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História O belo e a fera - Capitulo 8


Escrita por: Babylon69 e ParkML

Notas do Autor


DEPOIS DE 84 ANOS

FALTAM SÓ 2 CAPÍTULOS

Capítulo 8 - Capitulo 8


 

Quando Merlion entrou repentinamente na tenda, Jungkook se levantou. Havia uma urgência tensa no visitante que despertava sua esperança.

— Descobriu alguma coisa? — Ele perguntou, orgulhoso do tom calmo.

— Sim. — Merlion apontou para trás, e dois homens foram jogados dentro da tenda. — Não sei que tipo de jogo eles planejam, mas encontramos os dois idiotas perambulando pelo bosque.

Jungkook reconheceu o primo e foi invadido pela fúria, uma ira cega que o impelia a atacar Yoongi. E ele o teria atacado e matado, não fosse a interferência precisa de Taehyung e Merlion.

— Podem me soltar — ele disse aos amigos e defensores. — Não vou matar o covarde. Não por enquanto. Antes ele vai ter de falar. E quem é esse outro?

— Meu nome é Joheon, sir Yoongi e eu estamos aqui para oferecer ajuda. Queremos mudar de lado.

— Ah, sim? Sentem-se. — Jungkook viu Joheon se sentar no banco de madeira, puxando o amedrontado Yoongi para se sentar a seu lado. — Por que devo acreditar no que diz?

— Senhor, que outro motivo nos traria aqui desarmados?

— Não sei. E ainda não me disse quem é você. O que faz com Yoongi?

— Sou um dos homens que entregou seu Ômega a Minjoon. — Ele se encolheu quando Jungkook deu um passo em sua direção. — Meu amigo e eu fomos informados apenas de que roubávamos um noivo. Fomos levados a acreditar que tudo era apenas um desses jogos praticados entre os nobres. Vocês estão sempre se matando e roubando terras e Ômegas uns dos outros.

— Nem todos somos iguais. O que fez vocês mudarem de ideia?

— Descobrimos que fomos enganados. Não era só um jogo. Talvez não acredite nisso, mas meu amigo Henry e eu temos algum senso do que é certo.

— Talvez possa me convencer disso. Continue.

—Bem, Minjoon vai longe demais. Ele não se incomoda se tem de prejudicar Ômegas e bebês. Henry e eu não aceitamos isso. Nunca participamos desse tipo de atrocidade, e não vamos começar agora. Descobrimos que ele não pretende deixar o Ômega e o bebê vivos por muito tempo.

— E você também se incomoda com isso, Yoongi?

— Sim. — Ele finalmente encarou o primo. — Foi um erro deixá-lo atacar Minyuk, e agora você.

— Ele matou Minyuk?

— Não posso dizer com certeza, mas quando fala sobre o assunto, ele não se refere ao ocorrido como um acidente. De qualquer maneira, isso não é importante agora. Estou aqui por Jimin. Ele quer... Ele quer...

— Fale de uma vez, garoto! — Joheon se inquietou. —Henry não vai conseguir segurar aqueles homens para sempre!

— Ele o quer. E pretende tomá-lo. E Wonho e Bertrand estão com ele... com a mesma intenção. — Yoongi não continha as lágrimas.

— E você o deixou lá? — Jungkook gritou descontrolado.

— Não! Henry os afastou dele. Temos algum tempo.

— Pouco — Joheon acrescentou. — Henry não vai poder retê-los para sempre. Temos de voltar para lá.

— Passamos metade da noite procurando uma brecha por onde pudéssemos entrar — disse Merlion. — Não há nenhuma.

— E como acha que saímos?

— Há uma passagem. Saímos por ela e viemos até aqui para buscá-los.

— Para sermos assassinados lá dentro? — Taehyung questionou desconfiado.

Yoongi balançou a cabeça e respondeu:

— Por que eu me incomodaria com isso? Minjoon só precisaria esperar até amanhã para ter tudo que quer. Jungkook simplesmente se entregaria. Por favor, confiem em mim. Por Jimin! Meu tio pretende violentá-lo e depois entregá-lo a Wonho e Bertrand! Acha que eu poderia ficar quieto diante dessa barbaridade?

Jungkook pegou a espada.

— Vamos — disse.

— Melhor deixar alguns homens aqui — Joheon sugeriu enquanto se levantava.

— É verdade — concordou Yoongi. — Eles não podem ver muito bem do alto das muralhas, mas se não identificarem uma ou outra sombra se movendo pelo acampamento de vez em quando, podem ficar desconfiados. É melhor não os alertar.

— Minjoon sabe sobre essa brecha?

— Não, Jungkook. Eu nunca contei nada a ele. Ah, e seus homens estão na masmorra. É lá que fica a passagem por onde vamos entrar. Eles vão precisar de armas. Deixamos Wee Tom vigiando para impedir que um dos homens de Minjoon descesse e desse o alarme.

Jungkook saiu da tenda seguido pelos outros. Ele deixou Taehyung com Yoongi e Joheon enquanto dava ordens e cuidava dos preparativos. Sentia que Yoongi era sincero em sua intenção de ajudar, mas duvidava de sua força para perseverar. De qualquer maneira, pretendia tirar proveito desse raro momento de coragem do primo.

— Estamos prontos para partir — anunciou por fim. — Vocês vão na frente para indicar o caminho. E se tudo isso for uma armadilha, saibam que morrerão conosco.

Quando penetraram no bosque rumo ao tronco de árvore por onde entrariam na fortaleza, Taehyung perguntou a Jungkook:

— O que vai fazer com Yoongi e Joheon quando tudo isso acabar?

— Muitos homens os enforcariam.

— Sim. Mas sei que não vai ser essa sua decisão.

— Como posso punir Yoongi por ter sido dominado pelo tio durante toda a vida? E esse Joheon... Ele me olhou nos olhos, Taehyung. Foi honesto. Ele realmente acredita que roubar Ômegas e terras é comum entre os nobres. Mesmo assim, sabe distinguir até onde pode ir com seus erros. Devo a ele a vida de Jimin. Como poderia puni-lo?

— Tem razão, deixe-os. Imagino que eles pensarão duas vezes antes de se envolver novamente em malfeitos, mesmo que o pagamento seja tentador.

— É verdade. — Yoongi e Joheon pararam ao lado de uma árvore. — É aqui?

