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História O ano da formatura. - Despedida.


Escrita por: hanalyx

Notas do Autor


Hey!
Pessoal, mais um capítulo fresquinho pra vocês.

Boa leitura e me desculpem os erros! <3


- LEIAM AS NOTAS FINAIS, POR FAVOR. -

Capítulo 16 - Despedida.


 

Enfim, o ano letivo estava acabando. 

O último mês foi insano para os alunos do colégio Paradis, principalmente para os membros do time de basquete e as animadoras de torcidas. Foram jogos atrás de jogos, viagens para outras instituições e, por fim, vitórias atrás de vitórias. 

Os Titans concluíram todo o campeonato com saldo positivo, levando para a casa o troféu de campeão nacional. 

Além disso, também aconteceram as provas finais. Enquanto os meninos do time jogavam, os demais alunos ocupavam suas mentes com os últimos testes do ano. Por um lado, foi uma grande bagunça, visto que boa parte dos estudantes estava bem focada em verificar os resultados dos jogos. Por outro, foi bom ter o prédio tão calmo depois de tanta bagunça, seria melhor para se concentrar nas aulas. Pelo menos, foi isso que Armin pensou durante todo o período de provas. Não ver Eren com tanta frequência era algo que o incomodava um pouco, mas entendia que os motivos eram maiores. Por isso, ele acabou se afundando de vez nos estudos, saindo de seu objetivo apenas para cuidar do avô. 

O senhor Arlert finalmente teve alta do hospital. Há duas semanas que estava em casa, claro, sob os cuidados dos netos, principalmente de Yelena. Sua recuperação estava sendo bem rápida, já que suas sequelas não foram tão graves quanto pensavam que seria. É verdade, ele ficou um pouco debilitado, mas pelo menos conseguia se mover, andar e falar, ainda que bem lentamente. 

Armin estava em frente ao mural no corredor principal, verificando a lista das notas dos exames finais. Suspirou aliviado quando viu seu nome no topo da lista de sua classe, sendo seguido pelo nome de Jean. A diferença nas notas era ridiculamente pequena, o que, de certa forma, deixou o loirinho orgulhoso. Ele nunca viu um amigo como um rival, então se sentia feliz em saber que todas as vezes que estudaram juntos foram efetivas. Mesmo com tantos contratempos, eles haviam cumprido a missão acadêmica. 

O sorriso que brotou nos lábios de Armin foi singelo, mas não passou despercebido para o rapaz que logo se achegou ao seu lado. Jean, a princípio, também tinha o interesse apenas de olhar a lista, mas o sorriso do loiro o deixou encabulado. 

Sorrateiro, ele se aproximou e tocou o ombro do baixinho. O sorriso de Armin aumentou, assim que se virou e percebeu que o mais alto também sorria para si. 

— Nós conseguimos, não é? — disse Jean, estava realmente orgulhoso e o loiro concordou — Ficamos com as melhores notas até o fim. 

— Acho que agora estamos cada vez mais próximos de realizar nossos sonhos. — comentou, mas arrependeu-se em seguida. Afinal, qual era seu sonho? Nem ele mesmo sabia ao certo, portanto sentiu a necessidade de se corrigir: — Quer dizer, você está...

— E você não? — o mais alto o encarou com as sobrancelhas erguidas, odiava quando o loiro se encapsulava daquela forma — Ainda não decidiu o que quer fazer? 

— É complicado... — tentou explicar, fitando os olhos escuros diante de si — Eu sei que minhas notas são boas, mas a minha situação está meio difícil no momento. Meu avô ainda está doente e precisa de atenção e cuidado, eu não posso ir embora da cidade e largar tudo nas mãos da minha prima. 

Jean ponderou, levando a destra para o queixo. Lembrou-se de quando Armin lhe contou sobre o incidente com o seu avô, também se lembrou de quando ele disse que estava revoltado pelas condições que o velho havia inventado. Ainda que o loiro não conseguisse entender o propósito do avô por trás de algo tão injusto – palavras do próprio Armin –, ele já havia compreendido. O vovô Arlert queria o melhor para o neto, mesmo que isso comprometesse a sua própria vida. Ele não iria querer continuar vivendo, sabendo que foi uma pedra no caminho do garoto. 

