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História O acordo - A mais curta história de amor


Escrita por: safirimark

Notas do Autor


Um amor não precisa ser duradouro, só precisa ser sincero.

Capítulo 21 - A mais curta história de amor


No final a gente não leva nada dessa vida, aqui ficam nossas riquezas, nossas certezas e inclusive as novas memórias, nada fica, e ninguém sabe para onde vamos, apenas continuamos vivos na memória de quem amamos, de quem nos amou, e analisando isso à sangue frio, me parece pouco, me parece muito pouco, quase não chega à bastar. Eu nunca tive coragem de tentar algo contra a minha própria vida, e enquanto via os arquivos daquele pen drive me perguntei mil vezes como o Tobirama teve coragem.

Haviam vários arquivos de vídeos e áudios, listei por datas, os primeiros davam uma certa alegria só de olhar, registros de viagens, encontros secretos, eles tinham uma introdução, não demorou muito para eu entender que se tratava de um vídeo diário.

“- Hoje 17 de março! – Tobirama sorria segurando a câmera na mão – uma terça-feira, e nós estamos em...

- uma reunião muito importante! – Memma aparecia rindo no enquadramento da câmera – não escondidos numa pequena cabana na montanha oeste!

- e hoje é um dia muito especial! – Tobirama sorria – porque hoje comemoramos 99 dias que eu amo esse moço aqui!

- faltam poucas horas pra 100! – Memma o beijou carinhosamente.”

Vários vídeos se tratavam dessas contagens, durou pouco, não completou um ano, os últimos vídeos me preocuparam, todos os sentimentos bons que eu tinha criado pelos primeiros vídeos pareciam ameaçados, e um sentimento ruim me abraçava ao final de cada um, tudo começou no vídeo do 250° dia.

“- quase 300! – Tobirama sorria se jogando na cama ao lado de Memma – o que você tem pra dizer para os nossos futuros filhos?

- futuros filhos, - Memma se espreguiçava como quem tinha acabado de acordar – vocês tem um pai idiota! E louco...

- louco sim! – Tobirama abriu um sorriso ainda maior – louco pelo seu pai, e provavelmente por vocês, porque né...

Memma olhava constantemente para a janela, isso parecia incomodar um pouco Tobirama.

- eu já disse que está tudo bem! – Tobirama abraçou o loiro – em 20 dias estaremos bem longe daqui!

O celular de Memma tocou e ele atendeu com descrição, Tobirama o encarava constantemente, sem olhar em nenhum instante para a câmera.

- eu tenho que ir... – Memma se vestia apressado.

- mas...

- 20 dias! – Memma abraçou Tobirama o beijando nos lábios e em seguida encarou a câmera – e vamos rir de tudo isso, e gravar centenas de vídeos para os nossos futuros filhos!”

Mas só foram gravados mais 8 vídeos, de momentos íntimos, descontraídos, inúmeras juras de amor, e de esperança de um futuro melhor, longe dali, mas a ameaça nunca ficava clara, até o último vídeo.

“- malas prontas? – Tobirama sorria – viagem antecipada!

- viagem sem volta! – Memma parecia feliz fechando a última mala e a levando até o carro – agora só falta um navio, e um vôo sem escalas de 15 horas e o Alaska nos espera!

- Alaska é o nome do nosso cachorro! – Tobirama sorri mostrando a foto de um filhote de Huskin siberiano no celular – nosso primeiro filho que está nos esperando na fazenda da minha avó na Áustria! 

- nossa nova casa! – Memma entrou na casa de Tobirama e apontou para os quadros na parede – não levaremos eles?

- não temos tempo de empacotar todos! – Tobirama gravava um à um – mas podemos revela-las de novo! Deixe essas ai como lembrança, elas marcam o início da história de amor mais linda dessa cidade!

- é verdade! – Memma abraçava Tobirama – amor, o Alaska não vai entender nosso diário, gravamos à toa...

- o Alaska é o nosso primeiro filho, teremos mais dois!

- dois?! – Memma arregala os olhos.

- sim, mas filhotes de humanos...

- Tobirama!

- que foi? – Tobirama não entendeu – quer três?

Memma riu do entusiasmo de Tobirama.

- eu te amo... 

- eu te amo mais... – Tobirama sela os lábios de Memma com um beijo.

Foi quando alguém chutou a porta assustando os dois, a câmera caiu no chão e ainda assim gravou vários pés entrando na casa, vez ou outra é possível ver uma arma nas mãos dos invasores, quando o último entra, ele para na porta, não grava seu rosto, mas aquela voz é impossível de ser confundida.

- como assim? – o prefeito diz em tom sarcástico – férias sem me notificar? Para onde vamos viajar?

Misteriosamente, a câmera para de gravar.”

