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História Nunca mais sem você - Nunca mais sem você


Escrita por: Constellation

Notas do Autor


Lenda da Constelação de Aquário:

A lenda de Aquário está relacionada com o aguadeiro Ganimedes, filho do rei Trós e da rainha Calírroe. Conta-se que era um jovem pastor muito educado, gentil e tão belo que os próprios deuses o admiravam. Assim, foi-lhe dada ambrósia, o néctar dos deuses, de forma a torná-lo imortal.
Um dia, enquanto guardava o rebanho e brincava com o seu cão, Argos, Ganimedes foi raptado por Zeus, que se apaixonou perdidamente pelo jovem, o levou para o templo dos deuses, onde se tornaria aguadeiro favorito dos deuses. A sensibilidade de Ganimedes ficou bem patente quando este pediu a Zeus que o deixasse ajudar as pessoas da Terra, durante um passeio com a Águia. Zeus, que não era habitualmente muito generoso, aceitou o pedido de Ganimedes. Este apercebeu-se que enviar uma grande quantidade de água para a Terra ao mesmo tempo poderia tornar-se perigoso, pelo que decidiu enviá-la sob a forma de chuva. Daí que o jovem pastor é conhecido atualmente como o Deus da chuva.
Mas o rei Trós, seu pai, sentia cada vez mais saudades de Ganimedes, e nem mesmo todos os valiosos presentes enviados por Zeus resfriavam essa saudade. Assim, Zeus colocou Ganimedes no céu para que o seu pai o pudesse ver todas as noites.

Lenda da Constelação de Escorpião:

Na mitologia grega, todas as lendas contém invariavelmente uma referência a Orion. Este era um grande caçador e gabou-se à deusa Ártemis e à sua mãe Leto que iria conseguir matar todos os animais à face da Terra. Apesar de Ártemis ser também conhecida com uma grande caçadora, ofereceu proteção aos animais. Ela e sua mãe enviaram então um escorpião para fazer frente a Orion. A batalha entre os dois foi de tal forma visível que Zeus enviou o escorpião para o céu e, a pedido de Ártemis, enviou também Orion, mas para um ponto diametralmente oposto, para que os dois nunca se encontrassem e para que todos os mortais se lembrassem sempre dos malefícios do excesso de orgulho.

Capítulo 24 - Nunca mais sem você


As estrelas da Constelação de cada Cavaleiro são representadas em seu corpo como pontos vitais...

As feridas eram perfeitamente alinhadas, como um desenho pontilhado... Vinte e um ferimentos feitos por um ou vários ataques precisos, intencionais, mortais... Era ela, representada em seu corpo como um estigma... A Constelação de Aquário... Camus... Foi atingido em todos os... Pontos...

Caí de joelhos... Aquilo... Não podia estar acontecendo!... Se ele teve todos eles perfurados daquela maneira, como...

- C-Como isso foi acontecer?... – tremi ao falar, totalmente desesperado.

Ele quis ir até mim, preocupado.

- NÃO! – gritei, com a voz tremula e fui até ele antes que desse um segundo passo – POR QUE NÃO ME DISSE QUE ESTAVA NESSE ESTADO?!!!! POR QUE SEMPRE ESCONDE TUDO DE MIM? ?!!!!

Me olhou sem entender nada e me segurou pelos braços... Sei que não suporta me ver daquele jeito.

- São apenas ferimentos de batalha! – disse ele, me encarando e tentando me acalmar – Não entendo porque está...

Comecei a ficar tonto e ofeguei, sem deixar de olhar fundo em seus olhos. Eu... Não sabia o que... Fazer... Sei que posso parecer muito frágil e emotivo para o gosto de alguns, mas quando se trata do Camus...

- Você... Não... Sabe?... – comecei a chorar e a tremer... Não só pelo por não saber o que fazer, mas também pela inocência dele... Não estava sentido nada?!! Não tinha percebido que tinha sido atingido daquela maneira... O abracei forte... Pavor... Muito medo...

