História O acordo - Sasunaru - Capitulo 16

Naruto pov 

– Acredita em mim agora? 

Meus olhos ainda permaneceram fechados por alguns segundos. Aquela sensação… eu nunca pensei que fosse possível sentir uma coisa tão forte assim… 

No momento que eu senti os lábios dele colados nos meus todo o meu corpo parou, eu não conseguia me mover por mim mesmo e só consegui prestar atenção em uma coisa, aquela sensação que naquela noite foi tão pequena no momento em que ele me beijou ali ficou maior. Eu senti aquele calor e o frio na barriga de novo. E quando eu me dei conta, minhas mão já apertavam seu ombro e ele explorava minha boca como bem entendesse. 

Nunca beijei ninguém na minha vida e a primeira vez que senti como é essa sensação foi quando recebi aquele selinho do Sasuke e agora esse beijo.  Então não tenho experiência nenhuma com isso, mas esse beijo… embora eu não estivesse esperando por isso foi algo incrível, não posso negar. 

– Olha, eu sei o que você ouviu naquela conversa, mas não deve ter ouvido tudo senão já saberia que eu gosto de você e eu não precisaria ter feito essa declaração ridícula. – Ele continuou a falar mesmo sem eu ter respondido. A mão que estava na minha nuca passou a secar o restante das minha lágrimas e eu corei com aquele gesto. 

– Eu gostei… – Murmurei um pouco atordoado. 

Sasuke franziu a festa em confusão e soltou uma risadinha. 

– Do beijo? – perguntou com um sorriso divertido e naquele momento que eu acordei. 

– O que?! – Exclamei dando um passo para trás. É claro que eu gostei do beijo, quer dizer, foi bom, ou… ai que droga! – T-também, mas eu estou falando da declaração… – soei envergonhado. A declaração foi uma coisa que eu não esperava vinda do Sasuke, mas eu gostei, tudo que ele falou soou importante para mim. 

– Sério? – Ele riu – Eu pensei que você iria me chamar de idiota ou algo do tipo. 

Neguei com um sorriso curto, naquela altura eu já tinha me tocado e estava mais calmo, ou aparentava estar.

– Hm? Você não me respondeu, acredita em mim agora? – voltou a questionar e eu o olhei. Nada do que o Sasuke disse parecia mentira e quanto a conversa que eu ouvi entre ele e a Hinata, ele tem razão, eu não ouvi por completo. Então ele gosta de mim assim como eu gosto dele… meu deus… 

– Talvez. – Respondi rindo baixinho. Estava feliz, eu poderia odiar o Sasuke para sempre só que também sei descobrir se alguém está mentindo, principalmente quando se trata dele em especial. Eu fiquei com um pouco de raiva, confesso, mas ouvi-lo falar que foi um erro me dar um selinho me magoou acima de tudo. Foi horrível descobrir um sentimento tão forte daquele jeito. Só que agora eu sei que ele não está mentindo e que compartilha desse mesmo sentimento comigo… 

– Como assim talvez? – Sasuke se aproximou com o cenho franzido, sei que deve estar confuso com a minha resposta mas eu queria fazer aquilo de novo e usaria da oportunidade que tinha.

– Preciso de outra prova… – murmurei reunindo minha pouca coragem. A verdade é que eu queria sentir aquela sensação de novo. 

Sasuke ficou em silêncio, mas eu senti que os olhos negros me analivam de cima a baixo e isso foi o suficiente para que eu me arrependesse. Era muito ridículo da minha parte pedir outro beijo depois de tudo que eu falei enquanto conversamos, só que eu não quero deixar de sentir aquele arrepio bom quando os lábios dele estão colados nos meus. 

– E que tipo de prova? – Perguntou, dando um passo para frente e ficando bem mais próximo que antes. 

– Você não é burro – tentei me manter firme, se ele acha que eu vou implorar por um beijo, está muito enganado. 

Levantei a cabeça novamente e nossa distância ficou quase mínima, qualquer passo ou gesto poderia resultar em mais um beijo e era isso que eu queria. 

