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História O acordo - Me conta sua história


Escrita por: safirimark

Notas do Autor


"Todos nós temos ao menos uma história para contar, cabe ao ouvinte classifica-la como boa ou ruim"

Capítulo 29 - Me conta sua história


Eu olhei para trás por pouco mais do que um milésimo de segundo, me senti congelado, provavelmente eu estava exagerando, mas eu não enxergava diferença no olhar dele para o olhar do prefeito, o que chegava a ser absurdo, pois à primeira vista, eu podia jurar que estava conhecendo um novo amigo, mas agora, estava bem longe disso, como alguém poderia mudar tanto em questão de segundos?

- o que foi? – Kiba riu da reação de Naruto.

- do que você está rindo?! – Naruto ficou irritado.

- da sua afobação, - Kiba sorriu – o que houve para você vir me procurar, acho que deve ser realmente urgente, afinal, você nunca me procuraria por nada...

- como assim?

- claro, da última vez você precisava muito de um computador, o que precisa agora?

- credo... – o loiro suspirou dando as costas.

- estou brincando seu idiota! – Kiba o abraçou por trás e acariciou seus cabelos – eu fiquei muito feliz em te ver aqui, ainda mais me procurando!

- você não é exatamente o que eu chamo de coerente... – Naruto sorriu e não se desfez do abraço.

Lembra quando eu disse que eu uma pessoa confusa? Espero do fundo do meu coração que vocês lembrem disso, pois naquele momento, eu me senti extremamente confortável envolvido pelos braços de Kiba, eu estava irritado com ele, eu vivia irritado com ele, mas tudo que eu estava precisando naquela noite era de um abraço amigo, acabei ignorando minhas mágoas quanto à ele, minha raiva e frustração, eu estava machucado, em pedacinhos bem pequenos, e nossa, como ele estava quente, eu me solteira dele, mas apenas por uma fração de segundo, tempo o suficiente para eu me virar e abraçar ele de frente com todas minhas forças.

Ele se surpreendeu por um instante, mas em seguida me abraçou forte contra seu peito, me segurando com força, eu fechei os olhos sentindo ele me reconfortar, quase como se juntasse meus pedacinhos e fosse arrumando, pena que ele conseguia arrumar, meio que até aquele momento ninguém conseguiria, quando dei por mim já rolavam lágrimas dos meus olhos, minha respiração já estava alterada, eu já estava me desmanchando.

Desde pequeno eu nunca tive alguém que se importasse com minhas lágrimas, não alguém que pudesse vê-las, normalmente eu me recolhia, me escondia, mas não naquele momento, naquele momento tudo o que eu queria era ficar ali, enquanto ele me ouvia chorar sem soltar nem mesmo por um segundo, eu sentia ele me apertando mais forte, não machucava, não fazia faltar o ar, só era extremamente confortável.

- eu preciso muito de um amigo... – Naruto sussurrou.

- eu estou aqui... – Kiba respondeu em seu ouvido.

Ele me apertava forte, e cada vez mais eu queria me abandonar ali, foi quando eu ouvi a porta se abrindo.

- se precisavam de um momento à sós era só falar! – Sai disse em tom de brincadeira.

- para de besteira! – Kiba sorriu de volta sem me soltar.

- falo com você amanhã, - Sai saiu indiferente – tenho mais o que fazer...

- seu grosso! – Kiba riu enquanto via o amigo sair.

Eu me senti mais aliviado depois que ele foi embora, só então Kiba me soltou, ele me pegou pela mão e me levou para o jardim que tinha atrás do ginásio, as flores brancas estavam cobertas de bolinhas d'água, a gente se sentou num banco de ferro branco todo decorado para combinar com a decoração do lugar, e ficamos em silêncio, ele me olhava vez ou outra esperando que ele falasse algo, mas eu hesitava toda vez que pensava em começar, desviava o olhar para as flores, estava um tanto frio, mas isso parecia não o incomodar, ele ficou ali parado do meu lado, apenas esperando, apenas ficando comigo, afim de não me deixar sozinho.

Depois de um tempo, ele acendeu um cigarro e suspirou, um cheiro de canela invadiu o ambiente conforme ele tragava, eu sorri e comentei.

