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História O Capítulo Final - Vai ficar tudo bem


Escrita por: LordeUnderworld

Notas do Autor


Sei que falei que iria posatar só amahã, mas simplesmente não resisti...

O FILME DE TERROR DE CADA PERSONAGEM:

- Jessie: A ÓRFÃ
- Lucas: MAMA
- Damon: O CHAMADO
- Symon: INVOCAÇÃO DO MAL
- James: ARRASTE-ME PARA O INFERNO
- Chris: A VISITA
- Nico: O GRITO
- Thomas: JOGOS MORTAIS
- Felipe: VOCÊ É O PRÓXIMO
- Hugo: PREMONIÇÃO
- Bernardo: DOCE VINGANÇA
- Liam: VIAGEM MALDITA

Capítulo 30 - Vai ficar tudo bem


Fanfic / Fanfiction O Capítulo Final - Vai ficar tudo bem

POV Thomas

 

                — Sinceramente já cansei de ficar me rastejando atrás dele – falei, enxugando meu corpo com a toalha que o Jessie entregou.

                Trocamos de lugar para que ele entrasse no box do banheiro e enrolei a toalha em volta da cintura para depois ir à pia fazer a barba. Quando ele ligou o chuveiro vi a sua mão deformada, mas não falei nada. Eram poucas as vezes em que Jessie ficava sem a luva, e pelo que eu sabia foi o Damon quem causou aquilo depois de matar o Thiago.

                — Acho melhor você parar de ser tão cabeça dura. Está na cara que o Nico ainda gosta de você, ele só está com um pé atrás devido a esse seu jeito aí.

                — Ele fica postando a fanfic do Lorde e tá pouco se fodendo pra mim.

                — Você sabe pelo que o Nico passou, ele não vai te perdoar assim tão fácil.

                — Sei disso, mas ele recua das minhas investidas. Sinceramente já estou com raiva.

                Ele parou quando ouviu aquilo, me olhou com as sobrancelhas erguidas.

                — Com raiva? Não é a gosma falando, é?

                — Não, não é isso. Os remédios estão funcionando, ainda sinto ela dentro de mim às vezes, mas nada que eu não possa controlar – terminei com a barba e lavei o rosto com água morna. – É só que... Quanto mais longe dele, mais eu fico carrancudo.

                — Sério? Mais carrancudo achava que era impossível!

                — Jessie! – reclamei, pegando água fria da torneira e jogando nele por cima do box.

                — Ai, filho da puta!

                — Toma, viado!

                Corri para fora do banheiro enquanto Jessie prometia que eu ia pagar quando saísse de lá. Quase escorreguei quando deixei o banheiro por conta da correria e estava rindo alto quando fui pro quarto e encontrei a porta aberto, com o Lucas ali. Ele me olhou de cima a baixo, ouvindo as risadas no no banheiro e bufou.

                — Er... Oi, Lucas! – falei, sem jeito. – Entra aí, a gente tava se arrumando pra reunião na academia. O Jessie está tomando banho.

                —  Espero que sozinho.

                —Não seja bobo – fui até o guarda-roupa para buscar uma camisa. – Ele entrou assim que eu saí, somos só amigos. E até onde sei dois semes não se dão tão bem.

                — O JESSIE CONTOU?

                — A gente é amigo, sei bastante da vida dele. Principalmente ao que diz respeito aos telhados dos hotéis...

                Acho que o Lucas não gostava muito de mim, ele bufou e reclamou baixinho depois que falei aquilo. Entrou no banheiro para ir ver o Jessie e se livrar da minha companhia.

                Mas tudo bem, estava acostumado com o pessoal me odiando.

                Ouvi alguém bater na porta e depois de colocar uma bermuda e uma blusa qualquer, fui atender.

                — Tio Thom!

                O garotinho de cabelos loiros e jeito de atentado veio me abraçando. Peguei ele no colo e levei pro alto, jogando um pouquinho e fazendo ele dar um grito enquanto ria freneticamente. Joguei ele na cama e fui fazer cosquinhas.

