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História O Cadete turco - Sob o lençol


Escrita por: Almafrenz

Notas do Autor


Apresentação:
Atendendo aos numerosos e simpáticos pedidos para que eu desenvolvesse uma nova aventura para o nosso casal amado, apresento-lhes “O cadete turco” como o meu presente de natal! Espero que gostem!

Certo, agora vamos para os avisos:

1 – Fanfic publicada nas plataformas dos sites Social Spirit, Nyah Fanfiction, Fanfiction net e AO3.
2 – Fic sem Beta. Isso quer dizer que há possibilidade de você encontrar algum deslize meu ao longo da leitura. Se isso acontecer, mantenha a calma, seja um ninja paciente e bondoso, perdoe a autora, dê um duplo salto mortal caprichado por cima e siga adiante, afinal, o importante é se divertir.
3 – Enredo com teor homossexual. Se você caiu aqui acidentalmente passando por todos os avisos sem perceber, aproveite e saia de fininhinho, como dizia a grande pensadora Sra. Hudoson: “viva e deixe viver”.
4 – As atualizações desta fanfic podem ser esperadas todos os sábados, como de costume.
5 - Capa elaborada por mim!
6- Autora aprecia muito receber comentários dos leitores, isso a deixa estimulada, então faça-a feliz, comente! Permita que ela saiba se você apreciou.
7 – Link do trailer da fanfic ao no rodapé da fic (se ele não funcionar por alguma razão misteriosa, faça a busca pelo meu canal “Alma Frenz” e veja lá o vídeo).
8- Tem livro meu na Amazon, gente, deem umas estrelinhas no meu livro por lá, ficarei feliz ;-)
9 - Antes de você se aventurar em "O cadete turco", o tio Capitão América recomenda a leitura das minhas fanfics anteriores para que você não fique sem entender algumas referências, para ficar por dentro, leia as temporadas anteriores na seguinte ordem: 1º - O último sorriso (primeira temporada); 2º - O vendedor de livros (segunda temporada); 3º - O médico louco (terceira temporada). Se já leu tudo, divirta-se com a quarta temporada e boa leitura!

Capítulo 1 - Sob o lençol


Fanfic / Fanfiction O Cadete turco - Sob o lençol

            A Londres de manhãs mornas e douradas com parques coloridos por álamos frondosos havia cedido espaço para os primeiros sinais de um inverno que prometia ser rigoroso. A estação fria enviava nas primeiras semanas de outubro, uma grossa névoa cinzenta e gélida como aviso de sua chegada, deixando os transeuntes arrepiados e pegajosos com a sensação de ter braços úmidos e fantasmagóricos percorrendo suas epidermes em busca de suas vidas quentes e vibrantes. Um e outro morador sincero diria que a capa extra de roupa era para a proteção contra essa sensação estranha vinda de além mundo e não necessariamente por conta do frio.

            John tinha essa mesma sensação quando o inverno começada a se instalar em Londres, as manhãs pareciam nunca chegar de verdade em razão das nuvens que frequentemente embaçavam maciçamente o sol, permitindo uma vez ou outra que tímidos raios meio mortos de claridade, dessem conta de que acima do grosso manto de nuvens cinza chumbo havia um astro ardente e dourado indicando o raiar de um novo dia.  

            Naquela manhã estava chovendo pesadamente e o impacto das milhares de gotas d’água sobre as mais diversas superfícies circundantes,  lotavam o ambiente com um murmúrio aquoso formando um coro relaxante que poderia facilmente arrastá-lo novamente para o sono profundo.

O médico olhou para o mostrador do relógio constatando tratar-se de 5:28 da manhã, ele poderia ter dormido mais 32 minutos antes do alarme tocar para removê-lo da cama quente e macia para suas tarefas matinais antes de ir ao Barts para cumprir com o seu turno profissional médico.

