Capítulo X - Primeiras sensações.
14 de fevereiro de 2020.
•
O despertador já apitava quando Eren acordou, era bem cedo. O moreno de olhos verdes logo desligou o barulho infernal, e se voltou, descabelado e sonolento, ao outro que estava dormindo ao seu lado naquele momento. Ele então tentou o acordar.
— Levi... — Sussurrou a voz baixa de Eren, e logo deslizou a ponta dos dedos pela bochecha do que parecia dormir.
Ele se mexeu um pouco.
— Senhor Levi, você tem que trabalhar... Você ainda trabalha, lembra? — Perguntou o de olhos claros, segurando o rosto do outro entre as mãos, tentando o despertar.
— Hmm... Que horas são? Não quero trabalhar hoje... — Murmurou, se ajeitando na cama onde estava deitado, acabando por o puxar para mais perto de si, o apertando.
— E-ei... Levi, está na hora de ir... — Murmurou o de olhos claros, vendo o outro dormindo, calmo e pleno. Suspirou logo.
Eren o cobriu com a coberta fofinha, se ajeitando alí, encostando a cabeça no peito dele, escondendo o rosto, fechando os olhos e aproveitando aquele carinho.
— Estou de folga... — Sussurrou Levi, e Eren afirmou, se ajeitando alí.
[...]
Era dia de folga de Levi, então ele tirou o dia para vegetar em casa.
Ainda não passavam das 10 da manhã quando Levi já havia lido seu livro, faxinado o apartamento, lavado a roupa, feito compras, arrumado o almoço e agora, só faltava dar o banho semanal do seu gato carrancudo.
— Você o viu?! — Levi perguntou a Eren, que estava na sala, terminando de costurar uma peça de roupa.
Eren inclinou a cabeça, observando Levi com as mangas da camisa longa dobradas até os cotovelos, arranhado no rosto e braços e também todo molhado.
— Está atrás do Bipolar? — Eren acabou por perguntar após alguns instantes.
— Eu já te disse que o nome dele não é esse, ele é um gato, gatos nem atendem a nomes. — Levi dizia, revirando os olhos. — Você o viu? Ele fugiu do banho, desgraçado.
— Ele atende quando chamo ele... E pelo visto odeia banhos, você tá todo acabado... — Eren apoiou o dedo no queixo. — Acho que correu pra cozinha.
— Aquele desgraçado sempre me faz uma dessas. Ele vai ficar limpo sim. — Resmungou Levi, e correu para a cozinha.
Em instantes Eren ouviu o barulho de panelas caindo, acompanhado pelo barulho de Levi caindo e do gato entrando numa briga.
Eren se endireitou.
— Está tudo bem? Quer ajuda? — Perguntava Eren, no mesmo lugar, olhando na direção na cozinha em seguida.
— Não, eu cuido dele! — Levi falou alto, e logo mais barulhos de gato em um fight foram ouvidos, e alguns resmungos e xingamentos. — Eren, me ajuda!
Eren acabou rindo, levantando e correndo até a cozinha, a tempo de ver o asiático jogado no chão e o gato sobre a mesa, repelindo o nada, com pelo arrisado.
— Tadinho! — Disse e se aproximou na direção de Levi, mas passou sobre ele e logo estava a pegar o gato no colo, o fazendo carinho, esse que ficava até mole.
— ...Como é? — Levi se apoiava para levantar, todo torto, mas tentando mostrar que era muito forte para perder para um gato.
— Você está assustando ele, ele só está se defendendo! — Defendia Eren, e Levi o olhava muito indignado.
[...]
Eren agora estava sentado no sofá da sala, com o gato sobre o colo, tendo o secado e penteado, e agora arrumava sua gravatinha borboleta azul marinho.
— Eu nem vou comentar... — Murmurou Levi, observando a cena em sua poltrona, terminando de limpar seus arranhões.
— Ele é um amor, você que não entende os sentimentos dele. — Dizia Eren, colocando o gato de banho tomado no chão.
Ele olhou Levi, que parecia estar resmungando baixinho.
— Quer ajuda? — Perguntou Eren, levantando e se aproximando do outro.
— Não precisa... — Ele resmungou.
Eren sorriu e pegou um pedacinho de algodão com uma pomada, apoiando sobre o corte na bochecha alheia. Ambos acabaram de olhando em silêncio por instantes.
— Só porque você tá insistindo... — Levi murmurou, desviando o olhar, e Eren riu.
[...]
Depois do almoço, os rapazes se uniram para arrumar toda a cozinha.
