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História O alazão do sertão. - A vaqueira que domou meu coração.


Escrita por: ItsRainy

Notas do Autor


e aí kkkkkk tudo bom? bem, mais uma one comedy fresquinha procês!

caso não tenham entendido qualquer coisa que seja, é só me dizer! eu vou tentar pinar nos coments explicando todas as gírias e coisas que eu puder, beleza? kkkkk

é isso, curtam aí!

opa, a playbas da booooa:

https://www.youtube.com/playlist?list=PLdgCAD5zcW4m4tCIo4VXqm1M-LFNHkysG

(eu sei que tem forró e brega, mas tô nem aí kkkkk)

Capítulo 1 - A vaqueira que domou meu coração.


Fanfic / Fanfiction O alazão do sertão. - A vaqueira que domou meu coração.

Era uma situação um tanto diferenciada. Olhava para as botas imundas de cocô de cabra, vaca, galinha, um pouco de humano também, e lama, muita lama. Não que estivesse no meio do mato onde só havia bicho esquisito, baratão e pé de goiaba, mas a fazenda dos seus tios era bem cultivada com grandes construções, alta movimentação.

Mas ainda cheirava à cocô.


Hyejoo tinha certeza de que havia alguém transando ou cagando em meio às moitas suspeitas, mas decidiu prestar atenção no que seu tio falava, apontando e levantando as calças da bunda toda vez.

“Ocê tem que apruveitá o tempin qui na fazenda, Hyerju.” Deu um tapinha no ombro da sobrinha, rindo alto.

A pança era digna de um leitão, tinha que ter cuidado para não pegarem o porco errado.

“Ah, sabe como é né, tio, eu ainda estudo.” Sorriu timidamente, puxando a alça da mochila contra o corpo. “Mamãe me disse que o senhor precisava de uma companhia, já que a tia faleceu recentemente.” Hyejoo abraçou o tio forte, o suficiente para sentir o cheirasso de pinga na gola da camisa flanela.

“Num vô chorá di difunto, mia fia. Mar eu vô apruveitá que ocê tá qui pra te mostra a fazenda, vam!” E abraçando de lado a sobrinha, caminhou com esta pela estradinha apontando e tagarelando novamente, dizendo sobre os cavalos, o gado, até mesmo os funcionários e familiares trabalhando.

Hyejoo achava extremamente incomum aquele ar puro, até o pulmão preto agradecia – mas era preto por ser gótica -, os olhos não ardiam e, por mais que ainda cheirasse à cocô, era um cocô bão. Cocô de vaca.

“IÁ, FIA!” Gritou de repente, balançando as mãos para uma montadora misteriosa num cavalo negro. “VEM CÁ VÊ TUA PRIMA, FIA!” Chamou, fazendo o cavalo rodopiar com as patas dianteiras erguidas, galopando majestosamente no passinho pocotó até a piá de condomínio.

Com o sol brilhando na silhueta, a pele brilhosa em marrom, a figura desceu do cavalo, tirando o chapéu café dos cabelos ruivos curtos.

“Se num é a prima!” Disse animada, indo apertar a mão estendida e lhe puxar para um abraço suado.

Mas aquele suor parecia puro mel escorrendo do corpo saudoso que era aquele, com uma voz melodiosa e não rachada, como se lembrava de anos atrás. Hyejoo não soube reagir à deusa que lhe falava, com um aperto gostoso dos braços fortes e brilhantes cobre.

“Oi...” Hyejoo engoliu as próprias palavras ao sentir o corpo colidir com o seu.


Era ela... Sooyoung, Ha do pé de manga, vaqueira do chocolate Sooyoung! A prima que brincava consigo de montar casinhas, e que havia se tornado a Sooyoung, posso pegar no seu pepinão?

“Qui foi, prima? Tá me zoiando, uai.” Riu tão angelicalmente que Hyejoo a imitou, cobrindo os lábios.

“Me desculpa, é que eu quase não te reconheci!” Olhou nos olhos caramelos de sua prima, que abriu um sorrisão danado para si.

“Mar fiquei lindona, num é? Foi muuuuíta goiaba e bolin de fubá da vovó!” Brincou, puxando a prima pelos ombros para dentro da residência. “Dexá meu pain fazê as coisa dele, tá bão?” O sorrisinho de lado com o chapéu quase caindo por seu rosto era muito charmoso, tinha que reconhecer.

A prima mostrou a cozinha simples, porém espaçosa, com todo tipo de utensílio que sequer reconhecida. Concha, concha pequena, concha grande, concha furada. E uma culer de pau. Uma puta duma culer de pau. Tinha até um sanguin seco de bater na bunda dos minino.

“Ocê tem que prova o nosso requejão, prwima.” Abriu a geladeira com uma mão só, dando uma bundada violenta para fechar a porta. “É salgadin.” Piscou, chamando com o dedo.

Hyejoo aproximou-se encantada pela áurea de uai que emanava da vaqueira, que num movimento rápido abriu a embalagem sustentável do queijo feito no quintal de casa, passando o dedo pelo creme branco e o levando até a boca, lambendo-o dali.

“Posso provar?” Perguntou tímida, recebendo uma colher da prima para cavucar o creme e esticar pela língua, vendo aquela feição de quenga no rosto de Sooyoung, o bocão de chupar manga se mordendo todo, vermelho que só o caraí.

“Uia, prwima, qui bocão...” Sorriu mostrando um dos dentes de prata e mais límpidos que de europeus.

Uma roceira de respeito com cheirinho de folha de laranja.

“Ow Sô, o pain tá procurando ocês!” Uma das moradoras da grande fazenda disse, caminhando até a cozinha com o vestido florido e botas de couro, trazendo uma cesta de palha com frutas frescas.

“Certo, Chaewonie. Vô só leva a prima pro quarrto.” A garota assentiu com a fala séria, deixando a cesta na mesa extensa da cozinha.

A vaqueira abaixou a cabeça com os dedos no chapéu, ajeitando a bagunça que haviam feito para levar a prima até o quarto em que ficaria. Parou na porta observando a garota da cidade naquele trapo que chamava de roupa, onde já se viu uma carça jins toda arregaçada de ropa? Uai, mas aí é pano dixão!

“Mar priminha... se eu dexasse ocê sair desjeito, vão rir deu.” Fechou a porta, aproximando-se como se estivesse brava. “Será que num dá pra bota uma roupinha daqui não?” Perguntou com um biquinho, colocando o polegar contra o cinto num charme para cima da respira-pó.

Hyejoo riu enquanto colocava as roupas da mochila no armário com cheiro de naftalina e xarope, umas viúvas negras e o futum pela antiguidade digna de munrá. Tinha umas roupinhas bonitas, mas precisava que Sooyoung lhe considerasse a peã mais capaz de cavalgar forte e sem freio.

“Então, prima, me ajuda a decidir.” Disse tirando o moletom pesado e tumblr da cidade, olhando a cara de safada de Sooyoung ao vê-la se despir. “É normal, né? Somos garotas.” Piscou inocentemente, ouvindo a risada da outra.

