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História O acordo - Estranhos que se conhecem bem


Escrita por: safirimark

Notas do Autor


O amor pode nos levar do céu ao inferno, mas sempre nos leva à algum lugar...

Capítulo 3 - Estranhos que se conhecem bem


Durante a madrugada o som do mar pode ser ensurdecedor, e pode ficar ainda pior quando se mora perto de um caís, naquela noite eu estava voltando cansado depois de uma longa faxina na loja, a rua estava deserta, naquele horário sempre estava, o relógio marcava 1h, o céu estrelado aparentava o contrário, a noite estava gelada, as vezes eu podia jurar que o vento ia cortar o meu rosto, o encontro com Kiba havia mexido comigo, era como se naquele breve encontro ele tivesse levado os sentimentos bons que eu carregava comigo, no fim da rua tinha o píer, eu deveria virar à esquerda e ir direto pro meu apartamento, mas aquele píer, ah aquele píer, ele roubava tudo de mim, até hoje eu não sei explicar porque ao invés de ir pra casa eu caminhei até ali, mas ainda bem que caminhei.
Eu fui até a ponta, me debrucei na grade, a lua estava cheia e a maré agitada, algumas ondas batiam com tamanha violência ali, que mesmo apesar da altura, algumas gostas ainda caíam em mim, eu olhava para baixo, quantas vezes eu não pensei em me jogar dali? Me atirar no mar, ir e nunca mais voltar, quantas vezes eu já não desejei que por acidente aquele píer se partisse comigo ali, assim as ondas me levariam e acabariam o serviço por mim, eu sempre fui covarde demais, até mesmo para me jogar, covarde demais para seguir em frente com os meus desejos...
- sempre covarde demais... – Naruto sussurrou enquanto olhava as ondas.
- meio frio aqui não? – Itachi disse se aproximando.
- é, - Naruto disse sem muito ânimo – o que você faz aqui?
- estava alugando um quarto, - Itachi sorriu – o mar se fez ouvir até da pousada Haruno, fiquei preocupado, as ondas daqui são bem violentas...
- não o suficiente pra afundar um barco atracado, - Naruto olhou em direção ao barco de Itachi – arranhar talvez...
Uma onda alta bateu no píer, as gotas salgadas chegaram no meu rosto, atingiram Itachi também, ele estava com um olhar curioso, não chegou a se importar com as gotas.
- eu achei que você não gostasse de mar... – Itachi disse olhando para a imensidão.
- na verdade eu tenho medo... – o loiro suspirou.
- medo? – Itachi olhou para baixo e percebeu que a maré subia – você está perto demais para alguém que tem medo...
- é... – o loiro suspirou – é contraditório, mas eu gosto desse lugar...
- à essa hora? – Itachi sorriu – aqui é meio perigoso...
- em anos esse píer só partiu uma vez, - Naruto disse olhando para baixo – e eu não estava aqui, vai ver ele também gosta de mim...
- você está com um olhar triste, - Itachi segurou gentilmente o rosto do loiro e fez o mesmo olhar para ele – aconteceu alguma coisa?
- não, - o loiro disse com a voz chorosa – é que... É que esse lugar tinha tudo pra ser especial pra mim, mas agora... Sei lá, se tornou um lugar triste... Essa cidade é um lugar triste...
- por que você acha isso?
- olha em volta, esse lugar por si só é deprimente...
- e por que você voltou? – Itachi ficou curioso - se odeia tanto esse lugar...
- eu não tinha pra onde ir, - Naruto disse com a voz embargada – por mais que eu odeie esse lugar, aqui ainda é meu lar...
- não precisa ser, - Itachi abraçou Naruto por trás – uma vez eu ouvi que às vezes, lar pode ser uma pessoa e não um lugar, - Itachi sorriu – ter pra quem voltar...
- eu acho que eu não tenho alguém assim... – Naruto colocou a mão sobre a mão de Itachi.
- acabou de ganhar...
Foi quando ele me virou para ele, eu encarei seus olhos brilhantes, e senti pela primeira vez em muito tempo que eu não estava sozinho, foi quando ele delicadamente me beijou, aquele beijo teve mais de mil significados pra mim, eu queria fazer dele meu lar a partir dali, mas sabia que eu não conseguiria ser o dele.