— Armin... — chamou, sua voz se esvaindo com uma serenidade que o Arlert nunca ouviu antes — Eu sempre te escutei quando estava desabafando, mas nunca disse nada a respeito do que penso. Se me permite opinar, eu acho que seu avô só quer que você viva a sua vida. Analisando os fatos, também acho que ele não vai se sentir bem se você parar no tempo por ele... 

— Yelena me disse a mesma coisa... — riu amargamente, encarando a lista mais uma vez — Mas acontece que isso vai me atormentar. Quer dizer, se o pior acontecer com o meu avô, enquanto eu estiver fora, não vou me perdoar... 

— Mas não vai ser culpa sua. — afirmou, recuperando a atenção do olhar do pequeno — Olha, perto ou longe, você não pode determinar o tempo de vida do seu avô. E você pode cuidar dele mesmo de longe. — Armin enrugou os lábios, analisando as palavras do amigo — E tem mais: se você se desapegar e seguir sua vida, tenho certeza que, quando o pior acontecer, ele vai descansar em paz, sabendo que fez a coisa certa. Caso contrário, ele vai ficar sendo atormentado por saber que não conseguiu dar o melhor ao neto. 

Jean mantinha a calma em cada palavra. Estava falando com brandura, lentidão, porque queria entrar na mente de Armin e colocar ali, de uma vez por todas, que não haveria mal algum em pensar em si mesmo. Ele não seria egoista por priorizar o próprio futuro, levando em conta que era exatamente isso que o seu avô mais queria. 

— Você tem razão... — o loiro murmurou baixinho, colocando uma mecha loira atrás da orelha antes de sorrir para o mais alto — Eu tenho que parar de ser teimoso, não é? 

— Já era para ter parado, na verdade. — brincou, fitando o biquinho que o outro formou em seguida, o que o fez rir — Qual é, você consegue ser mais difícil de lidar do que eu, quando quer. 

Armin fez uma falsa expressão de ofendido, abrindo os lábios e levando a mão ao peito. Como ele ousa? Desferiu um leve tapa no braço do Kirschtein e ambos caíram na risada. 

— Não é porque eu sou teimoso que sou pior do que você. Isso soa ofensivo demais. — se defendeu. 

— Claro, claro. — concordou, sarcástico. 

O clima parecia ter ficado mais leve entre os dois. Apesar de ainda haver um sentimento estranho, Armin não podia negar que gostava da presença de Jean. Ele era um bom amigo, conselheiro, ouvinte... É claro que ele jamais ocuparia o espaço que pertencia a Eren, mas ele havia conquistado o seu próprio. Ele era importante e muito especial. 

Armin subitamente agarrou o braço do mais alto e repousou a cabeça em seu ombro, fechando os olhos em seguida. Estava confortável. 

— Obrigado... — soltou repentinamente. Ergueu os olhos apenas para encarar o garoto sobre si e acabou rindo ao notar que suas bochechas estavam coradas. Era sua oportunidade de provocar — Está com vergonha? 

— N-Não é isso, idiota! — praguejou-se por ter gaguejado, o que fez o loiro rir satisfeito — Por que está me agradecendo? 

— Porque você cuidou de mim. — declarou, surpreendendo o rapaz — Talvez, se não fosse por você, eu não teria conseguido tomar uma atitude. 

Então, Armin estava mesmo disposto a seguir o seu conselho? Aquilo fez o peito do Kirschtein aquecer automaticamente. Ele também tinha um carinho pelo loirinho, apesar de entender que seus sentimentos, na realidade, eram uma bagunça. E ele, mais do que qualquer um, queria que Armin fosse feliz. Independente de estar ao lado de alguém ou não, sabia que ele seria um garoto de futuro brilhante. 