- alguns mal hábitos não mudam! – Naruto disse ainda encarando as flores atrás deles.

- eu vivo falando que vou parar, - Kiba sorriu – mas tem ficado cada vez mais difícil, acredite em mim...

- eu acredito...

- estou falando sério!

- e eu também, - enfim o loiro o encarou sorrindo – eu sei como é...

- sabe como? – Kiba perguntou remotamente.

- eu comecei a fumar, mas ai parei, ai voltei, ai parei, e estou aqui...

- isso sim é difícil acreditar! – o moreno sorriu tragando mais uma vez – você odiava até o cheiro.

- quando fui embora eu mudei de ideia, - Naruto suspirou – era estranho, mas acalmava...

- me surpreendeu saber que você agora bebia também! – Kiba sorriu – tanta coisa aconteceu, você mudou muito!

- mudar não significa melhorar...

- isso é questão de ponto de vista, - ele tragou mais uma vez e encarou o horizonte – eu queria ter te trago aqui assim que você voltou...

- por que?

- como você é insensível! – o moreno cruzou os braços.

Eu não era, muito pelo contrário, e exatamente por isso eu não conseguia ficar muito tempo naquele lugar, quando éramos mais novos Kiba e eu costumávamos ficar ali, horas à fio, apenas nós dois, era o meu lugar favorito naquela cidade, mas todas aquelas lembranças boas me deixavam com raiva, porque eu sabia que aqueles momentos não foram o suficiente para faze-lo lutar por mim, eu teria ficado a vida toda ali, mas eu fui pouco para ele, e isso me frustrava até hoje, não o fato dele não ter lutado por mim, e sim de eu ter entregado toda minha e meus planos pro futuro à alguém que não se importou nem mesmo um pouco, e eu já estava começando a me perguntar o que eu fazia ali.

- eu não sei de você há muito tempo, - Kiba comentou – ninguém soube na verdade, isso me frustra até hoje, me fala daquela viagem!

- o que? – Naruto despertou de seu devaneio.

- me fala de Nova York! Me fala o que você viveu lá, e me conta o real motivo de você ter voltado!

Eu arregalei levemente os olhos, eu me surpreendido, nunca tinha falado nada daquilo à ninguém, em partes porque ninguém se importava e em partes porque eu temia, quando encarei os olhos de Kiba sedentos por uma resposta eu temi, temi que ele zombasse de mim, que ele me repreendesse, que ele ficasse com raiva, e eu pensei naqueles curtos anos em uma questão de segundos, e fiquei ansioso, e temeroso ao mesmo tempo.

- eu não me orgulho dessa história... – Naruto suspirou.

- ainda assim, eu quero muito saber, confia em mim, ficará só entre a gente...

O problema em si não era confiar, era colocar em palavras toda a dor que eu carreguei naqueles anos, mas acho que já estava na hora falar com alguém.

- está bem... – o loiro suspirou – mas não espere nada empolgante!

- me conta logo! – Kiba sorriu – desde o começo!

Naruto contava vendo todas as suas lembranças passarem diante de seus olhos, como num filme, vez ou outra um sorriso tímido se fazia em seu rosto.

- sabe, para ir embora não precisa planejamento, finanças, nem coisa do tipo, basta se ter coragem, acontece que coragem não demanda inteligência! – o loiro sorriu – e no meu caso eu só precisei de 5 minutos de uma coragem insana...

- eu imaginei...

- você sabe, - Naruto suspirou – acabou sendo tão rápido que pareceu que eu só fechei os olhos, e quando abri estava lá...

- flashback –

- acontece que você me prometeu! – Naruto gritava com Kiba – prometeu que ficaria tudo bem! Que ficaria comigo!

- você não entende! – Kiba falava bravo – tem muita coisa em jogo!

- olha pra mim! – Naruto mostrava as marcas roxas em seus braços e em seu rosto – isso foi o que aconteceu comigo por confiar em você! Por acreditar em você!

- Eu...

- você nada! – o loiro gritava – você só precisa a aprender à não fazer promessas que você não pode cumprir! – o loiro foi se desarmando aos poucos e começando à chorar – você me machucou de uma forma que eu nunca pude imaginar que alguém conseguiria, você é ainda pior que ele!

- não fale assim...