Às vezes isso acontecia, ele acordava muito cedo e rolava para o lado na intenção de observar o outro homem que dividia a cama com ele. John não compreendia e nem queria compreender, mas ele sempre se sentia preenchido de grande satisfação quando podia olhar para o lado e ver Sherlock compartilhando os mesmos lençóis que ele. Sentia-se feliz com o calor e o cheiro do detetive e às vezes se indagava como eles haviam chegado até aquele ponto de intimidade.

O tempo em que eram apenas amigos lhe parece haver ocorrido em outra vida com séculos de distância. Um dia ele emprestou seu celular a um estranho no laboratório do São Bartolomeu, noutro partilhavam um apartamento e um bocado de tempo depois, deixaram de compartilhar apenas o mesmo apartamento para partilhar a mesma cama, sentindo prazer e usufruindo um o toque do outro, como homens casados, numa relação exposta para quem quisesse saber, livres para manifestar o sentimento sincero que os mantinha juntos.

            Sherlock estava quieto no lado dele da cama, corpo parcialmente coberto pelo lençol dando a John a visão da camisa de algodão cinza vestida pelo avesso. O médico sorriu com a constatação, não raro o marido se metia de qualquer jeito em sua roupa de dormir. O moreno era um tanto contraditório, pensou. Em um momento ele é o mais elegante homem numa sala e noutro, na privacidade quieta de seu lar, ele era a criatura mais desleixada que ele havia conhecido e John amava Sherlock por suas contradições e excentricidades.

            O médico foi sacudido de suas reflexões matinais pelo alarme do despertador. Ele havia caído tão profundamente em seus pensamentos que os 32 minutos antecipados ao alarme, haviam corrido e o alcançado ainda deitado. Sherlock grunhiu rolando de lado, um claro sinal de que estava incomodado com o alarme e John foi rápido em silenciá-lo antes de levantar.  

O médico afastou os lençóis de si e esticou-se antes de erguer-se, catou sua toalha e roupa limpa, tomou banho, escovou os dentes, vestiu-se para o trabalho e foi para a cozinha colocar a chaleira no fogo para fazer chá. Enquanto a água chegava ao ponto ideal, ele abriu a geladeira e quase teve um nó nas tripas.

            Na segunda prateleira, entre uma abobrinha e um pote de figos em conserva, estava uma bolsa de solução líquida dentro da qual havia um par de olhos humanos. Aquilo não era coisa para se ver perto dos alimentos logo pela manhã. Oh, ele era um médico acostumando com muita coisa, mas sua larga experiência com as mazelas do corpo humano ainda não o havia imunizado contra o péssimo hábito do marido de colocar partes de cadáveres dentro da geladeira, justo ao lado da comida. Isso não era saudável. Mas algo lhe dizia que, convivendo com Sherlock, ter partes de defuntos na geladeira um dia lhe será tão comum quanto o pote de figos ao lado dos olhos que o encaravam de forma esquisita.

            John voltou a abrir a geladeira e pegou os figos em conserva para compor o café da manhã, abriu o pote redondo, tirou os frutos esmeralda colocando-os em prato turquesa sobre a mesa e depois foi pegar o jornal. A manchete da manhã dava conta de que a precipitação de chuvas na capital estava acima da média e se os leões bebessem água, a cidade iria naufragar. O loiro achava aquilo um exagero, há 25 anos os leões de ferro às margens do rio Tâmisa não eram encobertos pelo nível da água, aqueles leões, mais do que meros enfeites, eram como verdadeiros guardiões da cidade, eles marcavam o nível até o limite seguro das águas antes de um alerta de inundação. Mas, não estava chovendo este ano mais do que já havia chovido no ano anterior, então, John não estava preocupado com isso, pelo contrário, sentia-se satisfeito por ele e Sherlock haver deixado de ser o interesse das fofocas e sensacionalismo da impressa britânica.