- Não sei o que? – me fez carinho nos cabelos. Seu cosmo cheio de amor...

Não... Eu não tinha coragem de dizer. Não só para ele, mas para afirmar para mim mesmo... Sei, mais do que ninguém, que se eu o contasse, ele manteria sua postura calma, mas... Poderia sentir medo... Por mais que não demonstrasse...

Mestre Shion... Foi por isso que chorou quando o viu?... Por que não nos disse nada? Será que ele...

“Armadura de Escorpião.”

Voltei a ficar fraco... Pelo medo...

- Me espera aqui?

- Como?

- Me diz que espera, por favor, Camus!

- Mas, aonde você vai?

O segurei pelos ombros, alterado.

- Me... Espera... Aqui...

- Não. – disse ele, e me pegou pela cintura (Ai, ai... Autocontrole zero... Terra chamando Milo...) – Você ainda não está...

Tive que me afastar num pulo, se não...

- Me promete que não vai sair daqui, por favor... – o olhei, ainda chorando -... Faz isso por mim...

Ele suspirou inconformado, e balançou a cabeça sem concordar. Cruzou os braços e ficou me encarando...

- Só se você prometer que não vai demorar. – disse finalmente.

É... Eu disse as palavras mágicas... O beijei.

Me afastei com dificuldade, não querendo deixa-lo de jeito nenhum, mas eu precisava ir até a Sala do Mestre... Precisava saber... Fazer alguma coisa... Qualquer coisa...

Corri até lá na velocidade da luz, abrindo a grande porta de madeira com violência.

Ouvi vozes vindas de algum dos aposentos.

- Mas como??!!! – disse a voz de Saga – Isso é... É impossível!!!

- Eu não sei... – era a voz de Shion – Nunca presenciei algo assim em toda a minha existência. Não consigo encontrar resposta alguma nos livros ou registros desde Eras Mitológicas...

- Mestre Shion, por milênios foi sempre claro... O Cavaleiro que tivesse os pontos vitais de sua Constelação atingidos encontraria a...

- Saga! – chamei pelo Mestre.

Passos até o trono acompanhados de um cosmo poderoso e preocupado.

- Milo. – disse ele, com a voz cansada – Você está melh...

- Preciso ver o Mestre Shion! – disse eu, ofegante e sentindo minhas pernas falharem pelo esforço.

- Ah, sim... – disse ele, sem entender. Desculpe, Saga, mas não tenho tempo de me ajoelhar e fazer mais aquele monte de formalidades – Venha comigo. Ele está na Sala.

O segui até a Sala do Mestre, e encontramos um Shion debulhado em papéis, livros, pergaminhos, mapas, quadros... Sua expressão era de exaustão e desesperança, assim como a energia de seu cosmo. Me olhou da mesa, debruçado, e suspirou, voltando o olhar para baixo.

- Com licença. – disse Saga, olhando para nós e para a bagunça na Sala. Seu cosmo, que já se mostrava preocupado antes, se intensificou, e ele deixou o lugar.

- Mestre... – disse eu, indo na direção dele.

- Por favor, Milo, tente se acal...

- NÃO, MESTRE!! NÃO POSSO!!! O SENHOR VIU E TAMBÉM NÃO PODE FICAR CALMO!! POR QUE NÃO... Nos disse... Naquele momento?!

Meu coração... Voltava a bater violento contra minhas costelas e a doer insuportavelmente. Levei a mão ao peito e arfei.

- Criança de Atena! – ele foi até mim – Você tem que se acalmar!! Onde ele está?

- Na minha... Casa.

- Por que não veio com você?

O encarei com os olhos mareados.

- Não quero... Que ele saiba... Que tenha medo...

Shion me olhou desentendido.

- Ele não sabe?!

- Não...

- Mas como isso? – se espantou o Velho Mestre – Isso não pode ser... Ele sabe muito bem onde se localizam seus pontos vitais. Sempre soube, desde criança.