“Nós se conhece, precisa preocupa não...” Mordeu os lábios, puxando o cinto para cima. “Ocê tava na cidade mar cultivou uns melão, priminha!” Brincou vendo o sutiã de uma marca ilegível.

Sooyoung nem usava sutiã, era carça, camisa e colete. Só nisso já tava bão.

“Quer melão?” Hyejoo perguntou.
 

E Sooyoung sorriu, passando os dedos pela boca. “Bó lanchá.”



 


#
 




“Ai, Jorginho! Bota cuspe!” A filha do pastor resmungou, puxando o vestido florido e azulado para cima.

“Uai, mar calma também! Tô tentano enfiá o negóço aqui.” Encaixou a cintura como num passo de forró, ouvindo o gritinho fino da bonequinha.

“Tira, tira! Tá doendo!” Agarrou o feno do estábulo, apoiando-se na madeira bamba para agüentar a torada de boi que levava naquele momento.

“Carma, vai ficá gostosin, te juro, melzin.” Puxou o corpo da outra, segurando-lhe perto.

O chapéu dourado envelhecido encostou na orelha da filha do pastor, sentindo o arrepio de ouvir aquele gemidinho de caipira logo na sua audição, com a força das mãos calejadas de pegar em ancinho – e em teta de vaca, como pegava nas suas nesse exato momento -, as canelas tricolores, mas fortes como as de um touro. Só de sentir o cheiro de suor começando a aparecer, o barulho da bunda branquinha ficando mais rosada que bicho de pé. Estapeava aquela menina marvada com gosto, como se fosse um cavalo véiaco pronto para montar.

“Jorginho, isso, Jorginho!” Exclamou, segurando-se nos braços da outra, sentindo o suor da flanela em suas costas. “Cadê o leitinho, Jorginho? Ai, Jorginho!” Gemeu no ouvidinho, sentindo o leite de touro escorrer pelas coxas, melando um pouco de sua botina cara.

“Taí leitin.” Riu, tentando respirar corretamente. “Dá pra ver tudin di dentro...” Amassou a bunda como sovava massa de pão, vendo aquele mamão da natureza, aquela toranja vermelhinha piscando com vontade de levar mais torada...

“Shhh, a gente precisa ir antes que meu pai veja.” Recuperou-se, erguendo a calcinha dos calcanhares e abaixando a barra do vestido, tentando ajeitar os cabelos. “Até mais, Jungeun.” Levantou o queixo ao colocar a cesta de palha no antebraço, saindo rebolando – ainda que torta igual vareta – para fora do estábulo.

Com a berinjela murcha e escabelada para fora da jins, com alguns botões da flanela errados e o chapéu quase na nuca de tanto encoxar a princesinha. Respirou fundo, ajeitando-se do jeito que podia para voltar ao trabalho.


“Bó capiná um lote.” Puxou a enxada fincada no chão, apoiando-a em seu ombro.

 


#

 

 

Hyejoo saiu da casa sentindo os olhares em seu corpo branquelo de cidade, uma pitada de cinza de poluição e falta de vitamina d. Mas Sooyoung, acariciando o Chocolate, deu um sorriso ladino tão cafajeste que a Son sentiu as pernas, agora expostas, bambas. As coxas fartas e rosadas como um porquinho recém-nascido estavam à vista de qualquer um, mas Sooyoung fazia questão de deixar claro que aquela cabritinha era dela.

“Como ocê tá linda, prima.” Disse, encostando-se no chocolate. “Com esse shortin fica muito mió.” Mordeu o talo do trigo, mastigando a pontinha.

Hyejoo colocou uma mecha atrás da orelha envergonhada, rodando o calcanhar no chão como uma boa menina faria. As mãos nas costas, o corpo se balançando. Como uma menininha sem graça de filme americano.

“Qué dá uma rodadinha no chocolate? Prometo que num derrete.” Estendeu a mão, vendo Hyejoo hesitar, mas, enfim, ter a sua ajuda para se colocar no cavalo, logo tendo Sooyoung atrás de si.

Chocolate era muito dócil, e não usava nenhum equipamento que não fosse a rédea. Sooyoung bateria, enfiaria um ancinho na bunda de quem ousasse colocar metais em seu cavalo. Chocolate não era só um cavalo, era o seu melhor amigo desde a infância. Que lhe entendia mesmos sem um uai que fosse.

“Ocê vai tê que si acustumá a cavalgá sem sela, certo?” Sooyoung sussurrou contra a sua orelha, rindo sacana com a piadinha. “Dói um teco no começo mar dipois, é diliça.”

A Son negou enquanto ria, sentindo as mãos de Sooyoung passarem por sua cintura para alcançarem a rédea, dando um afago no pescoço de Chocolate para que ele entendesse que poderia começar a andar.

E a roceira não estava brincando. A roda doía toda vez que o cavalo trotava, andando daquele jeito meio viadinho pelas passarelas de terra fresca, saltitando como um verdadeiro guerreiro.

“O chocoquin é da raça frisão, ele é um dos mió! Credite, prima, chocolate ganharia dos magrelin branquelo dessas competição aí.” Deixou a Son acariciar a crina, ouvindo o bufado baixinho pela respiração. A calda se mexia com o carinho, e chocolate soltava as bufadinhas sempre que sentia os dedos da Son lhe tocando. “Ele gosta docê.” Sorriu, ficando feliz por aquilo.

Caminharam como majestades pela fazenda, dando oi e girando o chapéu para os funcionários descansando, tomando um café logo mais tarde, daquele jeito gostoso de ver o sol já se pondo. Hyejoo chegou tarde, então poderia desfrutar de um jantar maravilhoso na fazenda, junto de sua prima. Ah, como se lembrava da época de criança.

É claro, vendo Sooyoung ali, crescida, era diferente. Estava forte, bronzeada, encorpada, linda, gostosa, sexy... O chapéu café e o colete jeans claro, o suor brilhando na pele bronze, ui, até ficava molhadinha. E em pensar que a própria estava atrás de si, respirando em sua orelha e com o corpo grudado, as mãos tão perto de sua cintura.

Só esperando pra laçar e domar essa vaca aqui.


 

[e lá vai fumaça]



Era a infância, hmmm, uma casinha no meio do nada, com sabor de chocolate e cheiro de terra molh-, espera, isso é do sandjunior. Esquece.

A estrada de ouro fino não era ali, nem tinha uma porteira ou um menino pedindo pra ouvir um berrante, era uma creche do interior de chulileibis, de chanacara. Isso mesmo que você leu. Nessa creche, haviam diversas crianças brincando no RECREIO – intervalo é pinto de jegue -, com bloquinhos de madeira viva à mata amazônica e bonecas de pano.