— Sim, por aqui — Yoongi confirmou.

Todos o seguiram. Jungkook empunhava uma lanterna e, atento, passou pelo alçapão.

Wee Tom os esperava do outro lado.

— Finalmente! — Ele exclamou aflito. — Milorde...

— Trouxemos armas para os homens.

— Ótimo! Eles estão ansiosos para entrar em ação.

— Alguma notícia de Jimin? — Yoongi perguntou.

— Aquele homem... Henry... Ele esteve aqui. Quase o feri com a espada antes de perceber que era ele.

— É verdade — Henry confirmou.

— Jimin — Yoongi murmurou, segurando seu braço. — Como ele está?

— Contive Minjoon tanto quanto pude. É bem verdade que um homem foi chicoteado por isso, mas... bem, agora eles voltaram à torre. Se querem libertar o moço, é melhor correrem.

— Colin, Wee Tom — Jungkook chamou. — Libertem os homens que estão aqui e armem-nos. Vou levar Taehyung, Merlion e os outros. Onde está Jimin? Eu o vi na janela da torre oeste. É isso?

— Sim — confirmou Henry. — Mas tome cuidado quando for até lá.

— Eu sei. Eles o têm como refém.

— Ainda não — Henry gritou, correndo atrás deles. —Seu esposo encontrou um jeito de mantê-los afastados por mais um tempo.

— Como?

— Ele está na janela, milorde, e ameaça se jogar se um deles ousar tocá-lo. Saí de lá um momento, e eles tentavam convencê-lo a se afastar da janela.

— Por Deus! — Jungkook estremeceu. —Venham, vamos depressa! Ele pode estar falando sério!

 

 

Jimin se agarrava ao parapeito e tentava não perder o equilíbrio. Estava apavorado, mas temia ainda mais os homens no quarto. Era detestável pensar em se atirar no vazio, em voar para a morte e cometer o imperdoável pecado do suicídio, mas o que Minjoon e seus capangas planejavam também era horrível. De um. Jeito ou de outro, ele pensou deprimido, o bebê não sobreviveria.

— Saia dessa janela, Ômega — Minjoon exigiu furioso.

— Não. Ficarei aqui até você sair.

— Vai macular sua alma por toda a eternidade se saltar para a morte.

— Está preocupado com minha alma? Pois saiba que prefiro o inferno ao que planeja para mim!

— Se pular, vai matar também a criança que espera.

— O que você e esses homens imundos pretendem também vai significar a morte do bebê. Não me dá escolha.

— Está bem, está bem. — Minjoon ergueu as duas mãos num gesto conciliatório. — Desça daí, e prometo que nenhum de nós vai tocar em você. Tem minha palavra de que será deixado em paz.

— Sua palavra? Ahá! Ela não vale nada. Só um tolo aceitaria sua palavra.

— Pense no que estou dizendo. Você não é útil para mim morto. Não quero que morra.

— Ainda não! — Ele respondeu, sem perceber que os homens não o ouviam mais.

Só quando o quarto foi invadido ele percebeu que não havia sido esquecido. Jungkook comandava a invasão ruidosa e violenta.

— Jungkook! — Jimin gritou incrédulo.

— Desça daí antes que se machuque, Ômega maluco! — Ele gritou, apontando a espada para Minjoon.

— Sim. Como quiser.

Jimin desceu da janela com grande cautela, mas, antes que pudesse saborear a sensação de estar novamente em segurança, as pernas começaram a tremer sob seu corpo. Zonzo, ele escorregou para o chão sem entender o que acontecia, e foi se arrastando até um canto seguro contra a parede, fora da área onde se desenrolava a luta. Era impossível parar de tremer.

Jungkook se concentrava em Minjoon. As roupas rasgadas e os hematomas que vira nos braços de Jimin confirmavam o relato de Yoongi. Seu desejo era matar Minjoon pouco a pouco, causando grande dor e interminável sofrimento. Não foi com surpresa que ele viu Minjoon empunhar a espada e, mesmo armado, empurrar Wonho na sua frente. Sua covardia era revoltante.

— Pare de se esconder atrás de seus cúmplices e me enfrente como um homem — Jungkook provocou. — Estou lhe dando uma chance que você não me teria dado.

— Mate-o! — Gritou Minjoon, encolhendo-se atrás de Bertrand e de Wonho. — Matem esse desgraçado, seus idiotas!

Taehyung adiantou-se. Merlion também deu alguns passou à frente, pronto para agir, caso fosse necessário. Jimin fechou os olhos por um momento, sem saber o que esperar, mas voltou a abri-los ao sentir que alguém se aproximava. Surpreso, ele viu Yoongi, Joheon e Henry se reunirem a sua volta formando um escudo.

— O que estão fazendo?

— Queremos impedir que meu tio tente usá-lo como escudo — explicou Yoongi.

— Eu agradeço, mas preciso ao menos de um espaço para ver o que está acontecendo.

— Um lorde não deve testemunhar esse tipo de coisa.

— Não seja idiota, Yoongi!

Henry e Joheon riram.

A violência o horrorizava, mas ele sentia uma estranha e inesperada excitação vendo o marido brandir sua espada com tanta maestria. Fechou os olhos por um momento quando Jungkook feriu Wonho. Não gostava dos seguidores de Minjoon, mas nem por isso desejava vê-los sangrar até a morte. Sabendo que agora Jungkook enfrentaria Minjoon, ele abriu os olhos e ainda testemunhou os últimos instantes do combate entre Bertrand e Taehyung. Minjoon perdia mais um homem.

Taehyung colocou-se ao lado de Jungkook.

— Não — disse ele. — Quero enfrentar esse verme pessoalmente, Taehyung.

— A culpa é toda de Yoongi — Minjoon gritou desesperado ao se ver desamparado. — Foi ideia dele. Confesse, Yoongi! Revele como fui só um mero soldado forçado a fazer seu jogo!

A resposta de Yoongi foi tão cruel, vulgar e cheia de ódio, que Jimin o encarou boquiaberto. O som do choque entre espadas atraiu sua atenção de volta à luta. Apesar da evidente covardia, Minjoon era um bom lutador. Jimin tremia novamente. Confiava na habilidade de Jungkook e sabia que ele poderia derrotar Minjoon numa luta justa, mas não acreditava que Minjoon tivesse a intenção de lutar com justiça e honestidade.