- Mestre... Eu não quis questioná-lo mais. – disse eu em tom baixo.

-... – o Velho Mestre levou a mão ao queixo e pensou, e pareceu ainda mais confuso – Entendo que queira protege-lo, mas ele não é um homem que vá temer...

- Vai... Sim... – disse eu, tremendo de fraqueza.

Shion cruzou os braços e abaixou os olhos.

- Aquele monstro que o atacou...

- Sim, Milo... – voltou a me encarar -... Ele certamente queria eliminá-lo mais do que qualquer inimigo que já enfrentou... E sabia muito bem como fazê-lo.

Pensando que podia trai-lo ao contar o que me disse sobre aquele ser a Shion, acabei por me manter calado. Ainda com a mão no peito, coloquei a mão em seu ombro.

- Mestre, como isso é...

- E-Eu não sei... Nem eu, nem Dohko já tínhamos presenciado algo assim. – disse ele – Todos os seus vinte e um pontos vitais foram atingidos completamente... Camus deveria estar...

- Não... – dei um passo para trás e senti meu corpo ferver -... Diga... Isso... Por... Favor...

Shion me olhou preocupado.

- Milo, volte para a Casa de Escorpião...

- Eu... Preciso... Saber... Fazer... Alguma coisa... Onde... Está... Atena?...

- Ela ainda está no Japão, cuidando de assuntos da Fundação Graad... Seu retorno será daqui a umas semanas. – suspirou ele.

A porta de madeira da Sala se abriu.

- Shion... – disse o Cavaleiro de Libra – Milo, o que está fazendo aqui nesse estado?

- Não consegui encontrar nada, Dohko. – disse Shion – Não sei o que podemos esperar que aconteça com Camus...

Eu apenas olhei para os dois rapidamente, e voltei a olhar para baixo, caindo de joelhos. Dohko foi até mim, se ajoelhou e pôs as mãos em meus ombros.

- Nós te levaremos de volta à sua Casa.

Passos adentraram a Sala. Mesmo bravo por ele não ter ficado e me esperado na minha Casa, sorri ao sentir seu cosmo e ao vê-lo...

- Podem deixar que eu levo. – disse ele com a voz suave.

Os dois o olharam espantados, como se fosse um fantasma. Eu o encarava, mais que nunca, preocupado. Ele veio e me deu a mão. Tremi com o frio que percorreu meu corpo e ofeguei. Ele se ajoelhou e pôs a mão em meu peito, e eu o abracei. A dor e a febre se foram, mas meu coração ainda batia acelerado pelo medo de perdê-lo. Me levantei junto com ele e me sustentei com seu apoio...

- Camus, você está... – ia dizer Shion, mas hesitou e parou quando o olhei -... Hãaam... Muito ferido. Tem certeza que não precisa de ajuda?

- Mestre, eu me sinto bem. Não se preocupe.

Os dois antigos Cavaleiros se entreolharam. Dohko engoliu seco e disse:

- Nos conte mais a respeito daquele monstro, Camus. Não era um inimigo comum, visto que te acertou tão precisamente assim.

Eu e Shion olhamos para o Cavaleiro de Libra. Shion o repreendia, e eu... O olhei com raiva, mas depois, desviei o olhar... Dohko não havia escutado aquela parte da conversa... Camus assentiu com a cabeça, não demonstrando estar nem um pouco surpreso com colocação de Dohko.

Mais uma vez... Ele havia tentado me proteger?

Shion nos deu as costas e começou a caminhar para outra porta.

- Venham comigo.

Fomos com ele até uma sala menor com alguns sofás e prateleiras com livros. Havia muitos quadros pela parede, e reconheci um deles como sendo o que Shion me mostrou quando eu era criança: os Doze Cavaleiros de Ouro da geração que nos antecedeu.