Hyejoo de maria chiquinha e bochechas dignas do fofão olhava com o ódio de satanás para as outras crianças, sentada no banquinho da vergonha por chamar os outros de feios, roubar caneta e puxar cabelo alheio. Só porque arrancou um tufo precisava mesmo ficar de vergonha olhando pro canto mofado da parede? Que injustiça.

Então, uma outra criança laricada, magricela e apelidada de bicho-pau se aproximou, dando uma bonequinha de pano para Hyejoo. Esta, de braços cruzados, olhou com fogo para a bicho-pau, mas não teve a reação esperada.

“Ocê tá mei tristin, num quiria interrompê. Mar qué brinca com’eu?” Sorriu grandão, exibindo meia dúzia de dente na boca e a maioria no concreto da creche, de brincar de lutinha.

Hyejoo torceu a expressão, afastando a mão suja de terra da magrela.

“Fala dileto! Pora, toma no cu! Anafabeta!” Apontou, mandando a língua e batendo nas próprias bochechas.

Mas a bicha, pera, bicha não. Ou sim... Quer dizer, voltando. A bicho-pau entortou o cenho – e nem sabia o que caralhos era aquilo, cenho, eu ein, palavra fea da poba -, não indo embora.

“Que cocê disse?” Coçou a cuca, esticando o pescoço. “Num tendi.”

Hyejoo esbravejou, gritando como se se transformasse numa saia jeans ou power ranger, empurrando a outra.

“VOSE EH FEA!” Soprou a língua, saindo baba pra todo lado. “PARESSE O CÃE CHUPANO MAMGA!”

Horrorizada pela reação, a menina laricada saiu correndo até o outro lado da creche, perto da grade da mini prisão para mini cidadãos, onde os adultos fumavam e planejavam dar pra adoção os fi-

“Ô MÃE, ELA DISSE QUE EU PAREÇO O CÃO CHUPANDO MANGA!” Apontou para trás, chamando a atenção de todos os olhares para Hyejoo.

Num tutu rosa brilhante, tênis da xuxa que pisca e blusa da penelope charmosa. Assim, todos começaram a chorar em sincronia como numa folia, estourando o tímpano de todos os pais e os convencendo de que ter usado camisinha seria melhor.




#



[awake redpilladas]


soules: caraio hejoo, tá moscano

gigante inversa: kla bok porra, a menina ta curtino a roça lá

soules: tá mamando um boi kadhashsalhadç certesa



Hyejoo olhou horrorizada as mensagens, perguntando suas amigas eram aliens ou nasceram com uma condição séria; sem cérebro.


hyejoo: ESCREVE DIREITO ARROMBADA

soules: iiih ala dalhdsadha mamo ningem não

gigante inversa: calmae tbem hye, nois ta gastando

hyejoo: gastando meus neurônios tentando decifrar essas porra que cês escreve, só se for caralho

soules: ow tu mamo qen

soules: qem*


 

A Son fechou os olhos com força, tentando fingir que não leu aquele diálogo de poucos segundos.


hyejoo: quero cair de boca na minha prima, tem problema?


Quando enviou, desesperou-se de cogitar aquela idéia, até porque nem cristã era, mas ainda era família, sabe como é.



[Deseja apagar a mensagem?]

[cancelar]         [apagar para mim]


Ao clicar, arregalou os olhos, soltando o maior grito de sua vida inteira.


“AAAAAAH TÁ QUERENO PICA NÃO TÁ?!” Chutou o colchão, mordeu o travesseiro, se descabelou e de nada adiantou, os áudios rindo de maconha ou monster – enchiam tanto o cu que era fácil ficar coisado – começaram a aparecer, ainda mais Jinsoul, que ria como uma fumante compulsiva ou um idoso com muito catarro. Já Yeojin, tentava dizer alguma coisa mas se perdia no raciocínio.
 



hyejoo: [mensagem apagada]

hyejoo: VAI TOMAR NO MEIO DO CU

hyejoo: por isso que eu prefiro telegrama, fds porra

soules: TU QUER COME PRIMA AASDASHDSAHDA

gigante inversa: HYEJOO OLHA O SACRILÉGIO DO PAI

hyejoo: somos todos irmãos mesmo, foda-se



E mais uma seqüência de áudios rindo, o qual Hyejoo com certeza não ouviria para não ocupar mais memória do seu celular.

 


#

 



“Bum dia, frô do dia.” O sorrisinho junto da voz rouquinha – mas daquelas sensuais, não as de fumante -, os dedos delicados, mesmo que um pouco ásperos, lhe tirando a franja do rosto.

Assim, podia enxergar aquele sorriso que brilhava no reflexo da janela, com o dentinho de prata quase lhe cegando com o brilho forte. Mas, Sooyoung continuava uma beldade logo de manhã.

Hyejoo tentou se ajeitar a cama para sentar-se, mas Sooyoung lhe deu um beijo na testa e pediu que continuasse deitada até segunda ordem. Saiu do quarto da visitante – nem sabia como foi parar lá – e demorou alguns minutos. Hyejoo olhava para a janela aberta, lhe trazendo o cheiro de terra e grama com as cortinas brancas voando pelo ar. Sua cama parecia bagunçada à dois, o que lhe deixou nas nuvens em pensar que passou a noite com Sooyoung, deitada em seu corpo, consigo o tempo todo.

Logo, a porta se abriu, fazendo com que a cama ficasse tão úmida que Hyejoo temeu envergonhar-se.

“Ocê num comeu onti de noite... cansô rapidin, então...” Na porta, Sooyoung aparecia equilibrando uma bandeja no pau, enquanto estava nua do torso.

Hyejoo lambeu os lábios, não com o café da manhã oferecido, mas só de pensar em meter a boca na sua priminha favorita. Entretanto, o croasã quentinho não era o croquete de Sooyoung.

“Terminô de cavalgá e foi dirreto pra cama, pensei que tinha morrido.” Riu, deixando a bandeja no colo de Hyejoo.

Por mais que o pauzão realmente não estivesse de fora, Sooyoung estava mesmo nua da parte de cima. Eram seios caramelos tão lindos que sentiu uma fome que nem sneaker saciaria. Era fome de teta, e fome de teta não tem quem agüente.

Mordeu aquele pão de queijo tentando suprir o gemido baixinho em ver a pele bronzeada mais de perto, chupando a goiaba cortadinha como uma sapatona profissional. Tiraria até o caroço de tanto que remexia a língua no miolo, vendo Sooyoung segurar a risadinha pela fome aparente.

“Hm, obrigada, prima. Eu tô com muita fome mesmo.” Olhou como um scaner o corpo inteirinho, sorrindo.

Ainda com o chapéu, que provavelmente não usava para dormir, calça jeans e cinto, Sooyoung parecia só se refrescar pela metade. Quem sabe foi apenas acordar a prima com aquele agrado, ou sujou demais a camisa de molho branco, cremoso e salgado que precisou tirar em urgência.

“Ô, prima... ocê tá muito safadinha, viu? Num para de me zoiá!” Zombou, engatinhando pela cama até Hyejoo.