                — Quem é a coisa mais linda do tio? Quem é? Quem é?

                — Ei! Não sou cachorro!

                — É sim, é um vira-latas! Au-au! – ele fingiu um grunhido e tentou me morder. Ri alto e tirei meu braço antes que aqueles dentinhos viessem.

                — Não sou vilalata!

                — “Vilalata”. Ownnn, que gracinha. Vai levar cosquinha só por conta disso!

                Continuei a guerra de cócegas que fez ele se se agitar inteiro tentando escapar.

                — Chris! Você me deu um susto! Não é pra ficar correndo assim pelos corredores, seu pai disse para descer comigo – falou Nico, entrando no quarto e parando assim que me viu perto da criança.

                Parei a brincadeira e peguei o Chris no colo para devolvê-lo ao chão.

                — Olá – falei, evitando olhar Nico nos olhos.

                — Oi, Thomas – ele pegou Chris pela mão e já quis sair. – Tenho que ir, o Lucas me pediu para levar esse pestinha lá pra baixo. Sabe que todos devem ir pra academia, né?

                — É claro que eu sei.

                Posso ter soado meio grosseiro com aquilo, mas não foi bem a minha intenção.

                — Ótimo então.  Até mais! Foi um “desprazer” te ver, okay?

                Ele me deu as costas e bateu a porta quando saiu.

                — POIS PRA MIM FOI PIOR AINDA! – gritei, mas duvido muito que ele tenha ouvido.

                Tirei um dos travesseiros da cama e joguei na porta, com raiva. O Nico conseguia mesmo me tirar do sério com aquele jeito dele! Que ódio que eu sentia!

                Gemidos começaram a vir do banheiro e percebi que era hora de eu ir embora. Mesmo assim ainda deu para ouvir quando o Jessie falou lá dentro:

                — Quer namorar comigo?

                Merda, Jessie. Não sabe no que está fazendo. Namorar é uma furada! Não tem coisa pior! Mesmo quando você ama a pessoa mais que tudo...

 

[Se quer saber o que aconteceu na academia leia o “Especial - Perguntas e Respostas” do capítulo 20]

 

POV Lucas

 

                — JESSIE! – gritei, correndo atrás dele enquanto ele seguia pelo corredor. – Jessie, por favor, me perdoa! Eu devia ter contado, me ouve, não é nada disso que parece!

                Ele entrou no quarto e bateu a porta, trancando.

                Bati nela, esmurrei. Aquilo não estava acontecendo, aquilo não podia estar acontecendo. O Nico tinha lido a fanfic do Lorde e descobriu sobre o meu segredo, acho que todos sabiam à essa altura e se o Jessie estava entrando no quarto era porque ele leria a fanfic. Dava para ver o barulho lá dentro dele buscando o notebook, abrindo a página e indo de capítulo em capítulo tentando encontrar meu segredo.

                Bati na porta até quase machucar minhas mãos.

                — Por favor, Jessie! – gritei, chorando. – Por favor, não faz isso. Abre a porta, eu te imploro!

                Ele não me respondia, estava ocupado lendo e descobrindo sobre a minha história, de quando eu era dono do restaurante e pessoas tentaram me fazer mal. Eu matei e para esconder os corpos da polícia fiz algo terrível. Comecei a passar mal, lembrando do momento e me sentindo enjoado. Arrastei minhas costas na porta, me encolhendo e começando a chorar mais alto.

                Esperneei, chamando pelo Jessie.

                — Jess! Não faz isso...

                Sabia que não tinha como impedi-lo, era tarde demais para isso.

                Jessie ficou lá dentro por quase quinze minutos, comigo esperando e batendo a minha cabeça para tentar encontrar palavras que pudesse justificar os meus atos. Algo que pudesse fazê-lo entender que a culpa não era minha, que eu precisei fazer aquilo para me defender.

                Que droga! Tudo culpa do Nico!

                A porta se abriu, levantei e fui para dentro do quarto.

                — Jessie!

                — Fica quieto, Lucas – ele me pediu, dando um passo para trás e me afastando com a mão. – Fica bem aí que eu não quero que você me toque!

