História O acordo - As pastas

Você tem medo de algo? De alguém? O que te deixa assustado? Quanto tempo faz desde a ultima vez? Ninguém gosta de tomar susto, isso é um fato, mas sabia que esse é o momento em que você mais se sente vivo? É um momento em que você se conecta com os seus instintos e os deixa te guiar. Fácil não é, quem dirá agradável, mas estudando e avaliando esses momentos você aprende muito de si, uma vez eu fiquei muito chapado, só Deus sabe lá do que, eu estava alucinando e perdendo total a minha noção de realidade, foi quando um amigo me disse:

“- Primeiro aceita que você está louco, depois curte a viagem e escute sempre o seu corpo, sua mente é manipulável, seu corpo nem tanto, curta a brisa, mas se sentir fome, coma, se sentir vontade de ir no banheiro, vá, se sentir frio, se cubra, é simples, aprenda sempre á ouvir seu corpo, ele olha por você...”

Deu certo, no outro dia eu apenas estava cansado, mas nada que me martirizasse, depois disso eu comecei à ouvir mais meu corpo, mesmo que em momentos sóbrios, e devo admitir que as coisas melhoraram bastante.

Naquele momento, com a mão no gatilho, eu queria sacar a arma e atirar, mas algo me pediu para esperar, o homem estranho se aproximou sorrindo, mas Neji não sorriu de volta, pelo contrario, ele estava apreensivo, nós estávamos.

- não estou aqui por você! – Zabuza mostrou as mãos – e não espero que você acredite em mim, porém aqui é um lugar especial para um amigo, e as pessoas daqui não estão acostumadas com demonstrações de força, então eu vou me virar, cumprimentar meu amigo, e vou te deixar aqui, enquanto você esconde novamente essa arma, e seus amigos sentam como se nada tivesse acontecido...

- por que eu confiaria em você? – Neji estava apreensivo.

- em momento nenhum te pedi isso, - Zabuza ficou irritado – ou pedi?

- Zabuza! – Haku o abraçou forte – você voltou mais cedo!

- claro que sim! – Zabuza sorriu o guiando até o balcão – disse que ia me esforçar para chegar mais cedo!

- e como foi a pescaria? – Haku seguiu conversando com o amigo.

- pescaria? – Shisui se sentou novamente – eu perdi alguma coisa?

- precisamos ir, - Neji ficou sério – isso não está me cheirando bem...

Saímos de lá sem olhar para trás, a noite já abraçava o céu e as estrelas começaram a se anunciar, as pessoas na rua voltavam para casa tranquilas, sem grades preocupações, enquanto nós três dávamos passos pesados e encarávamos tudo ao nosso redor.

- quem ele era? – Naruto perguntou confuso.

- um assassino de aluguel, - Neji acendeu um cigarro – já nos encontramos algumas vezes, infelizmente...

- e o que ele fazia por aqui? – o loiro estava confuso.

- só Deus sabe... – Shisui comentou pensativo.

***

De frente para o casarão demos inicio ao plano ardiloso, pulamos a primeira grade da parte de trás da casa na esperança de não chamar muita atenção, com um grampo Shisui tentava abrir a porta de trás enquanto Neji o iluminava com uma lanterna, porém as tentativas foram sem sucesso, Neji deu um passo para trás e pegou a corda em sua bolsa, fez com ela um laço e conseguiu atirar até a sacada, quando ele forçou para baixo a sacada rangeu.

- vamos cair... – Naruto comentou – a corda não irá nos aguentar...

- não os três de uma vez, - Shisui começou a subir – fiquem aqui para caso eu cair...

- se você cair e quebrar a perna eu vou te deixar ai! – Neji riu.

- vai nada! – Shisui começou a subir.

Já na janela do segundo andar, ele forçava a tranca com um cartão, eu olhava apreensivamente para os lados, meus medo era que alguém aparecesse e nos denunciasse, ou de que nos machucássemos, não sei explicar direito, apenas me sentia apreensivo.

- ele conseguiu!  - Neji sorriu ou ver Shisui entrar na casa.

Eu respirei aliviado, mas meu alivio não durou tanto tempo quanto eu gostaria, um instante depois que Shisui entrou na casa as luzes se acenderam, andar por andar, cômodo por cômodo, eu fiquei sem reação e meu corpo paralisou, em outra situação eu teria me forçado à correr, mas meu corpo queria ficar ali, e eu fiquei esperando o pior, ouvir passos pesado se aproximar da porta e mexer na maçaneta, Neji apontou a arma para porta pronto para atirar assim que a mesma fosse aberta, e foi quando um supetão ela se abriu.

- BU! – Shisui pulou para fora rindo.

- qual é seu problema?! – Naruto ficou bravo.

- eu quase atirei em você, seu idiota! – Neji suspirou.

- ia atirar nada! – Shisui riu – o quadro de luz é lá em cima, acendi porque essa casa é enorme, vocês não imaginam a quantidade de escadarias!