– Talvez eu seja – Ele riu e eu estremeci levemente, tê-lo tão próximo ali, é claro que eu já percebi vários detalhes do Uchiha, mas ali com a nossa aproximação eu pude ver mais e porra… esse idiota é muito bonito! – Mas eu não sei que outra prova posso demonstrar. – um bico formou nos lábios de e eu bufei. Ele sabia sim, só estava brincando com a minha cara. 

– Você é muito idiota – declarei irritado e com as bochechas vermelhas, empurrei ele para que se afastasse e fui em direção a porta. 

– Eu tô brincando! – Riu e me puxou de volta – Você tem que ser mais calmo, sabia? – brincou. 

– Eu sou calmo, só não sabia que você tinha senso de humor – Rebati desviando o olhar – Vamos dizer que você sempre foi grosso demais. – sorri de lado e o olhei. 

– Tá eu sei – ele revirou os olhos – Só estou aliviado que tenha conseguido conversar com você, entende? Tenho que agradecer a Hinata depois. 

Oh… então ele não teria vindo se não fosse por ela… 

– Hm… 

– O que foi? – perguntou e logo eu senti sua mão direita deslizar pelo meu braço e parar na minha cintura novamente, me levando para mais perto de si. 

– N-nada, eu só pensei que você tinha vindo por conta própria… – Murmurei já com a respiração desconcertada. Eu estou feliz por termos conversado e acertado tudo, mas e se não fosse pelo incentivo da Hinata? Ele estaria aqui?

– Eu sei o que deve estar pensando – ele sorriu pequeno e eu pude sentir um aperto na minha cintura, mas nada muito forte – Eu ia falar com você Naruto, não sei se ia ser hoje ou amanhã, talvez bem mais pra frente mas eu iria, então não precisa criar nenhuma paranóia, ok?

Tive que rir da "piada". 

– Não sou paranóico, só sou preocupado e inseguro demais. Isso nunca aconteceu comigo e eu nem sei como agir. – confessei em voz baixa.

– Você não precisa agir de forma diferente – Sua mão livre pousou no meu rosto e ficamos praticamente colados. 

Confesso que era estranho ver o Sasuke tão… carinhoso, já que nunca demonstramos nada do tipo, embora fosse diferente eu estava gostando. 

– Só continue sendo o Nerd de sempre – E então ele sorriu, de forma brincalhona. 

– Você não cansa desse apelido, não é? – Suspirei cansado, aparentemente há coisas que não mudam.

– Não mesmo – E como eu queria, ele fez, juntando nossas bocas novamente e eu pude sentir de novo, aquele frio gostoso na barriga e os lábios quente dele em sincronia com os meus. Não tenho muita experiência com beijos, mas tenho que admitir que o beijo desse idiota é muito bom. Porém, alguns minutos depois o sinal tocou e nós nos separamos. 

– Merda... – ouvi Sasuke resmungar e sorri. 

– Precisamos voltar – falei ganhando sua confirmação, fomos em direção a porta, mas antes de sair ele me parou. 

– Estamos bem mesmo, não é? – perguntou, eu vi que ele perguntava sério. 

– Sim estamos – respondi para acalmá-lo – E se não estivermos, vamos ter que ficar, você vai passar essas duas semanas na minha casa, né? – completei. Depois da conversa que tivemos não acho a ideia do Sasuke ficar na minha casa por duas semanas ruim, podemos nos estender melhor até. 

– É verdade. – ele pareceu se lembrar e riu baixinho – Vou ter que voltar com você para casa. – Falou saindo da salinha logo em seguida. Percebi que algumas pessoas já entraram na quadra, seria educação física de alguma turma então tivemos que sair dali rápido. 

– Vai mesmo. – confirmei quando já estávamos no corredor – Ah, a gente vai estudar juntos de novo? – não contive em perguntar. 

– Claro, para falar a verdade eu pelejei um pouco esses dias… 

Tive que rir, Sasuke é inteligente mas ainda sim tem suas dúvidas, e pelo que eu o conheço é orgulhoso demais para fazer perguntas. 

