1. Spirit Fanfics >
  2. O Anjo Das Asas Cortadas >
  3. Capítulo Único

História O Anjo Das Asas Cortadas - Capítulo Único


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 1 - Capítulo Único


Meus ombros doíam. Sentia gotas quentes descendo por feridas em minhas costas. Eu cambaleava, me apoiando nas paredes de tijolos. Era noite e naquele beco, só havia barulhos de gatos procurando comida e de latas de lixo caindo. Eu não esperava encontrar ninguém ali. Não sei quem poderia me ajudar. Não sei se assustariam-se com a minha aparência.

Uma luz vermelha coloriu o beco rapidamente e eu só consegui ficar parado. Uma pessoa entrou no beco rapidamente, seguida de outras. A confusão e a neurose da minha raiva não me permitiriam ficar parado. A garota foi encurralada pelos dois indivíduos enquanto a mesma gritava por ajuda. Eu não conseguia sentir nada além do mar vermelho que coloria as minhas vistas. Eu caminhei, ainda torto, até o começo do beco. A garota chorava. Arrastei o primeiro homem comigo, sem sequer sair das sombras. Suas energias foram sugadas em poucos segundos. O outro cara nem havia entendido o que estava acontecendo. A garota olhava diretamente para mim, para dentro das sombras, sem saber ao certo o que tinha ali. O cara caiu sem vida. E eu esperava que o outro corresse, afinal, teria que sair das sombras para que atacá-lo. O outro sacou uma curta faca e caminhava diretamente para mim, para a morte. A garota, que deveria correr, tinha a blusa levantada e os seios rijos. A maquiagem manchava o seu rosto. E no momento que o criminoso se afastou dela para vir até mim, ela desabou no chão, com as pernas trêmulas, ainda me encarando.

-Saia daí! Saia daí! Seu filho da puta!

Eu esperei que ele se aproximasse. Não iria fazer aquele momento mais traumático para a mulher. E eu nem sabia porque estava ajudando-a. Eu não era assim. O cara colocou o pé nas sombras. A parte do beco não iluminada pelo poste amarelo da rua. E eu ataquei. Agarrei a sua faca e cortei-lhe o pescoço. No minuto seguinte, ele estava no chão, ao lado do seu amigo.

A garota se encolheu, ainda chorando. Não sabia o que fazia, se me aproximava e deixar que ela me visse. Ou ficar na escuridão até ela tomar coragem para sair. Eu a analisei por um segundo. Suas bochechas coradas pelo intenso frio. O lábio inferior cortado. Os olhos manchados pela maquiagem escondiam íris coloridas. Ela parecia tão frágil, encolhida ali.

-Quem... quem é você? - soluçou.

Eu não respondi.

-Por que... Por que me ajudou?

Silêncio.

-Responda!

Ela continuou a chorar.

-Você não deveria ter feito isso. Eu não vou conseguir voltar sem o dinheiro desses caras.

Do que ela estava falando?

-Era... Era a minha primeira vez. Eu estou assustada. Você não deveria ter...

Silêncio.

-Obrigada.

Minutos depois, ela se levantou, ainda bamba, com um dos joelhos ralados, mancou até a escuridão, com os olhos coloridos me encarando. Eu não conseguia parar de olhar para ela. Era para eu fugir. Quando ela se instalou na escuridão, eu dei dois passos para trás. Ela continuava avançando, tentando perceber algum rosto dentro do breu. Seus seios tocaram em meu peito desnudo. E ela parou. Minha visão congelou em seu rosto. E aquele momento magnífico poderia demorar a eternidade. Simplesmente, agi com os meus impulsos e toquei a sua pele do ventre, subindo deliberadamente até encontrar o tecido da blusa. Abaixei, cobrindo seus seios e ventre.

-Você se machucou?

Se ela soubesse que eu já estava machucado antes disso...

-Você não fala.

Seu hálito tinha cheiro de morango, me lembrando das guloseimas e mordomias que eu tinha no paraíso.

-Espero te agradecer de alguma forma.

Minha mão ainda continuava perto de sua cintura, como se estivesse imóvel. Eu apenas, a agarrei. E ela não relutou.

-Recomece sua vida, se assim desejar. Essa vida não é para você.

Minha voz saiu grave, como se tivesse saído das vísceras de um calabouço. Eu havia realmente mudado. Mudado por um pecado que não havia cometido.

-Já sei como posso te agradecer...

Sua gelada mão encostou-se a minha pele fervente, alisando até as costas, onde senti a dor mais terrível até aquele momento.

-Você está machucado. - ela tirou a mão.

Eu a soltei. A dor tomava conta da minha cabeça. Meus pés vacilaram e eu me afastei, enquanto ela continuava me olhando, mesmo ainda não tendo a mínima ideia de como eu parecia. Talvez era melhor ela não saber. Sem mais trocas de palavras, continuei caminhando pelas sombras, sem mostrar minha identidade, enquanto os olhos coloridos me seguiam. As feridas em minhas costas se abriam. Meus olhos ferviam. E minha cabeça ardia. Eu sabia que ela continuava naquele beco até eu desaparecer. Sabia que ela não tiraria aquela cena de sua cabeça. E que não me perdoaria por tê-la tocado e ter recebido outro toque de volta. Eu sabia que era um anjo caído e não poderia chamar a atenção. Mas o monstro dentro de mim às vezes reina.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...