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História O Barão e Eu - Barquinho de Papel - Epílogo


Escrita por: lovelyaurieta

Capítulo 22 - Barquinho de Papel - Epílogo


Fanfic / Fanfiction O Barão e Eu - Barquinho de Papel - Epílogo

Ela mal podia acreditar que estava ali. Que estavam ali. Naquele exato instante. Parecia surreal, inacreditável. E para aquela Julieta que saíra do Vale a quase três anos parecia longe demais a realidade na qual agora, aquela Julieta, encontrava-se.

Ela quis chorar. Sentiu que as emoções pareciam transcender a pele, e o coração, querendo escorrer em forma de lágrimas felizes. Em forma de um pranto incontido que deixaria claro o quanto a alegria insistia em rasgá-la para dominar. Mas ela não chorou. Foram três longos anos longe de todos aqueles com quem se habituara. Tivera de se acostumar a novos hábitos, novos costumes, novas pessoas... era tudo novo e ela parecia destoar dentre toda aquela paleta colorida quando ela mesma sentia-se cinza, como se não tivesse cor. Ali parecia ser o novo mundo e ela chegava do interior de uma cidadezinha do Brasil, tão atrasado, se fosse comparar, em relação àquela grande metrópole européia.

Não fora fácil, mas ela perscrutou e continuou, dia após dia, estudando e conquistando. Aprendendo, crescendo, desabrochando e dominando —tudo assim, nesta mesma ordem. E agora, colhia os frutos do intenso estudo. Das noites sem dormir e dos meses em que a saudade se fazia tão grande que parecia tornar-se uma extensão dela. Quando as cartas demoravam para a chegar e à ela, só restava reler e reler aquelas que tinha em mãos, mesmo que cada letrinha já tivesse gravada. Mesmo que ate os mínimos detalhes já tivessem sido observados um milhão de vezes, ou então, mesmo com a dificuldade causada pelas manchas que suas lágrimas fizeram no papel, quando passara noites chorando sobre elas —mas isso era algo que ninguém precisava saber, no fundo.

Ela sabia que era forte e destemida. Mas agora sentia-se grande. Não melhor que ninguém. Mas sentia que podia abraçar o mundo com suas próprias mãos somente porque queria e tinha vontade, não significava que iria conseguir, mas se o quisesse fazer, seria preciso apenas acreditar em si, e agora ela acreditava.

Ela cresceu entre as adversidades e mesmo sob novas perspectivas, com tanta mudança, com tantas Julieta’s diferentes, crescendo e se manifestando, havia algo em que todas elas pareciam concordar: Aurélio Cavalcante. Ela não sabia que era possível, no entanto, descobrira que ele parecia ultrapassar todos os limites e quebrar todas as barreiras. Ele parecia deixar um rastro por onde passava como se dissesse: aqui é meu território. Porque era nisto que se consistia a concepção para tal: a idéia de território passara a existir quando alguém cercara um terreno e dissera “aqui é meu”, mas Aurélio quando excedia suas fronteiras não precisava dizer as tais palavras mágicas, ele apenas chegava.

E fora assim, tão simples como um mais um são dois, que ela lhe dera seu coração para que ali ele se estabelecesse, fizesse morada, tomasse, conquistasse; bastou que chegasse. Ele não disse “é meu”, mas fora ela que dissera: “Toma. És teu”, quando ele chegara olhando-a com teus olhos azuis que diziam infinito.

Não fora preciso mais que um olhar, para que ela percebesse o quão perdida estava dentro daquelas orbes azuis-esverdeadas que pareciam prestes a engoli-la com tuas ondas gigantes, com teus movimentos de ressaca. Porque era irônico pensar em Machado dizendo sobre os olhos de Capitu —“olhos de cigana oblíqua e dissimulada”— e tê-lo tomando formas arquitetônicas em sua mente. Parecia errado(?), mas era o que era e nada podia fazer para mudá-lo.

Ela sentia-se num barquinho de papel sob o temporal oscilando sobre ondas furiosas; era frágil demais e não conseguira evitar o naufrágio que acontecera quando aprofundou-se na imensidão dos azuis dos olhos dele. Afogou-se em sua intensidade. Perdeu-se em teu olhar fantasma, que enganava fácil, fácil. E deixou que aquele amor tomasse forma, proporção e volume; deixou que trasformasse-a. E agora, olhando para aquela aliança em seu dedo, qual ele colocara a meses atrás quando a pediu em casamento, Julieta sentiu que apesar do naufrágio, não queria, de forma alguma, voltar à superfície.

