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História O Cadete turco - O retrato


Escrita por: Almafrenz

Notas do Autor


Oi! Hoje saberemos o que, ou quem nosso amado John avistou nas águas do lago gélido! Boa leitura!

Capítulo 11 - O retrato


Fanfic / Fanfiction O Cadete turco - O retrato

A água no lago estava muito gelada e recebeu o corpo de John Watson como punhais afiados rasgando seus músculos, mas o médico não diminuiu os movimentos ansiosos dos braços enquanto nadava até atingir o corpo imóvel de Sherlock.

Quando conseguiu tocar o homem desacordado, John envolveu um aperto firme em torno do tronco do detetive com o seu braço esquerdo e forçou o braço direito a tirá-los dali, nadando de volta para a margem úmida com toda a energia que conseguia extrair de si.

            O médico arrastou o detetive para um ponto seco e o examinou rapidamente utilizando a lanterna do celular que deixara caído na margem. O homem tinha um ferimento sangrento no alto da testa de um jeito totalmente compatível com um tiro de raspão. John imaginou imediatamente que o tiro que ele ouviu certamente fora aquele que o assassino disparara contra Sherlock que, por sorte, foi atingido superficialmente pelo projétil, caindo desacordado, tendo o assassino se aproveitado disso para jogá-lo desmaiado nas águas geladas do lago onde de fato o detetive iria morrer se John não o tivesse achado a tempo.

            O pulso de Sherlock estava fraco, mas estável, no entanto, era preciso obter socorro médico hospitalar o mais rápido possível para evitar o surgimento de complicações letais. Ciente disso, John puxou o corpo do detetive, arrumando-o cuidadosamente como uma carga em seus ombros e colocou-se a bambear por entre as árvores, mantendo equilibrada a sua preciosa carga enquanto ia à busca de socorro como nos velhos tempos servindo o exército britânico em situações de salvamento complicado no Afeganistão. John Watson sabia o que era ter que fazer de seus ombros a maca de salvamento para um ferido no meio do fogo cruzado.

            Quando ele estava se aproximando das margens do bosque, seus olhos perceberam uma agitada claridade adiante. Ele conhecia aquele padrão luminoso, ao que tudo indicava, alguém havia encontrado o corpo às margens do bosque e chamado uma ambulância imaginando ainda ser útil. Bem... para o homem caído perto da velha faia frondosa, não seria mais de utilidade alguma, o médico sabia disso, mas uma ambulância neste momento era altamente providencial, Sherlock precisava ser levado imediatamente a um hospital.   

– Por favor! – John verbalizou em tom de sinal da sua presença emergindo do bosque escuro. – Eu preciso de ajuda aqui! Ele está ferido!

            Dois paramédicos que estavam cobrindo com uma manta mortuária o corpo no estendido perto da faia, largaram a tarefa e se adiantaram até o médico, ajudando-o na tarefa de carregar o corpo desacordado do detetive que foi posto sobre uma maca onde os primeiros socorros foram iniciados. Mycroft surgiu demonstrando profunda agitação emocional ao se aproximar da maca onde os socorristas realizavam seu trabalho.  

– O que aconteceu com ele, John? – o Holmes mais velho quis saber denunciando preocupação genuína.

– É uma longa história... – John murmurou cansado. – Mas se me acompanhar até o hospital onde estão levando seu irmão, eu te darei um resumo.

            Mycroft fez sinal positivo com a cabeça concordando com a oferta de um resumo e tomou seu carro para seguir o trajeto feito pela viatura médica onde John entrou para acompanhar o status clínico do marido.

            O detetive foi rapidamente atendido, examinado e posto em observação, o médico de plantão informou a um ansioso e preocupado John que não havia riscos à vida de Sherlock e que o observaria pelas próximas vinte e quatro horas para garantir que nenhuma complicação se manifestasse.

            Mais tranquilo com a notícia, John cumpriu com sua promessa a Mycroft e iniciou o relato resumido do caso que estavam investigando atualmente.  

            Enquanto isso, Sherlock abriu seus olhos atentos para um ambiente familiar há muito visitado e cujos eventos associados à laje cinzenta e prédios circunvizinhos estavam catalogados com riqueza de detalhes em sua mente. O telhado do Barts, o que estava fazendo ali?  O lugar estava silencioso e frio, muito frio, mas independente disso, ele sentia que havia mais alguém nas imediações, apenas ainda não era possível distingui-lo, mas algo lhe dizia que não iria esperar muito para saber quem lhe fazia companhia naquele lugar.

            O detetive caminhou até a borda do prédio e olhou para baixo. John surgiu na calçada olhando para os lados como se procurasse por ele.  

– John! Estou aqui em cima! – Sherlock gritou, mas John não parecia tê-lo ouvido. – John!

– Ele não vai te ouvir. Pode gritar o quanto quiser. – uma voz risonha disse logo atrás dele.