— Bom, você não precisa me agradecer. — disse sincero — Quer dizer, talvez você me agradeça quando for o presidente da república, mas agora não. 

Que idiota! Armin bateu novamente no braço do amigo, levando ambos à mais uma sessão de gargalhadas espontâneas. 

— Eu vou sentir falta das suas idiotices. — confessou, secando o canto dos olhos. 

— Por que esse tom de despedida do nada? — Jean arqueou a sobrancelha. 

— Porque o ano está acabando e em breve iremos seguir caminhos diferentes. — explicou — Então, isso é praticamente uma despedida. 

— Ainda temos algumas semanas antes da formatura. — lembrou — Ainda temos o baile e a cerimônia de formatura em si. 

— Mas eu não vou participar do baile. — disse, abaixando o olhar.

— Por que não? 

— Porque eu não tenho um par. — riu, olhando para o lado na tentativa de disfarçar o constrangimento. 

Jean acabou rindo. Achou fofo, mas ainda era engraçado pensar que Armin realmente se preocupava com isso. Teoricamente, o baile de formatura era para ser algo divertido, um último momento de confraternização entre os alunos do último ano. Não era tão necessário e importante ter um par, mas já que ele fazia tanta questão... 

— Sendo assim... — Jean tomou uma das mãos do loirinho, recebendo um olhar confuso daquelas orbes oceânicas — Armin Arlert, você quer ir ao baile comigo? 

Armin levou a mão livre para a boca, tentando conter mais uma risada. A cara que o mais alto fez foi impagável, parecia um ator daquelas novelas bem ruins. Quase não levou a sério o convite. 

— Você é mesmo um idiota... — disse, se rendendo ao riso contido — Mas eu aceito. 

Jean tinha aquele poder esquisito de deixar as coisas leves, isso quando não estava irritado com algo. Mas, ele também tinha um coração enorme. Não era tão egoista quanto parecia, apesar de ainda ser um tanto enigmático para o loirinho, principalmente se tentasse destrinchar seus sentimentos tão confusos. 

No fim, algo lhe dizia que os dois estavam no mesmo barco amoroso furado. 

Porém, deixando isso de lado, seria divertido aproveitar aquele último momento junto de um amigo como o Kirschtein. 

 

... 

 

Para além das comemorações, exames e notas, também havia a ansiedade intensa causada pelas respostas das universidades que enfim haviam chegado. 

Nanaba tinha uma caixa cheia de cartas sobre a mesa. Com uma nova fila na porta de sua sala, ela estava prestes a ter um colapso mental por conta de tanto trabalho. 

Massageou as têmporas assim que o aluno deixou a sala. E antes de chamar a próxima da lista, aproveitou o minuto sozinha para tomar um café e respirar um pouco. 

O fim de ano era sempre exaustivo para a condenadoria dos cursos, principalmente a sua. Ter que fazer vínculos com universidades do mundo inteiro, despachar e receber cartas... tudo isso poderia enlouquecer qualquer ser humano. 

Após finalizar sua xícara de café, alongou um pouco os braços e pegou novamente a lista de nomes para dar sequência ao seu trabalho. 

— Historia Reiss. — chamou em voz alta. 

A loira não demorou em adentrar a sala e sentar na cadeira diante de si, mas o que mais chamou atenção da docente foi o fato de que ela não parecia ansiosa ou apreensiva como os demais alunos. Na realidade, ela parecia bem frustrada. 

— E então? — ela começou, o tom de voz baixo  e sem ânimo só comprovou os pensamentos da loira mais velha. 

— Bom, você recebeu resposta de apenas uma universidade. — disse, pegando uma das cartas e a entregando para a loira — Meus parabéns! 

Historia não disse nada, apenas acenou positivamente com a cabeça e pegou o envelope. O abriu sem muita expectativa e desdobrou o papel, lendo calmamente o conteúdo. Porém, a cada palavra que lia seus lábios se abriam mais devido ao choque. Aquilo estava errado... Muito errado. 

