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História O Acaso - Capítulo 1


Escrita por: Kataryn

Notas do Autor


Olá e seja bem vindo/a!

Para quem me acompanha desde A Amante, como prometido, aqui trago O Acaso.

Vai ser uma jornada atribulada e espero que tenham coragem e paciência de me acompanhar! É algo totalmente diferente do que alguma vez escrevi, estou me aventurando em novas dinâmicas e temas.

As postagens irão decorrer todas as quintas e segundas.

Negrito marca os pensamentos das personagens.

*** marca uma mudança de cenário/foco

Nas notas finais, tem imagens com as roupas que descrevi, para quem quiser visualizar melhor. Também tem algumas músicas que me inspiraram também.

Capítulo 1 - Capítulo 1


Fanfic / Fanfiction O Acaso - Capítulo 1

Sakura não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Ela se recusava a aceitar que estava grávida. Grávida! Tinha feito o impossível. Engravidar no último ano universitário. Apenas a uns meses de terminar tudo, conseguiu estragar sua vida.

Não posso ser mãe.

Ela não estava preparada, de todo, para ser responsável por um bebé.

Ainda não tivera terminado a universidade, não era casada e muito menos tinha uma relação estável com o pai da criança, com quem tivera reatado o namoro duas semanas atrás.

Ele tem de ser o pai!

Estava confusa, assutada…  suas orbes verdes fitavam o ecrã digital dos três testes de gravidez, onde todos apresentavam a mesma palavra em comum, juntamente com o número 4, representante das semanas desde a fecundação.

Lembranças vagas daquela noite ganhavam vida, mas nada concreto.

Ela e Sasuke tinham terminado no dia anterior. Uma discussão violenta, carregada de raiva e rancor. O moreno lhe acusava de não dedicar tempo suficiente ao namoro de 2 anos. Sakura defendia a sua posição, afirmando que o semestre estava ocupando demasiado do seu tempo e estava tendo dificuldades em conciliar toda a vida académica e pessoal. A rosada já estava acostumada com as discussões e quando Sasuke sugeriu terminar o que havia entre eles, consumida pela frustração, aceitou, sem ponderar as consequências de suas palavras.

Só depois de escutar o impacto da porta do apartamento, juntamente com o desaparecimento da figura masculina, apercebeu-se que eles tinham terminando, mais uma vez. As lágrimas ensoparam o rosto feminino enquanto a angústia em seu peito crescia, dificultando a respiração. Estava apaixonada pelo Uchiha. E doía cada vez que ele deixava suas emoções controlarem os momentos.

Sakura estava ciente de sua ausência, mas sabia que iria ser complicado quando escolheu ingressar em matemática, na universidade de Berkeley. Até os pais ficaram surpresos quando partilhou o desejo de aprofundar seus conhecimentos matemáticos. No início do primeiro ano, conheceu Sasuke, o tatuador dois anos mais velho, com o corpo esculpido pelos deuses e olhos negros, que mexiam demais com a sanidade da jovem adulta. Após terminar de tatuar o conjunto de flores em sua anca, o moreno tivera lhe convidado para tomar um café. Não hesitou em aceitar.

Antes que conseguisse se controlar, estava perdidamente apaixonada por ele… até os seis meses de namoro, onde as brigas começaram. Eram capazes de discutir por tudo. Saídas com os amigos, ligações não retornadas, desmarcações…, porém o sexo de reconciliação era gostoso demais. E Sakura derretia-se com as palavras meigas do moreno. Reatavam o namoro por umas semanas, até a próxima disputa.

Um ciclo vicioso, sem fim.

Dessa vez, Sakura estava cansada. Fatigada de chorar por ele, de se culpar de algo que não podia controlar, estava exausta de todos seus tormentos. Decidiu ir a uma boate com suas amigas e beber até não se lembrar do próprio nome. Obviamente não tivera sido uma escolha acertada. Recordava-se de ter dançado, de beber como se a vida fosse terminar no dia seguinte, de se divertir, apesar de toda a confusão que estava decorrendo na sua vida. E lembrava-se da atração que sentiu com aquele homem misterioso.