            Contente com a ausência de notícias trágicas ou sensacionalismo sobre ele e o marido no jornal, John arrastou sua cadeira favorita à mesa perto dos janelões na sala, mas antes de poder puxar totalmente a cadeira para dar início ao se desjejum, viu Sherlock aparecer no corredor bocejando e isso o encheu de satisfação.

– Bom dia.  – John cumprimentou indo até ele.  

            Sherlock responde puxando-o pela gola da camisa e depositando um beijo morno e ainda sonolento em seus lábios fazendo o médico sorrir. O detetive havia desenvolvido o hábito de levantar-se antes que o marido saísse para o Hospital Barts, antes que o chá esfriasse e ele perdesse a doce oportunidade de compartilhar o café da manhã com seu companheiro. Essa era a rotina do casamento.

            Uma hora depois de o médico haver saído do apartamento deixando Sherlock sentado em sua poltrona escura perto da lareira, o detetive recebeu a visita do irmão mais velho que entrou na sala sacudindo o guarda-chuva antes de pendurá-lo no cabide.

– Olá, irmão. – Mycroft saldou se aproximando do moreno.

– O que quer que tenha vindo me propor, eu não estou afim. – Sherlock respondeu sem olhar para a entrada da sala.

– É mesmo? – Mycroft perguntou caminhando para a janela logo atrás da poltrona do irmão para olhar algo parado na calçada logo abaixo, mas se afastou do lugar antes de encostar, como se surpreendido por algo indecoroso. 

– Por que se afastou da janela desse jeito? – Sherlock perguntou desconfiado observando o irmão sentar-se na poltrona diante dele. 

– Notei a tempo que você transou recentemente com o seu marido de frente a ela. – Mycroft respondeu encarando o irmão.

– Não transei.

–Transou, sim.

– Não, você está enganado.

–Transou e as marcas na janela não mentem, Sherlock. Há claramente traços de duas mãos espalmadas no vidro, elas são grandes e altas demais para pertencer ao John ou a Sra. Hudson, mais abaixo das grandes mãos está um borrão tênue, compatível com a cabeça de alguém de 1,70m que apoiou-se eventualmente ali, uma ou duas vezes buscando um ângulo atrás do dono das marcas das grandes mãos, e a forma indefinida como apoiou a testa indica que sua postura era instável e levemente curva, eu digo seguramente que estava pressionando alguém repetidamente contra ela...  Agora, caro irmão, me diga quem é alto o suficiente neste apartamento para ter deixado aquelas marcas de mãos e quem tem aproximados 1,70m para se encaixar no borrão logo abaixo?

– Droga. – Sherlock resmungou olhando para a lareira de chamas sonolentas.

            Ele e John de fato haviam feito sexo na janela do 221B e tinham realizado a devida limpeza do local, no entanto, a domesticidade do ato o fez descuidar-se das digitais na janela, era óbvio que a densa neblina do dia iria destacar as marcas de suor humano deixando-as evidentes para um olhar treinado e curioso, sendo uma verdadeira manchete de suas atividades conjugais para um exímio leitor de sinais ambientes como o seu irmão mais velho.

– Você anda descuidado, Sherlock. Não é decente ficar se exibindo para a vizinhança desse jeito, pega mal. – Mycroft disse exibindo a sua melhor expressão de censura debochada.

– Não ando me exibindo, era madrugada e não havia ninguém na rua ou acordado no prédio vizinho. Eu me certifiquei.  

– Madrugada, é?  

– Sim.

– Anda com insônia, irmão?  

– Um pouco. O tédio anda me matando. Nada acontece nessa cidade! – Sherlock resmungou tamborilando os dedos nos braços da poltrona.

– Pobre Dr. Watson. – Mycroft comentou torcendo um risinho enquanto olhava para a as marcas na grande janela atrás de Sherlock.

– O que está insinuando? – Sherlock indagou franzindo o cenho.

– Nada.

– Sim, você está. Eu definitivamente não uso cada minuto de vigília para transar, fique sabendo disso.

– Se você diz. – Mycroft respondeu com uma mal fingida descrença.