Case-se comigo, Julieta... pois te amo, e igual amo a ti, jamais amarei alguém. E eu poderia dizer que eu não posso imaginar uma vida sem ti, mas eu posso, eu posso porque passei anos sem você ao meu lado, mas descobri que neste espaço-tempo eu não vivia, era apenas um corpo, cheio de células e átomos, tu quem me deste um motivo para viver de fato. Então, não quero voltar a ser aquilo. Quero continuar sentindo-me vivo como só tu me faz sentir. Há coisas que não sabemos um sobre o outro, mas eu não me importaria de aprender dia após dia e de te ensinar dia após dia, contanto, que a tenha ao meu lado, sempre.”, ele lhe disse. E era como se cada palavrinha dele estivesse sendo dita, naquele exato instante, pois cada célula sua vibrava e o coração parecia dobrar de tamanho.

— Julieta? — Elisa a chamou. — Está na hora.

Julieta sorriu para seu reflexo no espelho. Para as duas principais versões de si. A Julieta sonhadora. E a Julieta formada, noiva, apaixonada. A Julieta que passava as tardes lendo os livros velhos da biblioteca e a Julieta que decidia no mundo dos negócios. Quando podia imaginar que cada um de seus sonhos se realizariam? Quando?

Ela sorriu largo. Sentindo-se tão leve que parecia prestes a levitar. Elisa bateu novamente na porta e ela soube que era hora.

Arrastando o longo vestido pelo chão do quarto, ela abriu as portas de duas folhas e encarou a melhor amiga, agora, formada em jornalismo e dona de um jornal recém inaugurado.

— Olha onde chegamos, Julieta! — Elisa exclamou. — Você fez tudo o que tanto queria, minha amiga. E ainda ganhou um extra: um futuro marido que a ama, a apoia e que é louco por ti.

Julieta gargalhou. Céus, ela não acreditava em sorte, mas podia considerar-se uma mulher mais do que sortuda.

— Oh, eu sei... estou a ponto de enlouquecer. Mas estou tão, tão, feliz. — ela piscou. Sorrindo, olhando para a aliança em seu dedo. — Como nunca estive antes. — sussurrou. — Como nunca estive antes. — repetiu.

Elisa sorriu terna, olhando para a amiga com quem crescera junto e passara anos aprontando. Era tão bom reconhecer a felicidade nos olhos dela. Julieta merecia.

— Vamos. Teu noivo a espera.

E Julieta correu. O vestido era um tanto grande e pesado, mas ela não se importava. Elisa vinha atrás rindo e repreendendo-a, no entanto, ninguém parava Julieta.

Na frente da estufa, tão enfeitada de rosas que chegava a tapar a visão do que a esperava lá na frente, Julieta recebeu da amiga um buquê pequeno de rosas vermelhas, suas preferidas. Havia chegado a hora e seu coração parecia prestes a sair boca a fora, pronto para fazer todo o caminho e cair próximo a teus pés. Tuas células pareciam, uma a uma, dança e em seu estômago, as famosas borboletas pareciam fazer um carnaval ali.

Ela sabia que ele a esperava lá na frente. Que ele era seu futuro.

Ela lhe disse uma vez “eres o começo e o fim de tudo...” e ele era.

Era o homem com quem passaria o resto de tua vida. Com quem dividiria anseios, angústias, medos e segredos. Com que iria compartilhar tuas inseguranças. Ele fora o começo, o princípio. Fora ele o primeiro. Primeiro de tudo. E seria também o último.

Julieta sorriu, fitando o vestido branco em seu corpo, rendado, cumprido e bordado em rosas vermelhas. O sorriso nos lábios e o coração batendo afoito no peito. Ela estava pronta para ser dele.

E quando ela entrou, afastando a cortina de rosas e o viu lá na frente, de branco feito ela, esperando junto ao padre ela sorriu tão largo que as bochechas chegaram a doer. Ela sentiu cada célula sua se mover, sentiu cada emoção na pele. E sentiu seus olhos encherem de água.

O aroma das rosas e a flores de diversas cores se contrastavam com o sol que começava a se pôr no horizonte, deixando que raios alaranjados ultrapassem as paredes de vídro daquela estufa que guardava tantos sentimentos e cobrisse a pele dos dois apaixonados.