– Podemos estudar na minha casa, usamos a mesa de jantar. – Falei. 

– Tudo bem, vemos isso depois. – Concordou. 

Voltamos a sala e dali cada um foi para sua carteira, fiquei alguns instantes olhando na direção dele e pude vê-lo falar alguma coisa com a Hinata e ela sorriu na minha direção, eu devolvi o gesto um pouco tímido. Eu acho que essa conversa foi mais do que necessária agora, assim não vai precisar ficar aquele clima estranho na minha casa. Eu fiquei feliz em saber dos sentimentos dele… nunca imaginei que alguém como o Sasuke poderia gostar de alguém como eu, ele é bem reservado e às vezes um pouco grosso, disso eu já sei, mas ele também tem seu lado legal e carinhoso, esse último eu descobri a alguns minutos e gostei bastante. O meu perdão pode ter sido rápido demais, porém eu nunca levaria isso adiante se ele estivesse mentindo e eu sei quando ele está, desde que ficamos mais próximos por conta dos ocorridos com a família, eu aprendi a ler o Sasuke de cima a baixo, sei quando ele está mentindo ou escondendo alguma coisa de mim, então se essa história fosse tudo uma farsa apenas para voltar a nos falar, o que não faria o menor sentido, eu saberia. 

– Naru, o que aconteceu? – Sakura me cutucou e eu olhei para trás. A rosada mantinha uma feição preocupada com um misto de curiosidade – Você chorou? 

Sorri com toda a preocupação da rosada mas a tranquilizei. 

– Tá tudo bem Sakura, eu chorei sim mas já passou – Expliquei olhando de relance para o Uchiha do outro lado da sala. 

– Você conversou com ele? Eu perguntei para a Hinata, vocês dois sumiram no intervalo. 

– Sim conversamos, depois eu te conto a aula vai começar – Sussurrei assim que vi o professor entrar. Sakura bufou e eu ri baixinho. 

••• 

Eu precisei arrumar uma boa desculpa para a Sakura largar do meu pé depois que as aulas acabaram, eu contaria tudo para ela depois só que não com o Sasuke perto. Eu sei bem que a Sakura é muito curiosa, ela iria fazer uma série de perguntas constrangedoras que eu sinceramente não quero responder na frente do Sasuke. Além da Sakura, Shikamaru e Ino vieram me questionar o porquê do meu sumiço no intervalo e eu expliquei brevemente que tinha conversado com o Sasuke, Ino assim com a namorada ficou eufórica, mas eu tive que dar a mesma desculpa "meus pais me querem em casa mais cedo", se não eu não teria paz. Vi também Sasuke conversando com a Hinata no final da aula, eles olharam na minha direção e eu entendi do que se tratava o assunto, então eu o esperei do lado de fora do colégio, encostado no muro. 

– Pronto, vamos – O moreno chamou minha atenção e começamos a andar. 

– Sempre fiquei sozinho nessas viagens dos meus pais, você sabe porque eles pediram para ficarmos juntos? – perguntei. Minha mãe explicou por cima, tudo que eu sei é que a Mikoto e o Itachi queriam que o Sasuke ficasse lá, mais nada. 

– Meu irmão acha que eu ainda sou um irresponsável e que vou morrer de fome, ridículo. – Sasuke revirou os olhos descontando sua raiva em uma pedrinha qualquer que ele chutou. 

– Está me dizendo que não sabe cozinhar nada? – Olhei para ele, não é possível que Sasuke Uchiha não saiba se cuidar.

– Digamos que meus dons na cozinha são escassos… sempre comprei comida pronta quando eles viajam, mas minha mãe nunca gostou do fato de eu ficar sozinho, ela é muito protetora, sabe? – Explicou e eu assenti. 

Sem bem como é ter uma mãe coruja, Kushina não está tão para trás, ela só me deixa ficar sozinho porque sabe que eu sei me virar, porque se não… com certeza ela contrataria uma babá. 

– Pensei que você era bonzão, tirando os estudos, claro. 

Ele riu do tom debochado que eu usei. 