            Sherlock sentiu ligeira instabilidade no corpo ao encarar a expressão risonha e psicótica de gato de Cheschire que o homem ao seu lado estampava.

– Moriarty.   

– Eu mesmo. Feliz em me ver? Oh, não tenha vergonha de dizer que sentiu minha falta. – o homem falou espanando o terno com a mão direita como se buscasse neutralizar qualquer imperfeição.  

– Eu matei você. – Sherlock afirmou como um ponto de fixação para a realidade.

– Matou mesmo? O que de fato é a morte? Ela realmente existe? Acho que vai depender do ponto de vista, não é? Bem, danem-se as questões filosóficas, nunca fui chegado a elas, não têm utilidade prática. – Moriarty pontuou seu comentário com uma careta de escárnio.  

– O que está fazendo aqui?

– Eu te devo uma, Sherlock e eu não gosto de dever.

– Do que está falando?  

– Dor. Dor de verdade. Olhe para baixo. – o homem sugeriu apontando para um ponto na calçada.

            Sherlock olhou para a calçada abaixo deles e John ainda estava lá.   

– O que pretende? – Sherlock indagou sentindo um frio cortar sua espinha.

– Dar a você um belo ângulo para o que vai acontecer, e o melhor de tudo, é que não poderá fazer nada a não ser assistir. – Moriarty respondeu levantando a mão no ar como quem está pronto a dar um sinal para alguém. – agora observe, na janela do segundo pavimento daquele prédio diante de nós, tem um atirador, ele é muito bom. A cabeça loira do seu parceiro está na mira dele neste exato momento. Quando eu descer o braço...

– Não! Pare! Diga o que você quer, eu farei. – Sherlock ofereceu nervoso.

            Moriarty estendeu um longo sorriso psicótico enquanto parecia beber a imagem de um Sherlock impotente.

– O seu coração, eu quero o seu coração... para queimá-lo, eu vou queimar o seu coração... – o homem sussurrou a última frase, então seu braço desceu e o som de um disparo cortou o ar frio e silencioso do lugar.

– John!

            Em agonia, Sherlock sentiu seus pés se prenderem em alguma coisa, então ele se debateu e despencou de algo que fez seu corpo chegar à superfície em um segundo.  

– Sherlock! – John correu para catar um homem desnorteado e embolado em lençóis hospitalares esparramado no chão.

- John? – o detetive indagou apertando os braços do parceiro permitindo-se tremer ligeiramente enquanto se dava conta de que havia caído de um leito de hospital, então se lembrou do ocorrido na casa do irmão. – Me diga que o cara atingido perto da faia está vivo... – ele pediu levantando-se e sentando na cama com ajuda do médico enquanto tateava um curativo na testa.

– Sinto muito, Sherlock, mas ele morreu. – o médico respondeu um tanto desalentado.

– Droga!

            O detetive deitou no leito sentindo-se um pouco tonto e John sentou-se na beira do colchão para olhá-lo de perto em busca de qualquer sinal para alarme médico, por mais que tenham dado certeza de que não havia nada demais, além de um corte na testa e uma pré-hipotermia, John queria ter certeza de que tudo estava realmente bem.

– Se serve de consolo, seu irmão conhecia o homem. – John falou ganhando um olhar ávido por parte do homem deitado, incentivando-o a continuar. – Chamava-se Zachary Riley, era matemático. Ele prestava serviço para o governo na área de criptografia. É bom você saber que a esta altura, já tem gente do MI6 na casa do homem, certamente já revistaram tudo dele. Afinal, era um prestador de serviços do governo e acabou morrendo de uma forma muito suspeita.  

– De fato, mas quando não se sabe o que procurar, a busca se torna inútil. – o detetive disse sentando na cama. – Me dê meus sapatos, temos que nos apressar.

– Onde pensa que vai? – John indagou entregando os sapatos solicitados.

– Fazer a minha própria revista na casa do Sr. Riley. – o detetive informou calçando-se

– Você não poderia pelo menos respeitar as vinte e quatro horas de repouso prescritas pelo médico de plantão?

– Não.

– Ele não vai te dar alta.

– Você não pode dar?

– Não sou seu médico no momento.

– Não tem problema, não será a primeira vez que fujo de uma internação. Venha. – Sherlock fez sinal em direção a porta.

            Depois de empreender fuga do hospital, Sherlock enfiou-se num táxi com John ao seu lado. No trajeto, o detetive travou uma rápida discussão com o irmão mais velho pelo celular até obter endereço e permissão imediata para entrar na casa de Zachary Riley.

            Quando os dois chegaram, a casa de dois pavimentos ainda possuía movimento de pessoas no ambiente interno e externo o que desagradou muito a Sherlock, mas algo em sua mente lhe disse que deveria ser grato pela imediata intromissão dos federais, pois isso certamente garantiu a distância do assassino, o que lhe dava uma boa chance de finalmente encontrar o pacote.