***
Naquela manhã eu acordei com ele do meu lado, me senti feliz por um segundo, mas depois me veio uma certa preocupação, quanto tempo aquilo duraria? Será que ele estava sendo sincero comigo? E se estivesse, o que ele viu em mim? Será que eu era um delírio? Uma crise de meia idade? Não, isso não, ele ainda não tinha idade pra ter uma crise de meia idade, e foi quando eu percebi, eu não sabia nada dele, ele era um completo estranho.
Mas mesmo assim, eu já sentia que o amava, quando eu olhei dormir eu senti uma paz enorme, senti como se o mundo lá fora não existisse, porém era absurdo, era como um filme infantil, eu tinha me apaixonado à primeira vista, mas como aquilo era vida real, eu estava cheio de incertezas, quanto à ele, ele não.
- tá tudo bem? – Itachi perguntou se espreguiçando.
- tá sim, - Naruto disse disfarçando o nervosismo – tá tudo ótimo...
- se eu não te conhecesse bem diria que está nervoso...
- esse é o ponto, - o loiro disse quase sem fazer pausas para respirar – você não me conhece bem, eu não te conheço bem, não sei se posso dizer que te conheço, mas a gente tá aqui, agindo como...
- como dois estranhos que se conhecem bem?  - Itachi sorriu – e qual problema nisso?
- que não é real... – Naruto suspirou.
- o que é real pra você? – Itachi abraçou Naruto por trás e começou a beijar as suas costas – o que você pode sentir? Porque eu sinto você, - o moreno lhe dava leves beijos pelas costas subindo até o pescoço – sinto seu cheiro, seu gosto, seu sabor, - Itachi sussurrou no ouvido de Naruto – sinto também sua temperatura, percebo que ela aumenta quando eu toco você...
- só que isso não deveria acontecer... – Naruto sussurrou.
- mas já está acontecendo, - Itachi virou o rosto do loiro para si – e já que estamos aqui, vamos aproveitar cada momento, sem perder tempo procurando explicações...
Ele me beijou com paixão, eu não sentia que ele apenas me beijava, era como se ele quisesse sentir o gosto da minha boca, eu podia sentir o da dele, era indescritível, o como aquilo era bom, ele tinha razão, e eu só percebi isso enquanto sentia suas mãos deslizarem pelo meu corpo, sentia o calor do corpo dele encostado ao meu, quer dizer, aquilo tudo era tão bom, tão incrível, vai ver que eu não tinha com o que me preocupar, vai que aquele homem que estava ali me realizando, era meio que um pedido de desculpas do universo, algo do tipo “sentimos muito por ter pegado desnecessariamente no seu pé, toma aqui um presente de consolação”, e se fosse isso, posso lhes garantir que o universo é generoso quando se trata de presentes.
***
Tudo estava em seu devido lugar pela primeira vez na minha vida, eu estava atrasado para encontrar com meu pai, mas sinceramente aquilo não me importava, depois da conversa com Itachi eu me senti bem, senti como se nada mais pudesse me fazer mal, ai como estava enganado.
Senti duas mãos pesadas me empurrando em direção à um beco, de primeiro instante eu me assustei, mas depois, quando vi que se tratava de Kiba, eu só me irritei.
- que merda é essa?! – Naruto perguntou bravo.
- eu que pergunto! – Kiba disse com raiva – que merda é essa?! Há quanto tempo você voltou pra cá?
- uns meses, - Naruto suspirou – por que se importa?
- que pergunta idiota, - Kiba se aproximou do rosto de Naruto e disse numa altura que somente o loiro poderia ouvir – eu senti sua falta...
- sentiu porra nenhuma... – o loiro afastou Kiba com as mãos.
- por que não acredita em mim? – Kiba carinhosamente segurou a mão do loiro.
- três anos, - Naruto sorriu ironicamente – eu fiquei três anos fora, nunca recebi um e-mail seu, uma mensagem, nada do tipo, nem no meu aniversário, por que eu acreditaria que você sentiu minha falta?
- porque é verdade, - Kiba disse tentando convencer – você sabe que eu não podia te procurar, meu pai...
