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História O acordo - O píer


Escrita por: safirimark

Notas do Autor


A águas violentas costumam machucar, mas mesmo as águas mais calmas são capazes de afogar

Capítulo 8 - O píer


Fanfic / Fanfiction O acordo - O píer

O ser humano está em constante alerta, mesmo que a gente não perceba, é instintivo, mesmo relaxados nossos sentidos estão sempre se certificando se está tudo certo, como por exemplo, quando você entra numa festa cheia de pessoas, você sempre olha em volta, já reparou? Por mil motivos, você quer encontrar um conhecido, ver se tem gente bonita por perto, enquanto faz isso, seu nariz está rastreando o cheio do lugar, memorizando, identificando, os mais fortes você percebe de cara, o cheiro do ar condicionado, de limpeza, de perfumes, mas seu corpo na realidade que sentir o cheiro do suor das outras pessoas, acredite se quiser, isso já foi provado cientificamente, você não faz por mal, você não percebe, mas sempre procura o cheiro do suor das pessoas. Sabe por que? É o cheiro delas, é único, e a gente quase nunca sente, nenhum é igual o outro, é como se fosse a sua assinatura, veja bem que não estamos falando aqui do suor depois de ter corrido 3 quilômetros no sol, e sim do suor legítimo, aquele que normalmente só pode ser sentido depois de um banho, sem sabonetes, sem perfumes, aquele é seu cheiro, eu sabia disso tudo desde os dez anos, mas só entendi ali, naquela manhã, no auge dos meus 21 anos, o que significava um cheiro único, foi o que ele deixou no meu travesseiro.
- tá tudo bem? – Itachi perguntou enquanto penteava os cabelos.
- está sim, - Naruto soltou o travesseiro que Itachi havia usado para dormir – só queria ficar aqui mesmo, mais um tempo sabe?
- por que? – Itachi perguntou sorrindo, pois a resposta já era óbvia.
- odeio sair daqui, - o loiro se levantou da cama e foi até a janela – e conviver lá fora...
- você não admite, - Itachi abraçou o loiro – mas você gosta desse lugar...
- está enganado...
- não estou não, - o moreno riu – se odiasse, teria me pedido pra irmos embora o mais rápido possível, mas ao invés disso me pediu pra ficar...
- não pedi que ficasse, - Naruto ficou pensativo – você ficou porque quis...
- não foi não, - Itachi riu – por mim eu te levava pra continuar viajando comigo, mas você não quis isso, porque gosta daqui, ou gosta muito de alguém daqui...
- nunca falei isso, - Naruto cruzou os braços – nunca nem mesmo conversamos sobre isso...
- tem várias formas de se dizer alguma coisa, - Itachi beijou o loiro levemente – palavras é apenas uma delas...
- Itachi você está viajando...
- será? – o moreno riu saindo do quarto.
- não precisa ir embora agora, - Naruto o seguiu – ainda temos tempo...
- você tem, - Itachi colocou o casaco – eu preciso organizar mais algumas coisas, - o moreno pegou o buquê de rosas que Kiba havia deixado no apartamento – se livre delas, não é bom mantê-las aqui...
- por que? – o loiro estranhou – afinal são só flores...
- não entende? – Itachi disse sério – o problema não é o que elas são, e sim o que representam, a intenção de quem te deu, livre-se delas...
- tudo bem, - Naruto disse sério – vou ver o que faço com elas...
- te vejo à noite? – Itachi perguntou olhando para o celular – o pior é que aqui nunca tem área...
- normalmente não, - o loiro disse indo para cozinha – aqui é baixo e rodeado por montanhas, sem sinal, sem internet, tudo muito arcaico, nem sei o porquê paramos de perseguir as bruxas...
- para com isso, - o moreno lhe beijou levemente – te vejo à noite, mas lá em casa!
- mal vejo a hora!
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Era estranho se sentir daquele jeito, se sentir apaixonado é similar com se sentir doente, do nada te falta ar, seu coração acelera, quando estava com ele, podia jurar que até ficava febril.
À caminho da loja do meu pai eu vi algumas faixas no caminho, convidando à todos para a reunião preparativa da eleição, em cidades grandes isso não acontece, os candidatos à eleição sempre são apresentados por folders ou meios comunicativos, como a nossa cidade era do tamanho de um bairro, faziam essas reuniões para apresentar os candidatos e suas propostas, o que era incoerente, já que desde que eu me recordo, só tínhamos um candidato.
Perto da loja percebi o olhar estranho de dois homens para mim, eles não falaram nada, não fizeram nada, apenas me encaravam, um arrepio me subiu à espinha, pois eu não conhecia nenhum dos dois, nunca os tinha visto, e eles usavam roupas pesadas e escuras, de óculos escuros apesar do tempo nublado, eu entrei logo em seguida para a loja do meu pai, e ainda sim, pelo vidro, eu conseguia ver que eles me observavam sem medo de serem notados.