Só havia ambos ali naquele instante. Quando um olhava para o outro buscando afogar-se na intensidade que haviam dentro de suas íris. O tempo parecia parar naqueles segundos, quando eles sentiam-se sair de órbita. Como se o planeta girasse e girasse sem direção, como se ela estivesse presa em uma galáxia infinita em tons de azul e como se ele se perdesse em uma galáxia infinita com aroma de rosas e de olhos tempestuosos.

Nem sequer perceberam quando o caminho de margaridas, que a levava até o altar improvisado onde só Aurélio e o padre estavam, acabou. Ela lhe estendeu a mão e ele beijou ali, olhando nas íris castanhas de Julieta. Gravando cada detalhe daquele rosto que passaria a ver todos os dias antes de dormir e depois de acordar.

Sorriram. Não era apenas Julieta que estava no barquinho de papel. Aurélio também embarcara na fragilidade do móvel e agora ambos enfrentariam a tempestade juntos. Remando contra as ondas furiosas unidos e mais fortes do que antes.

Com sorrisos enormes no rosto, fitando os olhos cor de mundo de sua futura esposa; enormes contra a luz do sol. Fitando o olhar-mar de seu futuro esposa, eles escutaram o padre dizer tudo o que queria. Sobre amar e respeitar. Sobre crescer, amadurecer. Sobre entender que o amor nasce ali, nas adversidades, nos momentos perigosos, inesperados.

— Eu te prometo, Aurélio, todo o meu amor. Todo o meu respeito. Todo o meu coração. Te prometo ser fiel, na alegria na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza. — ela citou. — Prometo cuidar-te. Amar-te. E permanecer contigo mesmo nos piores dias. Prometo que sereis tudo o que queres e mais, porque mereces. Prometo dedicar cada dia para te fazer feliz, porque teu sorriso é lindo demais para que fique escondido atrás de teus lábios, meu amor. — e eles riram, secando as lagrimas dos olhos. Enquanto Aurélio preparava-se para dizer seus próprios votos.

Eu te prometo, meu amor, todo o meu ser. Todo meu cerne és teu para que tu costure o teu ao meu e para que juntos, sejamos um. Eu te prometo tudo e mais, porque mereces tudo e mais. Eu prometo ficar ao teu lado em todos os momentos, o que não será difícil já que te amo, tanto tanto, que ficar um dia longe já é um martírio. — ela gargalhou. — Eu prometo te fazer feliz, sempre e sempre. E cada dia que acordar será para colocar em teu rosto o sorriso que mais amo. Prometo minha fidelidade, meu amor, meu eu inteiro para que você o desmanche, faça o que quiser. Sou teu, meu amor. — ele sussurrou colando sua testa contra a dela, vendo-a fechar os olhos com o gesto e agarrar-lhe as mãos. Sussurando “sou tua...” de volta.

O padre sorriu. — Então, com os poderes concedidos a mim. Eu os declaro, marido e mulher, pode beij— não precisou terminar; Julieta já encontrava seu lar nos lábios de Aurélio que a abrigava com todo o amor, selando com paixão o início daquele enlace que se dependesse de ambos, jamais se desmantelaria. 


Darcy e Elisa, os únicos presentes, gritaram, aplaudiram. Julieta desgrudou os lábios dos de Aurélio rindo quando ele a erguera rodopiando-a em teus braços tão feliz quanto ela. Ela o beijou e beijou e beijou e eles continuaram assim, beijando-se entre as rosas tal qual a primeira vez naquela mesma estufa. Onde tudo começara. Onde Julieta colocara seu barquinho de papel em alto mar, onde Aurélio pegara carona com a mesma. Para ali, anos depois, após muito remar, muito empurrar aquelas ondas tempestuosas que chegavam para derrubar, ambos naufragarem —juntos.


Notas Finais


AAAAAAAAAAAA voltei com um epílogo para vocês, amores da minha vida.
Enfim, agora a fic, está, finalmente, terminada. Eu espero que vocês tenham gostado de acompanhar tanto quanto eu gostei de escrever. Muito obrigada pelos comentário, favoritos e por lerem a minha fanfic. Estou muito, muito, muito, grata. Um beijo para vocês. 💓💘💕

Novamente, obrigada por tudo.


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