Depois de alguns momentos percebeu que o marido estava brincando com o oponente, causando ferimentos pequenos, mas dolorosos, adiando o golpe fatal. Considerava que Minjoon era merecedor dos mais duros castigos, mas não suportava assistir à morte lenta.

De repente Minjoon gritou, e ele soube que havia acabado.

Jungkook estava abaixado a seu lado, amparando-o.

— Está ferido?

— Não... — respondeu com voz fraca, dominada por forte vertigem. — Minhas roupas foram rasgadas, tenho alguns hematomas..., mas é só isso. E Baek...?

— Está bem. Sofreu um corte na cabeça, mas não foi nada grave. Agora que conheci os dois homens que os atacaram na pousada, chego a acreditar que eles não usaram muita força quando o agrediram, ou meu filho estaria morto.

Jimin fechou os olhos e sorriu aliviado.

— Sobre Henry e Joheon...

—Depois, meu querido. Antes quero que os criados o examinem para termos certeza de que está mesmo bem. Depois será banhado e vestido com trajes apropriados e limpos. Então poderemos conversar.

O quarto foi rapidamente limpo. Todos os sinais de morte desapareceram. Duas betas chegaram para ajudá-lo. Jimin foi examinado, banhado e ungido com bálsamos que aliviaram a dor de pequenos hematomas e ferimentos. Depois, ele foi posto na cama sobre muitos travesseiros e recebeu uma bandeja com uma variedade de guloseimas. Enquanto comia, conseguiu captar alguns detalhes sobre como Jungkook fora capaz de resgatá-lo, mas foi um grande alívio vê-lo retornar ao quarto, depois de inspecionar o castelo, e expulsar todos que ameaçavam sua privacidade.

— Já começava a me sentir um inválido — Jimin resmungou.

Jungkook riu e se serviu de um pedaço de queijo do prato na bandeja.

— Logo o levarei para os nossos aposentos — ele disse. — Minjoon se instalou em nosso quarto, por isso dei ordens para que tudo fosse limpo antes de voltarmos para lá. Achei que você ia preferir assim.

— Sim, obrigada.

Jimin parecia melhor, mas ainda estava um pouco pálido. Jungkook conteve o riso ao imaginar o que ele diria se soubesse como o marido passara a última hora, de joelhos na capela agradecendo a Deus por ainda ter o Ômega e o bebê a seu lado.

Parte dele clamava pela revelação de seus mais profundos sentimentos, mas se mantinha calado. Acabara de salvar a vida dele, evitara uma terrível e traumática violência sexual, e toda e qualquer declaração de amor seria recebida com gratidão efusiva. E esse era o último sentimento que desejava despertar nele.

— Já mandei informar sua família de que o perigo está superado. Mandei notícias também para os que esperam em Riverfall — ele disse.

— Lamento por todo esse problema, Jungkook. Se eu não tivesse ido ao encontro de Mi Cha...

— Você não tem do que se desculpar. Nunca disse a ninguém que ela era minha inimiga, que poderia oferecer perigo. Quando deixei a corte estava decidido a falar sobre esse assunto, mas depois esqueci tudo sobre Mi Cha.

— O que fez com ela? Deixou aquela mulher livre para cometer outras maldades?

— Não. Ela está presa na masmorra em Riverfall. Quando eu voltar, chamarei a família dela para ir buscá-la e levá-la sob custódia. Porém, antes de partirem, serão informados sobre algumas verdades a respeito de Mi Cha. Falarei inclusive sobre o filho que tivemos.

— Pobre Baek! Agora sabe que a mãe não se importa mesmo com ele.

— Se isso o magoa, ele esconde bem o que sente. Na verdade, acho que Baek sempre soube disso. O que realmente o incomoda é que, mais uma vez, Mi Cha participou de um plano para prejudicar você. Isso é algo que ele não pode entender, e não sei se o ajudei muito nesse sentido. Não tive tempo. De qualquer maneira, tenho de informá-lo de que a mãe dele não sabia que um assassinato fazia parte desse plano.

— Tem certeza disso?

— Sim. Ela sabia de um plano de rapto para pedir um resgate, e viu nesse esquema uma forma de pôr algumas moedas em sua bolsa sempre vazia.

Jimin se reclinou contra os travesseiros e bebeu sem pressa o vinho em sua caneca, vendo Jungkook devorar o que ainda havia na bandeja. Ele estendeu a mão para tocar os cabelos do Alfa, que sorriu. Exceto por aquele primeiro abraço emocionado depois da morte de Minjoon, haviam retomado o estado anterior da relação. Próximos, mas não muito, e confortáveis. A situação o entristecia, mas sentia-se ainda mais triste por sua participação nela. Ainda não revelara seus verdadeiros sentimentos, calando-se covardemente cada vez que tentava falar.

— Jungkook, acha mesmo que deve informar a família de Mi Cha sobre Baek?

— Por que não? — Ele se levantou para remover da cama a bandeja vazia.

— E se eles também rejeitarem o menino? — Quando o marido voltou e se sentou a seu lado, ele apoiou a cabeça em seu ombro e se sentiu confortada pelo abraço. — Baek saberia que tem familiares, mas que eles também não o querem.

— Existe essa possibilidade, eu sei. Mas tenho de dizer a eles. Já devia ter falado. Talvez a solução seja não conversar com Baek sobre isso até ter certeza de qual vai ser a reação da família de Mi Cha. Não quero que ele sofra ainda mais.

— Quando ele for mais velho, talvez você possa falar com ele sobre tudo isso. Se a família o reconhecer, é claro. Se não...

— Se não, ele nunca saberá. Sim, talvez tenha razão, Jimin. Decidiremos tudo quando o momento chegar. Agora, temos outra questão a tratar. Queria falar comigo sobre Henry, Joheon e Yoongi?

— Sim. O que planeja fazer com eles?

— Não pensei em nada. Por quê? O que acha que devo fazer? Foi você quem mais sofreu nas mãos deles.

— Não, Jungkook. Nas mãos de Minjoon. Sei que Henry e Joheon me trouxeram até aqui, para ele, mas esses homens são só seguidores, pequenos comandados. O verdadeiro mal estava em Minjoon. Mesmo depois de terem me batido na cabeça, eles me trataram bem. E quando tomaram conhecimento dos verdadeiros planos do Min, eles ficaram chocados. Infelizmente, Henry e Joheon não são modelos de coragem.