- ou o que! Vai se esforçar pra me provar que eu estou errado?! Duvido muito!

Naruto saiu com pressa da casa de Kiba, pessoas na rua apontavam e comentavam umas com as outras, alguns nem se davam ao trabalho de sussurrar.

- veja só! – uma mulher comentava com outra sem se importar se o loiro podia ouvi-la – deve ter provocado mais um briga em algum bar! Que vergonha!

- pobre Minuto, - outra senhora comentava – tão bom, aguentando um filho tão indigno!

Ele correu, até chegar na casa de seus pais, aos prantos ele subia as escadas para ir para seu quarto quando sua mãe o viu da ponta de escada.

- eu não acredito! – Kushina desceu as escadas apavorada – você realmente estava naquele bar!

- que bar?! – Naruto perguntou com raiva pois sabia que sua versão jamais seria ouvida.

- no meio daquela briga pavorosa! – Kushina gritou.

- estava! – Naruto gritou de volta – louco de bêbado! Sai batendo em todos naquele maldito lugar!

- por que você faz essas coisas meu filho?!

- porque eu odeio esse lugar! – Naruto gritou subindo as escadas.

Já em seu quarto ele tentava controlar a raiva que o consumia mas nada parecia funcionar, sua respiração estava acelerada, e ele mal podia conter os impulsos ao esmurrar a parede, em dado momento ele deu murro certeiro próximo à janela, encarando ali os navios pesqueiros que estavam atracados, vendo os marinheiros se arrumarem para o que ele julgou uma nova viagem até a cidade vizinha.

Sua cabeça estava a mil, vários pensamentos ecoavam em seus ouvidos ao mesmo tempo, quando como num frenesi ele tirou uma mochila do guarda-roupa e começou a guardar algumas mudas de roupas, tirou da antiga gaveta todos os seus manuscritos e ajeitou no canto da bolsa, em seguida pegou um envelope com o dinheiro que ele guardou por anos de aniversários e datas especiais, ainda assim não era muito, mas devia bastar para algo.

- eu sempre disse que ia te usar pra ir embora mesmo, - Naruto arcava enquanto contava as notas e guardava nos bolsos – queria estar indo com Kiba, com calma, pra construir uma vida nova, mas pelo visto vou sozinho, - ele encarou o ambiente mais uma vez – não estou perdendo nada aqui mesmo...

Ao descer as escadas ele encontrou com Kushina na porta, ela encarou a mochila e ele em seguida, Naruto suspirou com medo de perder sua motivação.

- eu não tenho nada aqui, mãe, me deixa buscar algo melhor...

Mesmo relutante e surpresa, a ruiva apenas deu espaço para o loiro passar, e ele saiu correndo, o sol quase estava se pondo quando ele chegou no cais, os marinheiros e pescadores pareceram não se importar com sua presença ali, ele se aproximou até um dos capitães que estava analisando a rota na areia e perguntou sobre uma vaga até o próximo porto, o capitão o encarou por algum instantes percebendo sua agitação e ficou preocupado, Naruto explicou o motivo da raiva por cima, e focou em seus planos.

- tudo que eu quero é a minha melhor chance! – Naruto explicou quase chorando.

- eu não vou te cobrar garoto, - o capitão disse subindo no navio – todos temos a chance de buscar algo melhor, você não é diferente, saímos em cinco minutos!

O loiro sorriu animado quando ouviu seu pai o chamar.

- eu não vou voltar! – Naruto disse temeroso ao ver Minato se aproximar.

- quer mesmo ir para o desconhecido?

- quero tentar pai! É minha chance! Não entende?!

- eu não vou te impedir, - Minuto tirou do bolso um envelope – afinal, hoje você faz 18 anos...

O loiro arregalou os olhos, pois com todos os outros acontecimentos ele acabou esquecendo a data do seu próprio aniversário, ele pegou o envelope e reparou no endereço.

- é pra você poder me escrever enquanto estiver lá, - Minuto sorriu – você será um grande escritor filho, disso eu tenho certeza!

