

- Não seja mesquinho, Severus. - Remus disse. - Vim falar de duas cosias do seu interesse.

- Tenho sérias dúvidas sobre isso. - Foi a resposta seca que recebeu.

- Meu marido idiota me disse que tiveram problemas ao tentar falar com a jovem senhorita Stevens.

Severus assentiu. Dois dias desde o acontecido, e quando ela acordou, só conseguia chorar e tremer. Sirius Black tinha optado por enviar Hermione Granger para falar com a moça, mas, foi um fiasco total.

- Eu tenho alguém para falar com ela.

- Pelas barbas de Merlin, Lupin, ela não.

Remus sorriu candidamente.

- Está com inveja porque ela brilhou muito mais sob a minha tutela que na sua. - Remu s provocou.

- Lupin, não sei se expor a minha paciente a Luna seja uma boa ideia. Ela é muito exuberante, pode intimidá-la.

Remus revirou os olhos.

- Luna é minha melhor interna no que diz respeito a pacientes com trauma, e ela já esteve presa durante a guerra e foi torturada, ela entende o trauma. Vamos fazer a abordagem com ela. - Remus disse, muito  sério também, ele costumava apenas informar o colega do que ia fazer, já que os demais chefes de departamento tinham medo das discussões e do humor dele e acabavam capitulando ante o ímpeto do homem.

Severus assentiu e pensou que o homem iria embora, mas, ele ficou olhando-o com uma expressão inocente demais.

- O que mais quer, Lupin?

- Oh, Severus, que feio! Eu posso estar apenas esperando que me ofereça um dos seus chás especiais. É cheiro de uma mistura com bergamota que eu sinto por aqui?

O homem de negro bufou, mas, agitou a varinha e um fogo se acendeu embaixo da chaleira em um canto.

- Não pense que vou fazer chá para você, não sou seu elfo doméstico. - Snape resmungou, o que foi o jeito dele de dizer que era o próprio Remus que deveria preparar a bebida par aos dois.

- Sabe, Severus, talvez eu tenha outra coisa para discutir com você. - Remus disse, enquanto abria o pote da mistura do chá e inalava com gosto. Sirius apreciava mais suas bebidas destiladas, ele era um amante de chá, gosto que compartilhava com o colega.

- Eu já imaginava que não estava aqui pela minha companhia. - O homem retrucou.

- Isso é uma infâmia, eu adoro quando temos ótimas conversas unilaterais. - Remus brincou. - Mas, queria saber se tem espaço para um interno.

Severus fez um esgar de desgosto.

- Todos os que se formaram na última turma já foram designados para as áreas em que querem se especializar... ah, está falando do Weasley.

Remus assentiu.

- Quando se formou ele recebeu propostas do hospital de Nova York. - Severus disse. - Soube que envolvia uma proposta para o pagamento dos empréstimos estudantis.

- Está dizendo que não pode cobrir as ofertas? - Remus perguntou, o orçamento sempre fazia o diretor do hospital arrancar os cabelos.

- Oh, eu poderia, nenhum dos internos escolheu meu departamento e a emergência sempre precisa de mãos. - Severus disse. - O problema é se ele aceitaria ficar aqui, Nova York é maior, mais visada e tem maiores oportunidades para um jovem mago.

Remus fez uma careta.

- Londres é deslumbrante, e ele teria você. Uma sumidade em poções e medimagia de emergência. - O lobisomem disse, entregando-lhe uma xícara de chá.

- E, claro, eu poderia dar um jeito em quase qualquer psicopata imbecil o bastante para se aproximar do meu pupilo.

Remus deu de ombros.

- Tem isso, é claro.

- Vou precisar falar com o antigo chefe dele no Instituto Salem. - Severus pontuou. - Ele terminou os estudos um pouco atrasado, e tem a questão de como lida com o trauma.

Remus deu um sorriso de lado.

- De uma maneira irritante slytherin, se me perguntar.

Severus ergueu uma sobrancelha, bebericando o chá.

- Hum, um leão que não quer falar até a exaustão sobre algo? Talvez seja realmente interessante.

- Não alente comportamentos pouco saudáveis nos jovens, Severus. – Remus admoestou. – Só porque os tratamentos psicológicos foram um tabu na nossa geração, não há motivo para continuar essa besteira com os nossos filhos e netos.

            Severus bufou.