A Son mordia o queijo com força, estava com fome de comida, de pau, de Sooyoung, de tudo que fosse possível naquele momento. Passava vontade olhando o corpitcho gostoso de Sooyoung, mas não passava fome metendo tudo pra dentro. Era biscoito, era bolo, era fruta, leite com café, pão, queijo e presunto, não suado! Comida de fazenda era oto nível.

“Depois docê toma leíte, qué mais leite?” Perguntou baixinho, dando uma lambidinha no lóbulo da orelha de Hyejoo.

Esta sentiu a boceta piscar mais que farol, doida que só pela provocação contínua de Sooyoung. Parecia que satanás possuía o corpo da gostosa, querendo e sussurrando no ouvido de Hyejoo com uma voz bem grossona de gás hélio reverso:

“Dá uma mamadinha, Hyejoo, só uma chupadinha! Todos somos filhos de Deus, afinal, pecado é passar fome pois o corpo é santuário de Jesuis.” Dizia ela.

E de tanto que Sooyoung botava a cabecinha e tirava, só fazia da Son mais louca ainda. Mastigava tudo em afinco porque seu estômago roncava, e assim doía ainda mais a sua boceta, já que não agüentava estar com fome de [insira aqui um número aleatório] coisas ao mesmo tempo.

“Qué passar um melzin n’eu?” A sugestão foi tão perfeita que Hyejoo saltou da cama, jogando – no caso, colocando muito cuidadosamente tudo que Sooyoung preparou para si – a bandeja na cômoda, pegando apenas uma colher.

“Posso te lamber todinha?” Hyejoo encheu a colher com o mel de uma das tigelinhas, sorrindo sapeca para a Ha de joelhos na cama, expondo o abdômen trincadíssimo e os seios arrebitados.

Sooyoung chamou com os dedos, sorrindo de ladinho em resposta ao de Hyejoo.

“Mar tem que lambê tudin, viu?” Segurou o queixinho da prima, piscando sapeca.

A Son apressou-se em melar o corpinho inteiro da prima, ouvindo as risadinhas e arrepios pelo gelo do mel, tendo a visão do abdômen de seis pack de pé se contraindo quando passava a colher, lambuzando muito bem aquela área porque era o lugar onde mais meteria a boca – depois do pintão, é claro -.

Na sua cabeça, enquanto passava a língua pelo corpo bronzeado como se lambesse uma barra de chocolate cacau show de bola, a musiquinha dos tempos de sua vó.


Eu sei que tenho muitas garotas
Todas gamadinhas por mim
E todo dia é uma agonia
Não posso mais andar na rua, é o fim.

Eu era neném, não tinha talco,
mamãe passou açúcar em mim.



Não era açúcar, era o néctar direto dos céus, provindo dos deuses que escorria naquele tanquinho como um sabão, esfregando e maltratando aquela roupa encardida de garoto futeboleiro, como se ralasse o tacho de queijo mais duro de toda terra só na vontade de botar na macarronada.

Os seios, que achava que derreteriam em sua boca pela aparência chocolate, eram tão doces e macios que se sentiu como um cabrito desnutrido precisando de um leitinho direto das tetas, desesperada por um cálcio ou vitaminas que Sooyoung tinha de montes para dar. Com certeza, a branquela da cidade precisava de muito leite pra fortalecer.

“Uia, prima... ocê tem uma boquinha boa. Já chupou muita manga?” Acariciou os cabelos de Hyejoo, lhe fazendo olhá-la nos olhos.

Lambendo a boca, Hyejoo sorriu. “É que você é muito gostosa, prima. Como que guenta com uma delícia dessas?” Passou o indicador, pegando o mel para levar até os lábios.

“Prima, sei que ocê gosta de chupá, mar tenho que volta pro trabaio.” Fez biquinho, fazendo um carinho nas bochechas gorduchas de Hyejoo.

Distanciou-se da Son, saindo do quarto em um último aceno. Voltou o chapéu aos cabelos, que antes se encontrava jogado em suas costas, enfim fechando a porta. Hyejoo mordeu a colher com um restinho de mel com tanta raiva por não poder lamber Sooyoung inteirinha que sentiu algo soltar em sua boca.

Ah, era só seu dente.

Espera, era o seu d-

 



#

 

 

O sol amanhecia passando um café preto bem forrrrte e tirando o pão de quejo dos forno cheio de brasa ardente. Os senhores que já num guentavam o peso do trabaio na roça sentavam na cadeira de fio, na carçada de terra, só zoiando os boiadeiros passarem enquanto tocavam a viola desregulada, com um café fumegante na canequinha branca de ferro.

O chapéu de palha cumido e as camisa quase estourando da pança de preguiça davam o verdadeiro ar da fazenda, ao som do berrante que tirava as vacas para o pasto para o curral, deixando apenas os bezerros para fora, na contagem de cada um. Trinta era sinal de ganho!


De que me adianta viver na cidade,
se a felicidade não me acompanhar?
Adeus, paulistinha do meu coração,
lá pro meu sertão eu quero voltar.



“Ô Sô! Ocê num tá veno que as vaca tá qui já?” Gritou Jorginho, fechando a porteira em um tom resmungão.

Sooyoung soltou o corno, parando de tocar. “Óia, me perdoa que num tô cá cabeça no lugarr.” Puxou a rédea, parando em frente a outra com o Chocolate relinchando. “Sabe que eu tô estranhano o dia hoje?” Soltou, suspirando enquanto se soltava, pulando do cavalo com facilidade.

Jorginho negou com a cabeça, dando um peteleco no chapéu para conseguir olhar Sooyoung nos zói.

“Ocê tá muito avoada, cumpadi. É o coração que tá amuado?” Bateu nos ombros da colega, puxando-lhe para dentro do curral.

Era hora de alimentar as vacas e tirar o precioso leitin delas em troca. Sooyoung chutou o banquinho e preparou-se para puxar as tetinha rosa da Maiada, a vaquinha que cuidou desde fióte.

“Ô Jorgin, né que eu acho que tô xonada? Acho que meu coração tá doênte.” Bufou, dando um tapinha na bundinha da vaca.

Jungeun, logo ao lado, gargalhou ao puxar as tetas como se jogasse istritch faiter, direto no barde de ferrro entre as coxas.

“Tá precisano cerca o porrco, cumpadi! Ocê é um baita dum bitelo, ajeitadin, juro procê.” Tentou dar uma moral na irmandade para a roceira, dando-lhe um sorriso grande como num comercial de corgate.

“Ocê num entende! Custei de achá minha chaiene, mar é de cidade! Como que faz num caso desses?” Bateu nas próprias coxas, negando com a cabeça em chateação.

Jungeun continuou processando as falas da amiga, se concentrando em encher o balde enquanto a muranga cumia tudin do curral. Com a última espingada de leite no balde de ferro, Jungeun pulou do banco, sorrindo alegre.