Das faíscas que percorreram seu corpo quando seus olhares se cruzaram.

Dos gemidos que escaparam seus lábios quando sentiu sua intimidade ser invadida.

Do som do oceano, enquanto transavam no areal.

Seu corpo memorizou o toque do desconhecido, mas a sua mente… nada. Ele era apenas uma figura desfocada, com uma cicatriz na clavícula esquerda e um piercing no mamilo direito. E agora, ele também podia ser o pai…

Seus pensamentos foram interrompidos pelas batidas na porta. Atrapalhadamente escondeu os testes, limpou as lágrimas do rosto inchado e arrumou os cabelos rosados. Antes de abrir a porta, suspirou fundo, procurando prender suas lágrimas. O vulto do moreno adentrou o apartamento, visivelmente irritado por ter esperado.

- Porque demorou tanto? – A voz fria do Uchiha preencheu o espaço.

- Estava no banheiro. – Cruzou os braços, frustrada com o tom acusatório do namorado. As feições masculinas relaxaram, o homem caminhou até a rosada e lhe puxou pela cintura descoberta, colando os corpos. – Não devia estar tatuando sua queridinha? – A Haruno cuspiu, se relembrando da cliente mais habitual de Sasuke.

O moreno revirou os olhos. – Já falei que não há nada entre mim e Karin.

- Ela não parece pensar assim.

- Você é a minha garota. – Falou, firme. De seguida, juntou os lábios de ambos com violência. A rosada deixou escapar um gemido quando a mão masculina roçou um dos seios, debaixo do tecido do crop top branco. Puxou os cabelos negros, enquanto sua língua brincava com o pedaço metálico na boca do homem.

Sasuke conduziu o corpo feminino até o sofá, deixando a mulher sentada em seu colo. De seguida, começou distribuindo beijos pelos ombros descobertos enquanto apertava fortemente as pernas torneadas da rosada. Sentindo o calor em seu ventre crescendo, a Haruno retirou a peça de vestuário, revelando os seios. Colocou os cabelos longos sobre o ombro oposto às carícias do homem, as mãos estavam entrelaçadas entre os fios negros, gemia cada vez que o Uchiha sugava sua pele.

Um arrepio percorreu sua espinha quando Sasuke lambeu a extensão de pele entre os seios, adornada com a sua mais recente tatuagem. Um desenho personalizado do moreno. Fizeram amor no estúdio, depois dele terminar o trabalho delicado. Fora intenso, avassalador. Uma semana depois, terminaram. Sakura dormiu com outro homem. E agora, estava grávida, sem saber quem seria o pai.

Num movimento brusco, se ergueu da posição. Sobre o olhar confuso do namorado, colocou a roupa e se retirou, em direção ao quarto. Conseguia ouvir as passadas do Uchiha, copiando o mesmo caminho percorrido por ela.

- Que merda foi aquela, Sakura? – Questionou, enraivecido.

- E-Eu… tem muita coisa acontecendo… - Murmurou, enquanto procurava prender suas lágrimas.

- Você não precisa estudar, já falei que te sustento. – Ele caminhou até a rosada e ergueu o rosto feminino, delicadamente. A mulher ergueu uma sobrancelha, perturbada com o comentário do moreno. – Você é a minha garota.

- Não! – Elevou o tom de voz. – Eu amo estudar!

- Mas anda sempre exausta… me deixa cuidar de você, amor. – Sakura sentia a raiva dentro de si crescer, exponencialmente. Não era a primeira vez que o namorado tinha aquele tipo de conversa. – Eu te dou o mundo todo.

Sentia-se desacreditada, como se tivesse de enfrentar o mundo sozinha.