Ao entrar na residência, o detetive passou por dois agentes investigadores federais que cutucavam os cantos de um amplo sofá marrom na sala de estar, no corredor havia um terceiro muito interessando em verificar o espaço por baixo dos quadros na parede, por fim Sherlock chegou ao escritório da casa onde havia outros dois investigadores fotografando e cutucando coisas.  

            A sala era ampla, decorada de forma sóbria e confortável. Havia uma ampla janela coberta por uma longa cortina amarelo pálido, ao lado dela, destacava-se uma escrivaninha de madeira envelhecida e escura, sobre a qual havia muitos papéis e uma quantidade razoável de porta-retratos.

            Enquanto Sherlock procurava algum sinal do pacote pardo nas gavetas da mesa de trabalho do falecido Riley, John permitiu-se olhar a curiosa profusão de porta-retratos sobre a escrivaninha. Havia uma grande variedade de pessoas sorridentes em situações diversas, aquilo parecia um verdadeiro altar à memória de bons momentos e pessoas queridas. Essa constatação encheu o coração do médico com uma estranha melancolia tentando imaginar o falecido apreciador daquelas fotos, sentado em sua mesa de trabalho, olhando eventualmente para uma parte feliz de sua vida registrada nas fotos ao seu lado. Certamente ele buscava motivação e energia olhando para essas imagens, lembrava-se que, independente do quanto estivesse angustiado, irritado ou desiludido, haveria momentos e pessoas pelas quais valia à pena continuar lutando.

            John suspirou envolvido nesse sentimento agridoce proporcionado pela felicidade estampada nas fotos e a tristeza pela morte absurda do homem que as colocara lá. Antes de começar a ajudar Sherlock na procura pelo pacote, sua última olhada nas fotos chamou-lhe atenção para um porta-retrato retangular no canto direito da mesa. Ele mostrava um grupo sorridente de quatro jovens sentados num fofo gramado verde de uma universidade que se podia ver ao fundo. Era claramente a foto de quatro estudantes, quatro colegas de faculdade e, a tirar pelo material acadêmico que se podia identificar no colo deles, o grupo estava em diferentes graus de especialização.    

– Sherlock, veja isso. – John solicitou apontando a foto do grupo de estudantes.

– O que tem essa foto? – Sherlock indagou um pouco insatisfeito de ter sido desviado de sua busca.   

– Os rostos estão um pouco mais jovens, mas é possível reconhecê-los perfeitamente, veja, estes são...

– Akay Suna, Zachary Riley, Ana e Samuel Bennet... – Sherlock completou finalmente reconhecendo as faces.  

– Isso mesmo, são eles aqui, os quatro juntos. – John confirmou admirado.

– Então o Sr. Riley e as outras vítimas se conheciam a mais tempo do que eu imaginava. – o detetive comentou encarando a foto. – Esse prédio logo atrás é da faculdade norte-americana de Yale. – o moreno determinou.  

– Suna era engenheiro graduado pela faculdade de Yale, não era?

– Sim e pelo visto conheceu Riley, Ana e Samuel nesse tempo.  

– Eles pareciam bem próximos. – John destacou encarando a fotografia.

– Tão próximos a ponto de confiarem uns nos outros para grandes segredos. Mas o que estava em jogo? Por que arriscaram a vida? O cadete Suna ao menos lhes falou dos riscos que estavam assumindo ao guardar e tentar despistar a localização do pacote?  – Sherlock indagou encarando a imagem do cadete.

Ao observar os expressivos olhos do jovem cadete Suna, algo instigou algum fiapo de lembrança soterrada por várias camadas de informações mais importantes em sua mente. Algo no arquivo morto do seu palácio mental queria emergir e o incomodava não distinguir o que era.  

            Quando os olhos de Sherlock se desligaram da fotografia de Akay, seus sentidos foram atraídos para um estranho rumor tenso vindo da sala de estar e um alerta de coisa errada acontecendo disparou em seu cérebro quando os dois agentes que estavam na mesma sala que eles, correram armados para o recinto de onde vinha o estranho rumor.

            Sem perder tempo, John e Sherlock seguiram logo atrás e quando chegaram à sala de onde vinha o rumor de desordem, eles foram recebidos pela terrível cena de um agente convulsionando perturbadoramente sobre o tapete aos pés do sofá com um pacote de papel pardo rasgado de um lado e o conteúdo do pacote esparramado do outro. 

            Finalmente eles encontraram o objeto que vinha deixando um rastro de corpos atrás de si e era algo que deixou Sherlock vivamente impressionado.  


Notas Finais


Opa, no próximo capítulo finalmente saberemos o que tinha nesse bendito pacote! Aguardo os comentários de vocês!


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