- Eu nunca disse que sua ciência não é vantajosa, só não serve para certas pessoas. – Ele disse, sabendo muito bem que jamais disse a uma única alma sobre seus traumas e iria para o túmulo sem fazê-lo.

            Remus suspirou, infeliz.

- Às vezes eu tenho vontade de te abraçar até arrancar sua história completinha.

            O antigo professor de poções ergueu uma sobrancelha.

- Não o faça, a menos que deseje uma cruciatus.

- Não seja dramático, hoje em dia no máximo me daria com um diffindo. – Remus brincou.

 

X~x~X

 

Sirius sempre odiou casos que começavam frenéticos e depois estacavam. Ele era o Chefe e tinha um milhão de coisas para fazer, mas, sempre gostou de poder participar de certos casos, e apesar do sermão que deu no filho, ele também queria pegar esse cara por motivos pessoais. Enquanto folheava os relatórios das investigações sobre o tráfico de poções entorpecentes, ele se lembrou de como ele e Remus tinham se assustado quando Harry terminou com Ron no sexto ano. Os dois eram como uma releitura nostálgica deles, da amizade para o romance que parecia enterno. Quando Harry pediu-lhes para esconder o ex-namorado depois que um ataque a Toca terminou com Bill com cicatrizes, Arthur quase morrendo e Ron quase sendo levado pelos comensais, eles concordaram. Ele sempre se lembraria do olhar de desespero de Harry quando os aurores chegaram com Ron ainda pálido e tremendo dos efeitos de uma cruaciatus. Tornou-se um fato notório que o jovem ruivo era um alvo prioritário de Voldemort desde que ele e Harry se beijaram calorosamente na frente de centenas de pessoas no Torneio Tribuxo. Os Weasley e a Ordem da Fênix decidiram que era mais seguro que ele fosse levado para fora do país pelo bem da sanidade de Harry, que não suportava que as visões que o Voldemort enviava para sua cabeça se concretizassem. Ele e Remus pensaram que os dois voltariam depois da guerra, mas não contavam com Draco Malfoy e a paixão avassaladora que ele e Harry desenvolveram enquanto lutavam juntos. Seu sobrinho tinha sido uma surpresa, no sexto ano pediu-lhe ajuda, e o fez se impor contra Dumbledore pela primeira vez quando repudiou tanto quanto Snape a ideia do jovem ser como um espião, foi a primeira vez que ele e o líder das serpentes se uniram para parar os planos do velho. Draco, o amor que nasceu e floresceu na guerra, quando o loiro foi sequestrado e torturado nos porões de sua própria casa ancestral, Harry não ficou louco de raiva, todos se surpreenderam com a calma fria que ele manteve. Foi surpreendente, no entanto como ele e seus amigos sozinhos invadiram Malfoy Manor, salvaram os Malfoy e começaram o movimento entre os jovens que serviu de estopim para a reação do lado da luz. Uma história bonita, mas triste ao mesmo tempo, já que Ron em seu esconderijo ficou protegido, porém isolado. Uma das poucas vantagens desse enrosco emocional em que os três tinham se metido, era que Ron tinha sido um dos poucos jovens de sua geração poupado dos horrores da guerra. Sirius nunca se esqueceria de quando Harry, ainda sujo de cinzas e sangue da batalha de Hogsmeade, tinha olhado para Draco que chorava ao lado do cadáver de Vincent Crabble, um amigo que lutou do lado inimigo, mas que ele tentou salvar até o final.

“Odeio que ele teve que viver isso, mas, amo que eu nunca precise explicar porque tenho pesadelos a noite que me fazem acordar e vomitar – Harry disse, olhando o loiro com intensidade. – E odeio que eu também não precise pedir explicações de porque ele chora até dormir alguns dias.”

 

 Sirius teve certeza naquele dia que Ron nunca poderia competir com o laço formado por esses dois. Draco e Harry conseguiram construir um elo de amor e confiança no meio de uma guerra. E, mesmo após o fim das batalhas, quando Ron sofreu pela morte do irmão e se revoltou quando soube de como andavam as alianças do mundo mágico, Harry sorria sempre que ele saía de uma sala, por muito furioso que estivesse.

“A melhor coisa que fizemos foi tirá-lo daqui, Sirius, não sei se eu aguentaria ver o fogo dos olhos apagado pela guerra. Ele ainda confia no melhor das pessoas, ainda acredita que pode salvar o mundo. – Harry tinha dito sobre Ron, um contraste sobre o que tinha dito sobre Draco."