“- Depois de me despedir dele eu subi a bordo, - Naruto explicava à Kiba – meu medo era ficar ali o encarando, encarando essa cidade, e esquecer os motivos pelos quais eu estava indo, quando o navio partiu, eu fiquei na proa vendo a cidade se afastar, eu sabia que eu estava indo para mar aberto, e o medo era grande, eu chorei muito, porque desde ali já sentia falta dos meus pais, mas pela primeira vez em muito tempo eu experimentei uma sensação única...

- qual sensação? – Kiba questionou.

- esperança, - o loiro suspirou – esperança de um tempo bom, - o loiro continuou sorrindo – do segundo porto eu peguei mais um navio, e depois um trem, e enfim um avião! Foi incrível experimentar tudo aquilo pela primeira vez, eu sorria o tempo todo, cheguei em New York à noite, até hoje não consigo por em palavras a emoção que foi ver aquela cidade enorme toda iluminada!”

Naruto caminhava pelas ruas abismado com tanta beleza, com tantas pessoas, e experimentou pela primeira vez ser só mais um em meio à uma multidão, andar tranquilo pelas ruas sem ouvir comentários sobre ele, sem ver olhares maldosos sobre ele, se sentiu livre enfim.

Caminhando pela ruas ele tinha um objetivo, no meio daquela imensa cidade encontrar a faculdade de Literatura, ele sabia que não seria fácil entrar, mas queria saber o que precisava, e como fazia para ingressar, então ele saiu perguntando aos taxistas das ruas, e ficava surpreso por nenhum deles o tratar com hostilidade.

Quando enfim chegou à faculdade já era tarde da noite, mesmo assim a secretaria estava aberta, ele entrou com um pouco de medo, encarou a secretária e expôs sua vontade de ingressar, mas infelizmente a data de pagar o vestibular havia acabado naquela manhã, e ela só poderia aceitar a inscrição do mesmo se ele apresentasse o canhoto do boleto, Naruto se sentiu desolado, ele não podia deixar ter chegado até ali para nada, então ele suspirou e insistiu com a secretária que havia vindo de longe, pagado o boleto antes e que provavelmente tinha perdido à caminho, não se sabe quanto tempo ele insistiu nessa história, quando um jovem de cabelos longos se aproximou sorrindo e com um canhoto em mãos.

- Sônia! – o jovem sorriu – isso não é jeito de se tratar os calouros?

- senhor, - a secretário claramente ficou tensa – ele não tem o canhoto...

- claro que tem, - o homem entregou o canhoto que ele tinha em mãos, deve ter caído e ele não viu...

Naruto não entendeu o porquê aquele rapaz o estava ajudando, mas aceitou a ajuda de bom grado, enquanto a secretária preenchia sua inscrição ele encara abismado a beleza daquele rapaz de olhos perolados, que vez ou outra sorria de volta para o loiro.

- sua prova será amanhã de manhã, é a última leva, - a secretária sorriu entregando os papéis para o loiro – boa sorte!

- obrigada! – Naruto mal se cabia de tanta alegria – muito abrigada mesmo!

Já fora da secretária Naruto mal sabia como agradecer pela ajuda.

- olha, - o loiro sorria – eu mal consigo colocar em palavras o quanto isso é importante pra mim! Obrigada mesmo! Mal sei como te agradecer!

- hahaha está tudo bem, vem por mim! – o rapaz sorriu – sei de um jeito fácil de você me agradecer, vem tomar um café comigo, aproveita e me conta sua verdadeira história!

- mas já passam das dez... – Naruto encarou o relógio.

- e daí? – o rapaz riu – está tão preocupado com a prova assim? Te garanto que uma resenha você deve conseguir realizar sem problemas...

- não é isso, - o loiro encarou em volta – onde acharemos algum lugar aberto à essa hora?

O rapaz não se conteve e riu alto.

- você realmente não é daqui não é mesmo? – disse o rapaz puxando Naruto pelo braço – essa cidade nunca dorme meu caro...

- hey! – Naruto sorriu – não vai nem mesmo me dizer seu nome?

- é Neji, - o rapaz se virou exibindo um lindo sorriso – Neji Hyuuga!

- o meu é Naruto, Naruto Uzumaki!

- bom Naruto, mal posso esperar para ouvir sua história...


Notas Finais


Meus amores mil perdões pelo sumisso, mas as coisas estavam bem complicadas ultimamente, mas está ai, um novo cap pra vocês ❤


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