História O Caso Literário (4T EO5) - Você Está Presa

Busan, Distrito, Sala Trinta, Sábado 12:52h

POV YOONGI

Chamados às pressas para o Distrito, Jimin e eu só terminamos de almoçar e seguimos para lá, com medo de ter acontecido alguma coisa na nossa pequena ausência. Bom, o que aconteceu foi mais tranquilo do que pensávamos para o momento, mas ainda sim, preocupante para o futuro próximo.

— O que temos? — perguntou Namjoon ao entrar na sala onde eu, Lalisa, Lee, Jimin, Hoseok e Taehyung já estávamos.

— Temos uma mensagem da Moon. Ela me pediu que eu saísse da cidade o mais rápido possível e que não abortasse o bebê — disse Lisa, mostrando o celular.

— O Jungkook pegou o número e estamos tentando encontrar de onde vem — Hoseok nos informou — Se foi um aviso, precisamos entender o motivo.

— E se foi uma ameaça, precisamos entender o porquê — comentei — Não me parece ser uma ameaça nesse contexto.

— A mensagem diz: "Lisa, não aborte, por favor. Saia da cidade o mais rápido possível, tome cuidado". Parece ser o tipo de mensagem que se escreve escondido, dentro de um banheiro, no mínimo de tempo possível para não ser notado, logo depois de saber sobre alguma coisa importante — disse Jin.

— Sim… é isso que não faz sentido, sabe? — Lisa ponderou — Se a Moon é a doida psicopata, ela não ia querer que eu fugisse, certo?

— Ou ela está de joguinho…

— Ou ela não é nossa assassina — Jungkook entrou na sala  e a fechou atrás de si — O número estava cadastrado no nome de Moon Byul, mas foi desativado há algumas horas. A rede usada ainda é a de Busan, significa que elas não saíram da cidade, assumindo que ambas estão agindo juntas.

— Você tem um encontro hoje, Lisa?

— Também é sobre isso que eu vim falar — a moça pegou o celular e mudou a conversa aberta — Esse é o número que eu uso para conversar com a líder da ONG, ela vem conversando comigo a semana toda e hoje eu disse que iria abortar, independente do que ela me dissesse. Então, ela me mandou isso.

Eu estava mais próximo, então peguei o celular dela e li em voz alta a última mensagem enviada pela mulher.

— "Tudo bem, se é isso que você deseja. Podemos marcar um jantar hoje à noite para selar a decisão? Eu costumo fazer isso com as minhas garotas especiais. Que tal trocarmos rosas brancas como sinal de paz?". Caralho…

— Então é assim que ela faz as vítimas comprarem as próprias rosas — decretou Namjoon — convidando para um jantar.

— Eu vou comprar as rosas e vou para o jantar — Lisa parecia muito certa disso.

— Sim, você vai — concordou Jimin — Mas não antes de ter um bom plano. 

A gente ia precisar de um plano milagroso! 

Busan, Restaurante Jooseok-kun, Sábado 22:32h

POV LISA

Olhei para o relógio pela quinta vez, nada. Eu estava no restaurante a mais de trinta minutos e ninguém havia parecido. Mandei mensagens para a Soo, mas ela não me respondeu. Claro que não.

"Tudo bem, pode pedir o jantar, Lisa" — Ouvi a voz suave e bonita do Namjoon em meu ouvido, no ponto que eu escondia com o cabelo solto. Ele me observava de dentro de uma van muito bem estacionada.

— Sua voz é tão bonita! Com todo o respeito, Jin!

"Eu também acho" — respondeu ele num sorriso, era audível.

Pedi o jantar e comi sozinha, deprimente, mas tudo bem, era por uma boa causa. Do meu lado, a bolsa e as rosas brancas, como ela havia me pedido. Bebi uma taça de vinho, terminei a minha refeição e toda a equipe já tinha notado que o restaurante era longe demais de uma linha de metrô.  Enrolei ali até ficar bem tarde, então desisti de esperar e voltei para casa, comportamento padrão de todas as vítimas. Pelo horário, poucos táxis passavam por ali, então eu resolvi caminhar até um local que eu conseguisse uma entrada para o metrô.

Os meninos me ouviam nitidamente, toda a equipe estava a postos no mesmo canal de rádio criptografado, também tinha uma pequena câmera presa no botão da minha camisa. Eu usava um colete à prova de balas e tinha duas adagas presas nas minhas costas, além da minha faca de estimação no coturno. Eu estava pronta para atacar qualquer um que viesse ao meu encontro.

Andei por pouco mais de quinze minutos, quando vi um vulto todo de preto passar na esquina que eu estava. As ruas de Busan eram muito estreitas e, como eu andava no meio dela, facilmente uma pessoa passava rapidamente de uma calçada para a outra.

— Vocês viram?

"Sim, pode continuar, toma muito cuidado, ela pode atacar de qualquer lado" — pediu Namjoon.

— Uhum.

Concordei e segui meu caminho, mas quando eu cheguei na esquina, vi uma mulher que se parecia muito com a líder do grupo. Ah, aquela filha da puta se disfarçava.

— Soo? Soo, eu te esperei até agora no restaurante, por que você não apareceu?

"Não é a Soo, Bambam acabou de entregar pizza na casa dela, está reunida com a família há mais de três horas, ela sequer sabia do encontro" — soprou Jin.