 E era verdade. O ruivo tinha mostrado que seu tempo escondido na América tinha dado bons frutos, porque serviu de voluntário no tratamento e reabilitação dos feridos na guerra, o que foi ótimo, porque os ataques em St. Mungo tinham custado a vida de muitos profissionais. Era uma pena que ele logo voltou para a América depois da grade briga com a mãe e com Harry. Então, sim, Sirius odiava especialmente esse homem que tinha se atrevido a quebrar o rapaz que todos protegeram a um custo tão alto. Ele ia pagar, mesmo que levasse meses para rastreá-lo, ele nunca mais teria a oportunidade de machucar Ron, e Remus podia reclamar tudo o que quisesse sobre a superproteção e hipocrisia dele e Harry.

- Chefe? - Robards o chamou da porta, tirando-o de seus devaneios.

- Sim?

- Harry está nos chamando, acho que ele encontrou algo na vitimologia.

Seu amigo James que o perdoasse de onde estivesse, mas, ele amava que Harry tivesse herdado o gosto de Lily por desafios e quebra-cabeças.

- Esse é o meu garoto.

 

X~x~X

 

Hermione sabia que seja lá o que Harry tivesse encontrado em suas análises o estava incomodando. A postura de seu amigo era profissional e calma para quem não o conhecia bem, mas ela tinha crescido com esse homem, podia ver os pequenos sinais. A mão dele estava frequentemente acariciando o coldre da varinha, praticamente pronto para sacá-la e destruir a sala, como ela já tinha visto acontecer quando eram muito mais jovens e ela teve que contar como Greyback tinha conseguido levar Draco para Voldemort, só ela tinha visto o ataque que ele teve no esconderijo onde estavam, tinha sido assustador sentir a magia crua, mas era reconfortante saber que mesmo naquele estado, ele a protegeu com um escudo e nenhuma farpa da madeira passou por ele.

- Se aprendemos uma coisa sobre esse tipo de caso é que a vitimologia nunca é ao acaso, podemos não enxergar, mas o assassino tem um meio de seleção. - Harry disse, apontando para o quadro branco. - Com essa variação de tipo físico e idade é mais difícil enxergar.

Hermione assentiu, nada novo até aqui.

- Draco me ajudou a fazer um perfil geográfico dos desaparecimentos. - Harry disse, apontando para o mapa de Nova York que estava pregado no centro do quadro. - Não é um descuido, mas, magos em geral deixam de olhar o mundo trouxa como uma variável quando se trata de uma comunidade tão mais secretiva como a americana.

Harry se aproximou do mapa e com um girar de varinha, ele começou a brilhar com pontos vermelhos.

- Essas são os últimos locais onde as vítimas foram vistas. Se olharem com os olhos do mundo mágico, são locais sem lógica para se ir, e, o que me chamou a atenção fora os depoimentos dos parentes e amigos. As pessoas sumiram em momentos em que estavam muito felizes, todos relataram que as vítimas haviam estado mais felizes. - Harry prosseguiu. - O que me fez suspeitar de algo relacionado ao mundo trouxa foi o marido dela.

Harry estava apontando para a foto de uma modista que sorria coquetamente para a câmera.

- Ele disse quando foi interrogado que estava preocupado, que ela nunca tinha ido se divertir sem avisá-lo antes. - O auror disse, eu o chamei por flú hoje de manhã. - Ele confirmou que ele e sua esposa tinham aventuras fora do casamento, e que ela frequentemente saía para ter encontros no mundo trouxa.

Erik, que estava na sala fez uma careta. Ele sabia que devia ter pressionado mais para acharem o motivo.

- Isso me fez pensar em tudo isso por um lado mais pessoal. - Harry disse. - É muito comum magos e bruxas serem atraídos por homens e mulheres, falei com mais dois parentes de vítimas e eles confirmaram que os entes queridos pareciam estar num novo relacionamento quando desapareceram.

Hermione assentiu, isso fazia sentido.

- Então, por que estamos olhando para o mapa?

- Porque são pontos de saída. - Harry disse. - Draco confirmou com uma colega americana dele, próximo a cada um desses locais existe um portal para o mundo trouxa. Esse professor pode ser um puro sangue americano, mas, ele se move muito bem pelo mundo trouxa, e isso, é um problema.