Eu não disse nada, mas curiosamente, eu sabia sim das escadarias, quando entrei pela porta da cozinha senti um dejavu estranho, nada ali me era estranho, mas também não lembrava de nada com clareza, uma sensação ruim estava tomando conta de mim, quando chegamos na sala meus olhos pousaram na escada de madeira talhada, enquanto Neji e Shisui circulava pelo espaço admirando a grandeza e luxo do lugar.

- muito bem trabalhado, - Neji comentava – bem diferente do que eu esperava...

- falta circular um pouco de ar! – Shisui abriu uma das janelas da sala deixando o vento invadir.

O vento que invadiu a janela passou pelas minhas costas, me trazendo um turbilhão de sensações ruins, todas as lembranças que vieram à minha cabeça no quarto de Itachi voltaram de uma única vez, eu havia chegado no cenário daquelas lembranças.

Minha mente estava turva, eu me lembrei de coisas que nem sabia que haviam acontecido, ele havia me levado para aquele lugar inúmeras vezes, tinha me possuído ali, mas ali era muito mais do que um lugar que ele se escondia, eu subi as escadas atordoado, todas as vezes que eu estivesse naquele andar minha visão estava turva, pois eu não me lembrava claramente daqueles detalhes na parede e nas portas, eu parei diante de uma porta no meio do corredor.

- flashback –

- já te falei para não subir aqui, – o prefeito fechava a porta – você pode cair das escadas...

Naruto estava numa espécie de transe, com os olhos vazios e parecia não ter noção da realidade.

- vamos descer? – o prefeito riu – sabe que não gosto de ninguém aqui...

- fim do flashback –

Eu hesitei quando coloquei a mão na maçaneta fria, eu não sabia exatamente o que esperar, mas precisava entrar, a porta se abriu e revelou um escritório aparentemente comum, eu me aproximei da mesa, havia um computador um tanto quanto velho, e algumas pastas sob a mesa, não havia poeira, ele ainda ia ali com frequência, me sentei de frente ao computador e o liguei, o papel de parede era uma foto de sua família, estranhamente, aquilo me enojou.

Havia algumas pastas com datas, mas estavam protegidas com senha, eu senti a mão suave de Shisui pousar carinhosamente no meu ombro:

- você está bem?

Eu não respondi, estava estático, Neji se aproximou do computador e observou as pastas.

- se quiser eu posso abrir, mas isso vai levar algum tempo...

- faz, Neji... – Shisui pegou Naruto pela mão na intenção de liberar o lugar para o moreno.

Andamos pelo escritório, e em um armário de vidro encontramos diversos potes de vidro pequeno, o armário estava trancado com um cadeado, eu  fiquei encarando um potinho que estava repleto de pequenos frutos verdes, eu me lembrava deles boiando na água, mas não lembrava seu cheiro, nem nada do tipo, Shisui utilizou de mais um grampo para abrir o cadeado, dessa vez não demorou, ele pegou o pote e deu na minha mão.

- lúpulo, - Shisui comentou – e aqui também tem passiflora, xhosa, lótus azul, artemísia, é, o cara tem um arsenal e soníferos e alucinógenos...

- fotografa... – Neji comentou encarando a pela do computador.

- vou recolher digitais também... – Shisui passou um pequeno pano de veludo pelo potes e em seguida um plástico transparente.

- ele usa isso em pessoas, - Naruto observou – as deixa em estado de transe...

- ele é um criminoso, – Shisui suspirou – da pior espécie...

- ele nunca vai ser preso... – o loiro estava desacreditado.

- por isso vamos pegar ele, - Neji disse sério – eu abri as pastas, vocês vão ficar chocados...

- duvido muito... – Shisui riu.

Eles se impressionaram, eu não, acho que eu já conhecia tão bem aquele monstro disfarçado de humano que nada me impressionava mais, as pastas em seu computador eram marcadas com datas, era um diário online, com marcas de seus feitos, em algumas pastas haviam grupo de notas, e em um deles ele parecia se orgulhar da condição que ele mantinha Menma.

“Sei que deveria me sentir mal, mas ele provocou tudo isso, eu apenas sou a justiça sendo feita, ele estragou minha vida me forçando a ficar preso numa cidade minúscula, e bom, agora ele está preso comigo, confesso que chega á ser divertido quando ele implora para que eu não machuque sua família, às vezes me pergunto se estou exagerando, mas na verdade não, sinceramente, eu até gosto, ingênuo foi quem disse que vingança é um prato que se come frio! Não tem que ser quente, e saboreado!”

Neji conectou um pen drive afim de copiar tudo o que estava ali.

- sabe, - Neji comentou – precisamos ler isso com calma...

Eu pousei meus olhos numa pasta aleatória, ela tinha as inicias N. U., algo me dizia que ela falava unicamente de mim, e devo confessar que um arrepio passou pela minha espinha enquanto eu imaginava o que podia ter ali.