- Se sentem, por favor. – disse o Velho Mestre, se sentando em um dos sofás – Não há motivo para ficarmos em pé quando há tantos sofás.

Dohko o acompanhou e sentou ao seu lado. Eu e Camus nos sentamos no sofá em frente. Minha vontade era deitar e por minha cabeça em seu colo, mas achei melhor manter a pose e apenas repousei a mão sobre sua coxa. Eu o olhava preocupado dos pés a cabeça.

Shion e Dohko olhavam para ele, esperando que lhes contasse. Camus suspirou e disse:

- Quanto ao inimigo, possuía um cosmo imenso e extremamente poderoso. Antes de me perseguir até o bosque de Rodório, já havia me atacado no aeroporto. – sua voz estava cansada – Me transportou para um local que parecia uma outra dimensão, onde já acordei ferido.

- Quando retomou a consciência, todos esses ferimentos já estavam presentes? – perguntou Dohko.

- Não me lembro... Mas os que estavam presentes naquele momento sangravam bastante.

- E a criatura te atacou nesse lugar? – questionou Shion.

- Não... Só tentou me intimidar, dizendo que me mataria e me arremessou alguns metros, revelando ter a forma de uma mulher.

- Mulher? – espantaram-se os dois.

- Mas... E a... – tentou dizer Shion.

- Aquela hidra era apenas uma de suas formas. Quando a atingi naquela outra dimensão, acordei na Sibéria e segui para cá, mas ela continuou a me perseguir na forma de vários monstros, soldados, tempestades... – disse ele.

Os dois antigos Cavaleiros se entreolhavam. Minha cabeça doía, e acabei me rendendo e a deitei em seu ombro. Nós tentávamos pensar em algo que pudesse fazer sentido, que nos fizesse chegar a uma conclusão... Quem era ela?!

- Só ameaçava e tentava te matar? Não dizia o motivo? Nada? – perguntou Dohko.

Camus hesitou de início, mas disse finalmente:

- Ela dizia que eu devia pagar por tudo que meu pai – os dois arregalaram os olhos como eu ao ouvir aquilo pela primeira vez – tinha feito... – Shion levou a mão ao rosto, parecendo não acreditar -... Mas eu não entendo!

- Seu pai???!!!! – se alterou Dohko.

- Sim... Disse que ele a havia feito sofrer demais... – disse ele.

Ergui a cabeça. Todos voltamos nossos olhares para Shion ao ouvirmos seu longo suspiro.

- Camus, você... – a voz dele tremia de nervosismo -... Sabe da lenda de sua Constelação, não?

Sim... Todos nós sabíamos. Sempre nos eram contadas quando crianças todas as lendas e histórias de nossas Constelações... Camus fez que sim com a cabeça.

- Irei lhes contar algo... Mas devem me prometer que isso não sairá daqui. É um dos segredos que somente o Grande Mestre detém. – voltou a cobrir o rosto com a mão, preocupado.

- Nós prometemos. – disse Dohko.

- Sim, Mestre, ninguém mais além de nós ficará sabendo. – disse eu, ansioso. Será que Shion sabia de algo?!...

- Tem a minha palavra, Mestre. – disse Camus. Eu sentia receio em seu cosmo... Sorri levemente para ele quando nossos olhos se encontraram, e ele retribuiu...

Todos nós voltamos nossos olhares para Shion. Dohko pegou sua mão trêmula e a acariciou, encorajando-o. O Velho Mestre disse, finalmente:

- Bem... Somos Cavaleiros de Ouro, os mais poderosos Santos protetores de Atena. – disse ele – Todos nós sabemos que existem apenas duas maneiras de se tornar um Dourado... Ou se é predestinado, como nós quatro, ou se ganha esse direito através do reconhecimento da própria Armadura de Ouro e da Deusa. Essa segunda forma normalmente é rara, mas prevejo que teremos alguns na próxima geração, se me entendem. – e sorriu levemente.