– Ser popular não quer dizer que eu sou bom em tudo, Naruto – Outra pedrinha foi chutada. 

– Sei disso – falei naturalmente – Mudando de assunto, o que você precisa tá nessa mochila aí? – perguntei apontando para a mochila nas costas dele com uma careta no rosto. Não caberia nem um pijama ali dentro. 

– Droga… – Ele parou de caminhar e tirou o celular do bolso. Ficou algum tempinho mexendo no aparelho até que eu o ouvi bufar – Aí que ótimo! – Ironizou. 

– O que foi? 

– Vamos precisar passar na minha casa antes, minha mala tá lá... – Falou enquanto guardava o celular no bolso novamente, soltando o ar, cansado. 

– Sério mesmo? – Fiz uma careta demonstrando meu desânimo – Sua casa é muito longe daqui? – Perguntei. Mesmo já tendo ido lá eu não me lembro muito bem do trajeto, fiquei tão avoado aquele dia que mal percebi quando cheguei em casa. 

– Um pouco… – Sem desviar os olhos do celular, ele respondeu. Soltei um suspiro frustrado, embora não tivesse muitas opções aparentemente, não tem como ele ficar na minha casa sem ter o que vestir – Fica calmo, eu pedi um carro por aplicativo – Falou e eu me inclinei para olhar a tela do celular, na pura curiosidade. 

– A-ata – Dei conta da nossa proximidade e me afastei com um passo para trás. Claro que ele percebeu o tom avermelhado das minhas bochechas, ficou mais do que óbvio minha vergonha naquele momento. 

– É bom ver que você tem seu lado fofo, Nerd – Sasuke demonstrou um sorriso de lado e eu bufei. 

– Se você quiser eu posso começar a te xingar que nem eu fazia – Mesmo envergonhado, resolvi rebater a provocação, lançando um sorriso irônico para o moreno, o qual riu e negou com a cabeça. 

••• 

- Eu não acredito que minha mãe separou essas roupas pra mim! - Sasuke tirou um suéter da mala e levantou para me mostrar, junto com uma carranca de desgosto no rosto - Fla serio, porque eu não arrumei isso antes? - lamentou, jogando a peça para qualquer lugar do quarto.

- Sasuke esse suéter não é feio! - Reclamei pegando a peça no chão. A peça tinha uma cor bonita e era bem fofo, embora não fosse nem um pouco a cara do Sasuke. 

- Naruto, você não tem senso algum para moda -Reclamou e eu pude ver outra roupa voar e cair no chão.

- Quantas roupas você tem, em? - Perguntei inconformado. Tinha dezenas de roupas jogadas pelo quarto as quais ele julgou serem horríveis.

Sasuke parou o que fazia para me olhar, vi que além de irritado ele estava cansado mas ainda disposto a revirar aquela mala inteira se fosse preciso. Respirei fundo e levantei as mãos em rendição, aparentemente nada do que eu falasse iria resolver então decidi ficar em silêncio e esperar ele terminar tudo. 

- Você vai ficar com isso? - Perguntou. Encarei o moreno que apontava para a minha mão, só aí eu percebi que ainda estava com o suéter em mãos.

- Não, mas não sei porque não usa, é bom para o frio - Deixei a peça de roupa em cima da cama e me sentei na beirada do colchão. 

- Tenho mais roupas para o frio e esse suéter além de feio não me serve mais - Explicou enquanto deixava a mala de lado e ia até o armário.

- Ele não é tão feio assim! - Reclamei, pelo amor de deus, o que tem de feio em um suéter verde claro? Na minha opinião, nada. 

- Que seja, pode ficar se quiser - Falou sem muito interesse, ele ainda estava concentrado em achar alguma coisa dentro do guarda roupa então nem olhou. 

- Sério mesmo? - Fiquei um pouco surpreso.

- Uhum - Voltou com um monte de roupas na mão e atacou tudo dentro da mala e fechou logo em seguida - Pronto, agora vamos - Ele pegou a mala em mãos e estendeu a outra para mim, que embora fosse um pouco menor ainda sim estava pesada. 

