História O arqueiro mistérioso - Os dias em dezembro..

Kevin P.O.V

Elas estavam demorando para voltarem, aquilo estava me incomodando, não por Brenda, mas sabia que as duas não se deram tão bem desde o começo, quando, escuto alguns passos, mas só de uma pessoa.

- Kevin? - Olho para trás e Brenda estava segurando os gravetos.

- Cadê a Helena? - Olho em volta, mas não a vejo em lugar nenhum.

- Ah, ela? Ela se cansou e decidiu ir pra casa. - Deu de ombros.

- … Ela estava muito tranquila para querer ir embora, e ela teria me dito que voltaria para casa, aliás... Ela nunca ia sumir assim. - A encaro, a mesma começou a olhar para os lados, rapidamente pego meu arco e aponto a flecha pra ela, não que ia fazer alguma coisa, mas era mais para por pressão.

- K-Kevin? - Brenda soltou os gravetos pelo medo. - Abaixa esse arco!

- O que fez com ela? - Pergunto a encarando.

- Como assim Kevin?! Eu não fiz nada!

- Ta bem.. Se não vai me dizer, eu vou atrás dela. - Abaixo o arco e passo por ela, já nervoso.

- … O que viu nela?! - Paro de andar com a sua pergunta patética e olho pra ela.

- Como assim..? - Pergunto desinteressado em responder, disposto a ir atrás dela.

- Eu vejo vocês dois juntos… Tão contentes, tão felizes, que isso me causa náuseas.. - Algumas lágrimas caíram de seu rosto.

- E por causa disso você quis separar a gente tentando se livrar da Helena e me tendo? Haha, esse foi o ato mais patético que eu já vi, isso está antigo, não se faz mais isso.. - Rio, mas logo fico sério novamente. - Mesmo que você a colocasse dentro de um avião e a mandasse para o fim do mundo… Eu iria atrás dela, por que? Por que eu sou louco, louco por ela, sim, maluco, o maluco do arco e flecha, o arqueiro misterioso... Eu a amo que faria qualquer loucura por ela. - Digo meio irônico com os títulos colocados em mim mesmo.

- Eu nunca tive alguém pra me chamar de meu, mas quando te vi..

- Chega, tá legal? Garota, eu ela passamos por muita coisa pra achar essa situação atual estranha… Você terá o que é seu, mas esse arqueiro.. Já atingiu seu alvo.

Foi ridículo esse meu discurso, mas precisava dizer.

- Kevin! - Gritou novamente. - Eu… Eu a empurrei. - Disse abaixando a cabeça.

- Você o que?! - Pergunto com a testa franzida.

- C-Calma! Eu… A atraí para um mangueiro, disse para pegar algumas frutas, quando… Me aproveitei da situação para empurra-la, e logo abaixo de nós tinha uma ladeira bem extensa e escorregadia, quase impossível de se subir novamente.

Respiro fundo e conto alguns números, meu coração estava acelerado e apertado.

- Escuta.. Você vai me levar até aonde ela estava. - Disse firme, ela acenou um sim com a cabeça.

Helena P.O.V

Já faziam alguns minutos que estava andando naquela floresta, a dor no tornozelo ainda era grande, mas não podia fazer nada naquele momento a não ser andar até achar alguma saída.

- Aquela garota… - Digo apertando a mão, já pensava o pior, que a mesma teria voltado e teria conseguido agarrar o Kevin como queria, mas chacoalho a cabeça, tento me acalmar pra não piorar as coisas.

Não tinha ideia das horas, provavelmente seria umas 22 horas passadas, ficamos muito tempo por aqui. Estava machucada, irritada e com fome, que pudesse comer qualquer coisa que estivesse em minha frente.

Eva P.O.V

Estava sozinha naquela casa, Franklin, Richard e Célia saíram para se distrairem, não quis ir, quis ficar sozinha um pouco, para pensar em tudo. Entrei no quarto dele, alisei sua cama, sua mesa onde ficava o computador, e lembro de todas as vezes em que brigamos neste cômodo, mas agora era diferente, o bom dia se tornou mais civilizado, sem ironias ou grosserias.

- Onde estão vocês...? - Me sento na cama dele, logo a minha frente, na escrivaninha, estava o celular dele, pego o mesmo e entro em suas anotações.

Na maioria de suas mensagens, Helena era citada nelas, descrevia sua beleza, seus planos e seus desejos.

*No pico do alto da montanha, eu quero me deitar com você, quando o sol estiver sumindo para dar lugar a lua, este será nosso espetáculo.*

Realmente, seus pensamentos haviam mudado, e muito, soltei uma risada e começo a digitar em uma nova pasta de seu celular.