– Afinal, o que diabos você está fazendo aqui mesmo com um dilúvio escorrendo lá fora?

– Vou dar um pequeno jantar em minha casa no próximo sábado para um seleto grupo de personalidades com a finalidade de receber um príncipe árabe proprietário de prósperos oleodutos na Turquia e Paquistão, ele é financeiramente muito influente e propiciar uma lúdica e eficiente interação dele com nosso ministro da economia ajudará muito na obtenção de um ótimo acordo sobre o valor dos barris de petróleo para a Inglaterra.  

– E o que eu tenho com isso? – Sherlock perguntou de forma azeda.

– O príncipe é um grande fã seu. Manifestou o desejo de conhecê-lo pessoalmente, seria pedir demais que você fosse até lá para dizer “olá” e ficar pelo menos 15 minutos? – Mycroft perguntou tentando e falhando miseravelmente adular o irmão mais novo a atender seu pedido.  

– Algo me diz que você usou o seu parentesco comigo para fazer esse príncipe árabe vir para o seu chato jantar político, só para começar. Estou certo?

– Digamos que foi uma das ferramentas para estimulá-lo a vir. – o Holmes mais velho admitiu meio a contra gosto.

– Contrate um ilusionista para animar a sua festa, irmão.  Não irei ser a atração do evento. – Sherlock disse retorcendo-se levemente na sua poltrona.

– Você não perguntou ao John se ele não quer ir. – Mycroft insistiu.

– A resposta dele é deduzível e é não.

– Bem, o convite está de pé, se mudar de ideia...

– Não vou mudar de ideia.

– Veremos. – disse Mycroft rindo e saindo do apartamento.  

Assim que o Holmes mais velho saiu da sala, Sherlock levantou-se e observou a janela onde seu olhar podia ver claramente os sinais do ocorrido na madrugada.

Era 03:00 da madrugada e ele estava insone. Temendo acordar seu parceiro com sua agitação, Sherlock levantou-se com cuidado e foi para a sala fria do apartamento. A lareira estava apagada o que fazia o cômodo ficar bem menos convidativo, mas Sherlock insistiu em ficar ali ao perceber uma pálida claridade filtrada pelas cortinas dos janelões. Ele caminhou até a janela atrás da sua poltrona e afastou a cortina ficando imediatamente fascinado com a visão do céu noturno. Havia ma redonda e brilhante lua cheia desvelada pelas nuvens compactas, destacando-se maravilhosa no céu como uma pérola perfeita e iridescente fluindo da membrana cinza rugosa da ostra grotesca pescada do fundo do mar abissal.

Sua admiração o distraiu da aproximação de um corpo quente que se colou atrás do seu, afundando um par de mãos musculosas em seu quadril, massageando preguiçosamente a região, estimulando-o enquanto lábios quentes passeavam por seu ombro e lateral do pescoço em movimentos lentos como o espreguiçar de um recém nascido, arrancando-lhe um profundo suspiro de satisfação.

– John. 

– O que está fazendo fora da cama, Sherlock?

– Sem sono.

– Vou cortar cafeína da sua dieta. – o médico disse plantando pequenos beijos no ombro do detetive.

– Meu consumo de cafeína é mínimo.

– Ótimo, mais fácil para cortar.

– E por que você não está na cama?  

– Porque você não está lá, Sherlock. – o homem respondeu deslizando a mão direita para a virilha do detetive.

            Sherlock não protestou quando sentiu a mão do marido deslizar para dentro da calça do seu pijama para iniciar uma lenta massagem masturbatória enquanto distribuía beijos cada vez mais necessitados na região dos seus ombros e nuca.

            O moreno fechou brevemente os olhos, perdido no calor do corpo e carícias oferecidas por John, mas voltou a abri-los ao sentir o grande e duro volume do pênis do parceiro sendo esfregado contra sua bunda por cima do tecido da calça de dormir.