Eu me senti dentro de um livro, ansioso para chegar no final para só então descobrir que a última página foi arrancada, eu estava estático, não tinha mais nenhum arquivo de vídeo, os de áudio eram analises psiquiatras do Memma, eu me sentia entrando em pânico, foi quando em uma pasta vi um arquivo de áudio do mesmo dia, porém ele era curto.

Eu abri ansioso, mas me arrependi, quando ouvi o final daquele arquivo lembrei o porquê romancistas recorrem aos clichês. Os romances da vida real machucam, não tem garantias, e acabam inesperadamente, os bons e velhos clichês servem para acalmar e confortar corações partidos.

Eu até hoje, imagino como Memma deve ter se sentido naquela noite, em um gesto desesperado ele deve ter começado à gravar a conversa, ele já ansiava por justiça há muito tempo, estava reunindo provas, imagino o quão dolorido deve ter sido rever aqueles arquivos, eu abri o arquivo de áudio, e me arrepiei desde o primeiro segundo.

“ – você pretendia ir embora sem me falar nada, - o prefeito dizia calmo, e ao fundo podia se ouvir a conversa paralela dos capangas dele, passos pesados, e o perturbador choro incontrolável de Memma – devo admitir que ninguém nunca conseguiu uma façanha dessa, me fazer de trouxa por tanto tempo, e se eu não chego em cima da hora hein, - o prefeito ria – você ia fugir de mim...

- deixa ele ir! – Memma chorava – ele não tem nada a ver com isso!

- tem e não tem meu caro, - o prefeito mantinha a calma – aperta bem, garanta que vai quebrar o pescoço de primeira, não quero a família de ninguém rondando essa cidade me questionando depois.

- você é um monstro! – Memma gritava desesperado – você não pode! Não pode!

- Memma! – Tobirama pare ia gritar de uma certa distância – tá tudo bem! 

- não... – Memma chorava descontroladamente.

- está sim, - Tobirama parecia calma – ele não pode tirar o que vivemos, nem nossas memórias,  vai ficar tudo bem, eu amo você...

- eu te amo... – Memma sussurrou baixinho, era quase impossível ouvir.

- que bonitinho! – o prefeito ria – qual as suas últimas palavras pro maior erro da sua vida?

- não se esqueça de mim, nem do meu amor por você, - Tobirama suspirou – cuida do Alaska!

- podem soltar... – o prefeito diz com desdém.

- nãoooo! – Memma grita apavorado e aparentemente alguém está o detendo, o impedindo de se levantar.

- olha bem, - a voz do prefeito fica mais próxima, provavelmente ele se abaixou até Memma – olha bem até ele dar seu último suspiro, você é aquela corda Memma! Você fez isso com ele quando pensou que poderia ir pra longe de mim!

O choro de Memma fica cada vez mais alto, e de repente todo o barulho ao redor acaba.

“- ele morreu, - um capanga fala – quer que o deixemos ai?

- sim, - o prefeito fala com naturalidade – e incentive o xerife à possibilidade de suicídio.

- e o que fazemos com o outro? – o capanga pergunta se referindo a Memma.

- deixa que desse cuido eu... – o prefeito diz com certa satisfação.

- por que você não me mata de uma vez? – Memma pergunta quase sem forças.

- porque, - o prefeito explica com calma – há muitos anos atrás eu decidi que você ia me pagar muito caro, você colocou muita coisa em risco, e me fez se afundar nesse lugar, então, a morte ainda é muito pouco pra você, você ainda vai deseja-la por muito tempo...

- eu odeio você... – Memma chorava.

- nunca pedi que me amasse...

- mentiroso! – Memma afirmou com desprezo.

- vem cá, - o prefeito parece se aproximar furioso – quem é Alaska?!

- é um lugar! – Memma pensou rápido, - a última casa da rua das amoreiras, lá é sempre frio, então a chamávamos de Alaska, era nosso lugar...

- que coisa estúpida de se pedir pra guardar... – o prefeito chama um dos seus capangas – Amorim!

- estúpido? – Memma disse com raiva – você nunca vai viver isso com alguém! 

- pode ser, - o prefeito ironizou – mas ninguém nunca vai perder o pescoço por mim! Amorim!

- pronto! – Amorim se aproximou.

- existe uma velha casa no fim da rua das amoreiras... – o prefeito explicou.

- eu sei, ela está tombada.

- Incendeie-a, - o prefeito disse satisfeito – e me traga fotos, vamos aquecer o seu Alaska!”

Memma continuou chorando, não pela casa, acredito que ainda pela morte de Tobirama, o áudio terminou e eu ainda fiquei ali de frente para o computador boquiaberto, sem respirar, eu chorava sem nem mesmo perceber, sem querer parar, naquele momento eu não estava com medo do prefeito, pelo contrário, eu não sentia nada além de raiva, repulsa, e asno.