Ah, sim... Entendo perfeitamente. Com certeza, ele se refere a Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki. Reconheço muito bem que esses cinco possuem mais do que o direito de serem Cavaleiros de Ouro por tudo que passaram por Atena e pelo mundo. Dohko piscou um olho para Camus, que deu um sorriso leve. É... As Armaduras de Aquário e Libra já haviam escolhido seus futuros mestres. Fiquei feliz de ele poder se orgulhar de Hyoga, digo, do pato ¬¬...

- Nessa geração de vocês, todos são predestinados, assim como na nossa de duzentos e quarenta e três anos atrás. Nossos corpos abrigam almas antigas, aliadas a Atena por milhares de anos... Acredita-se que o Universo traz de volta os Cavaleiros de Ouro quando uma ameaça maior ao mundo e à humanidade se aproxima, o que é bem evidente.

Sim... Todas as batalhas que se passaram... As Guerras Santas ocorrem justamente quando estamos presentes para lutar...

- Somos heróis e, posso dizer, semideuses... Podemos ter cosmos e poderes extrassensoriais imensos... Mas não passamos de humanos e mortais. – disse ele, nos olhando – Temos uma vida e experiências... E nascemos nesse mundo concebidos, em parte, por mortais.

Eu nunca havia pensado nisso com mais profundidade... Apenas sempre aceitei que não conheci meus pais. Na verdade, nós sempre fomos induzidos por Shion e pela convivência com nossos companheiros na mesma situação a não questionar esse fato. Mas...

- Concebidos em parte? – perguntei – Como assim, Mestre?

Ele suspirou e disse:

- Sim, Milo, pense bem... Pensem todos vocês... Acreditam que teríamos todo esse poder se fossemos somente filhos de mortais?

Não... Mas...

- Então... – disse Shion – Falei tudo isso para chegar a esse ponto. Quando o mundo está para ser ameaçado, os Doze Deuses representados pelas Constelações da Eclíptica descem a Terra em suas formas humanas...

Todos ficamos atentos, espantados ao ouvir o que ele revelava...

- E escolhem os mortais dignos de gerarem seus filhos: Os Doze Cavaleiros de Ouro protetores de Atena. – concluiu ele – Portanto, já devem ter concluído quem são nossos Pais. Estão representados em várias partes de nossas Casas, em nossas armaduras, signos, Constelações...

Aquela revelação... Olhei para Camus. Sua expressão... Era de total espanto... Nunca o havia visto assim... Por Atena...

- Shion... O-O que acontece com os mortais que nos concebem? Se lembram de nós? Sabem que existimos? – disse Dohko com a voz trêmula. Até ele, que já viveu tanto e é tão sábio...

O Velho Mestre fez a expressão mais triste que já pude presenciar.

- Eu não... Sei... Uns dizem que os Deuses apagam suas memórias assim que nascemos... Já outros... Que encontram a morte logo depois que viemos ao mundo...

- Mas isso é terrível! – disse Camus, se levantando – Como podem fazer isso?!

Me levantei também e pus a mão em seu ombro. Ele... Estava se deixado levar pelas emoções... Sentia seu cosmo cheio de revolta e tristeza.

- Camus, entenda... Eles são Deuses. – disse Shion – E nós precisamos vir ao mundo... Vejam a criação que vocês tiveram... Foram mantidos aqui no Santuário até os sete anos, e depois partiram para finalizar seus treinamentos. Não poderiam manter relações com seus pais ou mães da Terra...

Ele não se conformou. Senti que sua energia de revolta e tristeza continuou a mesma. Somente balançou a cabeça negativamente da forma mais discreta.

- Criança... – disse Shion, se levantando e vindo até nós -... Você, que sabe melhor do que qualquer um de nós da história de seu Pai...

Camus encarou o Velho Mestre.

-... Tem ideia de quem é essa que tanto lhe desejava a morte?

Ele franziu as sobrancelhas e abaixou os olhos... Voltou a sua postura fria de costume, controlando suas emoções. Mas eu sentia que elas lhe feriam...