Nanaba, ao perceber o choque evidente na expressão da aluna, inclinou levemente a cabeça e continuou: 

— Algum problema, Reiss?  

— Ah, sim... — afirmou, o tom de voz falho pela surpresa que fez seu coração disparar — Na verdade, isso aqui deve ter sido um engano. Tem certeza que essa é a minha carta? 

A mais velha franziu a testa, pegando a carta que foi sutilmente erguida em sua direção. Checou com cautela o nome do remetente e do destinatário. O nome de Historia Reiss estava ali, não havia engano algum. 

— Hum, está tudo certo. — afirmou — Por acha que está errado? 

— Porque eu não me inscrevi para a universidade de Londres! — declarou, levemente alterada — Deve ter acontecido algum problema. Essa carta não é minha! Eu lembro claramente de ter enviado inscrição apenas para as universidades da Carolina do Norte e de Kentucky. 

Com a declaração tão convicta de Historia, a docente encarou o monitor, buscando pelo nome da aluna. Embora se recordasse do dia em que recebeu a ficha da Reiss, queria poder provar que não havia cometido nenhum erro. 

— Veja. — virou o monitor para a loira, apontando para o nome da mesma — Aqui está o escaneamento da sua ficha de inscrição. Como pode ver, só há uma opção ocupada e ela foi preenchida pela universidade de Londres. 

— Não... pode ser... — a Reiss tinha o tom mais brando, mas estava tão assustada que sua voz falhava — Isso... está errado. Eu tenho certeza que está... Você não pode fazer nada? 

— No momento não. — disse, endireitando a postura na poltrona — Todas as inscrições foram fechadas e agora não há mais o que fazer. Você já foi aceita pela universidade. 

 

Historia encarou a carta mais uma vez, notando que já havia todas as instruções ali. Até mesmo as datas de comparecimento, prazos, endereços de alojamento, início das aulas, listas de documentos necessários para a matrícula... tudo em seu nome. Não tinha como aquilo ter sido um engano, ainda que ela tenha certeza das opções que escolheu. 

Suas iris estavam trêmulas, a incredulidade a deixou desolada. Entretanto, num lapso de consciência, ela se deu conta. 

Lembrou-se da insistência de Annie em entregar sua ficha. Também lembrou da conversa que tiveram antes do ocorrido. 

Ela sabia de quem era a culpa. 

— Tudo bem, obrigada. — agradeceu com a voz e o semblante bem mais sério do que antes. 

Forçou um sorriso amarelo para a docente e deixou a sala em passos firmes. Nanaba não entendeu muito bem, mas deu de ombros ao encher novamente a xícara de café e bebericar mais um gole da bebida morna. 

Historia estava tão irritada que poderia matar um a qualquer momento e com as próprias mãos. E ela com certeza arrancaria todos os fios de cabelo de uma certa loira intrometida. 

 

 

Annie estava na sala de aula com Bertholdt. Por ainda ser cedo e boa parte dos alunos estarem no pátio, haviam apenas os dois no local. Conversavam sobre diversos assuntos, principalmente sobre o fim do campeonato e também sobre as universidades. Tanto Annie, quanto Bertholdt já haviam recebido suas respostas e já sabiam para onde iriam, por isso estavam tão empolgados. 

Submersos em seu próprio mundo, os dois nem perceberam que uma Historia enfurecida se aproximava. Só se deram conta de sua presença quando ela abriu a porta e a madeira se chocou agressivamente contra a parede, fazendo o garoto se sobressaltar com o susto. 

— Annie! — gritou, raivosa como um animal feroz. Estava ofegante por ter corrido e com o rosto vermelho pelo ódio.

Bertholdt estava tão assustado que sentia suas mãos tremerem. Nunca tinha visto a Reiss com tanta raiva em toda sua vida, ela conseguia ser bem ameaçadora. Em contrapartida, Annie apenas a encarou com o seu habitual olhar calmo e inexpressivo. 

