História O Cara ao Lado - Capítulo 60

Pego meu laptop e sigo em direção a área dos fundos. Me sento em um sofá e coloco o cobertor sob minhas pernas, porque está frio aqui fora. Fico um tempo olhando em direção ao lago e pensando em como seria bom que Stan estivesse aqui comigo. Por mais que eu já esteja me acostumando em ficar aqui, longe de casa, seria melhor se eu pudesse olhar para a casa ao lado e ver ele, ou pelo menos saber que ele está logo ali.

Eu sei que eu não deveria ter perdoado o fato dele não ter aparecido para se despedir de mim,mas quando eu ouvi sua voz ao telefone se desculpando antes de eu embarcar no voo para cá,eu já sabia que eu nem estava com raiva dele,era apenas saudade,vontade de tê-lo perto de mim mais uma vez antes de partir.

Então continuamos a nos falar e trocar mensagens e já faz quase um mês que estou aqui. Ele viajou logo em seguida para Toronto e acho que está se adaptando bem. Acho que estou indo bem aqui também. É difícil tentar consertar um relacionamento como o que eu tenho com o meu pai,mas acho que estamos nos saindo bem.

Gabrielle minha meia-irmã de 14 anos,começa as notas de introdução de You Are The Reason no piano. Ela tem talento, isso eu concordo.

Checo meu celular pela milésima vez hoje e não há nenhuma notificação que possa me alegrar. Eu tenho sentido muito a  falta dele e cada vez que nos falamos isso fica mais evidente para nós dois.

Abro meu laptop e entro no Instagram. Seria melhor não ter feito isso,porque a primeira foto que vejo é uma atualização de perfil onde em uma selfie, Stan está beijando uma mulher no rosto.

Meu coração gela. 

Bem, é essa a sensação que eu tenho.Mas mesmo com essa dor começando a tomar conta de mim, me aproximo para ver o rosto da mulher que no momento está com a minha razão de respirar e ainda dói mais quando leio a hashtag:

#RazãoDaMinhaFelicidade

Uau.

Isso dói.

...

Depois de muito exitar,pego meu telefone e ligo para ele que prontamente atende dizendo:

__Você viu a foto,não foi?

Depois dessa até fico meio sem ter o que dizer. Respiro fundo e digo sem muita convicção:

__É só isso que você tem pra me dizer?

Agora ele respira fundo e diz:

__Não era pra ela ter postado aquilo.

__Então...tem mesmo ela?

Ele fica em silêncio por um tempo,em seguida continua:

__Nos conhecemos há alguns dias atrás quando ela veio até minha empresa. Começamos a sair.

Só consigo dizer:

__Nossa.

__Olha Samantha,nós não podemos ficar assim. 

Ele soa daquela forma quando não sabe o que dizer e passa a mãos pelo cabelo,mas imaginar isso não diminui a dor que eu estou sentindo. Ele continua:

__Você estava chorando outro dia. Eu não quero isso,não quero que fique pensando em nós,sentindo falta de mim ou algo parecido,porque isso vai prejudicar você.

Talvez ele realmente pense assim,ou ele está apenas seguindo em frente porque não precisa de mim,mas não tenho muito argumentos agora,porque ele já decidiu isso e já está até saindo com alguém. Então apenas digo tentando engolir o choro:

__Tudo bem.

Ouço ele respirar fundo outra vez e diz:

__Olha, eu tenho uma reunião agora, depois eu te ligo.

Ouço o telefone dele sendo desligado,mas continuo com o meu celular no mesmo lugar. 

Eu deveria saber que ele iria encontrar alguém,ele sempre fez isso e afinal nunca tivemos nada sério,pelo menos para ele,mas dói muito pensar em todas as vezes que ele me fez sentir especial com gestos e palavras e dói ainda mais pensar que talvez fosse tudo mentira.

Eu não entendo por que ele está fazendo isso comigo.Eu estou arrasada.

Pelo menos chorar a noite me faz ficar mais próxima de Gabrielle, para quem eu acabo contando tudo sobre o Stan.

...

Alguns dias depois e eu descubro que ele não vai me ligar outra vez se desculpando ou me procurando mesmo que eu fique checando o celular o tempo todo. Eu também decido que não vou ficar correndo atrás dele,porque obviamente ele não quer que eu faça isso, senão teria me ligado.

Resolvo aproveitar os dias com meu pai e sua família que agora até já sinto que talvez eu faça parte, nem que seja só um pouco.

...

Volto para Nova York  e fico feliz em descobrir que Ed e minha mãe voltaram e eles estão bem juntos.

Evito abrir as cortinas da janela do meu quarto,porque não quero olhar na direção da casa dele,não quero nem lembrar que Stan existe,mas não dá para mandar no que o coração sente e eu acabo chorando quase todas as noites pensando nele.

Fico alguns dias até que viajo com a minha mãe para a Flórida. Meu pai juntamente com a minha mãe me presentearam com um pequeno apartamento próximo a universidade e minha mãe fica comigo um fim de semana,logo em seguida volta para Nova York. 
 

  Algum tempo depois...
 

__Vira,vira,vira!

Eu viro o terceiro copo de vodka a pedido dos meus colegas. Será que eles são mesmo meus colegas? Eu nem me lembro mais com quem eu vim para nessa festa. Acabo rindo enquanto começo  a dançar ao som de...De quem mesmo? Não faço ideia de quem está cantando,eu costumava prestar atenção a isso, agora acho que não tem mais importância.