— Eu não teria tanta certeza. Joheon me encarou quando admitiu ser um dos homens que o trouxe para cá. E estava desarmado quando fez essa confissão.

— Ora, isso é uma surpresa. Ele e Henry demonstraram sentir muito medo de você.

— De mim? — Jungkook fingiu inocência.

— O que quero dizer é que há neles uma semente do bem.

— E ela germinará se eles forem mantidos bem alimentados, abrigados e com algumas poucas moedas para atender às próprias necessidades — deduziu Jungkook.

Jimin riu.

— Você já havia decidido poupá-los.

— Sim, mas queria ter certeza da sua opinião. E Yoongi?

— Pobre Yoongi. Minjoon fez dele o que é. Quem sabe que tipo de homem ele poderia ser, se não houvesse sido manipulado e prejudicado pela péssima influência do tio? Mas, por um momento, Yoongi enfrentou o tio. Infelizmente, ele não tinha a força e a habilidade, e Minjoon percebeu e usou essa carência.

— Sim, eu sei disso. No final, quando foi realmente importante, Yoongi fez o que era certo. Não tenho estômago para matar alguém que tem o mesmo sangue que eu nas veias. Além do mais, Yoongi não sabe que Minyuk foi assassinado. Ele desconfia, mas não tem certeza.

— Mas ele sabia que você seria assassinado.

— Sim, e ignorou essa informação por uma razão que muitos homens considerariam boa. Ele queria você. Agora, creio que Yoongi desistiu inteiramente desse sonho. Sabe, começo a pensar que Joheon e Henry o tomaram sob sua proteção. Talvez a melhor coisa a fazer seja pensar em alguma coisa que eles possam fazer juntos e que proporcione um certo lucro e os mantenha fora de confusões.

Jimin levou a mão à boca para conter um bocejo.

— E quanto aos homens de Minjoon?

— Estão mortos.

— Todos eles?

— Sim, todos. Os homens que libertamos da masmorra sofreram um golpe duro contra sua honra. Foi impossível contê-los em sua ânsia de vingança. — Jungkook se levantou e cobriu Jimin, acomodando-o para dormir. —Agora descanse. Passou por momentos difíceis e precisa se recuperar.

— Jungkook, sei que vai me achar um pouco tolo, mas será que pode ficar aqui comigo? Pelo menos até eu dormir?

— Sim, e não acho que você é tolo. Está traumatizado, assustado... tudo isso é normal. O perigo real já passou, mas a memória ainda vai incomodá-lo por um tempo.

Jimin sorriu agradecido diante da resposta compreensiva. Aninhado nos braços do marido, ele fechou os olhos e começou a relaxar. Finalmente sentia que estava realmente vivo, que o plano de Minjoon fracassara.

— Jimin?

— Hum...?

— Ia mesmo pular daquela janela?

Sonolento como estava, era difícil responder com clareza, mas ele tentou:

— Não sei. Parte de mim não via razão para não pular, mas outra parte repelia essa ideia. Se Minjoon houvesse se aproximado, talvez... Sentia mais medo dele do que da morte ou do castigo de Deus.

Jimin já havia adormecido, mas Jungkook continuava ao lado dele, segurando sua mão. Estivera muito perto de perdê-lo e de perder o filho que ele esperava. Depois disso seria muito difícil não tentar escondê-lo do mundo, de qualquer possibilidade de perigo. Talvez estivesse condenado a passar o resto da vida temendo pela vida de seu Ômega amado.

(...)

(...)

(...)

(...)

(...)

 

Jungkook resmungou e bateu na mão que tocava seu ombro. Não queria acordar. Estava ainda um pouco embriagado depois da celebração do casamento de Taehyung e Hoseok na noite anterior.

— Se eu fosse um inimigo, já teria cortado sua garganta.

Havia algo de familiar na voz profunda e rica, mas Jungkook tentou ignorá-la e continuar dormindo.

— Jesus! — Gritou Seokjin.

Ótimo! O invasor havia acordado o irmão de Jimin. Os três Park dormiam em esteiras em seus aposentos, e logo poriam para fora quem ousava incomodá-lo.

— Mas... ouvimos dizer que estava morto! —Joheon murmurou. — Como pode estar aqui?

— Porque não estou morto, talvez? — Soou a resposta debochada. — Acorde, pateta ruivo!

Jungkook tinha certeza de que ainda estava embriagado, ou não teria pensamentos tão absurdos.

Jimin não sabia se gritava ou desmaiava de susto. Queria arrancar o marido daquele torpor, mas hesitava em despertá-lo para o que só podia ser uma visão estranha e irreal. Jeon Minyuk estava morto! Não podia estar em pé ao lado de sua cama em Riverfall, sorrindo tranquilamente.

— Pela quantidade de bêbados que encontrei dormindo pelos corredores, suponho que tenha acontecido uma festa grandiosa ontem à noite.

— Taehyung se casou com meu primo Hoseok — Jimin respondeu, tentando entender como podia estar conversando com uma visão.

— Ah, então era sobre isso que Yoongi falava.

— Falou com Yoongi?

— Ele resmungou algumas palavras antes de cair desfalecido. O tio dele está morto? Isso é verdade?

— Sim. Jungkook o matou em Jeon Manor.

— Lástima... esperava ter esse prazer. É claro que muitas coisas aconteceram durante os meses que passei fora. — Minyuk sacudiu Jungkook mais uma vez. — Acorde, seu grande idiota. Precisamos conversar. Onde está sua educação? Não vai acolher e receber alguém que volta da morte?

Decidindo que Minyuk devia estar vivo, já que sua imagem não desaparecia, Jimin também sacudiu o marido. Seus irmãos já estavam em pé, lavando-se e vestindo-se enquanto trocavam opiniões variadas a respeito de como contar aos pais tudo que havia acontecido ali.

— Jungkook, acho que devia acordar e falar com esse homem. — Vendo que ele abria os olhos, Jimin insistiu: — Tente superar o torpor, Jungkook. Olhe para a sua direita.