— Ah... Oi, Historia. — a cumprimentou, não se sentia nem um pouco intimidada com a postura da garota. 

— H-Historia? O que foi que aconteceu? — o moreno perguntou apreensivo, notando que a loira caminhava na direção da outra como se fosse voar no seu pescoço — Historia! 

— Quem tem que me responder isso é a sua namorada! — esbravejou, atirando a carta na mesa da Leonhardt — Por que você fez isso? 

Annie, ainda que calma, estava levemente confusa. Pegou a carta que fora lançada para si e, quando notou do que se tratava, não conseguiu conter o sorriso ladino. 

— Você devia me agradecer por isso. — disse, serena. 

Em compensação, História trincou o maxilar e fechou as mãos em punho. Como ela conseguia ser tão cinica? 

— Você não tinha o direito de fazer isso! — alegou, ainda exaltada — Eu não te dei espaço para se meter na minha vida! 

Annie suspirou, levantando-se da cadeira. Deu dois passos e encarou a Reiss à altura, mergulhando profundamente naqueles olhos azuis entorpecidos por raiva. 

— Se eu não me metesse, você iria arruinar sua vida. — declarou. 

— E isso não tem nada a ver com você! — rebateu — A vida é minha e eu faço o que quiser com ela! 

A Leonhardt acabou rindo com a declaração tão robótica da amiga. Parecia que havia decorado aquela frase e estava pronta para dizer aos ventos. Annie, melhor do que ninguém, sabia os reais sentimentos de Historia. Ela esteve lá quando tudo aconteceu, presenciou e escutou todas as mágoas que a amiga guardava. Não importava o quanto Historia quisesse mentir e se camuflar, ela sabia da verdade. 

— A quem você quer enganar, Historia? — alfinetou — Não precisa ser muito entendido para saber que você só quer se fazer de forte. Você não se importa realmente com o futuro, você só quer viver de uma forma heróica. Quer assumir um personagem que não é real e usufruir de algo que não lhe pertence! 

Historia estremeceu na mesma hora. Seus ombros caíram e ela desviou o olhar. 

— Isso não é verdade... — era sim, e ela sabia. 

— Não importa o quanto você tente invalidar as minhas boas intenções, isso nunca vai dar certo. — apontou — Eu não vou deixar que você jogue sua vida inteira fora por causa do seu maldito orgulho. Vá para Londres, vá atrás de quem você ama e desista dessa loucura. — franziu a testa, tocando no peito da Reiss — Você não é uma garotinha inocente e boazinha. Você é a pior de todas, Historia. Então assuma quem você é de uma vez por todas. 

Historia perdeu a fala. As palavras de Annie pareciam lâminas afiadas cortando toda a sua falha linha de raciocínio. 

Ela não tinha mais respostas para revidar. 

Annie pegou a carta e a colocou novamente nas mãos da Reiss. Ainda que não vocalizasse uma palavra sequer, aquela era sua maneira de dizer: “vá em frente e não olhe para trás!". 

Antes que pudesse dizer algo, a loira mais alta puxou a mão do namorado ainda bastante estupefato e saíram da sala, deixando para trás uma Historia desolada e reflexiva. 

 

 

... 

 

 

Armin segurava a carta com as mãos trêmulas. Estava parado em frente ao quarto do avô, seu estômago se revirando em nervosismo e ansiedade. Ele não sabia se deveria contar sobre sua aprovação naquele momento, mas sabia que não o faria depois. Precisava do seu instante de coragem para tomar alguma atitude. 

Deu duas batidas na porta e esperou a voz de Yelena lhe dizer que podia entrar. Após um longo suspiro, ele enfim o fez. 

Seu avô estava acordado e sorriu lindamente quando o viu, gesticulando para que ele se aproximasse. No entanto, Armin não conseguia esconder sua tensão, ainda que tentasse parecer o mais tranquilo possível. 

Sentou-se no espaço entre Yelena e o mais velho e respirou fundo. Não tinha volta. 