- nos mataria? – Naruto puxou a mão – engraçado, eu não lembro dele encostar nenhum dedo em você!
- mas machucou você! – Kiba disse com os olhos cheios de água -  eu não consegui te proteger antes, claro que não ia provocar ele de novo...
- e pode proteger agora?! – Naruto gritou – então o que mudou?!
- eu ainda amo você, caramba! – Kiba foi incisivo.
Naruto não escondeu as lágrimas de raiva que rolaram, e disse em tom sério:
- você e seu amor podem dar as mãos e ir pro inferno...
Eu sai dali sem olhar pra trás, sai perturbado, machucado, um encontro daqueles nunca poderia ter acontecido, memórias drásticas me assombraram o caminho todo, cheguei completamente desnorteado na loja do meu pai, ele percebeu meu estado, perguntou algumas vezes o que tinha acontecido, eu não respondi a verdade, eu tinha medo dele descobrir a verdade, medo do que ele poderia pensar, do que ele diria, eu tive muito medo, então disfarcei dizendo que estava com uma forte dor de cabeça, ele não engoliu, mas não quis prolongar a conversa na frente da minha mãe.
Não demorou muito o prefeito chegou, ele veio acompanhado de outros assessores, a presença dele me incomodava, mexia muito comigo, foi quando eu sai dali, fui para o andar de cima da loja fingir que organizava algumas coisas, ai da lá eu ouvia o que eles conversavam, nada de muito importante, reorganizando algumas mercadorias do estoque quando lembrei dele, do sorriso na verdade, do som do riso dele, simplesmente invadiu meu pensamento, aquela manhã, a noite anterior, os beijos dele...
- flashback –
Itachi beijava Naruto apaixonadamente, o loiro o despia desesperadamente, o beijando com força e paixão, enquanto desabotoava a blusa do moreno ele comentou baixo:
- isso vai ter que ficar entre nós!
- e só interessa a nós... – Itachi riu deitando o loiro no chão.
O moreno beijava Naruto quando o farol ofuscou seus olhos, ele sorriu encarando a luz:
- é uma vista fantástica...
- odeio esse farol! – Naruto voltava a beijar Itachi – me incomoda muito...
- sério?
- uhum, - Naruto aprofundava os beijos mas sentia que o moreno não correspondia – algo errado?
- o que tem de errado aqui? – Itachi perguntou curioso – o que tem de errado com a cidade?
- perderia a noite toda listando isso pra você, - Naruto disse se soltando do moreno – não quero fazer isso...
- então lista as coisas que você mais gosta... – Itachi abraçou Naruto.
- essa é maia difícil...
- tá tudo bem, - Itachi sorriu – eu tenho a noite toda pra te ouvir...
- fim do flashback –
Foi quando do nada eu senti as mãos do prefeito agarrarem meu braço, ele me empurrou contra a parede e disse bravo, mas tomando cuidado com o tom de voz para não ser ouvido por mais ninguém além de mim:
- você procurou ele não?! Foi atrás dele?!
- do que você está falando? – Naruto disse sentindo a dor do impacto na parede.
- foi atrás dele de novo?! – o prefeito disse impaciente – eu te mato se chegar perto do meu filho de novo!
- nunca fui eu que procurei ele, - Naruto sorriu com ar de superioridade – você que nunca acreditou.
Foi ele num movimento rápido me segurou pelo pescoço e apertou, eu senti o ar faltar instantaneamente, um arrepio passou pela minha espinha, eu podia ver o ódio transbordar de seus olhos, ele apertava cada vez mais, sentia as batidas do meu coração nas veias sobre saltadas do meu pescoço.
- quase te matei uma vez, - o prefeito dizia com ódio – posso matar agora...
- só que eu não tenho mais doze anos... – Naruto tentava se soltar.
- meu caro, - o prefeito sussurrou perto do rosto do loiro – isso não faz a menor diferença.
E assim como chegou ele foi embora, eu procurava ar desesperadamente, aquele encontro mexeu comigo, apesar de repetir pra mim mesmo que eu ia ficar tudo bem, eu queria mesmo era correr pros braços do meu pai, e chorar como um garotinho de 5 anos.


Notas Finais


Ai meus amores, mais um cap pra vocês ♡


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