* 15 de dezembro… Sei que não fui uma boa mãe, mas quero que saiba, que mesmo longe, penso muito em você e Helena, estamos preocupados, voltem pra casa, volte para casa onde há um colo de mãe te esperando para te acolher, te fazer cafuné no cabelo e saber do seu dia, só peço um favor, quando voltar, largue o preservativo em outro lugar, de baixo da cama, atrás dos livros ou até mesmo dentro de sua calça, Célia sempre me pergunta o que seria aquilo, mas evito o assunto, haha, ainda é uma criança, não é uma bronca, e sim uma alerta, tenham uma boa noite.*

Sabia que ele não iria ver, mas era como se ele pudesse ler, parecia que a qualquer momento, eles iriam escutar o apito do celular e correrem para responder, esse seria meu hobby até eles voltarem.

Kevin P.O.V

Brenda trouxe-o até o local onde Helena havia sido empurrada por ela, assim que olhou a altitude da ladeira, logo encarou a garota arqueira com a seriedade no olhar.

- Se alguma coisa aconteceu com ela… Você me paga.

- E-Ei, não precisa exagerar, já sei o que é capaz de fazer por causa dela. - Cruzou os braços. - Mas como pretende descer? Do mesmo jeito que ela?

- Se esse for o único jeito… - Olho para baixo e dou me sento. - Se ver o Joel, diga que estou bem. - Desço a ladeira como se fosse um escorregador, me rolava um pouco, admito, tinha sido divertido, mas ainda estava com meu foco em ativa.

Narradora P.O.V

Brenda havia descido logo atrás, estava em silêncio, já que nenhuma de suas palavras causariam efeito nele. Joel e Bethanny sentiram falta deles e saíram para procura-los, procurados nunca deixaram de ser, nem que fosse por um bem.

Helena se encostou em uma árvore para descansar, já que andara há várias horas, se sentou ali e suspirou, não estava com medo, apenas preocupada com a situação.

- Kevin… - Mexeu sua perna, a mesma ainda doía muito. - "Será que não vou achar o caminho certo?.. Será que você vai me encontrar?" - Envolvida em seus pensamentos, adormeceu ali mesmo.

Enquanto isso, Kevin freneticamente procurava por ela, Brenda respirou fundo e tocou seu ombro.

- Ei, será que podemos parar por um segundo? Estamos andando a horas, e ainda não a encontramos. - Kevin a encarou.- Se não fosse por você, já estaríamos na cabana, agora, aguente. - Continuou a andar. - A propósito, se quiser pode ir embora, você já me mostrou o caminho onde a jogou, daqui pra frente eu posso prosseguir sozinho.

- … Não… Eu causei isso, é meu dever te ajudar a encontra-la.

- Hum..

Voltaram os dois a andarem. Cerca de horas depois, Helena havia acordado, estava ameaçando a chover, se levantou de vagar pois ainda estava com o tornozelo doendo, andou pouco mais rápido para ver se conseguia um abrigo para a chuva, mas, sem sucesso, os pingos começaram a cair frequentemente, Helena já estava encharcada, sua pressão estava caindo, pois estava sem comer fazia horas, a foi cabaleando, prestes a desmaiar, quando, uma mão a pegou, Helena quis ver o rosto da pessoa, mas logo apagou, a única coisa que conseguiu ver, tinha sido uma lamparina.

Helena P.O.V

Acordei com dor de cabeça, estava em cima de uma cama, pronto, algum estranho havia me pegado, mas, olho ao redor, o lugar era familiar, era a cabana.

- Oh, graças a Deus você acordou. - Vejo Bethanny correndo para me abraçar.

- O-O que aconteceu? - Falo colocando a mão na cabeça.

- Nós estávamos procurando por vocês, quando vimos você quase desmaiando, pelo visto não havia comido nada, mas o que houve? - Fico quieta por uns segundos, mas resolvo contar pra ela.

- Brenda, uma garota que nos chamou para caçar, aliás, a Intenção dela era só que Kevin fosse, me distrai e ela pegou a oportunidade de me empurrar de uma ladeira. - Digo.

- Hm, por isso o tornozelo, por pouco não incha, passei um remédio caseiro que logo vai se recuperar. - Sorriu.

- Como conseguiram voltar?

- Joel conhece essa floresta como a palma de sua mão, sempre caçava quando era moço, mas desde que seu pai morreu, o mesmo havia parado. - Bethanny pegou uma tigela. - Agora coma, está fraca ainda.

- Onde está o Kevin? - Pergunto preocupada.

- Joel foi atrás dele, em breve estarão chegando. - Sorri aliviada.

O pior tinha passado, estava bem, estava abrigada, não estava mais perdida, mas não parava de pensar no Kevin, Brenda e ele estavam sozinhos, oportunidade perfeita pra que ela o atacasse, chacoalho minha cabeça e tento me concentrar em outra coisa.