— Está tudo bem, meu filho? — o homem perguntou, notando que o neto parecia deslocado. 

— Está sim, vovô... — sorriu, encarando-o — Como se sente hoje? 

— Estou melhor! 

— Lentamente ele está melhorando, apesar dos pesares. — completou Yelena — Hoje ele se alimentou melhor, pelo menos.  

— Isso é ótimo! — qualquer indício de melhora deixava o loirinho menos preocupado. Mas, no momento, ainda tinha que dar aquela notícia — Bem... eu tenho que contar algo a vocês dois. 

Yelena ergueu as costas e repousou as mãos nas próprias pernas dobradas, direcionando seu olhar cheio de expectativas para o primo. Enquanto isso, o idoso permaneceu imóvel e em silêncio, aguardando igualmente ansioso pelo que viria. 

— Diga. — disse a loira. 

— Então, vocês já devem saber que eu estou no último ano do colegial e que, por causa disso, eu tenho que escolher uma faculdade, certo? — recebeu um aceno positivo de ambos — Também não é novidade que eu já estava recebendo cartas de várias universidades durante o ano inteiro. — limpou a garganta — Bom, indo direto ao ponto, eu fui admitido em uma dessas faculdades e recebi a resposta hoje. 

— E para onde vai?! — Yelena perguntou ansiosa e empolgada. Porém, Armin não conseguiu dizer. Ergueu a carta na direção da loira, indicando que ela a abrisse e visse com seus próprios olhos. E ela não demorou em fazê-lo — Não brinca!  — ela lia tudo com uma empolgação tão grande que parecia que ela havia passado para a tal universidade — Armin... você foi aceito em Oxford? 

Foi uma pergunta retórica. Ela estava tão feliz pelo primo que simplesmente não podia acreditar com facilidade. Ele tinha sido aceito em uma das maiores universidades do mundo! Ela poderia pular de alegria. 

Ela o abraçou, o orgulho não cabendo em seu peito. Um abraço tão apertado que fez loirinho protestar. 

Quando finalmente foi solto daquele aperto, Armin procurou por ar e sentiu a mão ser afagada pelo idoso, que o olhava com um sorriso orgulhoso. Ele não precisava saber de detalhes para reconhecer que o seu neto era brilhante. Um sonhador. Um gênio. E ele tinha muito orgulho em poder dizer que fez e está fazendo parte dessa jornada. 

— Parabéns, meu filho! — disse, sorridente. 

Mas o sorriso do mais velho fez o loirinho murchar. Lembrou-se de tudo o que martelava em sua mente nos últimos dias. Seria injusto de sua parte simplesmente ir? Ele ainda estava confuso e incerto... 

— Obrigado, mas... — pausou dramaticamente, recebendo dois pares de olhos sobre si — Eu não sei se vou. 

— Ah não, de novo? — Yelena protestou — Já conversamos sobre isso, Armin... 

— Você vai sim! — exclamou o idoso. 

— Mas-

— Sem mas. Você vai e eu não quero que você fique neste lugar e jogue tudo fora por minha culpa. — o cortou, fazendo o loiro estremecer. Armin nunca ouviu seu avô falar tão sério — Yelena já deve ter te dito o que penso sobre isso. Não pense que estou te expulsando ou que não quero sua presença... Eu só não quero que você desperdice essa oportunidade por alguém que já está no fim da vida. 

— Não diga isso! — o loiro rebateu, olhando profundamente naqueles olhos contornados pelas linhas da idade avançada — Acho que quem tem que decidir isso sou eu. 

— Isso já está decidido, Armin. — disse a loira — Você vai e vai ser feliz fazendo o que quer. E eu vou ficar aqui cuidando do vovô até o último minuto. Prometo que continuarei fazendo o meu melhor. 

Armin engoliu seco. Não era como se ele quisesse realmente abrir mão de seu futuro, afinal ingressar em Oxford era o que mais queria naquele momento. Ainda que tivesse escondido seus sonhos,  descobriu que aquele com certeza era um deles... Por isso sempre se manteve tão focado nos estudos. Contudo, ele não podia abandonar tudo e deixar seu avô para trás, a pessoa que cuidou de si, que o educou, que não deixou nada faltar, mesmo após a morte de seus pais. 