“Leva pro fervo, pra moía as palavra, Sô! Mar daquelas mijo dé’gua, viu? Jantá um manta bem gordo, tendeu?” Levantou-se, pegando o balde junto de Sooyoung, mas o seu, não estava nem cheio.
 

Era o máximo que conseguiria com as suas mãos vacilantes, já que nesse dia, estava mole, fraca, xoxa, capenga, anêmica, frágil. Tava fartando uma goiaba pra fortificar os muque. Jungeun lhe ajudou a botar os leite no tonel, para aquecer e guardar. Leite tirado da vaca na hora dava uma dorrrr de barriga, homi, ocê num sabe!

“Logo, logo, Sô, ocê vai tá no naílon! Juro procê.” Abraçou a colega pelos ombros, confortando-a. “Mar, duma coisa eu sei! Romance é cutigo. Ocê me ajuda? Tô quereno conquistar a fia do tio, como que faz?” Parou-lhe, enchendo as garrafas para dar de mamá pros bezerro.

Sooyoung entortou o chapéu, tentando pensar em uma solução para o problema de sua cumpadi, agora sendo a própria a conquistadora. Era uma verdadeira amizade, que se ajudava mutuamente.


Ver a madrugada quando a passarada
fazendo alvorada, começa a cantar
com satisfação arreio o burrão
Cortado estradão saio a galopar
E vou escutando o gado berrante
O sabiá cantando no jequitibá.


 

Tendo uma idéia, deu um berro que assustou o pobre do bezerro, fazendo-o chorar em falta do leite que Jungeun dava, correndo para se esconder entre suas pernas.

“Ô, Sô! Cuidado que o bichin é medroso!” Resmungou, mas riu pela feição de culpada da colega.

“É que já tive uma idéia! Pur que ocê num vê as estrela cum ela?” Agachou-se para fazer carinho na bunda do bezerrinho, vendo-o balançar o rabinho feliz da vida de tomar leitin do Jorginho.

“Né cocê tem razão! Ela deve ler romance di cidade, num é?” Riu, dando tapinhas na pança do bezerro branquinho. “Do Jão Grin, né verdade? Mar óia, prefiro um Machado dassis, viu.” Tirou a teta do bezerro já vazia, movendo-se para outras vacas mesmo que ouvisse o menin chorar que só.

Sooyoung sorriu de volta, feliz que agora, as duas tinham planos para aquele dia, enfim conquistarem a garota de seus corações.
 


SEGUUUUUUUURA, PEÃO!




#

 

 

Hyejoo nunca achou que teria alguma concorrente naquele finzin de mundo que era a fazenda de seu tio.


Mas acordando tarde que só o carai, com o sol já rachando das onze, levantou-se, tomou banho ainda sentindo o gostin de mel que Sooyoung deixou, literalmente. Saindo com as ropa bunitinha que a prima lhe deu, sentia até vontade de carpina um lote, de assa um boi ou amassa teta de vaca. Mas infelizmente, ficou com o pior trabalho da fazenda – tirando o de esterco, esse era pra véio -.

Era dia de colhê nabo, aqueles que parecia um pauzão de branquelo, que tinha umas folha verrde viva di bunita. 30cm só de nabo, vai vendo.

Hyejoo se arrumou do mió jeito que pôde, colocando aquele shortin jins que salteava as poupa da bunda, uma camisa vermeia de franchas no peito e um chapeuzin fuleiro de palha para cobrir os seus olhos sensíveis de cidadã, já que na metrópole mal tem sol de tanta nuvem de poluição.

Via uns moleque da peste rancano os nabo sem cuidado, tirando as folha bunita sem nem prestar atenção ao que fazia. Só naquilo, já lhe dava raiva, pois estava se esforçando! Ela mesma, a fantasma tricolor.

Hyejoo usava equipamentos próprios, diferente dos nativos daquela terra tão tão distante, que iam no seco ou no cuspe. Usava luvinhas de couro ui, para arrancar os nabos com precisão, colocando-os na cesta de palha logo ao lado. O terreno da plantação era extenso que só o carai, mal conseguia olhar para os outros que também colhiam. Ia precisar de um ótimo queroprata pra lhe quebrar igual uma galinha de tanta dor nas costas.

Mas, como dizia antes, jurava que era uma ilusão. Uma miragem do sol quente do carai que fazia, quase alucinando ter uma poça d’água fresta pra beber. Uma figura reluzente apareceu contra o sol, lhe fazendo apertar tanto as pálpebras que enxergava pior ainda, só pela luz forte.

“Ocê é a Hyerju, num é?” Perguntou com as mãos na cintura.

Hyejoo ergueu as costas, ouvindo-as estalarem como bolacha creme craque. “Sou eu sim, por que?” Botou a mão na testa, abanando o rosto com a outra.

A tal garota cuspiu o talo de trigo da boca, aproximando-se com o bico torto. Sonhou que era pica-pau e deu de beiça na parede.

“A prwima da Sô, a que chamô ela di cão chupano manga?” Cruzou os braços, tirando o chapéu mel dos cabelos castanhos. “Que cocê tá fazeno aqui?”

A Son franziu o cenho, confusa pela súbita lembrança. “É, mas eu tinha cinco anos. E eu vim pra cá por causa do tio, queria fazer companhia.” Abaixou-se para pegar a cesta do chão, movendo-se para próxima fileira de nabos.

“Ocês da cidade só lembra dos tio quando alguém morre.” Falou mesmo, ofendendo a Son.

Esta usou a raiva súbita para arrancar o nabo, indo metade da pele de sua mão.

“Olha, não somos muito próximos porque ele mora muito longe. Se eu viesse pra cá todo fim de semana, ia gastar gasolina à toa.” Resmungou, limpando o suor da testa com a mão.

Mas a garota gargalhou bem feio, negando. “É nada! Ocês num tem coração, vive cheirano fumaça, comeno prástico, sabe nem quar é a fêmea do cavalo.” Enfiou a enxada com força na terra, competindo indiretamente com Hyejoo na brutalidade.

Então a Son pegou mais pesado ainda, chutando o nabo desgranhento do chão e arrancando com os dentes rangindo igual um cão sarnento.

“Comendo plástico é o caralho que carne de papelão veio de fazenda!” Mandou o dedo do meio ao exclamar.

A outra cerrou os olhos. “Fala isso pra Sô então, corajosa!”


Aí, Hyejoo olhou para trás da garota, vendo um carrinho de mão cheio de nabos perfeitos, sem folhas machucadas ou terra sobrando, diferente dos seus. Não é porque criticou os moleques que fez melhor! Só estava se esforçando muito, é óbvio.

“Vê se cala a boca e termina tua tarefa, preguiça.” Saiu negando, erguendo o carrinho nos muques com uma força que Hyejoo não tinha, saindo sem pisar em nenhuma trilha da plantação.

Até porque, enquanto uns colhiam os nabos, os outros vinham plantando as raízes. Hyejoo sentiu-se um pouquinho humilhada, maltratada, desgraçada, preguiçosa, molambenta, desprezada, mas... faria de tudo só pra mostrar para a dondoca do sertão que conseguia sim fazer melhor!