- está tudo bem? – Kushina perguntou encarando os olhos assustados do filho.
- sim está...
Não, não estava, eu estava com medo, inseguro, e achava que aqueles homens por algum motivo podiam me fazer mal, mas não adiantava falar nada daquilo com a minha mãe, ele cresceu naquela cidade, assim como seus pais, seus avós, seu bisavós, e etc., ela tinha a cabeça fechada, sempre preocupada com as aparências, então não dava muita atenção para teorias da conspiração, como as que eu carregava comigo.
Nem sempre foi assim, quando eu era criança ela era extremamente cuidadosa comigo, e queria estar sempre por perto, até eu escrever aquele livro da amostra cultural, foi quando ela começou a se preocupar com o meu comportamento, um tempo depois desse episódio, eu não sabia explicar porquê, mas comecei a ter terror noturno, pesadelos perturbadores, meu pai queria me levar para consultar um especialista, já ela, estimulada por gente da cidade, queria me levar à um exorcista, desde então, eu descobri que não podia contar com ela pra muita coisa, as coisas foram piorando conforme eu fui crescendo, ela, assim como a grande parte da cidade, acreditava cegamente naquilo que o prefeito falava ou julgava certo, como eu sempre discordava, nossos diálogos sempre acabavam em discussão, até que eu parei de conversar com ela, afinal, um dia a gente cansa.
- tenho que conversar com você! – Minato sorriu.
- sobre o que? – Naruto disse sem muito interesse.
- lembra de quando comentamos sobre expandir a loja? – Minato continuou – vamos fazer isso em forma de café! Sua mãe está empolgada, usaremos toda a parte da frente e subiremos a loja...
- é? – Naruto não se importou muito.
- sim! – Kushina comentou – além de aumentar a nossa renda, vou conseguir trabalhar com o que eu sempre quis!
- que bom pra você mãe...
- e você vai nos ajudar, - Minato sorriu – tenho grandes expectativas, ainda mais agora com as eleições próximas...
- sério? – Naruto disse ironicamente.
- preciso que você vá até o Caís, - Kushina entregou um pacote fechado para Naruto – leve isso para pousada, a Ino encomendou há algumas semanas...
- tudo bem... – Naruto pegou o pacote e saiu.
Era um ótimo momento para sair dali, queria só olhar para aqueles homens, ver se não era paranóia minha, ou se eles realmente estavam me seguindo, quando eu virei a esquina, pude perceber que ninguém me seguia realmente. Eu devia estar imaginando coisas, o encontro com Kiba havia me deixado preocupado, pensei nele o caminho todo, depois de entregar o pacote na pousada, ele observei o Caís de longe, o céu nublado me lembrava algo, mas não sabia dizer ao certo o que era, algo me chamou cada vez mais a atenção naquela paisagem, o céu nublado, o mar agitado, as ruas vazias, instintivamente fui chegando mais perto, até encostar na ponta do píer, tinha uma proteção de madeira contra as crianças, mas isso não esteve sempre lá, colocaram depois de uma criança caiu, já mencionei que eu fui essa criança?
O barulho do mar estava me fazendo lembrar, mas era confuso, era assustador, não era uma memória inteira, eu olhei para os cantos, onde dava a beira do mar, lá já não havia proteção, e a maré subia, apesar do horário, eu lembrava daquilo, já havia acontecido antes, pequenos flashes passavam diante dos meus olhos, gritos, minhas lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto, uma dor insuportável que eu não conseguia descrever, vergonha, e uma risada, uma risada maléfica, que parecia se divertir com toda aquela situação, o barulho do mar ao longe, ouvia algumas gotas cair no chão em uma espécie de poça, mas era confuso, eu lembrava da sensação, dos sons, mas não das imagens, era tudo muito turvo, eu estava arrepiado, foi quando eu senti duas mãos fortes me empurrarem, eu desequilibrei, tentei me segurar na proteção de madeira, mas então, senti me empurrarem de novo.
Foi rápido, num momento eu respirava assustado, no outro, mergulhei naquela água fria, o espelho d'àgua me machucou, não conseguia pensar, eu estava afundando, naquela altura o mar não me dava pé, as ondas violentas me jogavam cada vez para mais longe, eu não conseguia nem mesmo olhar para onde, a água salgada machucava meus olhos, já sentia o gosto dela na minha boca, e foi quando aconteceu, meu corpo não me respondeu mais, ele enrijeceu.
Confesso que é ainda mais assustador do que falam, quando você não sabe o que está acontecendo, você desliga, acho que simplesmente se deixa morrer, mas quando você sabe que seu corpo parou de te responder, porque você está afogando, é desesperado, é contar os minutos, esperando a morte acolher você.


Notas Finais


Gente, desculpa a demora pra atualizar, sério! 😢


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