História O ar dos meus pulmões - ! paranoias e falta de ar

São duas e meia da manhã e a minha respiração anda mais devagar do que nunca.

É a única coisa que eu consigo sentir além do meu fraco coração começando a falar ao fazer o seu trabalho. Às vezes me pego pensando no que aconteceria comigo se minhas narinas parassem de puxar e soltar o ar, sabe? Talvez a morte seja o meu próximo destino e a falta de credibilidade no momento ocasione um fim brutal. 

Ou talvez tudo isso seja um delírio e eu deva tentar dormir, mas a insônia parece querer me consumir mais do que o O2 preso na minha caixa torácica. Sendo honesto, eu nem sei se o ar passa por aí. 

E que diferença faz agora!? Ainda estou acordado e sem vontade alguma para procurar o maldito sono que sempre demora para chegar e nem sempre fica por muito tempo porque os meus pulmões ficam estranhos, meu cérebro entra em modo alerta e todo o meu corpo relaxado fica tenso e tremulo. 

Um fato muito interessante, e sinistro ao mesmo tempo, é que em todos os meus míseros anos de vida, eu nunca fui diagnosticado com problemas respiratórios. Irônico, não? 

Mais irônico do que eu costumo dizer que as vozes da cabeça não existem mas vivo, e vivi, só para saber se a voz da minha poderia despender de um certo tempo só para tentar me ajudar a entender minhas paranoias, ideias e teorias. Isso parece muito estranho se contarmos com o fato de que essa mesma voz é uma coisa gerada por mim, logo, também se encaixa naquele conjunto. E quando eu digo conjunto, quero dizer um grande complexo de pensamentos e turvos e situações que acabam gerando traumas que se movem para o vazio dos meus pulmões. 

Já são cinco da manhã e o céu vai ficando cada vez mais escuro numa mistura de azul claro e azul escuro e os vizinhos cada vez mais barulhentos e afobados com coisas que aparentam fazer o menor sentido. Sendo bem honesto, nada tem feito sentido para mim ultimamente. 

Acho que é o momento de acordar disso, me sinto preso num beco escuro na falha procura de respostas concretas para uma mente tão abstrata. Preciso me soltar disto antes que seja tarde, mas a vontade de assistir tudo desabando ao meu redor consegue me consumir por inteiro de maneira tão… assustadora.

Provavelmente tudo isso seja mais um sonho borrado e confuso que teve início no dia em que eu me perdi. 

“ - Ou talvez não seja nada e você precise parar de passar suas madrugadas em claro e ir dormir. "  A voz, que é ironicamente igual a minha, da minha cabeça se revela presente pela primeira vez durante um longo tempo. 

Sabe, ela tem total razão mas eu simplesmente não consigo fechar os olhos e pegar no sono. O motivo é bem simples:

Faltam ar nos meus pulmões.