- Hera... – disse ele.

Arregalei os olhos e o encarei. Hera?! A deusa do casamento e da fertilidade, rainha do Olimpo e esposa de Zeus, o deus dos deuses?! Mas como ele chegou àquela conclusão tão rápido?

Dohko se levantou.

- Hera?! Então esse cosmo imenso e poderoso que disse era de uma deusa do nível Dela?!

- Sim... Ela... Infelizmente, possui suas razões... – disse Camus.

- Mas... Por que será que Ela... – tentou dizer Shion.

- Zeus, segundo a divina Mitologia, a trai compulsivamente com deusas e mortais. – disse Camus, cruzando os braços – Mas... Ganímedes foi o primeiro e único caso do deus dos deuses com um homem... – ele fez uma pausa, suspirou e continuou – E o que mais feriu e provocou a ira de Hera.

-... Quis te matar para se vingar... – disse eu, o encarando.

Ele retribuiu o olhar... Aqueles olhos perfeitos... Tentando me acalmar.

Nós dois estávamos muito cansados daquilo tudo... Chega. Eu queria muito ficar sozinho com ele... Precisava...

- Mestre, nós podemos ir? – disse eu, sem me importar com a maneira de pedir para me retirar.

Os dois se entreolharam e sorriram levemente, parecendo me entender.

- Tudo bem. Que Atena os acompanhe. – disse Shion.

- Que seja. – respondemos e nos ajoelhamos.

Andamos em direção à porta.

“Por que você veio?”

“Para te levar de volta... Estava demorando.”

“Mas você...”

“Não prometi nada... Nem você.”

“...” É... Realmente não.

Saímos da Sala do Mestre e descemos as escadas até Peixes, e começamos a descida até Aquário. Ao pé dos primeiros degraus, podia-se ver ao longe duas estátuas... Uma a cada lado da saída da Casa de Aquário... Eu, pela primeira vez, as olhei com atenção. Será que eram uma representação perfeita de Ganímedes?... Sorri ao lembrar do lamento imenso Dele quando seu filho sofria e chorava em meus braços...

Kardia... E todos os Cavaleiros de Escorpião que me antecederam... Na verdade, meus irmãos... Todos filhos Dele: O Grande Escorpião que matou Órion a mando de Artemis! Por Atena! Meu Pai... Era um assassino a mando Dela... Ou o que?...

Todos esses pensamentos se esvaíram quando chegamos à Décima Primeira Casa. O segurei pelo braço.

- Deita comigo...

Ele me encarou com todo o carinho.

- Claro...  – disse com a voz doce.

Eu queria agora... Naquele momento, até o quarto dele ficava longe... O abracei forte... Estava com tanto medo... Ele retribuiu o abraço e me deu um beijo no pescoço. Minha respiração estava acelerada demais, e meu coração também... Eu estava exausto de tudo, mas nunca de abraça-lo, de ama-lo, querer seu amor...

Ele foi me levando devagar até uma sala, que reconheci ser a que sempre brincávamos com nossos poucos brinquedos. Era a mais próxima da porta de entrada e tinha uma lareira... E um grande tapete peludo no centro, que adorávamos rolar e lutar em cima. Treze anos depois, nos deitamos sobre ele.

O que iria acontecer, minha Atena?... Eu tremia, apavorado com aqueles ferimentos de Camus... Poderia morrer a qualquer instante? Por favor... Não...

- O destino... Sempre tira... Você de mim... – o encarei, chorando desesperado.

- Não... – ele me puxou para si – Não diga isso...

Chorei muito e sem controle.

- Está condenado... Seus pontos vitais todos foram todos atingidos!

- Ainda estou vivo. – me disse com os olhos mareados – Estou aqui... Com você... – se ergueu e se pôs de joelhos...

- Mas... Por quanto tempo?! – disse eu, com a voz fraca.

Uma lágrima rolou por seu rosto.