•••

Pedimos outro carro por aplicativo para chegar na minha casa, que não é nem um pouco perto da casa dos Uchihas. Demoramos cerca de vinte minutos ou mais para chegarmos e assim que coloquei meus pés na sala soltei aquela mala pesada. 

– Pelo peso das malas parece que você vai morar para sempre aqui – Comentei dando uma risadinha. Por mais exagerado que parecesse, era verdade. Mikoto separou muitas coisas e mesmo com o Sasuke jogando a maioria para os ares ainda ficou muitas peças. 

– É verdade – Sasuke riu nasalado.

– Vem, vamos deixar essas coisas no seu quarto – Me esforcei em pegar aquele peso novamente. Sasuke passou a me seguir e diferente de mim ele mantinha a expressão calma como se não estivesse carregando nada. 

– Tenho um quarto só pra mim? – Perguntou com um sorrisinho no rosto.

– Tem sim, igual todas as visitas que dormem aqui! – Debochei. Aquele sorrisinho sumiu dando lugar a um revirar de olhos que eu tive que rir. Subimos as escadas e eu o guiei até o quarto de hóspedes 

– Você andou muito com a Hinata e o Kiba, pelo que eu me lembre era mais educado – resmungou entrando no cômodo logo em seguida. 

– Eu sou educado – Ri da forma irônica que ele afirmou. 

Caminhei até o meio do quarto e deixei uma das malas em cima da cama, logo Sasuke fez o mesmo e suspirou, um misto de alívio e cansaço. Seu olhar percorreu por todo o quarto antes de se virar para mim e cruzar os braços. 

– Fala sério, isso tudo aqui para uma visita? – A frase soou divertida mas no fundo tinha um pouco de surpresa. 

– Eu não tenho culpa se minha mãe gosta de tudo perfeito – Dei de ombros. Eu me lembro muito bem quando nos mudamos pra essa casa, por mais que eu fosse só uma criança é impossível não lembrar dos surtos que a ruiva dava com os construtores, ela queria tudo pertinho do jeito dela, e bom, depois de muito esforço, conseguiu. 

– Então, que tal a gente pedir comida? – Sasuke mudou de assunto, tirando o celular do bolso. 

– Não precisa, eu faço uma coisa pra gente – Avisei caminhando em direção a saída. 

– Esqueci que você é um cozinheiro profissional – Sasuke brincou e eu ouvi seus passos pouco atrás dos meus. 

– Eu sei cozinhar algumas coisas… 

– E o que você pretende fazer agora? – Perguntou. 

– Já está um pouco tarde… fazer algo que demore seria ruim… – Comentei olhando brevemente o relógio pendurado na sala antes de chegar na cozinha.  

Sentei no chão e comecei a procurar o que eu poderia fazer com o que tinha dentro dos armários – Que tal Strogonoff? – Propus, tem todos os integrantes aqui em casa além do mais não vai demorar mais do que 20 min. 

– Você sabe fazer? – Perguntou e o olhei com uma cara de tacho. 

– Sei sim – Forcei a responder sem ser grosso. Às vezes ele consegue fazer umas perguntas tão idiotas… – Pode ser ou não? 

– Pode sim – Falou no automático. Virei para olhá-lo estranhando o tom de voz tão disperso e eu fechei a cara ao vê-lo mexer no celular. Levantei do chão e caminhei até a bancada.

– Você vai me ajudar! – Tirei o celular das mãos dele e guardei no bolso. 

– O que? – Ele piscou os olhos atordoado e bufou – Eu não sei cozinhar, já te disse. 

– Você não vai cozinhar, vai cortar! – Corrigi indo até a geladeira e tirando de lá a carne que usaria. Virei para o moreno novamente que me encarava indignado – Anda, tá esperando o que? 

•••

Sasuke pov 

– Até que ficou gostoso – Naruto deixou o prato em cima da mesinha de centro e esticou os braços. 

– Sim… embora eu tenha quase cortado um dedo – Levantei a mão, apontando o dedo indicador para cima o que o fez rir – Isso não tem graça, eu poderia ter morrido! – exaltei irritado. 