Eu então o vejo, um cara de cabelo em um tom de loiro que eu reconheço,meu coração acelera e eu sigo em sua direção e seguro seu ombro o fazendo se virar e digo sorrindo:

__Oi?

Mas antes que ele responda,eu seguro seu rosto e começo a beijá-lo, ele não questiona,parece estar gostando.

 Mas eu não sinto o que eu esperava sentir, eu tento beijá-lo de forma mais intensa e ele segura firme minha cintura,mas mesmo assim eu não consigo sentir nada,são só duas bocas se beijando de forma meio mecânica pra mim.

Eu me afasto dele que me encara de forma confusa,mas logo em seguida se vira e continua a dançar.

Eu começo a chorar,porque eu começo outra vez a me lembrar de Stan. Eu ainda o quero tanto.

Uma garota aparece e me diz:

__Vamos Sam, temos aula amanhã bem cedo.
 

Alguns meses depois...
 

__Isso,assim,isso mesmo gata. ..

Eu deveria estar concentrada no que Kyle me diz enquanto estou montada em cima dele,mas a única coisa que me vem a cabeça é a letra da música da Katy Perry:

"Como eu posso me contentar com o bom, se eu já provei do melhor?"

E eu tento não começar a pensar nele outra vez. E eu obrigo minha mente a não ir para aquele rosto outra vez. Mas ela não me obedece e volta para aquela noite em sua cama,a forma como ele me tocava,suas mãos apertando meu corpo...

E eu descubro que isso aqui vai ser bem melhor se eu continuar pensando nele. E eu faço,sua boca está na minha e vai descendo pelo meu pescoço,meus seios e meus olhos estão fechados e eu seguro as mãos de Kyle e as coloco em meus seios que ele segura firme.  Não da maneira como Stan costumava fazer,mas eu tento imaginar que é ele que está aqui e isso funciona e segundos depois eu chego ao ápice.

Eu deixo meu corpo cair para o lado e tentamos recuperar nossas respirações. Eu ficaria com pena de Kyle se o que tivéssemos fosse algo além de uma amizade colorida,mas não é.

Kyle se levanta logo em seguida e vai em direção ao banheiro dizendo:

__Preciso de um banho,você vem?

Ele sorri sugestivamente e eu apenas sorrio de volta e digo:

__ Acho que agora não.

 Mas na verdade eu estou frustrada e comigo mesma por ter feito  o que fiz minutos atrás. Eu não pensava mais tanto em Stan há um bom tempo,mas depois que vi que ele voltou para o Instagram e uma simples foto onde ele sorri ao lado daquela mesma mulher, acabou com todo o muro que eu achei que havia construído em volta das memoria que tenho de nós dois.

__Eu já vou.

Kyle me traz para a realidade quando me dá um beijo rápido na testa e sai pela porta dizendo:

__Te vejo quando voltar das férias.

Eu me levanto e o sigo até a porta. Ele volta e me dá um beijo rápido na boca e diz:

__Vou sentir sua falta. 

Ele morde um sorriso safado e eu acabo rindo.

...

Tomo um banho rápido e sigo em direção a faculdade,mais precisamente até a sala do professor Thompson.

...

__Se você participar desse seminário de tecnologia,prometo que esqueço as aulas que você precisou faltar, por estar doente e não ido ao médico para ter um atestado. Eu já conversei com  o professor,ele vai assinar este papel aqui,você receberá um certificado e eu resolvo depois disso.

__Obrigada professor.Eu nem sei explicar como estou feliz, isso vai salvar meu semestre.

Ele apenas diz sorrindo:

__Eu sei. 

Eu sorrio de volta e ele continua:

__Você é uma boa aluna, Samantha.

Ele sempre foi um dos meus professores favoritos daqui. Ele continua:

__Não vou deixar que isso atrapalhe sua nota final.O seminário já vai começar,sugiro que ande depressa. Nos vemos no próximo semestre.

Eu sigo na direção do endereço indicado no papel que ele me entregou. Não fica longe,posso ir a pé mesmo. Depois de participar desse seminário posso finalmente descansar e planejar minha viagem para Nova York para o casamento da minha mãe que será daqui a poucos dias.

No caminho me lembro que no final do outro semestre eu gostei da ideia de ficar mais na casa do Ed com a minha mãe,foi melhor do que ficar na nossa casa e ficar olhando para a casa ao lado tão vazia.

Não acredito que estou pensando em Stan outra vez. O problema é que sempre dói,mesmo que essa mágoa toda que eu tenho por ele ainda permaneça aqui.

Assim que entro no auditório lotado,percebo que o seminário já começou. Entro fazendo o mínimo de barulho possível e me sento mais ou menos no meio das carteiras do lado mais vazio. Há vários objetos sobre uma mesa e alguns homens sentados em uma outra mesa, enquanto um outro homem loiro está de costas olhando para um telão enorme onde aparecem várias imagens e todos olham atentos. 

Acabo e lembando daquela minha fase de querer beijar qualquer cara loiro que aparecia em linha frente. Acho que de alguma forma eu superei um pouco isso,mas fiz muita besteiras quando cheguei aqui.

Eu não entendo muito sobre o que será esse seminário,mas se vai me ajudar, eu vou tentar ler esse panfleto e prestar atenção. Pego o panfleto na minha bolsa e assim que vou abrir para ler,o vídeo da tela se encerra e o homem que está de pé se  vira em nossa direção e eu só consigo dizer pra mim mesma enquanto meu coração quase sai pela boca:

__Stan?