- Desistiu... De mim? – disse ele com a voz trêmula... Abaixou a cabeça e a lágrima se despedaçou no tapete...

Me ajoelhei e o abracei com toda a força... Nunca...

- Nunca... Nunca... Eu te amo... Tenho tanto medo... De te perder de novo...

- Milo... Eu não irei te deixar... Nunca mais. – levantou a cabeça e me olhou o mais profundamente possível.

Mais lágrimas caíram dos meus olhos.

- Camus... – era só o que eu conseguia dizer...

- Ei... Você... – segurou minha mão, sem deixar de me encarar - É quem eu sempre esperei reencontrar... Quem eu pensei cada segundo que se passou nesses vinte anos... Nos sonhos... Na morte... No escuro do Inferno... Quem me tem nas mãos completamente... – beijou minha mão – E o amor da minha vida.

Continuei a encara-lo, mas... Mesmo desesperado e chorando... Não pude deixar de sorrir... Ouviram o que ele disse?... Eu... Não tenho palavras... Para expressar o quanto fiquei emocionado ao escuta-lo... Acariciei seu rosto... E o olhei dos pés à cabeça...

- Contando-as de novo? – disse ele, virando a cabeça e sorrindo de leve... – Vinte e uma?

Eu... Queria cuidar dele... Como ele cuida de mim... Franzi levemente a testa, sem deixar de ter lágrimas nos olhos... E concordei...

- Falta uma... A mais brilhante entre todas as estrelas da minha Constelação... – me olhou com todo seu amor – Não irei te deixar, mesmo com todos esses estigmas... Ela... – pôs a mão em meu coração -... Me mantém vivo... Nada mais... – sussurrou ele, beijando meu rosto – Nem o Santuário... Nem a morte... Nem os deuses... – o abracei e ofeguei – Vão me tirar de você, meu amor...

Dei o maior sorriso de toda a minha existência... E chorei muito... Aliviado... Ouvir aquilo dele era o que eu sempre sonhei... O meu maior desejo tão desesperado... Eu... Só queria ser feliz ao lado dele...

Milagre... Ele sempre será o meu... Eu o amo mais do que tudo... Meu amor eterno... Nessa vida... Nas outras... E sempre... Meu medo se esvaiu... O tempo passava devagar... Ele me ama até o infinito de sua alma... Sempre me surpreende da maneira mais incrível...

E eu o amava, mais do que nunca... Cada parte de mim o queria mais... E...

- Pra sempre... – disse eu, enquanto repousava meu rosto em seu pescoço com sofreguidão – Por toda a eternidade...

A vida... Tudo que se passou... É lembrado por mim com carinho... Eu tenho a mais profunda certeza que viver vale a pena... Ele sempre esteve comigo, na verdade... E aquele instante tão intenso superava tudo que se passou de ruim, e secava as lágrimas de tristeza e medo dos nossos olhos... As que existiam agora vinham da plenitude... Do amor... Da alegria de estarmos juntos. Mais nada... Só eu e ele.

Nos beijamos demoradamente... Depois, eu o enchi de beijos... Lhe fiz carinho nos cabelos... Deitei a cabeça em seu peito, ganhei carinho na nuca, me arrepiei todo... Até que ele levou a mão ao peito...

Ergui a cabeça rápido e o olhei, preocupado. Mas... Ele sorriu... Vi que seu rosto corou, o deixando tão lindo... O meus olhos brilharam de paixão... E retribui o sorriso. Ele tirou a mão do coração e a estendeu para mim...

Uma lágrima correu pelo meu rosto quando olhei... Meu coração acelerou, emocionado... Por Atena... Nossos olhos voltaram a se encontrar... Eu sorri plenamente... E ele sussurrou:

- Eu te amo.

Era...

Um anel...

... E o Escorpião Dourado que voz fala é mais feito feliz e amado do que qualquer mortal.

 

Milo de Escorpião

 



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