– Meu deus Sasuke, nem chegou a cortar, deixa de ser dramático! – Falou e logo se levantou do sofá, pegou o prato em cima da mesinha e caminhou até a cozinha. 

– Dramático? Você ficou me colocando pressão para cortar a maldita carne! – falei seguindo ele. Eu juro que nunca mais vou ajudar ele na cozinha, minha primeira experiência já foi mais do que suficiente. 

– Você se machucou? – Ele deixou o prato na pia e procurou segurar minha mão. Engoli em seco e fiquei vendo ele olhar a minha mão, e por mais que estivesse um pouco irritado com a situação ele tomou cuidado ao me tocar – Olha só, nem tem um corte, então para de drama – Ele olhou para cima novamente e deu de cada comigo. Os olhos azuis se arregalaram brevemente e ele se virou para a pia novamente. 

– Vai sentir vergonha todas as vezes que ficar perto de mim? – Perguntei para descontrair mas parece que só serviu para deixá-lo com mais raiva e corado. 

– Vou – a vergonha não o impediu de falar – Não é a mesma coisa que antes, você sabe. 

Sorri com aquilo. É verdade, as coisas não são como antes, agora ele sabe o que eu sinto por ele e eu também. Para ser sincero eu senti medo que toda aquela conversa fosse por água abaixo e ele não me escutasse, então eu o beijei, tentando demonstrar que tudo aquilo que eu tinha falado na hora não era uma mentira e até me surpreendi quando ele pediu outro beijo, que eu não negue, lógico. A boca dele é viciante, os lábios são macios e carnudos, e por mais que ele não tenha muita experiência com beijos, eu gostei demais. 

– Agora é melhor – Falei calmamente enquanto me encostava na pia e esperava ele terminar de usá-la para que eu lavasse meu prato. 

– Desde quando? – perguntou e claramente eu não entendi, então ele repetiu mais baixo – Desde quando você descobriu que gosta de mim? 

– Ah… – soltei uma risada nasalada. Era fofo vê-lo com tanta vergonha com aquele assunto – Sendo sincero eu acho que há um bom tempo… mas eu não enxergava e por um momento eu neguei. Precisei que a Hinata abrisse meus olhos e me empurrasse para falar com você, e o resto já sabe. 

Ele sorriu minimamente.

– E você? – Joguei a pergunta de volta. Agora que ele tocou no assunto, minha curiosidade acordou. 

– Eu… bom, eu já me sentia estranho antes de acontecer o jantar na sua casa, depois do selinho eu fiquei confuso demais, mas então eu ouvi sua conversa com a Hinata e descobri da pior maneira – Ele riu vago e ali eu percebi que ele já não falava com a mesma animação. Eu o magoei e me sinto um merda por conta disso. 

– Me desculpa, eu fiquei tão confuso com tudo que está acontecendo que praticamente explodi – Expliquei enquanto via ele se afastar da pia. Fiquei no seu lugar anterior e lavei o meu prato, secando logo em seguida. 

– Está tudo bem agora, não tem o porquê ficarmos lembrando disso, resolvemos, não é? – Um sorriso apareceu nos seus lábios. Ele foi até o armário e guardou seu prato ali. 

– Você não está nem um pouco magoado, ou sei lá, irritado comigo? – perguntei com um certo receio. Eu quero consertar tudo com ele, por isso não posso deixar que ele fique com uma mágoa por minha culpa. 

– Eu deveria ficar, afinal você me ignorou e eu ouvi aquelas coisas… – Ele falou e eu apertei minhas mãos sem saber o que dizer – Mas não estou, sei quando está mentindo e tudo o que você disse foi a verdade, não é? 

– Sim… – suspirei aliviado. 

– Então está tudo certo – Ele passou por mim e foi em direção a sala – Quer assistir alguma coisa? Está bem tarde e acho que estudar agora renderia muito pouco… – comentou, sentando no sofá e pegando o controle na mesinha de centro. 