Relutante, ele se virou... e não conteve uma exclamação espantada. Jungkook esfregou os olhos, mas o que via não desapareceu. Olhando para Jimin e para os irmãos dele, soube que todos ali esperavam alguma reação. Quando Minyuk gargalhou, abraçou-o e bateu em suas costas, ele se recuperou pelo menos o suficiente para retribuir o abraço. Depois, quando Minyuk recuou, ele começou a pensar nas consequências do retorno do primo.

— É você mesmo, Minyuk... — Jungkook sentou-se na cama. — Por que fomos informados de que estava morto?

Sentado na beirada da cama, Minyuk agradeceu o vinho que Seokjin servia.

— Eu quase morri de verdade. A queda do cavalo causou-me graves ferimentos. Wonho, meu escudeiro, achou que seria melhor se todos me julgassem morto. Ele sabia que a queda não havia sido um acidente, e sabia também que eu não estava em condições de lutar contra outro possível atentado. Além do mais, não podíamos ter certeza da origem do atentado. Tenho alguns inimigos.

— Todos nós temos. Onde esteve?

— Não muito longe, para dizer a verdade. Estava em uma estalagem. A princípio não percebi o que Wonho havia feito.

Quando me recuperei o bastante para pensar com clareza, tentamos descobrir quem havia me atacado. Quando soubemos que tinha sido Minjoon, pensei em preveni-lo, mas Wonho garantiu que você já sabia.

— Eu sabia. Ele me havia declarado morto também. Não precisei de muito tempo para deduzir tudo. Sofri alguns acidentes incomuns, embora não tenha me ferido tanto quanto você. Parece bem agora, Minyuk.

— Sim, mas tenho cicatrizes novas, e minha perna direita enrijece consideravelmente em alguns momentos. É um milagre que não tenha ficado manco. Só lamento por uma coisa. — Ele sorriu.

— O quê?

— Receio que meu retorno represente para você a perda de tudo que você obteve. Só isso é suficiente para me fazer quase desejar estar morto. Por um breve momento, pelo menos.

Jungkook também sorriu. A perda de tudo que obteve. As palavras ecoavam em sua mente, causando insuportável agonia com seu verdadeiro significado. Nada do que tinha era realmente dele. E isso incluía seu Ômega. O contrato decretava que Jimin deveria se casar com o herdeiro de Jeon Manor. Como Minyuk não morrera, ele não era o herdeiro e não tinha o direito legal de estar casado com Jimin. Minyuk tinha esse direito.

— Bem. — Ele olhou para Minyuk. — Nunca tive nada. Não vai ser tão difícil retornar ao que era antes. — E nunca contara uma mentira tão grande. Certamente perderia Jimin também.

— Nada? — Jimin estranhou. — Sei que Riverfall não é tão grande ou tão próspero quando Jeon Manor, mas é mais do que nada.

— Sim, mas Riverfall é seu dote.

— Sim, e por isso agora você é o senhor dessas terras. Quando nos casamos, Riverfall passou para suas mãos.

— Jimin, nós nos casamos porque Minyuk foi considerado morto.

— E daí? — Tinha o pressentimento de que não ia gostar do fim dessa conversa.

— Pelos termos do contrato, você deveria se casar com o herdeiro de Jeon Manor. Não sou mais esse herdeiro. Agora tudo pertence a Minyuk.

— E daí?

— Você nunca teve um raciocínio lento. O contrato determina que você deveria se casar com o herdeiro. Minyuk é o herdeiro. E ele está vivo. Você vai ter de ser devolvido a ele.

Minyuk engasgou com o vinho. Jungkook teve de bater nas costas do primo para salvá-lo de sufocar.

Jimin se sentia tão perplexo quanto seus irmãos pareciam estar. De onde Jungkook tirava essa argumentação absurda?

Estavam casados havia meses! O casamento havia sido consumado centenas de vezes e já produzia frutos. Ele não podia estar pensando em simplesmente anular a união e entregá-lo a Minyuk, só porque, de repente, o homem aparecia vivo.

De repente ele se sentiu zangado. Não poupou esforços para mostrar a Jungkook que gostava de estar a seu lado e queria continuar com ele. Agora descobriu que fracassara. Ele ainda acreditava que poderia simplesmente trocar sua cama pela de Minyuk.

Era insultante! Na opinião de Jungkook, não era mais do que parte de uma herança, quase como uma pedra de Jeon Manor. Minyuk voltava para reclamar a propriedade; portanto, Minyuk levaria também o noivo.

Jimin o atingiu com um soco. Quando Jungkook praguejou e o encarou surpreso, ele o acertou com outro soco. Depois se levantou da cama, sem dar importância à falta de jeito provocada pela barriga distendida.

Minyuk o estudava surpreso e boquiaberto. Não havia notado sua condição antes. Jimin não podia deixar de pensar na atitude desprezível de Jungkook. Ele havia esquecido a gravidez, ou pretendia entregar também o bebê a Minyuk?

— Quer me jogar fora como se eu fosse um trapo velho? É isso? — Ele disparou. — Vai me oferecer numa bandeja para o herdeiro que retorna? Ah, olá, Minyuk! Já que é dono do castelo e do título, por que não leva também o Ômega?

—Você entendeu mal—Jungkook protestou, lamentando não estar vestido. Era horrível se descobrir nu na cama enquanto tentava conduzir uma conversa tão séria com um Ômega furioso. — O contrato de casamento...

— Para o diabo com o contrato! Não sou um objeto a ser negociado com a propriedade e os outros bens! E o bebê? Fica, ou também vai ser descartado comigo?

— Não estou descartando você! Por que distorce minhas palavras?

— Distorço? Elas já saem distorcidas de sua boca! O que pretende fazer? Anular o casamento? A gravidez pode dificultar seus planos, caso ainda não tenha pensado nisso. Qualquer um pode perceber que nosso casamento foi consumado. Acha que pode tomar uma decisão e tornar-me virgem outra vez?

— Agora está sendo tolo — ele decidiu irritado, levantando-se para ir vestir a ceroula. — Minyuk entende as razões para tudo que aconteceu.

— Minyuk ainda não foi interpelado quanto ao que pensa — disse o próprio Minyuk, notando que sua presença era ignorada.

Uma dor aguda surgiu e desapareceu em seguida. Jimin franziu a testa. De repente entendia o que estava acontecendo. Sabia por que havia dormido tão mal à noite. Ele encarou o marido e decidiu ignorar os sinais do parto iminente. Atacá-lo era mais importante que tudo nesse momento.