Saiu da plantação com os dedos doendo, sentia a pele quase cair como uma víbora que era, ardia que só pimenta malagueta no cu, mesmo estando de luvas. Era uma força de cagar nas calças que fazia, tinham dado whey protein pros nabos, né possível um negoço desse.

Saiu choramingando até os familiares, sentando na área aberta com gelos nas mãos e uma bolsa nas costas, ouvindo seu tio lhe dar uma bronca daquelas por ter pego tanto no tranco. Deveria ter descansado antes, deveria ter tido mais cuidado, feito com mais calma.

Mas a peste de satanás roceira estava lá, comendo uma galinhada com farofa enquanto ria da sua cara.

“Uai, num guentô?” Perguntou em deboche, vendo Hyejoo começar só com uma mão. “Tá é precisando dum leite quente.” Gargalhou, metendo um sucão de caju do copinho de latão pra dentro.

“Vai dá o cu, peste!” Mandou mesmo, com as bochechas de esquilo cheias de arroz.

“Dá tu, di duma égua! Vorta pro teu asfalto, fia. Vá cherá fumaça dóleo diesel!” Ergueu o dedo do meio, enfiando uma colherzona de frango na boca logo após.

O trotar forte de cavalo foi escutado, e Hyejoo conseguiu ver a feição do capeta mudar para Jesus no mesmo momento, com um sorriso abertíssimo e brilhante, com um dentin de prata quase lhe cegando por refletir a luz do sol.

“Vô infiá um berrante no teu-“ Hyejoo se parou, olhando para trás.

O relinchar reconhecível e aquele cheirinho de laranja lhe despertou, colocando um sorriso tão derretido quanto no rosto.

“Sô! Ocê num morre mais, ein!” A quenga deixou tudo na mesa de plástico e foi dar um abração na sua vaqueira, que retribuiu com um sorriso fofo nos lábios.

Os cabelos grudados, o corpo suado e o rosto corado era tão bonito que Hyejoo precisou admirar, mesmo que Sooyoung percebesse seu olhar.

“Jiji! Oh, meu deus! Ocê vorto!” Disse alegre, levantando a outra pela cintura com um leve rodopio do ar.

Aí Hyejoo não gostou.

“Vortei, meu docin d’goiaba. Pelocê.” Deixou um beijo molhado na bochecha rubra de Sooyoung, que lhe soltou para voltar ao chão.

“Tava com sardade, viu? Hyejoo, essa é a Jiwoo! Minha melhor amiga de infância.” Aproximou ambas, e Hyejoo queria dizer que Jiwoo era um pé no saco, que não merecia a amizade de Sooyoung, mas com aquele sorrisin tão lindu, tão fofo, não conseguiu ser honesta.

“Sério, Soo? Que legal!” Levantou-se, mas ao mostrar as mãos, Sooyoung franziu o cenho preocupada.

“Que foi isso? Machucô onde?” Perguntou, tomando os dedinhos fofos nas próprias mãos, pressionando gentilmente o saquin de gelo.

Mas Jiwoo era satanás e satanás trabalhava muito duro.

“Machucô colhendo os nabo. Tava numa dificuldade que só! E num aceitô ajuda não, visse?” Sentou-se na cadeira, metendo a colher na boca para calar de vez.

Sooyoung devolveu o olhar para a Son brava, como Hyejoo nunca a viu. Puxou a Son para lavar as mãos, vendo pedacinhos de terra entre as peles puxadas e machucadas. Não que saísse sangue, mas a pele ressecada descascava ardendo. Sooyoung lavou bem as mãozinhas de Hyejoo com sabão de coco natural, esfregando com gentileza. Eram mãos ásperas, mas as mãos ásperas mais macias e meigas que já sentiu na vida.

“Num pode fazê um negoço desses, Hye. É perrigoso! Se pega uma infecção, se rasga um pedaço imporrtante de pele? Se a Jiji oferecê ajuda, aceita, uai. Num é vergonhoso não.” Segurou o queixinho da Son, que assentiu, mesmo ouvindo a risadinha debochada da outra. “Nós todo aprendemo desjeito! Tivemo que passar por isso, entende? É natural.” Ergueu a mão molhada para dar um beijinho nas costas, sorrindo.

“Tá certo, Soo. Me desculpa. Mas, quer que eu coloque sua comida? Sei que tá cansada.” Falou com jeitinho, tendo o sorriso sapeca da Ha.

“Uia, vô tê que aceitá. Tô morrta.” Suspirou, jogando-se na cadeira com o chapéu no rosto, a respiração funda para tentar recuperar o fôlego do trabalho duro.

“Sô, num qué que eu pegue um suquin de goiaba geladin?” Jiwoo aproximou-se da Ha, lhe fazendo um carinho nos ombros como uma boa subzinha do quinto dos infernos.

Entretanto, Hyejoo incorporou a própria onça cutucada de vara curta, dando um chute na canela da outra como míssil teleguiado.

“Já tem aqui, Jiji.” Bateu o copo de alumínio na mesa, usando todo o veneno possível para falar o apelidinho.

Hyejoo colocou o prato na frente de Sooyoung, dando um sorriso de mãe em comercial de margarina. Fez um carinho na nuca molhadinha e nos cabelos ruivos, vendo-a lhe olhar com tanto apreço que quase pulou naquela vaqueira como um cavalo brabo, mas se controlou.

“Ai, filha duma égua...” Xingou baixinho, afastando-se. “Ondé cocê achô, ein?!” Apontou, cruzando os braços enquanto mordia a beiça de irritada.

Hyejoo beijou o próprio ombro, olhando de ladinho pra outra. “Na geladéra.”

“Mamãe fazia uma galinhada desjeitin...” Sussurrou Sooyoung, mordendo o frango com um bico choroso no rosto. “Sinto muita sardade...”

A Son se apressou em sentar-se ao lado de Sooyoung, lhe puxando para um abraço apertado. Sentiu o clima pesar pela citação, sem querer brigar por atenção ou discutir como uma criança. Se Jiwoo queria mesmo lhe desprezar por uma coisa de anos atrás, então que fosse. Só não podia deixar Sooyoung sozinha, sem apoio.

Porque, segundo a própria, Jiwoo não esteve lá quando precisou, então Hyejoo ficaria.




#



Mas, ninguém tinha tempo de ficar triste. Quer dizer, a melhor forma de relembrar das boas pessoas era sendo feliz por ela! Então, quando a pequena pausa para o almoço acabou e todos já voltavam a trabalhar, o sol se punha no horizonte das plantações e o sino da fazenda tocava, indicando finalmente, o fim do expediente.

Hyejoo voltou para seu quarto se jogando na cama, com uma sede do cão e as costas doendo mais que senhora em fila de lotérica. Precisava tomar um banho e se perfumar, se arrumar todinha porque era noite de tuts, tuts! Ou como dizia Sooyoung, noite de fervo!