Erik arregalou os olhos incrédulo.

- Vamos lá! Nada na vida dele sugere isso, a maior parte dos sangues puro americano sequer viu o mundo trouxa uma única vez.

Harry deu de ombros.

- Exatamente o motivo pelo qual ninguém pensaria em associá-lo a desaparecimentos no mundo trouxa ou próximos a portais de lá.

- Faz sentido - Robards disse. - Só precisamos perguntar para as duas vítimas vivas que temos e descobrir se é isso, se sim, temos que ampliar e muito nossa área de busca e investigação, Chefe.

- Hermione, fale com Ron. - Sirius determinou. - Harry, fale com a mocinha de Remus, ela está trabalhando com a vítima da festa.

- Luna? - Harry perguntou.

- Sim, essa mesma. - Sirius disse, a menina o deixava inquieto, era como se pudesse ler toda a sua alma.

- Ótimo, ela é excelente! - Harry disse.

Sirius revirou os olhos, ele nunca entenderia o fascínio que a menina exercia sobre seu marido e filho.

- Onde está seu marido? - Sirius perguntou, olhando ao redor.

- Fazendo algum experimento importante.- Harry deu de ombros.

Sirius olhou para Hermione com azedume.

- Ele não ia nos ajudar?

- Ele é necessário agora mesmo? - Ela retrucou, sem se abalar. - Vou falar com Ron, nos reunimos as cinco para um chá e relatórios?

Ela não esperou ninguém confirmar antes de sair da sala.

 

X~x~X

 

Ron sabia que essa era uma visita que receberia cedo ou tarde.

- Ei, estranho. - Hermione disse, ao vê-lo na biblioteca com um livro. - Sabe onde posso encontrar meu amigo que sempre me criticou por ser uma rata de biblioteca?

- Oh, ele se arrependeu amargamente quando teve que decorar a anatomia do corpo humano. - Ron disse, sorrindo. - Por favor, me diga que está aqui para me dar adeus antes de ir para sua viagem em ilhas tropicais.

- Claro que não. - Ela disse, se aproximando e se sentando na poltrona vazia ao lado dele. - Vim para fazer o que não fizeram na América.

Ron suspirou.

- Oh, adorável, veio para saber como eu fodi com tudo. - Ele disse, amargo.

- Não, vim para saber como aquela cria do demônio conseguiu te machucar para poder pará-lo.

Ron piscou para tentar conter as lágrimas.

- Ele era meu professor. - Ele disse. - E, eu fiz a coisa mais clichê do mundo: eu dormi com ele.

- Conte-me desde o começo, Ron, sem pressa.

E ele fez, pela primeira vez em anos, ele contou como seu pior pesadelo tinha começado. Ele sabia que Hermione iria editar as partes que eram muito pessoais, os aurores nunca saberiam como ele cedeu depois das primeiras torturas, de como gritou sentindo o bisturi abri-lo, ou de como aceitou torturar uma mulher para que não fosse ele em uma noite muito ruim. Não, eles nunca saberiam como ele também estava podre por dentro, ela não deixaria.

 

X~x~X

 

Hermione não esperava que Draco estivesse esperando no corredor quando saiu do quarto onde Ron estava dormindo.

- Por que está aqui? - Ela perguntou, um pouco defensiva.

- Severus me mandou quando voltou para o hospital. Disse que não era aconselhável deixar Weasley sozinho em seu estado atual, mas, que você ia precisar voltar para a Central.

- E você é a melhor opção? - Ela perguntou, incrédula. - Pelo amor de Merlin.

- Eu tenho acesso a casa e capacidade para parar um eventual ataque, ele está dormindo e eu não estou gostando da implicação de que eu faria algo para piorar a situação. - Draco disse, bastante frio.

Hermione lutou para se controlar.

- Eu sinto muito, não é de você que estou com raiva. - Ela disse, se encostando na parede e chorando finalmente. - Ele tem um pedaço do fígado dele, ele tirou com ele assistindo e com um feitiço para mantê-lo consciente, Ron o viu guardar em um pote de barro que são usados em rituais de magia negra.

Draco assentiu.

- Combina com o resultado do teste que fiz hoje. - O loiro disse, entregando um pergaminho para a mulher. - Ele está usando uma compulsão de sangue na garota, está desativada no momento, mas, pode voltar a qualquer hora.