— É ótimo saber que Minyuk é tão compreensivo, mas receio não ter a mesma qualidade. Como pode desistir de mim tão rapidamente, sem sequer pensar nos meus sentimentos? No que eu quero? Você está sempre dando ordens, decidindo por todos!

— Acalme-se e escute. Eu só mencionei o contrato. É legal, válido e sancionado pelo rei. Seus pais o casaram comigo porque eu era o herdeiro naquele momento. Eles foram enganados, embora ninguém tenha tido essa intenção. Isso vai ter de ser discutido. Você é um lorde de origem nobre que devia ter sido casado com um título e posses. E eu não tenho nada disso.

— Estranho. Pensei que fosse casada com um Alfa.

— Está dificultando as coisas de propósito.

— Eu estou dificultando as coisas? — Jimin olhou para os irmãos. — Não têm nada a dizer sobre isso?

Seokjin respondeu hesitante:

— Lamento, mas não consigo raciocinar com clareza desde que Minyuk ressurgiu dos mortos. E, por mais maluco que pareça, pode haver alguma verdade nas palavras de Jungkook.

O insulto que Jimin pretendia dirigir ao irmão e à sua confusão mental soou apenas como um gemido de dor.

Agarrou-se à cabeceira da cama, segurou o ventre com a outra mão e dobrou-se ao meio, tomada de assalto por uma violenta contração. Todos os presentes i olharam com compreensão horrorizado.

— E então? — Ele disparou. — Vão ficar aí parados até o pobrezinho cair no chão?

Jungkook deu um passo na direção do esposo.

— Jimin... É o bebê?

— O que você acha? Vá buscar Janet e chame minha mãe! — Ele ordenou. Foram os irmãos dele que se retiraram para obedecer à ordem. Outra contração o castigava quando, notando a mão de Jungkook estendida em sua direção, ele reagiu: — O que está fazendo?

— Vou colocá-lo na cama — ele respondeu enquanto o tomava nos braços e o deitava novamente. — É lá que deve ficar.

— Eu nem teria me levantado, se você não fosse o idiota tolo que é!

Jungkook ignorou o insulto e olhou para Minyuk.

— Ajude-me a encontrar minhas roupas antes que as mulheres cheguem.

— Onde está Baek? — Minyuk indagou curioso enquanto ajudava o primo a recompor-se. — Ele não é mais seu pajem?

— Ele é, mas está se recuperando de algumas dificuldades criadas pela própria mãe.

Jungkook resumiu tudo que havia acontecido recentemente, notando o horror nos olhos de Minyuk. Felizmente, Baek fora aceito com grande alegria pela família materna, que o reconhecera como descendente mesmo enquanto ameaçava deserdar Mi Cha. Mas as explicações eram breves, entrecortadas, porque Jungkook permanecia atento em Jimin. Vestido, ele correu para perto da cama e segurou a mão do esposo, notando com alívio que ele não o repudiava. Porém, a fúria ainda não havia arrefecido.

— Ora, então não vai delegar essa tarefa a Minyuk, também?

Antes que Jungkook pudesse responder, Minyuk segurou a outra mão de Jimin, ignorando o rosnar do primo.

— Jimin, não seja tão severo. Um contrato de casamento é um laço de honra, e se existe um homem no mundo que respeita a honra e a palavra, esse homem é meu primo Jungkook. Pode soar absurdo e até ofensivo, mas esse casamento é agora uma questão legal.

Jimin queria responder, mas foi dominado pela dor de outra contração.

Minyuk apertou a mão dele.

— Você é forte. Mais do que parece — disse.

— Sente muita dor? — Jungkook perguntou aflito.

— Vejo que hoje acordou disposto a formular questões estúpidas—Jimin respondeu irritado, tentando respirar antes da próxima onda de dor.

— Quanto ao dilema que estamos enfrentando aqui... — Minyuk adiantou-se, sentindo que o casal poderia começar uma discussão que, naquelas circunstâncias, não seria conveniente.

— O dilema só existe— Jimin cortou — para certas pessoas que querem se desfazer de seus esposos.

— Eu não disse que quero me desfazer de você.

— Chega! — Minyuk exclamou com firmeza. — Quero dizer o que penso, e vocês precisam me ouvir. Jimin, quando o deixei depois de nosso último encontro, parti mais do que satisfeito com o arranjo. Porém, as coisas mudaram, e não me refiro apenas ao bebê que vai nascer a qualquer momento. Não. Sei que é melhor você ficar com seu Alfa. Não pretendo reclamá-lo para mim.

Jimin o encarou entre uma e outra contração. Minyuk resolvia o conflito antes mesmo de ele surgir. Ainda estava furioso com Jungkook por sua aparente disponibilidade para entregá-lo ao primo, mas não precisava mais temer que uma lei qualquer o arrancasse de seus braços. Porém, a facilidade com que Minyuk abria mão dele não era exatamente lisonjeira.

— É estranho — Jimin murmurou. — Considerando que não desejo trocar de marido, mas sinto-me ofendido.

Jungkook continha a vontade de rir. Em nenhum momento havia pensado em desistir dele. Era um alívio constatar que Minyuk não pretendia criar problemas. Porém, também se sentia insultado com a atitude desinteressada do primo. Sentira o coração dilacerado ao pensar que talvez tivesse de se separar de sua Jimin, porque a lei poderia obrigá-lo a isso, mas Minyuk nem se dava ao trabalho de reconhecer com gratidão sua intenção de sacrifício.

Minyuk riu e beijou o rosto de Jimin.

— Confesso que no início fiquei desapontado por ter perdido um noivo tão adorável. E para meu primo! Mas, sendo livre, logo entreguei meu coração a outras mãos. Casei-me há três meses.

Jimin queria fazer dezenas de perguntas, mas, antes que pudesse começar, ele viu Janet e sua mãe se aproximando da cama. Jungkook e Minyuk foram expulsos do quarto.

Era frustrante não poder saciar a curiosidade, mas o nascimento de seu primeiro filho chamava a atenção de todos.

Especialmente a dele.