Antes que conseguisse controlar as palavras, já era tarde demais. – Estou grávida! – Uma das mãos cobriu a boca, como se tentasse evitar que elas saíssem novamente, enquanto todo o esforço para manter sua postura se esvanecia, lentamente. O moreno arregalou os olhos, obviamente perplexo com a novidade. Involuntariamente, a jovem colocou uma mão sobre o ventre liso.

Caminhou até a cama e deixou seu peso cair sobre a mesma. Os soluços eram altos, estridentes. Apenas queria acordar daquele pesadelo. Não queria ser mãe, não podia! O aperto no peito era forte demais, estava custando a respirar.

- O que vai fazer? – O moreno falou, ainda abalado com a notícia.

- E-Eu não sei… - Um soluço interrompeu o discurso. – Isso vai arruinar tudo. – O rancor estava presente demais nas palavras proferidas.

- Quer abortar? – O pedido era direto, simples e eficaz. Sakura sentiu a intensidade da enxaqueca piorar. Sabia que aquele ser dentro de si era apenas um conjunto de células, nada mais. Não tinha que sentir que estava assassinando algo, ela estava tentando preservar seu futuro.

Após alguns minutos de silêncio, finalmente respondeu. – A-Acho que sim… - O tom de voz era quase inaudível.

- Me deixe falar com meu pai. – O moreno falou, retirando o celular. A mão feminina agarrou o braço do mesmo, impedindo qualquer movimento. As orbes verdes da mulher revelavam o conflito que decorria dentro da sua mente.

- Agora não… por favor. – Suplicou. Apenas queria dormir, tentar esquecer tudo o que estava acontecendo. Abraçou o namorado, enquanto as lágrimas continuavam correndo, ensopando a camiseta cinza do mesmo. O moreno massajava as costas da rosada suavemente, tentando aliviar o desespero da mesma.

Horas mais tarde, Sakura tivera finalmente adormecido. O rosto inchado refletia a ansiedade e medo que estava vivendo. Contra o pedido da namorada, Sasuke contactou o Uchiha mais velho, explicando a situação. No minuto seguinte, a Haruno tinha uma consulta agendada para o próximo dia, numa das clínicas privadas mais prestigiadas da Califórnia.

Depois de terminar a chamada, respirou fundo. Não estava preparado para ser pai, não estava preparado para os choros, as noites prolongadas, a bagunça… não era uma ideia que tivesse comtemplado, apesar da estabilidade financeira. Para além disso, queria aproveitar sua vida com Sakura, sem nenhum ser barulhento perturbando sua sanidade. Tinha apenas 23 anos, era cedo demais.

***

Sakura fitava o exterior pelas janelas escuras do veículo do moreno. Sasuke tivera perturbado seu descanso, apenas lhe deixando colocar um oversized hoodie, que cobria metade de suas coxas e os cabelos estavam presos num coque imperfeito. Brincava com as costuras da peça de roupa, procurando acalmar sua ansiedade.

Não estava resultando.

Sua mente continuava divagando, queria acordar daquele pesadelo, com a maior urgência.

Estranhou a aparência do ambiente, assim que o namorado parou o motor. As ruas eram limpas e exatamente iguais e as pessoas trajavam roupas de grife, juntamente com os carros luxuosos. Todos os sentidos da rosada se alertaram. Não entendia o que estava acontecendo. Sasuke respirou fundo e saiu do veículo, contornando o mesmo. Auxiliou a rosada e caminharam até um edifício branco.

Antes de adentraram o espaço, fitou a namorada. – Eles estão esperando por você. – Sakura ergueu uma sobrancelha, questionando o jovem. – Falei com meu pai. Isso será apenas uma memória ruim.

Sakura não conseguia processar a raiva que sentia. Tinha implorado por tempo, ela própria ainda se encontrava confusa, atordoada. Odiava ver o homem que amava tentando tomar suas decisões. Ele não podia compreender… e ela o odiava. O odiava pelas discussões. Pelas brigas. Pelo namoro conflituoso. O odiava por terem terminado naquele maldito dia. O odiava por continuar desejando o toque do homem da boate, em vez do seu.