Hermione olhou preocupada para a porta.

- Weasley está limpo, Severus o testou quando veio medicá-lo. - Draco disse, omitindo como seu padrinho tinha ficado taciturno ao dizer-lhe isso. Ele sabia que o ruivo tinha tido uma reação ruim e um ataque de pânico ao reviver os piores momentos de sua vida falando com Hermione, mas, era duro de ver como tinha sido feio o bastante para afetar seu padrinho.

- Sem compulsão, mas, ainda sem um pedaço de um órgão cheio de sangue. - Ela disse, amarga. - Grande notícia.

- Acho que é pior no caso dele. - Draco disse. - Pelo que ouvi de Harry e Lovegood, ela o conheceu no mundo muggle no mesmo dia em que Weasley e o amigo chegaram, e as ameaças que ele mandou para os aurores são de fotos a distância, mas, muito específicas.

- Ele pode rastreá-lo. - Ela concluiu.

- Sim. Ele pode não ver a casa ou ser incapaz de entrar aqui, mas, sabe que ele está na região. - Draco disse. - Por que não atacou antes?

- Porque ele está brincando de gato e rato e estpá gostando. - Remus disse, surpreendendo os dois. - Além disso, imagino que tenha algo a ver com o fato de que Ron raramente está sem o amigo auror, pelo que entendi a maior parte das pessoas tem um medo saudável da família dele.

Draco assentiu.

- Vai ficar aqui com ele? Gostaria de participar da reunião com os demais.

Remus assentiu.

- Podem ir tranquilos, as proteções daqui só não são melhores que a da casa dos seus pais, Draco.

O loiro assentiu, as proteções da mansão só fraquejaram na guerra devido a marca negra em seu pai. Ninguém poderia entrar na casa atualmente, e ela nem tinha um fidelius.

- Casas ancestrais tem essa característica. - Ele disse. - Vamos, Hermione?

Ela limpou as lágrimas que teimaram em escorrer em seu rosto, mas assentiu.

- Sim, cuide dele por mim, tudo bem, Remus?

- Sempre. - O lobisomem sorriu.

 

X~x~X

 

            Draco revirou os olhos e ignorou como os aurores, incluindo seu marido o olhavam maliciosamente enquanto ele aguentava Luna Lovegood abraçando-o publicamente e plantando-lhe um beijo estalado em cada bochecha.

- Draco! Nunca mais foi me visitar. – Ela disse, olhando-o atentamente. – Oh, vejo que não tem nenhum Zonzóbulo ao seu redor hoje, mas, precisamos falar sobre outras coisas, sabe?

- Pelo amor de Circe, mulher, pare com isso. – Ele ralhou, muito menos cortante do que seria com qualquer um que fizesse aquilo com ele em público, o ruim de ter sido companheiro de cela dela era que não importava o que fizesse para manter distância, a mulher não aceitava.

- Sinto muito por interromper, mas, podemos trabalhar e tentar ir para casa em um horário de gente hoje? - Robards perguntou, mau humorado, já que tinha passado o dia interagindo com os dois squibs insuportáveis que eram o contato deles com a polícia de Londres para que eles usassem tecnologia trouxa para ver se Carter tinha entrado no país por meios não mágicos. Os dois tinham um prazer sádico em fazê-lo de bobo.

- Excelente ideia, Robards. - Draco disse. - Potter e Lovegood precisam falar sobre o depoimento da vítima.

- O nome dela é Kailee Joffreys, ela é uma nascida trouxa que estava apenas fazendo um trabalho de verão para juntar dinheiro para uma viagem. - Harry começou, lendo suas anotações. - O serviço de buffet que os Zabinni contrataram é famoso por contratar jovens e preferir treinar seu pessoal do que usar elfos, já que o barulho das aparições parece não ser elegante para festas da alta sociedade.

- Você deveria saber, foi o mesmo serviço que usaram no seu casamento, idiota. - Draco cutucou.

Harry sorriu para ele.

- Eu estava distraído esperando meu noivo espetacular. - Ele emendou, ganhando um soco firme de Hermione. - Auch! Enfim, ela conheceu esse Carter num bar, o achou muito bonito e charmoso, além disso, ele soltou que a viu no Beco Diagonal e que estava a passeio. Ela aceitou ir com ele para seu hotel, e tudo foi bem nesse dia, ela achou que poderia ser um flerte de verão com um turista de férias.