Eu entendi naquele instante o desejo de justiça de Memma, quem não desejaria? Eu tinha provas físicas em minhas mãos, que precisavam ser protegidas à todo custo. Eu ainda não sabia ao certo a relação que eu tinha com o prefeito, eu ainda tinha lapsos de memórias, mas de um jeito louco, meu medo estava sendo substituído pelo imenso desejo de vingança, sim vingança, ele era um ser humano desprezível, que só fazia mal à pessoas, que só me fez mal, eu precisava encontrar o Itachi de qualquer maneira, eu tirei o pen drive tomando cuidado para não deixar nada no computador de Kiba, mas queria ter uma cópia de segurança, então me mandei todos os arquivos por e-mail, tomando o cuidado de apagar depois da conta de Kiba.

Eu tirei o pen drive decidido à fazer mais uma cópia, precisava mostra aquilo tudo para o Itachi, eu lembrava perfeitamente da nossa conversa mais cedo, eu sabia que ele  não queria se envolver em nada judicial, mas ele era uma pessoa incrível, que com certeza se comoveria com tudo aquilo, ele iria me apoiar em procurar justiça, eu sabia que estava fugindo do meu foco, mas sinceramente, o prefeito não poderia ter feito algo pior comigo do que fez com Memma, e ele precisava pagar!

Quando sai do quarto Kiba vinha vindo do fim do corredor com dois copos de suco na mão.

- já terminou? – ele sorriu, mas depois reparou no estado eufórico do loiro e se preocupou – você está bem?

- estou! – Naruto disse indo em direção à escada – mas preciso ir...

- por que tal rápido? – Kiba puxou o loiro pela mão percebendo que o mês estava tonto – você está pálido, está cambaleando, o que você tem?

- Kiba, me deixa ir... – Naruto disse perdendo a voz.

Eu conhecia aquela sensação, eu estava prestes à ter mais uma crise, eu as odiava, elas só aconteciam nos piores momentos, eu não podia desmaiar ali, corria o risco do Kiba ver o pen drive, eu tremia, e quanto mais tentava me desfazer dos braços dele menos força eu tinha, minha visão estava turva, estávamos na beira da escada e Kiba me puxava para trás me alertando do risco de cair, eu olhava fixamente para a porta. Kiba nunca tinha me feito mal, sinceramente ele não machucaria nem mesmo uma mosca, mas eu não me sentia seguro ali, não me sentia bem, eu queria sair correndo daquele lugar.

Foi quando ouvimos o portão, ambos paramos congelados na posição que estávamos e encaramos a porta de olhos arregalados, o prefeito entrou primeiro, sendo seguido por Itachi, meu ar faltou, o que ele fazia ali?

- o que você está fazendo aqui? – Naruto perguntou com a voz quase sumindo.

- eu moro aqui! – o prefeito respondeu como se fosse óbvio.

- ele não falou com o senhor, pai... – Kiba disse com certo desprezo encarando Itachi.

Minha visão que já estava turva escureceu, eu acabei caindo, ainda senti as mãos de Kiba tentarem me segurar sem sucesso e o primeiro impacto com a escada, depois tudo ficou escuro.

***

Acordei já era tarde da noite, o céu estava todo estrelado, e eu estava na cama de Itachi, eu bati no bolso instantaneamente, senti o pen drive e me acalmei, levantei com cuidado, estava tudo em silêncio, na varanda pude ver Itachi fumar com Sasori, ele comentava que estava preocupado comigo, que estava investigando o prefeito quando deu de cara comigo na casa dele, ele estava bravo, mas não tinha certeza se era comigo, eu ouvi um barulho no andar de cima, e admito, eu estava paranóico.

Temia que o prefeito tivesse me seguido, estivesse planejando me matar, ou pior, machucar o Itachi, eu subi as escadas com medo e receio, mas os pequenos barulhos parecia vir do sótão, eu não acendi as luzes, tinha medo de alertar alguém que eu estava ali, abri com cuidado a porta, mas não precisei entrar.

Logo vi que se tratava de Deidara, novamente, ele estava virado para parede, e havia um homem atrás dele, o penetrando com certa violência enquanto segurava sua boca, eu temi por uma questão de segundos, quando vi a tatuagem da meia lua no pescoço do moreno, então eu só fechei a porta e desci as escadas, imaginando o tipo de pessoas que o Deidara era.

No fim da escada o Itachi estava me esperando.

- precisamos conversar... – Itachi disse sério encarando os olhos azuis do loiro.

- eu sei...



Notas Finais


Mais um cap. Quentinho pra vocês, espero que gostem 💙


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