            A fricção era agradável e os dois poderiam encontrar satisfação apenas com esses toques, mas Sherlock decidiu que aquilo poderia ficar melhor. Ele olhou para a rua deserta analisando cada canto que a luz da lua podia iluminar, então, constatando a ausência de testemunhas, moveu-se baixando a calça junto com sua roupa íntima, não deixando dúvidas para John qual era a proposta feita naquele momento. Sherlock havia feito isso com John na sua lua de mel, agora ele queria experimentar estar no lado passivo do ato.

            O médico não fez pergunta ou comentário. Ambos haviam passado da fase das dúvidas e inibições na relação, o homem simplesmente apoiou a cabeça no ombro de Sherlock e aceitou de bom grado a ideia, respirando profundamente o seu cheiro antes de se afastar por alguns segundos em busca de algo para lubrificação para depois voltar pressionando seu membro escorregadio no espaço entre as nádegas do parceiro.

            O primeiro e vigoroso impulso que John efetuou dentro do marido, fez o moreno buscar apoio espalmando suas mãos na vidraça da janela à sua frente. John segurou seu quadril com firmeza buscando um ângulo. Ele empurrou mais para frente para poder atingir a próstata do moreno e bateu levemente a testa no vidro enquanto imprimia um ritmo crescente de penetrações, espremendo Sherlock contra a janela do 221B com seu pênis excitado e prensado na vidraça.

            Atrás dele, John era quente, invadindo seu reto com vigor, deixando- o quase em brasa, na frente, ele recebia o toque incisivo do vidro gélido. Ele estava preso em estimulação de fogo e gelo. Tudo ao mesmo tempo. Ele estava ficando zonzo com o prazer que crescia em seu corpo, deslizando pela coluna vertebral feito azeite em fervura indo para suas pernas, rasgando suas panturrilhas, batendo na ponta dos dedos dos pés que se dobravam com o fulgor do orgasmo se aproximando e subia com a força vingativa de um tsunami para seus testículos, inflamando sua carga ao ponto intolerável, fazendo uma torrente de esperma eclodir pelo canal tenso do seu pênis túrgido, jateando vigorosamente o vidro frio, fazendo o membro flácido e saciado do detetive deslizar pegajoso pela superfície um bom par de vezes enquanto John estremecia penetrando-o erraticamente e com mais força até finalmente esvaziar-se dentro dele com um grunhido de abandono.

            Os dois permaneceram parados diante da janela por alguns segundos enquanto restabeleciam a normalidade do ritmo respiratório e o comando do corpo repentinamente exausto. Sherlock olhou novamente para o céu, mas a lua não estava mais lá, em seu lugar havia grossas nuvens tempestuosas que tinham dado início a uma chuva moderada que iniciava uma renovada lavagem das calçadas.

– Que tal irmos para a cama agora? – perguntou John baixinho no pé do seu ouvido, abraçando-o.   

– É uma boa ideia, penso que serei capaz de dormir agora. – Sherlock respondeu fazendo um movimento para desgrudar-se da janela. – Mas terei que limpar isso antes. – disse apontando a mancha de sêmen escorrendo no vidro.  

– Venha. – John convidou puxando-o. – Está tarde, eu limparei isso enquanto você se limpa no banheiro, nos encontramos na cama em alguns minutos.  

– Combinado. – o moreno disse beijando o companheiro antes de se retirar da sala.

            Como combinado, em pouco menos de quinze minutos ambos estavam na cama que partilhavam. John puxou Sherlock para seus braços e iniciou um lento e insistente afago nos cabelos negros do homem, em poucos instantes o ritmo profundo e compassado da respiração do detetive demonstrou a John que o marido havia adormecido. O médico sorriu, cafuné depois do sexo era infalível.  

O tédio que se instalava ao longo da manhã estava cobrando um pouco da sanidade de Sherlock, ele não queria descontar nos cigarros, John ficaria chateado e ele não gostava de chatear o marido. Então, testar efeitos de produtos químicos em cadáveres lhe pareceu uma boa opção para empregar o tempo.