Esfregou tudinho com aquelas buchas vegetais – sabiam que é vegetal mermo? O negócio cresce igual um abacate, mas parece uma abobrinha gigante -, que faziam questão de lhe arrancar a pele mais que as folhas dos nabo, mas era dum jeito gostosin. O sabonete, rapaz, cheirosão! Que diliça de bainho, viu.

Quase colocou seu juliete de foguinho, mas pensou que não combinaria com modão de viola ou forró de acordeão. Mas, é claro, foi vestida à caráter; uma brusinha amarrada no umbiguinho, com um shortinho desfiado e um cinto bem grosso, daqueles de couro marrom. Os peitões de melão japonês pulando por seu decote de peã, com pisantes pretos e saltinho, estava perfeita.

Faltava apenas um chapéu bem escuro com cordãozinho e pluma, mas era de cidade, então não tinha.

Saiu galopando da casa de seu tio, já ouvindo o alto do acordeão e as risadas de bêbado, as luzinhas conectadas pelos postes de madeira, a estradinha de cascalho. Sentia o cheirão de carne na brasa e uai pra todo lado.

Na sua cabeça, começava a música mais infernal da quadrilha – de escola, óbvio... no caso, de festa juninha, entendeu? ah, claro que tendeu né porra -.


ALÔ GALERA DE COWBOY
ALÔ GALERA DE COWBOY
QUEM GOSTA DE COWBOY
BATE FORTE COM
COWBOOOOOOOY



Mas ainda bem que não estava tocando aquilo, é claro. Porque essa música só serve pra infernizar adolescente de 13 anos, em dia de festa junina, quando tem que dançar a porra da quadrilha com a garota estranha da sala, que pisa no seu pé de propósito ou com o seu brother mais próximo do coração.

Hyejoo deu um beijin na bochecha do rio pançudo, dos outros irmãos, dos primos de primos, dos filhos de netos, um monte de gente que nem sabia o nome, mas deu oi e falou bença.

Tocava, naquele momento tão perfeito, a melhor música sertaneja que já conheceu – e olha que Hyejoo curtia uns trap pesadão falando de cu bater no chão e se drogar -.

“Ô Hyerju! Canta com nós!” O tio pediu, levantando da cadeira com o shot de 51 na mão, puxando a sobrinha para juntar-se ao coral.

O senhorzinho que tocava desde pequeno no palanque, com um cigarro de Marlboro preso na garganta de tão rouca a voz, mas ainda potente de mexer o gogó ao cantar.

“DOEEEEENTE DE AMORRRRR, PROCUREI REMÉEEEEDIO NA VIDA NOTURNA!” Sentiu no coração o choro dos tios bêbados nas cadeiras de fio, que erravam a boca do copo tentando colocar mais cerveja ainda.

“Uia, que voz buuunita!” O tio deu tapinhas em suas costas, elogiando. “Ocê devia cantá!” Incentivou, mas Hyejoo negou se fazendo de tímida.

Se virasse um shot de caipirinha, descia até strip-tease na mesa do boteco improvisado.

“Não, tio, vou deixar o senhor aproveitar as músicas.” O acompanhou para se sentar na cadeirinha, mas o homem subitamente levantou ao fim da música, gritando.

“É NA SOLA DA BOTA, É NA PALMA DA MÃO! BOTE UM SORRISO NA CARA E MANDE EMBORA A SOLIDÃAAAAAAO.” Encaixou perfeitamente com os gritos animados dos outros, que assustou um pouco Hyejoo.

Aí percebeu que estava na festa de senhores bêbados roceiros, e não no fervo de adolescentes e jovens adultos roceiros. Se distanciou lentamente daquela parte, olhando em volta para saber onde poderia ir para encontrar pessoas com pelo menos 40 anos. Até discou no celular, mas se surpreendeu em ver uma notificação inesperada.



[ manga rosa ]


Oi, Hye! Vem cá, para pertinho do estábulo. Essa parte aí é dos tiozões, sabe? Kkkkk

Quer dizer, eu gosto de passar um tempo com os meus tios e meu pai também, mas eles são tão dramáticos e animados que assusta um pouco kkkk então vem cá, aqui tem água ardente, música e... beijinhos, se quiser.



Era Sooyoung. Sabia que era pelo nome do contato, mas... que delicinha, manga rosa! Que gramática linda e cheirosa, dava pra sentir o cheirinho de laranja – contraditório, né? – de pertinho só naquilo. Hmmmm, qui diliça!

Claro que saiu correndo como se um bezerro tivesse escapado do curral, vendo a luzinha de lampião pedurada no telhadinho de palha, as paredes grossas de tijolo e o feno no chão, com só um banquinho. Aproximou-se até finalmente ver os jovens jovens dali, salivando com a visão da sua roceira.

De perna aberta sentada num barril, bebendo uma hakunen, Heineken, isso, de biquinho, usando uma blusa de botões de algodão com uma jaqueta jeans apertadinha, a calça, dessa vez de couro, deixando a banana da roça muito aparente. O chapéu, é claro, estava preso em sua cabeça, mas deixado para trás, lhe permitindo ver tudo.

O sorriso que Sooyoung abriu ao ver a garotinha da cidade como uma peã exímia. Se Hyejoo era boa peã, Sooyoung era dura de boi.

“Você tá linda.” O sotaque ainda estava lá, mas parecia suave, calmo. Não diria que não achava sexy, mas era um pouco surpreendente ouvi-la não usar.

A Son mordeu a boquinha, se aproximando lentamente. Sooyoung parecia um pouquinho bêbada, mas estava lúcida. Rodeou sua mão livre em sua cintura, sentindo a palma tocar suas costas com uma vontade enorme. Então, enlaçou seu pescoço com os braços, puxando-a para perto.

“Você que tá! Achei que ficava linda, perfeita de colete... mas assim beira a perfeição.” Riu, deitando o rosto na dobra do ombro da Ha, que lhe fez um carinho nas bochechas.

“É? E como eu ficaria perfeita?” Perguntou um tanto inocente, fazendo Hyejoo se esticar para alcançar sua orelha.

Com um sussurro quente, disse: “Sem roupa.” E afastou-se sorrindo, partindo para o feno numa dança.

A música começava a tocar no rádio dentazul, dando início à pista de dança com os casais tomando conta. Jiji, como seu funk dizia, ficou sozinha na pista pois haviam muitos caçadores em sua volta, e não queria nenhum deles, é óbvio. Queria a vaqueira chocolate de cabelos ruivos, que agora domava a vaca leitosa da cidade. Porra de pulmão preto.

Jorginho, perfumada e de calças apertadas, segurou o chapéu dourado entre os dedos, partindo para a donzela de vestido florido, que expunha seus ombros e seus joelhos, as canelas cobertas por uma bôta caramelo.

Pigarreou, erguendo o beiço inchado. Viu aqueles cabelos castanhos ondulados, e o rosto tão angelical que quase derreteu, estava em ponto de cocada, mas não desistiria! Ficaria durinha para sua noiva.