Hermione e Robards estava anotando coisas enquanto Harry falava, ambos precisariam interagir com a polícia muggle para tomar algumas providências.

- Eles marcaram de se reencontrarem no dia seguinte, e foi quando as coisas ficaram obscuras. Ela disse que eles não chegaram nem a fazer sexo no segundo encontro, que ele a petrificou e a torturou até que desse todos os detalhes que sabia do casamento dos Zabini. Ele a cortou para tirar o baço naquela noite, a manteve acordada para isso e a fez plantar em um vaso com uma flor estranha. Depois disso ela podia sentir a dor, sentir as runas que ele riscou com uma adaga pelo corpo, mas, não podia deixar de obedecer.

Harry parou por um momento.

- Não sei como é crível, mas, ela disse que se sentia possuída. - Ele disse. - Que sentia ele dentro dela, vendo o que ela via, que ele queria ver Ron Weasley, mas que a fez se afastar sempre que ele se aproximava com o amigo.

Erik deu um suspiro.

- Ele sabe que eu posso sentir magia negra desse tipo. - O auror americano disse. – Minha família me criou para nunca ficar perto de alguém controlado desse jeito, era o jeito preferido dos magos supremacistas de matarem os magos africanos e nativos, eles sequestravam alguém, o torturavam e quando a família achava que tinham resgatado seu ente querido, eram todos assassinados em suas próprias camas.

- Além de sádico escroto, usa técnicas de supremacistas. - Kingsley disse. - Adorável.

- Isso é interessante. - Draco disse. - Se ele se baseia em técnicas dos magos da Klan, então, podemos limitar o tipo de feitiço que ele usa.

Erik assentiu.

- Sally pode te ajudar com isso, ela é a especialista na área, ainda que se precisar de contra medidas, é a minha avó que precisa chamar.

Draco ficou ainda mais animado.

- Ela sabe como terminar a compulsão? - O loiro perguntou.

Erik deu um sorriso torto.

- Só mate o mago que a lançou e problema resolvido. - Ele disse, sarcasticamente. - Se não puder, temos que eliminar a planta, ele ligou o sangue e a vontade à planta, é escuro e vinculante.

Harry concordou.

- Não entendo uma coisa, ela tinha vários feitiços de chave de portal incrustados em partes do corpo. - Ele disse. - O que por si só já é o inferno de ser feito e a pobre coitada está com todas os locais usados para isso necrosados.

- Está se perguntando porque ele não a fez esbarrar em Ron e levá-lo. - Hermione disse.

- Sim. Era o momento perfeito. - Harry disse, inquieto, ele odiava não entender o comportamento de um alvo. - Erik estava do outro lado do salão, Ron dançando com uma criança...

- Foi você, idiota. - Draco disse.

Todos se voltaram para o loiro com curiosidade.

- Eu pedi para o meu padrinho rever tudo nas minhas lembranças. Kailee estava se aproximando dos dois na pista, mas, você começou a dançar com ele, quando beijou-lhe a testa, ele perdeu o controle e começou aquele espetáculo.

Hermione soltou um palavrão que fez todos na sala, incluindo Luna, olharem para ela como se tivesse acabado de sair-lhe outra cabeça.

- O filho de um demônio está obcecado com Ron. - Ela disse. - Ele pensa que o ama! Ele está com ciúme do Harry.

O moreno deu um sorriso positivamente perverso.

- Oh, sério? Ele não gosta de mim? Excelente.

Hermione o olhou com desconfiança.

- No que está pensando?

- O quão rapidamente pode conseguir poção polissuco, Hermione? E, Draco, ainda tem aqueles contatos que te devem favores no Profeta?

Hermione sorriu, vendo por onde ia a imaginação do amigo, ainda que o loiro estivesse hesitante, mas, antes que ele pudesse protestar, Hermione acabou com qualquer esperança de Harry não se colocar na linha de frente com um lunático.

- Gosto quando tem planos bons, Harry. – Ela disse. – Claro que temos a possibilidade de ele machucar outra pessoa tentando afetar Ron, mas, é mais perigoso deixá-lo solto e com tempo para planejar e conhecer  terreno.

 

X~x~X

Ron acordou muito melhor no dia seguinte a sua conversa com Hermione. Ele se sentia mais leve para falar a verdade, Remus e todos os outros tinham razão no final das contas, ele precisava colocar aquilo em palavras para poder superar.