                — Eu sinto muito...

                Ele passou a mão pelo cabelo, depois limpou o suor na testa e olhou para mim com as mãos na cintura. Ele parecia tão confuso quanto eu. O que tínhamos que fazer agora?

                Fechei a porta atrás da gente e esperei que ele dissesse algo. Minha cabeça estava agindo a mil pensando em todas as possibilidades do que poderia acontecer, e na maior parte do tempo a conclusão óbvia era ele terminar comigo e eu perder a guarda do Chris.

                — Me conte o que acontece – ele pediu, calmamente.

                — Você leu...

                — Eu quero ouvir da sua boca!

                Olhei para o abajur ao nosso lado, era a única coisa que iluminava o ambiente já que Jessie não acendeu as luzes. Tive que voltar ao passado outra vez para contar tudo o que ocorreu.

                — Eu tinha um namorado na época em que abri um restaurante nos Estados Unidos. Ele era um homem bom no começo e acabei sendo muito feliz com ele. Juro que eu nunca busquei por outra pessoa, mas um dos garçons se interessou por mim e as investidas dele começaram a ser mais pesadas...

                — Acelere o ritmo, por favor.

                — Sim. Eu... Desculpe, estou muito nervoso.

                — VOCÊ MATOU DUAS PESSOAS, LUCAS! – ele gritou, indo até mim e me sacudindo. – Me conte!

                — M-meu namorado percebeu que o garçom estava afim de mim e foi tirar tudo a limpo. Os dois se acertaram, dei graças à Deus por não terem brigado, mas descobri da pior forma que tinham se unido para armarem um plano contra mim – comecei a chorar quando lembrei, mas não podia dar uma pausa para as lágrimas. – Eles esperaram que eu ficasse sozinho no restaurante e tentaram me roubar... Consegui escapar de um e o esfaqueei. O outro matei rachando a cabeça dele com uma panela de pressão. Juro não era isso o que eu queria, não queria machucar ninguém.

                — E mesmo assim você os fatiou, cozinhou e os jogou em uma lixeira.

                — Você não sabe o que fizeram comigo... Fui escravo por muito tempo, mas jamais me torturaram ou abusaram de mim daquela maneira. Eu estava me defendendo!

                Ele se aproximou de mim, parecia querer me beijar, me abraçar ou sei lá o que. Mas ao invés disso pegou meu rosto com as duas mãos e se aproximou até que nossa respiração ficou em sincronia.

                — Diga a verdade, Lucas – seu tom sério era tudo o que consegui ouvir. – Você os comeu?

                — Não... Eu... Não fiz...

                — NÃO minta para mim! – falou, autoritário. – Você comeu?

                — Jessie... Por favor... Eu jamais...

                — Responda!

                Continuei chorando.

                — Eu te amo, Jessie.

                — FALA, LUCAS!

                — Experimentei – falei, tirando aquilo de dentro de mim pela primeira vez – Foi apenas um pedaço, a carne faz parte do meu meio de trabalho e eu nunca...

                Ele soltou meu rosto e virou de costas, pondo a mão sob a boca e mostrando enjoo.

                Por que eu não menti como menti para o Felipe???

                — Jessie, por favor, juro que não fiz por mal – ele me empurrou quando tentei me aproximar.

                — Lucas, eu não posso fechar os olhos para algo assim.

                — Eu sei! Não quero que você esqueça, mas tente me perdoar. Eu sofri muito desde que tudo isso tudo começou...

                — E eu sinto muito.

                — Por favor, não diga isso. Eles mereceram!

                — Ficou maluco? – ele quase gritou – Acha que pode falar esse tipo de coisa? Que parte da sua cabeça acha que é natural matar e comer a carne de pessoas???

                Fiquei em silêncio e engoli um soluço.

                Dava para ver nos olhos dele que aquilo seria o nosso término, que aquele pedido de namoro de poucas horas agora não significava nada. Jessie não ia esquecer.