Seria muita ingratidão de sua parte. 

Porém, se ele e Yelena diziam que era para ele ir, ele não poderia ignorar aquele pedido que mais parecia uma ordem. Como Jean havia lhe dito também, recusar o próprio futuro seria o mesmo que jogar pelos ares tudo o que recebeu de seu avô durante a vida inteira. 

Aquele era o objetivo dele e ele não poderia ir contra de forma tão fria. 

— Tudo bem. — disse, convicto — Eu vou.

E ele iria. 

Iria aproveitar as últimas semanas ao lado de sua família. Iria se divertir, iria viver. E assim que seu tempo se esgotasse, iria escrever um novo capítulo para a sua história... sozinho

 

 

... 

 

Reiner estava jogado em sua cama, trocando mensagens com Marco. Há dias que estavam conversando e programando uma possível última festa entre amigos para comemorar a vitória do time e, também, o fim do colegial. A festa seria no sábado, na casa de Bertholdt, já que os pais do moreno não estariam presentes no dia marcado. 

Entre uma mensagem e outra, ouviu duas batidas na porta, mas antes que pudesse responder algo, a mesma se abriu, relevando uma Historia apoiada no batente, com os braços cruzados e um meio sorriso enquanto encarava o irmão mais velho. 

Reiner sentou-se sobre o colchão e apoiou as costas na cabeceira, gesticulando para que ela se sentasse perto de si. 

— Está muito ocupado? — sentou-se, enquanto Reiner negava com a cabeça — Preciso te contar algo. 

— Vá em frente. — colocou o celular de lado. 

— Eu vou para Londres em três dias. — proferiu rapidamente, colocando um sorriso nos lábios do irmão — Isso não te surpreende? 

— Você vai querer me matar se eu disser que não? — riu minimamente ao notar a expressão séria da caçula — Bom, eu já sabia do que a Annie iria fazer. 

— Mas como?! — arregalou os olhos. 

— Bom, ela vinha conversando comigo sobre isso há uns dias. — explicou — Eu apenas disse "vá e faça”. E pelo visto ela fez mesmo. 

Reiner riu mais uma vez ao analisar a expressão incrédula da Reiss. Então eles tinha esquematizado aquilo tudo por debaixo dos panos? Ela não podia acreditar em tamanha trairagem. 

— Quer me dizer que você sabia disso o tempo todo e não me disse nada? — colocou as mãos nas cinturas, mas ela não estava brava de verdade. 

— Se eu te dissesse, perderia a graça. — não estava nem um pouco intimidado — Além do mais, você a impediria porque é teimosa feito uma porta. 

— Ei! — o repreendeu. 

— E eu estou errado? — deu de ombros — Você queria se inscrever para os lugares que mais detesta, Historia. O que você estava pensando quando cogitou fazer uma loucura dessas? 

— Eu não sei... — abaixou o olhar, pensativa — Eu realmente não sei o que queria fazer. Acho que de tanto ouvir o discurso preconceituoso do nosso maldito pai, acabei colocando na minha cabeça que eu precisava ser punida de alguma forma. 

— Que pensamento problemático. — crispou os lábios, encarando os olhos azuis diante de si — Amar a Ymir e querer ficar com ela não é um problema, muito menos uma doença. O amor não é um problema e nunca será. Se aquele velho amasse alguém, com certeza não seria amargurado desse jeito. 

Historia foi obrigada a rir. O tom ácido de Reiner dificilmente aparecia, mas quando o fazia, era sempre engraçado. De qualquer forma, ele estava certo em sua pontuação. Não havia nada de errado em ser ela mesma, em amar e ser amada. 

Ir para Londres, ficar longe daquele homem tóxico, com certeza era o que mais queria. Ainda que tivesse tentado camuflar esse sentimento, a verdade é que ela não via a hora de sair daquele lugar e ser livre. 