Quando chegou na mesa de café da manhã, ficou chocado ao ver Sirius, Harry, Malfoy e Hermione junto com o lobisomem.

- Ah, merda. O que ele fez agora? - Ele perguntou, pronto para ouvir que o seu algoz tinha escalonado e começado a matar dezenas de pessoas.

- Nada, não se preocupe com o que ele faz. - Remus disse.

Ron revirou os olhos.

- Meio difícil quando ele atravessou o atlântico atrás de mim.

- Sim, e, queremos usar essa obsessão a nosso favor. - Hermione disse, cuidadosamente.

- No que pensaram? - Ele perguntou, interessado. - Me usar de chamariz no hospital? Eu notei que não saiu nada sobre o que ele no jornal, então, ele acha que não sabemos quem foi, certo?

Harry negou.

- Ele sabe que estamos atrás dele, Ron. - Ele disse. - Erik está aqui e você está escondido, ele tem um feitiço de localização em você.

Ron sentiu um calafrio.

- Meu fígado. - Ele concluiu.

Harry assentiu.

- Na festa ele perdeu o temperamento quando nos viu dançar. - O moreno começou a explicar.

- Não, quando te viu beijando minha testa. - Ron o corrigiu, já tinha pensado nisso milhares de vezes. - Ele sabe sobre nosso namoro, ele era meu professor e conversamos muitas vezes antes de ele resolver me cortar como um porco.

Todos na sala ficaram visivelmente desconfortáveis com a frase escolhida por ele, mas, era assim que ele se sentia.

- Pensamos em usar polissuco para fingirmos que está saindo comigo e...

- Não. - Ron disse, terminantemente.

- Ron, precisamos tirá-lo do sério, só assim ele vai cometer erros. - Hermione disse.

- Eu não disse não para o plano, só que não vou deixar ninguém se polissucar em mim. - Ele explicou. - Ninguém vai correr o risco de ser pego no fogo cruzado, eu me recuso a deixar alguém assumir isso por mim.

- Pelo amor de Merlin, Ronnie! - Sirius disse, soando incrédulo. - Queremos usar um auror treinado, não posso em sã consciência te deixar sair de um lugar seguro para se expor ao perigo assim.

Ron deu um sorriso amargo e Hermione sabia o que ele ia dizer para ganhar a discussão antes do amigo abrir a boca.

- Foi essa imbecilidade de me proteger durante a guerra que me fez conhecê-lo em primeiro lugar, parabéns, me esconder daquela vez só deixou tudo pior. Que tal agora me deixar escolher?

O clima ficou tão pesado que Hermione pensou que poderia ouvir uma agulha caindo no chão, incrivelmente, quem quebrou o silêncio foi Draco.

- Tão egoísta como sempre. - O loiro disse, venenosamente. - Mas, me serve. Com a sua participação ativa não preciso aparecer nos jornais como o marido traído imbecil, podemos fazer isso de um jeito mais sofisticado.

Harry arregalou os olhos olhando para o marido.

- O quê? Não me disse que isso te incomodou.

- Ah, eu estava maravilhado de te deixar sair beijando Robards no jornal e ouvir eternamente sobre como sempre amou Weasley e só se casou comigo por pena... mas, agora, podemos fazer isso mantendo minha dignidade.

Ron deu dois passos para trás.

- Ei, não façam isso. Podemos fazer aquela coisa de me deixar de isca em St. Mungo.

Draco avançou até ele e o pegou pelo colarinho, aproximando-o de seu rosto, como o ruivo tinha feito tantas vezes na escola no meio de suas discussões.

- Não se atreva a me subestimar, seu imbecil. Quero arrancar a pele daquele cretino, e você vai me ajudar a pegá-lo, vamos enterrar esse desgraçado numa cova coberta de sal e ferro, e depois plantar ervas que vão garantir que ele nunca reencarne.

- Por quê? - Ron perguntou.

- Porque para o mundo você será nosso novo consorte, Weasley, e Malfoys não perdoam. - Draco disse, sorrindo brilhantemente. – E bem, Harry Potter é um herói exagerado.

Hermione caiu sentada no sofá, enquanto Harry ficava de boca aberta e os mais velhos assentiam de forma aprovadora.

- Gosto desse plano também. - Sirius disse. 


Notas Finais


E foi isso por hoje.
O que acharam?
Nos lemos por ai.


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