                — Meu pai fez muitas coisas ruins comigo, com meu irmão e com outras pessoas. Meu marido e eu evitamos por muito tempo uma família completa, com filhos, por conta do medo que eu tinha de colocar uma criança nesse mundo.

                — Jessie...

                — Não posso deixar o Christian ser criado por você, não agora que sei o que fez.

                — Não! Não, não, não, não – esmurrei seu peito, com raiva. – NÃO FAÇA ISSO. Pelo amor de Deus, aquele garoto é tudo o que eu tenho!

                — O pai biológico dele me transferiu a guarda, eu ia te contar isso antes, mas as coisas eram diferentes...

                — Eu te imploro! – falei.

                Me ajoelhei e abracei suas pernas.

                — Jessie, faço o que você quiser! Faço qualquer coisa.

                — Lucas, levanta!

                — Por favor, eu não vou aguentar isso. Tudo o que eu fiz no passado foi um erro.

                Ele lutou contra minhas mãos até que eu o soltasse e me empurrou para que eu fosse embora.

                — Eu sinto muito, mas só estou fazendo o melhor para o Chris. Você ainda vai poder vê-lo, vamos conversar melhor sobre tudo, mas simplesmente não vou deixar ele com você – ele se virou e foi para a porta. – Desculpe, Lucas.

                — NÃOOO! – gritei o mais alto que eu podia. Meus olhos vermelhos de tanto chorar e o desespero atingindo cada parte do meu corpo. – Não! Não faz isso comigo. Você não pode fazer isso comigo!

                Assim que ele me deu as costas foi como se o mundo tivesse desabado. O desespero que senti foi inigualável, parecia que a dor jamais passaria, parecia que eu estava me afogando e perderia o pouco que eu tinha.

                O instinto me fez querer sobreviver.

                Meus olhos foram para a luz e agi rápido em pegar o abajur. A tomada saiu e ficamos na escuridão quando atingi Jessie com o objeto. Cheguei a ouvir o barulho do Jessie caindo e depois disso não ouvi mais nada.

                Silêncio. Um silêncio longo que fez com que eu me levantasse e fosse até o interruptor.

                — Não…. Não! Não! Não! Não!

                Corri até o corpo do James que agonizava no chão. Havia um corte profundo na cabeça dele causado pela ponta do abajur e o sangue escorria pela testa e pescoço enquanto o corpo se contorcia numa espécie de choque que não lhe permitia se mover ou falar.

                — Me perdoa! – falei, chegando perto do ferimento e vendo o que aconteceu. – Eu não queria... Vou chamar ajuda! Calma, Jessie, vai ficar tudo bem.

                O sangue continuou a escorrer e seus olhos rodavam. O sangue escorria rápido demais, a poça aumentava ao lado dele. Peguei meu celular para chamar o Nico.

                — Vai ficar tudo...

                Digitei o número, mas algo me interrompeu. No notebook a página do site da fanfic ainda estava aberta no capítulo 15. Lá estava, o maior segredo da minha vida exposto, e o Jessie jamais me perdoaria pelo que fiz.

                Minhas mãos tremeram e voltei a chorar. Desliguei o celular, travei a tela e me afastei do Jessie, me sentando longe da poça de sangue.

                — Eu não posso perder o Chris – sussurrei, tentando dizer a mim mesmo que tudo ficaria bem – Eu sinto muito, eu realmente sinto muito...

                Ele continuou agonizando e percebi que sangue saía de suas orelhas.

                — Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem – repeti, e depois tapei os ouvidos para não ouvir ele engasgar com sangue, saliva e desespero – Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem.

                Repeti aquelas palavras como um mantra.

                Fechei meus olhos e continue dizendo várias e várias vezes.

                Vai ficar tudo bem.

                Vai ficar tudo bem.

                Vai. Ficar. Tudo. Bem...

                ...

                …

                ...

                Jessie demorou vinte e três minutos para morrer.

 


Notas Finais


R.I.P.
Faltam exatos 10 capítulos para a nossa fic acabar, e daqui alguns episódios a fic irá dar um salto de 5 anos.
Então preparem! Porque ainda tem muito o que acontecer ;)


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