Jungkook esperava no salão em companhia dos primos, Minyuk e Yoongi, e de seus mais novos amigos, Joheon e Henry. A demora o preocupava. Minyuk falava sobre sua intenção de levar Yoongi de volta a Jeon Manor, mas Jungkook protestou.

— Ele não quer ir. Prefere ficar aqui, pois lá todos se lembram dele como o comandado de Minjoon. Yoongi pretende gerenciar uma hospedaria, e já prometi ajudá-lo nessa empreitada. Sei que o trabalho não é apropriado para um homem de sua origem, mas ele está animado. O negócio é promissor. Yoongi cuida das contas, e os dois, Joheon e Henry, fazem o trabalho propriamente dito. Creio até que Yoongi já se interessou por alguém, uma jovem delicada e interessante o bastante para fazê-lo esquecer sua devoção por meu esposo. Isso é muito bom, porque, quando tiver de me ausentar e deixá-lo aqui sozinho, posso pedir a Yoongi para cuidar dele sem nenhum temor.

— Por que pensa em se ausentar? O rei o convocou novamente?

— Não, mas agora sou destituído de terras e título. Vou ter de vender minha força de trabalho.

— Riverfall é uma bela propriedade.

— Sim, mas é o dote de Jimin. O que ele trouxe ao nosso casamento. Eu não trouxe nada. Preciso trabalhar para contribuir com minha parte. Jimin deveria ter se casado com um homem de título e posses, e tenho o dever de compensá-lo pela perda que sofreu com toda essa confusão.

— Primo, sempre admirei sua inteligência, mas você parece ser incapaz de usar o raciocínio quando o assunto é seu esposo.

Antes que Jungkook pudesse responder, lady Sun Hee entrou no salão. A mulher parecia cansada, mas feliz. Mesmo assim, Jungkook se recusava a ter esperanças, a acreditar que Jimin escapara ileso do difícil e arriscado momento do parto.

— Você é pai de uma menina, Jungkook — ela anunciou, indo se sentar ao lado do marido.

Ele assentiu e aceitou distraído os votos de felicidades e congratulações. Queria que tudo acabasse depressa, porque tinha uma pergunta a fazer a lady Sun Hee. Ela ainda não havia revelado o que, para ele, era mais importante que tudo.

— E Jimin? — Finalmente murmurou depois de um instante.

— Está bem. Cansado, mas bem. Ele terá muitos outros filhos, a julgar por como enfrentou o primeiro parto. Por que não vai vê-lo? Seu Ômega o espera.

Jungkook subiu a escada correndo, mas parou diante da porta do quarto. Não podia deixar de lembrar a última vez em que estivera ao lado da cama de alguém com quem tivera um filho. Dizendo a si mesmo que Jimin não era como a fria e imoral Mi Cha, ele entrou e se aproximou da cama do esposo. Janet saiu imediatamente. Jimin parecia cansado, mas radiante. Ele segurava o bebê com uma ternura emocionante.

— Como se sente? — Jungkook perguntou com a voz embargada.

— Bem. Venha conhecer sua filha.

— Baek vai ficar feliz — ele murmurou, sorrindo atordoado.

Jimin o viu tocar a criança com sua mão grande e calejada. Enquanto ele se certificava de que a menina era forte e saudável, ele se emocionava com a cena. Não precisava perguntar se o marido estava feliz. Podia ver a resposta em seu rosto.

Mas ele ainda sentia os resquícios da velha mistura de raiva e dor. Havia conversado com a mãe sobre a discussão que precedera o parto. Lady Sun Hee ficara um pouco chocada, mas tentara fazer o filho entender que havia bons motivos para a reação de Jungkook. O argumento não servira para acalmá-lo. Queria alguma indicação do marido de que ele teria ao menos relutado em entregá-lo a Minyuk. Mas ele se mostrara dolorosamente complacente.

— O bebê é forte, Jimin. E é bonita, também — Jungkook comentou antes de beijá-lo, desejando encontrar um meio mais eloquente de manifestar seus sentimentos. — Vamos chamá-la de Yura, como combinamos?

— É claro que sim. Não mudei de ideia. É um bom nome. Porém, confesso que tive medo de que deixasse também essa escolha aos cuidados de Minyuk.

Jungkook sentou-se na banqueta ao lado da cama e respirou fundo. Chegara a esquecer o confronto, mas era evidente que Jimin ainda o tinha nítido na memória. Teria de dar boas explicações, embora não soubesse nem por onde começar.

— Jimin, precisa entender como funcionam esses contratos — ele começou.

— Isso já foi explicado. Ainda acho que é tudo uma grande loucura, mas entendo que esses documentos e essas leis nunca levam em consideração as pessoas que são afetadas por elas.

— Então, se entende, por que continua tão zangado? Quando Minyuk voltou, era minha obrigação oferecer de volta tudo que ele deveria ter herdado, tudo que obtive em consequência de sua suposta morte. Jeon Manor, o título, você...

Ele quase praguejou. Mais uma vez, era relacionado como um bem, um objeto qualquer. Isso o enfurecia. A raiva o impedia de ceder à exaustão que reclamava seu corpo.

— Entendo. Porém, como seria se, por ocasião do retorno de Minyuk, eu me virasse para você e dissesse: "Bem, Jungkook, meu verdadeiro marido voltou, e agora tenho de deixá-lo"? Teria sido aceitável para você?

Ele piscou. De repente percebia tudo. Jimin afirmava compreender o contrato de casamento e a questão levantada pelo retorno de Minyuk, mas a verdade era que Jimin não estava pensando. Estava sentindo. Entendia que ele se dispunha a entregá-lo a Minyuk, mas não sabia que dor e que tumulto emocional a decisão causava em sua alma. Vira frieza em vez de obediência, honra e lealdade. E, com seu controle férreo e sua aparente calma, ele causara sofrimento e até o ofendera.

— Jimin, querido, se o fiz acreditar que queria entregá-lo a Minyuk, peço que me perdoe.

— Foi exatamente essa a impressão que tive.

— Sim, eu sei. Estou vendo agora, querido. Você está certo. Às vezes sou mesmo um idiota. Tudo que posso dizer é que o choque provocado pelo retorno de Minyuk tornou-me ainda mais tolo.

— Entendo. Vê-lo também me deixou atordoado.