Fazia algumas semanas que eles viviam juntos, e aos poucos, estavam aprendendo a conviverem e se entenderem mais.
Os pequenos detalhes faziam a diferença quando visto por um certo ângulo.
— O almoço... Estava bom... — Murmurou Levi, de pé ao lado de Eren, enxugando a louça enquanto ele a lavava.
— Ah... Obrigado... — Eren disse em seguida, o olhando, sorrindo de lado.
— Mas não se ache, você ainda pode melhorar... — Resmungou Levi, como se não quisesse dar o braço a torcer, ainda que corado bem levemente.
Eren ria baixo, acabando por afirmar, terminado de lavar tudo, mas sentindo timidez.
— Está começando a chover... — Murmurou Levi. — Vou fazer chocolate quente e começar outro livro... Você quer?
Levi olhava o outro, que corou bem levemente e acabou afirmando.
— Q-quero... — Eren respondeu.
[...]
A época das chuvas não dava treva para ninguém, estava logo a esfriar, e o clima vinha a ficar em seguida aconchegante.
Estavam ambos agora no quarto, e sobre o criado mudo de encontravam duas canecas vazias e um frasco com alguns poucos biscoitos que haviam sobrado.
Levi tentava ler outro livro, mas Eren se mantinha o abraçando pela cintura.
— Eren, quando eu perguntei se queria, eu falei sobre o chocolate quente... — Murmurou Levi, deitado na cama, apoiado em travesseiros, quase sentado.
— Mas está frio... — Murmurava o outro, meio deitado, o abraçando, com a cabeça em seu peito, enquanto ele estava lendo.
— Crianção... — Murmurava Levi de volta, o olhando, logo se voltando ao livro que lia, apoiando a mão na cabeça dele, o fazendo cafuné, o deixando alí por um momento.
— Não sou criança... — Resmungou o de olhos claros, fechando esses e fazendo um biquinho de birra, e o outro negou.
— Claro que não... — Levi Murmurou, continuando a sua leitura, e logo o cafuné nos cabelos macios do que o abraçava.
— Senhor Levi... Nós podemos sair amanhã? Ou outro dia... Tipo... Um encontro... — Eren pedia, baixinho, sem jeito.
— Encontro? Por quê? — Indagou Levi.
— Ah... Eu gosto de sair às vezes... Queria te levar num lugar... — Murmurou.
— Que lugar? — Perguntou Levi, erguendo o livro para o olhar melhor.
— É surpresa. — Disse Eren em seguida, com um sorriso travesso.
— Odeio surpresas. — Levi disse, de cara fechada como era costume seu.
— Vai gostar, prometo... — Eren ainda sorria, o olhando. — Por favor...
Um longo suspiro por parte do Ackerman veio em seguida. Levi acabou afirmando.
— Eren... — Começou Levi, queito por instantes. — Pode me chamar só de Levi...
Eren sorriu, de olhos fechados.
— Certo, Levi... — Ele Sussurrou.
[...]
O barulho incomodo dentro do quarto fez Levi se mexer um pouco na cama. Pareciam que estavam conversando muito próximo deles, vozes soavam muito perto.
O asiático despertou, se mexendo um pouco, sentando-se e apoiando a mão atrás da cabeça, estando antes meio torto, e com o outro ainda largado ao seu lado na cama.
— Mas que caralhos é isso? — Levi murmurou, levantando como podia, tentando não acordar o outro e ignorando o horário até então. Logo seguiu pela casa.
O barulho vinha de fora do apartamento, mas parecia muito perto.
Levi caminhava pela casa, procurando por toda a barulheira, até que abriu a porta da frente e se deparou com montes de caixas pelo corredor. Certamente era uma mudança.
— Mas o que diabos?... Não, vizinhos novos não... — Murmurou, cobrindo o rosto por alguns instantes.
Ele observou quem se aproximava. Uma mulher que sorriu para ele o olhava.
Levi franziu o cenho ao notar que ela tinha feições tão familiares para ele.
Cabelos castanhos, pele parda, olhos curiosos e esverdeados.
— Ah, olá... O senhor deve ser o senhor Ackerman. É um prazer, seremos vizinhos agora. — Dizia a mulher, sorrindo largo.
Ela parecia muito com Eren.
— Eh... Me desculpe... Mas por um acaso... — Começou Levi, pensativo.
— Mamãe? — Eren perguntou, na porta do apartamento, e ambos olharam o garoto de olhos claros, ambos em silêncio.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.