Kevin P.O.V

Encontramos Joel no caminho, o mesmo disse que havia achado Helena, meu coração havia saltado de felicidade, nunca tinha me sentindo assim antes, mas não demonstrei, apenas sorri minimamente. Voltamos para casa, Brenda se despediu como se nada tivesse acontecido e voltou para a cidade. Quando entramos, a vi deitada na cama, estava com o tornozelo esquerdo enfaixado, quando me viu, sorriu, parecendo uma mulher que tinha acabado de parir e todos estavam ao seu arredor, me aproximei rapidamente e a abracei fortemente, ela retribuiu com algumas lágrimas.

- Eu estava tão preocupado com você.. - Digo sem demonstrar emoção.

- Eu também estava...

- Vamos deixar vocês dois sozinhos, vamos Joel. - Diz Bethanny. Os dois encostaram a porta da cabana, volto a olhar pra ela e em seguida para o tornozelo.

- Machucou com a queda não é..?

- Sim…

- Ainda dói? - Digo tocando-o levemente.

- A-Ai! - Se encolheu. - Sim, pouco… Mas está melhor que antes. - Sorriu.

Ficamos alguns segundos em silêncio, a abracei novamente e dei um beijo em sua testa, em seguida, ela me encarou com uma sobrancelha levantada, como se esperasse alguma fala minha do que tinha acontecido.

- O que foi? - Pergunto com um sorriso de canto.

- ... Se divertiu na caçada? Caçou alguma coisa? Ou melhor, alguém? - Começo a rir, ela franze a testa e me bate no ombro. - Do que está rindo idiota?

- Das suas perguntas, sem sentido, sem nexo, sendo que o tempo inteiro eu fiquei preocupado com você. - ela pisca rápido e abaixa a cabeça.

- Hum... Vi você e Brenda tão próximos, que achei que… Ah, esquece. - Virou os olhos.

- Ela é incrível no arco, realmente, mas quem foi que me conquistou foi você.. Quem me deixa louco, quem tirou meu sono, invadiu meus pensamentos, me fez dormir no banheiro, foi você.. - Acaricio seu rosto, ela soltou uma minima risada. - Causadora das minhas insônias… - Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

- Que bom… Fiquei com medo de perder você 0ra uma arqueira bonitona.

- Não achei ela bonita. - Ficamos segundos em silêncio e logo em seguida, rimos.

- Bethanny disse que meu tornozelo ficará bom depois de uns 3 ou 4 dias, até o remédio caseiro dela fazer efeito.

- Depois que você ficar melhor... Quero que a gente saia para explorar.

- Explorar? - Ela me olhou com um ponto de interrogação.

- Sim, mas só nós dois, sem arcos, sem Brenda. - Rimos. - E aí?

- Por mim tudo bem. - Sorriu. - Mas… E se a gente se perder?

- Confia em mim, não iremos nos perder, não dessa vez.

- Puxa, quanta confiança.

- Ah, sim.

Depois de uns minutos, ela havia dormido, fiquei parado ali, sentado na cama admirando a beleza dela, e esperando o momento certo.

Eva P.O.V

*19 de dezembro… Está perto do Natal, não arrumamos nada ainda pois não temos forças para comemorar essa data sem vocês por perto... Célia acorda de noite chorando, dizendo que teve um pesadelo, e queria um abraço do seu irmão e da sua amiga, ela não está tão animada com o natal este ano, nem fez a lista de presentes, Richard.. Franklin, eu… Nós não conseguimos nos concentrar em nada. Você me disse várias vezes que você era o meu reflexo ao olhar-me no espelho.. Mas não é verdade, você conseguiu, nós conseguimos mudar, nós amamos, nós buscamos, nós queremos… Você não esta através do espelho, está do meu lado… A polícia ainda não achou pistas de vocês, Rachel está ainda presa, e nenhuma testemunha se exaltou para falar alguma coisa, mas ainda tenho esperança… Beijos…*

Narradora P.O.V

Ainda estava de noite, o tempo não estava mais chuvoso, e frio tinha não era mais intenso. Helena tinha tirado a faixa, seu tornozelo estava 100%.

- Amanhã irei ao mercado com Bethanny. - Separando uma roupa da mochila.

- Hum, que horas? - Pergunta arrumando seu arco.

- Vamos às oito, já que esse é o horário bom onde estão as melhores mercadorias, ela vai me ensinar a fazer vários pratos novos.

- Interessante.. Irão demorar muito? - Diz Kevin colocando seu arco na mesa.

- Não, antes do almoço já estaremos aqui, por que?

- Estava pensando em amanhã nós fazermos aquele passeio. - Diz um pouco sem jeito.

- É claro. - Sorriu. - Não iremos demorar mesmo.