Ela se odiava.

- Você não tinha esse direito! – Esbravejou.

- Existe limite de tempo.

- E eu descobri ontem, Sasuke! – As lágrimas escorriam pelo rosto feminino. A rosada as limpou rapidamente, sobre os olhares curiosos de alguns indivíduos. O moreno esfregou o rosto, tentando se acalmar.

- Apenas escuta o médico. Eu vou estar esperando você no carro. – O Uchiha se retirou. Sabia que se continuasse perto da rosada, iriam discutir, mais uma vez.

As orbes verdes fitavam a cena que se desenrolava. Visivelmente contrariada, adentrou o edifício branco. Uma náusea percorreu seu corpo. O cheiro de desinfetante era intenso demais. Desorientada, caminhou até a receção. Entregou os documentos necessários e preencheu a ficha médica. Sua escrita era tremida, quase ilegível.

Após alguns minutos, uma enfermeira lhe conduziu até um dos quartos. Não conseguia se concentrar nas palavras proferidas pela mulher, sua mente estava demasiado desconectada da realidade. Deixou o peso do corpo cair sobre a maca hospitalar. As mãos trémulas esfregaram o rosto, onde algumas lágrimas marcavam a sua presença.

- Senhorita Haruno? – A voz preencheu o espaço, a sobressaltando. A rosada ergueu suas orbes verdes, encarando a médica. Involuntariamente, concentrou sua atenção no tamanho avassalador dos seios femininos. Seu rosto queimava enquanto adquiria uma cor ruborizada. – Hyuga Hinata. Estou cobrindo uma emergência familiar, meu colega lamenta. – Atrapalhadamente, apertou a mão da morena. Os cabelos escuros estavam presos numa trança lateral enquanto a jaqueta branca cobria o resto do corpo. Os saltos agudos ecoavam pelo espaço. Sakura estava cada vez mais assustada. – Está aqui para proceder à interrupção voluntária da gravidez, certo? – A rosada permaneceu em silêncio. – Senhorita?

- S-Sim… - Murmurou, apertando a peça de roupa contra o corpo magro.

- Sabe quantas semanas ocorreram desde a fecundação? – Sakura sentiu sua respiração travar. Não sabia o que responder. Sua mente oscilava entre quatro e cinco. Mas isso não era importante, poderia se submeter à cirurgia até as vinte semanas.

- Cinco… talvez quatro. – A morena assentiu e prosseguiu, digitando algumas informações no notebook. O silêncio dentro daquele espaço minúsculo era penetrante. A Haruno sentia suas forças se dissipando, a cada segundo. Apenas queria ir embora.

De seguida, a médica se ergueu e caminhou até a jovem adulta, entregando uma pasta com a documentação necessária. – Irá preencher estes papéis. Dentro de dois dias, irá realizar uma ecografia, apenas para nos certificarmos que o procedimento não irá lhe infligir algum perigo. Após a ecografia, serão realizadas duas consultas com o psicólogo da clínica, apenas para avaliar sua decisão. Assim que obtiver confirmação do mesmo, irá discutir o tipo de método que deseja recorrer.

- E depois? – Sua voz falhou.

- Sua vida continua. – A frieza das palavras proferidas pela morena percorria sua espinha, lhe causando arrepios.

Assim que adentrou o veículo, suspirou fundo. Sasuke lhe fitava intensamente, curioso com o estado do processo. A rosada apertou a pasta contra o corpo enquanto suas orbes verdes marejavam. Eram demasiadas emoções. E Sakura nunca desejou tanto ter seus pais a seu lado, lhe consolando. Prometendo que tudo iria acabar bem.

- Quanto tempo para resolver esse problema? – O Uchiha falou, pisando o acelerador.

- Dias… - Suspirou, pousando a testa no vidro gelado.

Fechou os olhos, não queria chorar novamente.


Notas Finais




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