— Quando me lembrei de que deveria devolver tudo que havia herdado, naturalmente o incluí na lista. Descobri-me dividido entre o que a honra exigia de mim e o que eu queria fazer. Jeon Manor e o título tinham pouca importância. Se incluindo você nesse pacote, o fiz se sentir pouco importante também, tudo o que posso dizer é que nunca tive essa intenção. Sempre soube que não poderia entregá-lo a outro homem. E o bebê... Por acaso não consegui demonstrar a alegria que me deu com essa gravidez? Por isso acreditou que eu poderia desistir de tudo?

— Não. Eu sabia... eu sei... sim, tenho certeza de que está feliz com a criança.

— Não imagina o alívio que experimentei quando Minyuk revelou que havia se casado com outro. Naquele momento eu percebi que não teria de me colocar contra ele.

— E teria feito isso?

— Sim. Teria feito qualquer coisa para mantê-lo a meu lado. O contrato deixava de ser importante. Você é meu Ômega. O bebê é nosso filho. Podia devolver todo o restante a Minyuk, mas vocês dois... nunca! E há mais uma coisa.

— O quê?

— Queria que você tivesse uma chance de escolher. Como tinha a alternativa de ir viver com Minyuk, não quis que se sentisse obrigado a ficar onde não desejava estar.

Era como Jimin havia suspeitado. Não estava surpreso, mas magoado, uma emoção que tentava esconder. E também se sentia muito desanimado. Nada do que tinha feito ou dito tocara Jungkook como pretendia. Como poderia dizer a esse homem que o amava? Ele nunca acreditaria. Não se podia pensar que seria capaz de deixá-lo por outro, por um título e terras.

Jungkook não acreditava na força desse casamento. Parte dele ainda duvidava de que ele o desejaria como marido para sempre.

E Jimin não sabia como resolver esse problema.

— Jungkook, em algum momento fui desonesto com você?

— Não. Nunca. Em alguns momentos chegou a ser dolorosamente honesto.

— Pois bem, se eu quisesse ir viver com Minyuk, não teria ido? Não teria simplesmente manifestado minha vontade? Eu mesmo teria usado esse argumento do contrato de casamento.

— Como, se o considerava uma loucura, se nem entendia o que estávamos dizendo? Deixe-me pôr Yura no berço — ele sugeriu, estendendo o braço para pegar o bebê.

Ver as mãos fortes cuidando tão bem de sua filha despertou em Jimin uma intensa fraqueza. Jungkook seria um bom pai.

Já havia notado a bondade com que ele tratava Baek. Esperava que essa certeza ajudasse a demonstrar que ele também era tudo que ele podia querer.

— Se acreditasse que um papel idiota e estúpido poderia me ser útil, eu mesmo o teria mencionado.

Sentado na beirada da cama, ele segurou as mãos do esposo e sorriu. Jimin estava certo. Sempre que lidava com uma questão de importância ou necessidade, ou quando defendia um desejo pessoal, ele demonstrava ter mais inteligência e fibra do que todos os Ômegas que ele conhecia. A verdade era que Jimin não pensara em trocá-lo por Minyuk. Em nenhum momento. Sustentava seus votos com firmeza, votos que fizera a ele, não a Minyuk. Ele beijou-lhe as mãos, tocado pelo brilho que viu em seus olhos.

— Estou perdoado, então, esposo?

— Por sua estupidez?

— Não devia chamar seu Alfa de estúpido. É muito desrespeitoso.

— Sim, eu sei.

— Estou perdoado, então?

— Sim, eu o perdoo por ser tão tolo.

Ele riu e o beijou nos lábios.

— Descanse. Vou mandar Janet levar nossa filha para o quarto vizinho. Assim, os que quiserem conhecê-la não perturbarão seu repouso. Você precisa dormir.

— Não foi tão difícil quanto eu imaginava que seria.

— Não precisa me fazer acreditar que foi fácil.

— Não disse que foi fácil. Apenas que não foi tão difícil. Acho que estava tão zangado com você que esqueci o medo. Só pensava no que queria dizer quando o encontrasse novamente. Por favor, lembre-se de me deixar furioso sempre que eu for ter um filho.

— Sempre? Não esperava que pensasse em ter outros filhos agora, logo depois do parto.

— Não quero outra gravidez tão cedo, é verdade. Mas não estou assustado a ponto de não pensar em ter mais filhos. Não pretendo ter tantos que me veja envelhecido antes da hora, mas espero ter pelo menos mais um. E isso, meu marido, quer dizer que pretendo ficar do seu lado. Portanto, pare de pensar que vou abandoná-lo a qualquer momento.

— Nada poderia me fazer feliz, exceto, talvez, devolver-lhe tudo que foi perdido, tudo que você tem por direito.

Algo nessas palavras atingiram Jimin como um presságio. Jimin não teve chance de pressioná-lo, fazer perguntas, porque ele o beijou e saiu levando o bebê. Jimin prometeu a si mesmo que arrancaria de Jungkook uma explicação assim que o visse novamente. O instinto o prevenia de que o marido tinha na cabeça uma daquelas estúpidas ideias de Alfas, algo de que ele certamente não gostaria.

Jungkook saiu do quarto pensando na filha que acabara de nascer. Jimin havia dado a ele o mais valioso de todos os presentes, e ele nada tinha para oferecer em retribuição. Horas antes do parto, fora devolvido à condição de homem destituído de terras e título. E esse estado não era mais tolerável. Jimin merecia mais, seus filhos mereciam mais... E como poderia planejar ter mais filhos, se ainda nem acumulara o suficiente para a família que já devia sustentar e manter?

Recentemente, o rei havia comentado alguma coisa sobre uma boa recompensa por seus leais serviços. Ele decidiu que era hora de se curvar agradecido por essas sugestões e cobrar o que lhe fora prometido.


Notas Finais


EU REALMENTE NÃO GOSTEI MUITO DESSE CAPITULO
ficou muito vago e algumas partes não me agradaram
mas espero que agrade vocês
aconteceram algumas coisas realmente frustrantes nesse capitulo mas eu prometo que vou ajeitar tudoo

MENINA GANHOU COM UMA DIFERENÇA AVASALADORA
eu fiz uma enquete um pouco antes de postar esse capitulo em varias plataformas e pedi pra uma amiga sortear um nome e ela sorteou Yura então eu já aproveitei pra emendar com uma homenagem pra minha diva


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