– Coloca um filme, sei lá – disse sem muito bem o que propor. Me sentei do lado dele no sofá e esperei ele colocar um filme. 

– Pode ser terror? – falou com os olhos brilhando. 

– Pode ser – Concordei e ri da comemoração silenciosa que ele fez – Não sabia que gostava de filmes de terror. 

– Filmes de terror são os melhores! – Exclamou animadamente – O momento de suspense e os enigmas são as melhores partes! – Ele contava tudo como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo para si, e de fato parecia ser. 

– E os sustos? Acho isso bem chato… – comentei. Não tenho nada contra com filmes de terror, mas odeio levar susto pode ser tanto com filmes quanto na vida real, eu realmente odeio. 

– Sustos são só um detalhe – Ele deu de ombros ao mesmo tempo que clicava no botão do controle e iniciava o filme – Você gosta de filmes de terror? – perguntou. 

– Bom, pra mim é como assistir qualquer outro filme, não ligo muito para o gênero… – respondi sem muita emoção. 

– Que bom que não se importa porque esse filme é pesado – falou com um sorriso no rosto. Ok, entendi que ele gosta mesmo de filmes desse tipo.

– Você não tem mesmo a cara de quem assiste esse tipo de coisa… – Comentei soltando uma risada.

– Bom eu sempre tento aproveitar enquanto minha mãe não está em casa – ele falou atiçando ainda mais minha curiosidade, porém eu não precisei pedir para que ele se explicasse dessa vez – Ela tem muito medo e odeia que eu fique vendo essas coisas, mas meu pai também gosta então ele está do meu lado – Riu depois de explicar.

– Pensei que gostasse mais de romance, sempre via você lendo muitos livros assim… 

– Ah, eu também gosto bastante, só que nos filmes não sinto a mesma emoção de quando eu leio. Quando você assiste um filme só se passa aquela cena na sua mente, mas quando você lê, pode imaginar mil formas diferentes para representar aquela parte. 

– Resumindo, você prefere livros – brinquei e ele riu, confirmando. 

– Agora presta atenção que o filme vai começar! – Reclamou fingindo estar bravo. 

[...] 

Não foi um, nem dois, a verdade é que eu nem sei quantos filmes nós vimos. Depois daquele primeiro filme de terror que o loiro colocou não paramos mais, tivemos até que pedir uma pizza para que ele não precisasse cozinhar e assim não perdesse nenhuma cena importante. Eu me diverti e muito, começamos apenas assistindo sentado lado a lado mas com o tempo eu dei um jeitinho de me aproximar e ele encostou a cabeça no meu ombro, só que isso não durou muito porque ele foi buscar a pizza com o entregador e depois ficou no outro canto para comer; no fundo isso me incomodou um pouco, queria poder ter ficado um pouquinho a mais do lado dele mas não aconteceu, então eu resolvi ignorar.

Quando Naruto viu as horas e percebeu que já se passavam das 23:00hrs ele desligou a tv e disse que era melhor dormirmos, errado não está mas a quantidade de refrigerante que eu bebi meio que impediam que eu ficasse com sono.

– Você já quer dormir? Meio que eu ainda tô bem acordado – falei soando divertido enquanto o seguia até o andar de cima. Já tínhamos apagado todas as luzes do andar debaixo, além de fechar e trancar tudo. 

– Eu sou acostumado a dormir cedo quando não passo a noite estudando Sasuke, desculpa mas eu tô cansado – Sua voz por sua vez saiu de forma cansada.

– Tudo bem então. 

Ele parou no meio do corredor e ficou na minha frente, estranhei sua atitude até que ele se aproximou com um sorriso pequeno nos lábios, ficou perto, muito perto e dali eu já podia sentir sua respiração contra a minha boca. Ele só pode estar de brincadeira comigo

– Boa noite… – Por um momento eu pensei que iria sentir o beijo dele de novo, e senti… na minha bochecha – Idiota – ele riu baixinho e correu até o quarto. 

– Tsc, fala sério – Resmunguei intrigado caminhando até o "meu" quarto. 

Fala sério o idiota foi ele!