História O Amor Se Fez Presente - Vai

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Bruna: Era o Gusta?

Ké: Era.

Marisa: Você pediu para ele vir aqui, não foi?

Ké: Foi.

Bruna: E o que você vai disser?

Ké: Tudo

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Fiquei um tempo calada, só ouvindo as conversar da Bruna e da Marisa, elas tentavam me chamar para o assunto, mas eu estava perdida de mais, por mais que eu estivesse ali presente minha cabeça estava em outro lugar, em outro assunto e com outra pessoa. Fiquei pensando no que falaria para ele, “Ei, a gente mal fez um mês de namora e você já vai ser pai! Parabéns! “ ou “ A gente ta há um mês juntos, quer fazer uma viajem só de ida para Vancouver?”. Não, eu definitivamente não podia começar assim, mas como eu ia começar? Nunca tive que passar por uma situação dessas, então o que eu faço?

Os minutos foram passando, quanto mais o ponteiro do relógio girava mais nervosa eu ficava e isso não é bom para o bebê. Bebê. Uma parte de mim ainda não acreditava que tinha uma vida crescendo dentro de mim, me trazendo sensações que eu nunca pensei que teria mais, eu que, depois do acidente, dizia que nunca mais ia querer ser mãe, agora estou eu aqui, sendo mãe novamente.

A campainha toda. O meu coração acelera tanto que só falta sair pela boca, Bruna percebe o meu desespero e vai abrir a porta no meu lugar, permaneço no meu lugar, sentada no sofá, de costas para porta A voz dele entra nos meus ouvidos e eu me arrepio. Era agora ou nunca

Gusta: Ké? Você ta bem? Me deixou preocupado quando eu te ligue – Disse ele tocando no meu ombro e se sentando ao meu lado.

Marisa: Eu acho melhor deixar vocês conversando, Bruna?

Bruna: A gente vai dar uma volta, qualquer coisa me liga, ok?

Ké: Tudo bem, podem ir, mas não vão aprontar.

Marisa: A gente? Até parece Kéfera.

As duas riem e eu escuto o barulho da porta se abrindo e segundos depois se fechando. Respiro fundo, é agora. Passos a mão pela minha barriga e fecho os olhos, respirando fundo mais uma vez. “Ajuda a mamãe, por favor! ”. Ele fica me olhando, esperando o momento que eu fale, mesmo com os olhos fechados eu sei que ele me olha, é como se o olhar dele queimasse a minha pele.

Gusta: Ké?

Ké: Eu tenho algumas coisas para te falar – Digo me virando de frente para ele, mas sem coragem de encarar os olhos dele.

Gusta: Então fala – Respiro fundo mais uma vez – Sabe que pode sempre confiar em mim, não sabe? – Eu apenas balanço a cabeça num sinal positivo – Então, quando quiser falar, eu vou estar ouvindo.

Ké: Eu recebi uma proposta de emprego.

Gusta: Serio? Parabéns amor – Vejo ele sorrir e me abraçar, mas eu não retribuo e ele percebe – É uma boa notícia, por que você não ta comemorando?

Ké: Porque ela é em Vancouver.

Vejo ele travar, pela primeira vez vejo um Gustavo sem uma resposte pronta. Queria muito saber o que se passava na cabeça dele, mas eu não tenho esse poder. Pele primeira vez, não consigo ler o que tem naqueles olhos castanhos, que no momento estavam escuros. Sinto meu coração se apertar e um nó se formar na minha garganta.

Gusta: Você... Vai...?

Ké: Eu tenho até o final do mês, para confirmar ou negar a proposta.

Gusta: Por quanto tempo?

Ké: Não tem um tempo determinado Gustavo, se eu for vai ser para comandar uma filial da revista por lá. Eu iria para ficar.

Ele se vira de lado e passa as mãos no cabelo, visivelmente nervoso, permaneço na mesma posição, olhando para ele. Sabia que agora provavelmente tem uma batalha interna dentro dele, não tão grande quanto a minha, mas tem. Ele levanta a cabeça e começa a olha para algum ponto fixo da sala, parecia não querer me encarar ou apenas não tinha coragem de faze-lo.

Gusta: Quando você recebeu a proposta?

Ké: Ontem, na minha reunião com o ... (Interrompida)

Gusta: Rodrigo, era isso que ele não podia falar pessoalmente?

Ké: Era.

Gusta: E o que você vai fazer?

Ké: Eu não sei, a minha cabeça cria N motivos para ir, mas meu coração cria mais N para ficar, eu não sei o que fazer – Me viro e fico na mesma posição que ele, tentando achar algum ponto naquela sala que me chamasse atenção.

Gusta: Vai – Ele diz tão baixo que eu mal escuto.

Ké: Oi? – Digo virando a cabeça para encara-lo

Gusta: Vai – Ele vira e eu pude ver as confusões que se passavam pelos olhos dele.

Ké: Mas e a gente?

Gusta: Eu não quero que você se arrependa depois de ter ficado por minha causa. Vai.

Ké: Gustavo, eu ... (Interrompida)

Gusta: Não tem muito no que pensar Ké.

Ké: Se fosse com você, você iria?

Gusta: Se fosse comigo, você me deixaria ir? Mesmo que isso fosse te machucar?

Ké: Eu não sei, eu...

Gusta: Eu sou capaz de te deixar ir se isso for te fazer feliz, amar é sacrifício.

Ké: Gustavo ... (Interrompida)

Gusta: Vai, aceita a proposta e se não der certo, eu vou estar aqui quando você volta.

Ele se levanta e vai em direção a porta, meu coração acelera ainda mais e o meus olhos começam a arder. Se ele passar por essa porta é capaz de tudo entre nós acabar, eu não quero isso e também sei que ele não quer. Vejo ele segurar a maçaneta da porta e respirar fundo, como se não quisesse realmente ir. Mas mesmo se ele fosse eu precisava dizer.

Ké: Gustavo eu t ... (Interrompida)

Gusta: Eu te amo, Ké.

Ele abre aporta e me encara antes de sair, ele tinha os olhos vermelhos e cheguei a ver uma lágrima cair dos olhos dele, sinto uma lágrima também descendo pelas minhas bochechas, por mais que eu quisesse segurar fai inevitável.

Ké: Eu também te amo.

Ele dá um sorriso sem humor nenhum e fecha a porta, indo embora, de uma vez por todas. Me permito chorar quando escuto o barulho do elevador chagando no andar, ainda dá tempo de voltar atrás, ainda dá tempo de ter ele aqui comigo. Me levanto rápido do sofá e corro até a porta, mas quando abro o elevador não estava mais lá, ele não estava mais lá.

Entro em casa e me jogo no sofá, liberando todas as lágrimas que estavam presas na minha garganta.

Ele se foi.

Talvez para não voltar mais.