— Soo?

— Eu sinto muito, Lisa, mas você não me deu escolha. 

Continuei me aproximando, entrando cada vez mais no beco mal iluminado.

— Soo, me desculpe por eu querer abortar. Você não entende…

— É você que não entende o desespero de uma mãe, Lisa.

"Lisa, cuidado, os meninos estão muito longe de você" — avisou Namjoon.

— Você não é a Soo — disse ao cerrar o olhar para tentar ver quem era no escuro — Quem é você?

— Você não precisa saber, já que nunca mais vai ver alguém.

Eu não reagi até o primeiro soco que era para ter me apagado, se eu não estivesse acostumada a levar socos muito mais fortes do que aquilo. Pobre mulher… no segundo seguinte, eu já tinha acertado mais dois no rosto protegido com uma máscara preta. Ela cambaleou por um segundo e, quando veio por cima de mim novamente, foi com um bisturi curto muito afiado.

Segurei sua mão, jogando bolsa e rosas no chão, cheguei a prender seu pescoço com meu braço, mas ela sabia o que estava fazendo. Tudo que eu consegui foi arranhar seu pescoço, mas já era o suficiente para coletar material genético. Ela veio para cima novamente, dessa vez caímos no chão e rolamos pela rua, tudo para conseguir a posse do bisturi. Consegui prender suas pernas, ficando por cima dela, tirei a sua máscara e encarei a pessoa à minha frente.

— Sempre soube! Você tem cara de quem não vale nada — disse para ela.

— Vai ser um prazer acabar com você!

Ela tentou, se debateu, mas eu consegui segurá-la por bastante tempo. O problema é que não houve tempo o suficiente para alguém chegar. Irritada por estar lutando em pé de igualdade comigo, ela se irritou e fez algo que eu jamais esperava.

A mulher sacou um revólver pequeno e atirou quatro vezes contra a minha barriga. Eu caí no chão, aquilo ardia para um caralho. Ela se aproximou, o revólver apontado pro meu rosto.

— Você estragou tudo, Lisa… inclusive meu modus operandi. Eu queria… tanto… abrir você, e tirar o seu lindo bebê daí de dentro, já que você quer tanto assim se ver livre dele.

— Como você fez com todas as outras?

— Como eu fiz com cada uma delas. Mas não se preocupa… a Soocho mal aguentou o início e eu acho que você também não vai.

— Você é mais idiota do que eu pensei. 

Aproveitei um segundo de distração dela para acertar um chute em sua barriga que a jogou longe. Vendo que não seria tão fácil assim, ela cometeu o segundo erro: fugiu.

A mulher saiu correndo o mais rápido que podia pelas ruas de Busan.

"Pode voltar, Lisa, agora é com eles." — pediu Namjoon.

— Ainda bem, essa porra arde pra caralho! 

"Hey, melhor arder do que deixar a bala passar, certo?".

Com certeza, certo!

Busan, Ruas de Busan, Sábado 23:45h

POV YOONGI

Quem diria que seria tão difícil perseguir uma mulher nas ruas de Busan. Ela encontrava os becos e entrava em lugares que eu sequer conhecia, e mesmo com uma equipe de busca relativamente grande atrás dela, eu fui o único a conseguir topar com a mulher em um dos becos. 

— Hey, parada, você está presa! — Gritei ao apontar minha arma para ela.

Ela me encarou, os cabelos bagunçados e quase sem fôlego.

— Nem fodendo… eu não vou ser presa por você. 

— Mas você parecia tão interessada em ser presa por mim há alguns dias.

— Eu só queria te manter fora do caminho. Você e o seu marido esquentadinho que quase colocou tudo a perder — Ela ergueu o corpo, havia algo em sua mão.

— Ele estava atuando, você caiu direitinho.

— Me respeita, Min Yoongi… eu sou muito mais esperta do que todo mundo.

Eu não queria e nem podia atirar nela, então quando se aproximou, eu permiti e esperei que ela acertasse o primeiro soco, porque assim eu podia revidar. Trocamos alguns socos, mas eu não esperava que ela fosse conseguir me desarmar no segundo que eu olhei para o lado, vendo Jimin me gritar.

— NÃO, JIMIN!

Tarde, ela já tinha apontado a arma para ele e dado apenas um tiro que derrubou o meu marido. No segundo seguinte, a arma veio para o meu pescoço e eu não duvidava de forma alguma que ela iria atirar se eu me movesse muito.

— Fraco, fraco, fraco, todos vocês.

— É isso que você faz, não é? Trabalha com distrações para conseguir o que quer.

— É muito fácil distrair crianças, Yoongi. É realmente muito fácil.

— Concordo — disse uma voz grave e logo alguém surgiu atrás dela.

O movimento foi muito rápido e curto, no segundo seguinte ela já estava caindo no chão.

— O que…

Eu senti um soco no estômago muito forte, alguns no meu rosto e uma joelhada na barriga.

— Eu não aguento mais salvar a sua vida, Yoongi.

— V-você…

— Você deixou ela perto demais.

— Eu ia… imobilizar ela.

— É, eu vi, faltava bem pouquinho pra ela meter uma bala na sua cara. Filho da puta.

E irritado, ele saiu como veio, sem ser notado e nas sombras do beco escuro. Eu fiquei ali, no beco, até alguém chegar para cuidar dela e me ajudar com os machucados.