– Olá, Sherlock! A que devo a visita? – Molly perguntou ao avistar o detetive se aproximando do balcão onde ela acomodava um cérebro dentro de uma solução conservante.

– Preciso de alguns dedões.

– É para algum caso?

– Não, um experimento. Londres anda muito calma nos últimos meses. – Sherlock respondeu.

– E você também. Está diferente. – Molly respondeu com um sorriso sincero.

– Diferente como?

– Você está há meses sem um bom caso e não está chicoteando cadáveres e nem atirando na parede por isso. Você parece bem.

– Eu estou bem. – Sherlock afirmou convicto, mas desconfiado do comentário da amiga.

– Está transando muito? 

– O quê? Oh, não, não... – Sherlock respondeu de forma meio atrapalhada.         

            Molly ficou encarando-o esperando que a qualquer momento ele fosse admitir o óbvio, mas ele não daria o braço a torcer, não totalmente, então ele disse:

– Ocasionalmente. 

– Que legal! Ter sexo regularmente é ótimo para o humor.  

– Está dizendo que antes eu era um chato mal humorado porque não fazia sexo regularmente?

– Vai querer que tipo de dedões? – Molly desconversou tomando o rumo do frízer no final da sala deixando um Sherlock pestanejando enquanto processava o comentário da patologista sobre os benefícios do sexo.

Na tarde daquele dia meio chuvosa, Mike Stamford caminhava tranquilamente pelos corredores da Faculdade Imperial de Londres onde era professor de anatomia. Ele gostava de seu turno como professor no curso de Medicina, olhar para aqueles jovens rapazes e moças estudando os mistérios e maravilhas do corpo humano, o fazia lembrar-se do seu próprio tempo como estudante, era como voltar a ser jovem através deles. Aquele era dia de exame na sala de anatomia e ao dobrar a esquina do corredor para a sala onde um cadáver fresco estaria esperando por vários pares de olhos curiosos, ele foi saldado por um elétrico grupo doze estudantes de medicina.   

– Pessoal, hoje é o grande dia! – Mike afirmou sorrindo enquanto abria a sala.

– Não seja cruel conosco, professor. – pediu uma moça loira baixinha que segurava sua prancheta de anotações contra o peito como se ele fosse um escudo.   

– Vai ser uma prova fácil, garanto. É só observar com cuidado cada área anatômica e oferecer a resposta adequada. Não há mistério. – ele tentou tranquilizar a aluna, mas a moça loira pareceu mais tensa ainda e ele riu desse nervosismo bobo que ele também sentiu no seu tempo de universitário.

            Ao centro da sala ampla e bem iluminada, havia uma mesa para dissecação com um corpo coberto por um grosso lençol branco e esse ponto foi rapidamente rodeado pelos alunos que deixaram um espaço especial para o professor se aproximar e apresentar o material de análise para aquele dia.  

– Senhoras e senhores, nos foi fornecido hoje o corpo de uma mulher de 42 anos, vítima de infarto. Constava no testamento dela o desejo de permitir que seu cadáver fosse doado a uma faculdade de medicina, que Deus a abençoe por se importar com a formação de vocês, pessoal. – Mike comentou pegando a ponta do lençol enquanto os alunos riam do comentário, mas petrificaram de susto e confusão tão logo Stamford puxou o lençol para revelar o que havia por baixo.

– Chamem a polícia. – Stamford balbuciou estupefato encarando o que fora revelado sobre a mesa de dissecação. 

            Decididamente não era o material para o exame prático de anatomia daquele dia.

 

             

           

 


Notas Finais


Bem, meus amores, este é o meu presente de natal para vocês, espero que gostem e me presenteiem com seus comentários e pré-deduções sobre o novo caso que se inicia. Divirtam-se e tenham um Feliz Natal! Beijos e até sábado!
Link para o trailer: https://youtu.be/hDXc63cPgSk


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