Quando Annie disse que ela era a pior garota, era por isso. Porque ela se preocupava demais com os outros e deixava de pensar em si mesma, de pesar os próprios sentimentos. Queria tanto agradar a todos que... esqueceu de quem era. Deixou sua essência de lado e foi buscar ser a boa e inocente. 

Mas não mais! Ela estava cansada de tudo isso. 

— Eu fico feliz que vocês tenham me impedido de fazer a maior burrada da minha vida. — sorriu. 

— Que nada, faríamos de tudo por você. — disse, dando um leve tapinha no braço da loira, antes de fechar o semblante outra vez — Mas ainda existem coisas que você precisa resolver. 

— É, eu sei disso... — suspirou, sentenciada — Eu já liguei para o Eren. Vamos nos encontrar no pub daqui a pouco. 

— E o que pretende fazer? 

— Não é óbvio? — o encarou, séria — Eu vou dar um fim nisso. Eu não posso ir embora e deixar o Eren preso nesse relacionamento. Mesmo que não seja real, ainda lhe devo o mínimo de respeito e... agradecimento também. Não é qualquer um que aceitaria fazer o que ele fez por mim. 

Reiner sorriu. Estava tão orgulhoso da mulher que sua irmã estava se tornando. 

— Eu espero que ele fique bem com isso. Apesar de tudo, ele é meu amigo e não quero ver ele triste. — comentou — Se bem que eu acho meio difícil entristecer ele agora, sabendo que passou para a Universidade da Califórnia. 

— Ah, é verdade, é o sonho dele, afinal... — suspirou, jogando-se sobre a cama do irmão — Só que tem algo que ainda me chateia nisso tudo. 

— O quê? — perguntou, deitando-se ao lado da loira. 

— Eu não vou poder comparecer à sua festa. — disse pesarosa, recebendo um olhar meio triste do irmão — Infelizmente eu só volto para a cerimônia de formatura. Nem do baile eu vou participar. 

— Ah... — resmungou, não podia negar que aquela informação o entristecia um pouco — Bom, pelo menos vamos poder jogar o capelo para cima juntos. 

— E depois disso... 

— Acabou tudo. — ele completou — Pelo menos por um tempo, nossos caminhos vão estar separados. 

A loira desviou os olhos e encarou o teto. Não iria chorar logo naquele momento. Não queria! Mas a forma como Reiner falava mexia consigo. Ele era o que tinha de mais precioso em sua família. Ter que se despedir, depois de tudo que passaram juntos, era de longe a tarefa mais difícil para ela. 

Ela respirou fundo, mantendo os olhos fechados por um momento. Ainda tinha algo que ela precisava fazer, caso contrário não iria conseguir ter paz, mesmo longe dali. 

— Reiner... — chamou, a troca de olhares voltando no mesmo instante — Eu preciso que você me faça um último favor. 

 


Notas Finais


Agora é oficial: estamos chegando na reta final.
Faltam em torno de dois ou três capítulos para acabar. E aqui, eu encerro um arco importante dessa fanfic. Ah, e finalmente respondo uma questão que estava em aberto desde o aparecimento da Historia lá nos primeiros capítulos. Quem lê com atenção, já matou a charada.

Espero que vocês tenham gostado desse capítulo fofo, porém com um leve gostinho amargo da despedida. MAS CALMA! Não fiquem tristes, pois ainda tem coisa pra acontecer e muitas outras pontas que ainda estão soltas.

No mais, me deixem recadinhos e me digam suas teorias e o que estão achando dessa estória. AH! Também me digam o que vocês acham que é o favor que a Historia vai pedir ao Reiner... 🤔

Obrigada por tudo. <3

Até o próximo, xoxo. ~


Aliáaaaas.... Eu comecei a escrever uma nova estória.
Aos fãs de MINAKUSHI, me deem amor aqui: https://www.spiritfanfiction.com/historia/criminal-21609407


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