Recitando o que leu pois sabia que cativava o coração de sua amada, Jungeun respirou fundo, ajoelhando-se para segurar os dedos pequeninhos de Chaewon, surpresa pela repentina ação.

“Estou apaixonada por você e não quero me negar o simples prazer de compartilhar algo verdadeiro. Estou apaixonada por você, e sei que o amor é apenas um grito no vácuo, e que o esquecimento é inevitável, e que estamos todos condenados ao fim, e que haverá um dia em que tudo que fizemos voltará ao pó, e sei que o sol vai engolir...” Retirou do bolso da flanela um anel feito à mão, com um diamante pescado por si mesma e peneirado por horas, lapidado com amor, encaixando-o no dedo anelar da Park. “A única terra que podemos chamar de nossa. E eu estou... mesmo, apaixonada por você.” Levantou-se, tomando a cintura em mãos para aproximar os rostos.

“Eu aceito, Jorginho! Aceito!” Sussurrou com os olhos em lágrimas, iguais aos de Jungeun, que lhe tomou um beijo de tirar o fôlego.

Sooyoung, vendo que Jungeun obteve êxito, não hesitou em abrir a garrafa de champanhe e jogar no novo casal.

“VIVA! É FESTA!” Gritou com os outros jovens, que ergueram suas garrafas chiques e enfiaram amendoins e torresmo goela abaixo. “Fico tão feliz, Jungeun!” Deu um tapa nas costas da amiga.

“Eu também estou, é o que sempre quis.” Chaewon disse, olhando nos olhos da sua noiva com um sorriso tão brilhante que ofuscava o resto.

“Então vamos nos amar, meu doce.” Sorriu, indicando para que a Park pulasse em seu colo como uma noiva, indo-se pelas sombras das luzes amarelas para um outro estábulo disponível.

Hyejoo sorriu, tendo um abraço da sua vaqueira.

“Acha que pode acontecer com a gente?” Falou em sua orelha, deixando-a corada.

“O-o que?” Gaguejou ao ver o sorriso sapeca de Sooyoung crescer.

Alguém lhe arremessou um violão, que brotou como mandioca fresca na terra vermelha. Então, botando o pé no barril e fazendo aquele olhar sensual, começou.

“Meu pedaço de pecado, de corpo colado, vem dançar comigo. Quero ser tua namorada, ficar do teu lado e falar no ouvido, que...” Sorriu, dedilhando as notas do violão como mestre. “Você é a mais bonita, um pedaço de vida, de felicidade... vem matar logo o desejo, faz essa vaqueira feliz de verdade, enquanto eu acabo com essa saudade.”

Hyejoo se mordeu toda ouvindo a serenata da vaqueira, com as palminhas dos demais para acompanhar o ritmo. De súbito, Sooyoung lançou o violão que acertou um gato inexistente, andando na direção de Hyejoo num catwalk perfeito, o olhar afiado e a cintura se movendo como Shakira loca loca.

Puxou Hyejoo pela cintura, encaixando as pernas como numa dança de modão, colando sua boca na orelha vermelhinha.

“Tô querendo te beijar de novo, o teu beijo me enlouqueceu... tudo que a gente já fez foi pouco, quero sentir seu corpo no meu...” Sussurrou bem gostosinho, dando passinhos só para roçar o pauzão duro em si, lhe provocando.

“Sooyoung, não faz assim...” Fez de meiga, se agarrando aos ombros fortes.

“Fica comigo, amor... pertinho assim.” Apertou o corpo como se fosse tirar suquinho, distribuindo beijos molhados pelo pescoço exposto, os mamilos estralando pra furar a roupa de tão durinhos.

A Son não resistiu e, vendo aquele olhar carregado de desejo, arranhou o pescoço e puxou a Ha para sua boca, recebendo seus lábios suculentos contra os próprios com muita vontade. A língua molhada e muito hábil se movia na sua como passos de forró, melosas e com um gostinho de bis. Não conseguiu largar mais daquele vício, simplesmente não conseguia deixar Sooyoung ir com aquela boca maravilhosa, mesmo que pausasse a pegação forte de roçada na cumadi com mordidinhas no lábio inferior.

“Três presentes.” Sooyoung sussurrou. “Um chapéu.” Tirou o chapéu preto carvão sabe-lá de onde, com o símbolo do nirvana marcado em amarelo.

Hyejoo marejou os olhos, suspirando feliz. “Soo! Eu não acredito, é lindo!” Colocou na cabeça, apertando as abas para entorta-las.

“Segundo, o Vanilla.” Apontou para o cavalo branco que enroscava pescoço com chocolate. “E terceiro...”

Hyejoo olhou ociosa para a Ha, que afastou-se um pouquinho, abrindo os braços e as pernas.

“O que?! Fala, Soo!” Empolgou-se, sorrindo grande.

“Terceiro, um pauzão!” Arrigou as calças e mostrou o pênis monstru-




[ acorda, acorda, fela da puta ]



“Que delic... que?” Olhou em volta, sentindo o pescoço e o pulso doerem.

Olhou para o lado esquerdo, apertando os olhos. A cortina branca mal cobria todo o vidro, mostrando os prédios em frente ao próprio, com algumas estrelas e nuvens azuladas.

Olhou para o lado direito, a cômoda, vendo o relógio marcar 6:34 da manhã. Suspirou, jogando a cabeça no travesseiro.

“O que foi, amor?” Sua namorada lhe deu um tapinha na bunda, com o abajur ligado, óculos de grau e livro na cara. “Acordou cedo, pode voltar a dormir.” Riu, esticando-se para deixar um beijinho no ombro coberto.

Hyejoo sentou-se, bocejando. Mastigava o nada confusa, finalmente olhando para a namorada.

Sooyoung ficava linda de óculos e cara cansada.

“Hm, eu sonhei que você tinha um pauzão.” Riu, vendo a face de horror da Ha. "Meu deus, você era a minha prima!" Exclamou, arregalando os olhos.


“Credo, Hyejoo!” Resmungou, folheando o livro. "Não sei como ainda te namoro..." Torceu a boca.

Mas a Son apressou-se em continuar, ainda rindo. “Não! E melhor, você era da roça! Fala uai, tinha chapéu, um cavalo! Chocolate era o nome. Cada piadinha...” Gargalhou, sentindo a barriga doer. “E a Jun, Jungeun! Comendo a Chaewon no estábulo! O cu!” Rolou pela cama, não conseguindo ver o desgosto crescente no rosto da namorada.

“É isso que dá dormir lendo fanfic, Son Hyejoo!” Chutou de leve a namorada.


Em seu celular, estava a leitura não terminada.




O primo Chanyeol.






IRRRRRAAAAAAAA!


Notas Finais


cabo kkkk sim, foi apenas um sonho doido lek

GOSTARO? me digam mais tema se sim, vou tentar fazer ein!


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